Connor*

Agora é o momento em que todos acham que eu vou cair fora só porque o gostoso do Will Solace é quem está dando em cima de Katie e eu não tenho a menor chance com ele.

Acontece que eu nunca caio fora.

E Will Solace não é gostoso.

Então ela tinha dois encontros marcados?

Bom, com Jake era fácil. Eu só precisava pregar uma boa pegadinha e deixa-lo fora de circulação por um tempo. Mas com Will, bem, não é tão simples assim. Ele pode ser bem... Macabro. E ele era o único que tinha examinado a minha bunda aquele dia, certo?Certo.

Ora, como é que eu sabia dos encontros?

Sou Connor Stoll, os olhos e os ouvidos desse acampamento. Ou talvez apenas os ouvidos já que se eu falar que sou os olhos, Argos pode ficar desconfiado que eu tenho mais olhos que eu realmente tenho. O que, pelo amor de Zeus, eu só tenho dois.

Voltando ao assunto. Eu estava deitado no meu beliche superior. (É, como líder do chalé eu tenho o beliche superior, bitch please) e eu, como bom semideus tenho que demorar pra dormir. Apesar de sofrer de PTA: PreguiçiTe Aguda. É. E de TDAH. E ainda tenho dislexia.

Que lindo. Mais uma vez eu saí do assunto. Resumindo: eu levantei, tão silenciosamente quanto um filho de Hermes conseguiria, e estava indo até a janela quando tropecei no meu próprio pé e caí de cara no chão. Ainda bem que meus irmãos estavam muito ocupados roncando igual a porcos para escutarem o barulho. Então, eu pulei a janela e me dirigi para o chalé de Deméter.

Quase fui pego por uma das Harpias. Essas galinhas são tão silenciosas que me dá nojo. Se não fosse pela gargalhada estridente eu nunca teria visto aquele demônio ali. Acho que elas estavam contando piadas para gargalharem desse jeito.

Eu poderia contar umas piadas pra elas. Tipo: “Por que a galinha entrou na igreja?”. Haha.

Ok. Eu quase me matei pra chegar ao chalé de Katie. Mas eu estava com raiva, e eu era mais esperto com raiva.

Por que eu estava com raiva?

Ela é minha, poxa. Por que é que ela tá saindo com aqueles babacas?

Vou dizer: quando eu quero uma garota, eu a consigo. Nem que eu precise esfolar a cara pra isso.

Acho que exagerei, mas ah. Com a Katie é diferente. Ela é perigosa, valente e linda. Perigosa. Ela com certeza é perigosa. Acho que vale a pena esfolar a cara por ela, ou será que não?

É que talvez eu não tenha só uma queda por ela...

Talvez seja um abismo inteiro...

E talvez eu a ame...

Tá vendo? Já to pensando em amor.

Tudo culpa de Travis, tudo, TUDO CULPA DE TRAVIS, DROGA.

Enfim. Eu cheguei lá e joguei uma pedrinha na janela dela. Coisa ridícula, mas o que vocês queriam que eu fizesse? Gritasse pra ela ir lá fora?

Acho que não.

Ela dorme como uma pedra. Que coisa.

Eu peguei uma pedra um pouco maior que as outras e atirei no vidro.

Ahn... Preciso dizer que ele trincou todo?

De modo que Katie não só acordou mas deu um grito que poderia ser ouvido do outro lado do país?

Ainda bem que a doença like-a-pedra atinge o chalé de Deméter inteiro, porque ninguém se mexeu.

Bom, alguém roncou um pouco mais alto mas isso não vem ao caso agora.

Katie olhou pela janela e estreitou os olhos para conseguir ver, a luz da lua era a única que me iluminava . Ela fez um sinal para que eu fosse embora e deitou novamente. Joguei mais uma pedra, mais algumas rachaduras apareceram e a garota levantou a cabeça com uma expressão de surpresa no rosto como se tivesse visto o que eu fizera somente naquela hora. Vi que ela se levantou.

Uns minuto depois Katie saiu do chalé e foi até onde eu estava. Mais precisamente atrás da cerca de madeira tipo cercado-para-coelhinhos-do-bom-dia-&-cia.

Arregalei os olhos quando a vi.

Ela estava com uma jaqueta aberta que revelava a blusinha do pijama de seda rosa que mostrava seu sutiã com estampa de bolinhas e, o short era tão curto que meus olhos (involuntariamente, JURO!) foram direto para as pernas dela. E que pernas.

E eu pra ajudar estava só de calção porque eu tinha esquecido de pegar uma camiseta. É, mostrado meu tanquinho.

Se eu tivesse um... Mentira, eu tenho um tanquinho, ok?

–O que é que você quer? – sussurrou (leia-se gritou sussurrando) – Me acordou no meio da noite! Droga, Connor. Qualquer coisa que você tenha para falar não poderia esperar até amanhã?

–Não.

Dei alguns passos para frente, fazendo ela recuar até a parede do chalé. Era bem o que eu queria. Coloquei uma das mãos ao lado da cabeça dela, na parede.

–Você vai aos fogos com Jake? – perguntei.

–É PRA ISSO QUE VEIO AQUI?

–Perguntei primeiro. Vai ou não? – falei, seriamente

Ela pareceu surpresa.

–Sim.

–Você vai à uma praia com o Will amanhã?

–Sim, Connor. Algum problema?

Sorri com escárnio.

–Alguns.

–Qual é o seu problema, garoto?

–Você! – gritei. – você é o meu problema.

Ela ia falar algo mais eu a impedi.

Agarrei sua cintura e puxei-a para mim, segurei sua cabeça com as duas mãos bem firmes e trouxe até estar a centímetros do meu rosto. Então eu dei-lhe um beijo tão longo e... Voraz? Que eu cheguei a ver estrelas, podia sentir o peito da garota subindo e descendo, tentando fôlego. Não queria parar com aquilo nunca, era demais. Fogo queimava dentro de mim, meu cérebro parecia estar derretendo. Então Katie colocou as mãos dela envolta do meu pescoço, ergueu as pernas até as coxas apertarem a minha cintura e aprofundou o beijo (se é que dá pra aprofundar mais.), agora era eu que estava sem fôlego. Não queria, era o que eu menos queria no mundo inteiro mais me afastei dela.

Ela estava chocada. A blusa de pijama havia desaparecido e a jaqueta havia caído no chão ao lado dos meus pés. Ela desceu do meu “colo”.

Fiz a garota encostar novamente na parede e segurei os ombros dela.

–Connor, por que você fez isso? Seu maluco.

–Se não parar eu faço de novo, quantas vezes for necessário.

Sorri, malicioso.

–Não vou parar. – ela imitou o meu sorriso.

Revirei os olhos.

–Ok.

Não era nenhum sacrifício pra mim beijá-la novamente. Nenhum. Era um baita prazer, na verdade. Contando com o fato de que eu era apaixonado por ela.

Só que eu não podia. Eu tinha que deixa-la ver que era eu que ela queria. Só eu. E eu não ia conseguir isso nunca se eu ficasse beijando, aí eu seria um tipo de amante e isso não serve. Não pra mim.

Então fui lá e dei-lhe um beijo xoxo. Um quase selinho. Foi esse meu erro.

O fogo ardeu novamente dentro de mim, meu corpo e minha cabeça pediam mais. Katie pedia mais e, ela me pedindo algo era uma coisa diferente. Era muito mais do que eu podia segurar.

Só que dessa vez eu não precisei fazer nada porque foi ela quem me agarrou. E foi como da outra vez, só multiplique por mil. É. Seria impossível pra mim me afastar e eu nem pensava em fazê-lo. Ficamos assim por um bom tempo, naquele fogo tão intenso que duvidava que alguém pudesse apagar. Em um momento Katie parou de repente, afastou a cabeça e me olhou. Então me empurrou pra longe dela.

–Não faça mais isso. – grunhiu. Ela estava arfando.

–A-ainda vai sair com Will amanhã? – gaguejei. Ainda havia um fogo, e ele ainda queimava intenso dentro de mim.

–Vou – disse ela, me puxando pra mais um beijo.

Ué, não era ela que disse pra eu não fazer mais isso?

–Vai mesmo? – pergunto, depois do terceiro beijo. O sutiã de Katie quase estava fora do lugar.

–Sim, Connor.

–Veremos. – falei.

Eu esmaguei meu rosto com o dela mais uma vez, e quando parei de beijá-la saí. Sem dizer uma única palavra.