Meu Primo Samuel escrita por Jude


Capítulo 1
Único




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Oi meu nome é Bruno, nesse momento estou na minha casa na França com meu primo Samuel, minha irmã Gretel, minha mãe, meu pai, a nossa empregada Maria e o nosso cozinheiro Lars. Vou contar porque nós saímos da Alemanha para vir para França, tudo começou assim:

Flashback on:

Como eu prometi para Shmuel eu fui até a cerca para ajudá-lo a encontrar seu pai, por mais que estivesse chovendo, ele estava me entregando a roupa para eu poder ir para o seu lado da cerca sem ser notado quando ouço uma voz familiar atrás de mim.

–Bruno. O que você pensa que está fazendo? E por que está aqui com esse garoto?

Senti um frio na espinha e me virei para olhar para o meu pai.

–Esse é Shmuel pai, ele é meu amigo e eu vim ajudar a procurar o pai dele, já que eu sou um explorador.

–Você não vai fazer isso e se despeça do seu amigo porque você, sua mãe e sua irmã vão voltar para Berlim ainda hoje.

Ao dizer isso olhou diretamente para Shmuel, que se encolheu com se quisesse desaparecer.

–Mas pai eu prometi para ele que eu ia ajudar e eu sempre cumpro as minhas promessas.

–Eu sei, mas essa você não vai poder cumprir.

–Por que não?

–Porque vocês não vão achar o pai de Shmuel.

–Como assim não vamos achar o pai dele?

Meu pai ficou nos olhando por um tempo, parecia que não queria contar alguma coisa, mas finalmente disse:

–Porque o pai do Shmuel foi levado para outro lugar, para trabalhar em outro campo por isso vocês nunca vão achar ele.

–Mas...

–Nada de “mas” Bruno, vamos voltar para casa agora.

Eu abaixei a cabeça e fui atrás dele, mas uma coisa estava me incomodando, Shmuel ficaria sozinho aqui já que eu estava indo embora, seu pai não estava mais lá e ele não tinha nenhum outro amigo além de mim. Esse pensamento me fez parar e ao olhar pude ver que ele ainda estava ali nos observando ir embora, então tomei uma decisão e pela primeira vez desobedeci as ordens do meu pai.

–Eu só vou para Berlim se Shmuel for junto.

Meu pai parou de andar, olhou para mim e se aproximou em silêncio.

–O que disse Bruno?

–Eu não quero ir para Berlim sem o Shmuel.

–Não é questão de quer ou não você vai e eu também não posso tirar ele daí.

–Pode sim, eu ouvi um dos soldados falando que o senhor que manda em tudo que está do lado de lá da cerca, então o senhor que decide se Shmuel vai ou não com a gente.

–Eu não posso Bruno.

–Por favor, pai, eu nunca te peço nada e não é justo deixar ele aqui sem ninguém para cuidar dele ou brincar com ele. Por favor, deixa ele ir com a gente.

Meu pai ficou olhando para nós dois com uma expressão indecifrável no rosto enquanto o olhávamos com expectativa, quando ele soltou um suspiro eu sabia que ele já tinha uma reposta para nos dar.

–Você pode ir para Berlim com eles Shmuel.

Nós nos olhamos e sorrimos. Shmuel passou por baixo dar cerca, pelo mesmo lugar que eu ia passar, e juntou-se a mim e meu pai que sorriu para ele.

–Vamos logo para casa, a chuva está ficando cada vez mais forte.

Fizemos o caminho que eu já tinha feito várias vezes depois das minhas visitas a Shmuel. Assim que chegamos em casa minha mãe estava sentada em uma das poltronas da sala enquanto Gretel tocava piano, as malas estavam lá também e as duas já estavam prontas, minha mãe se levantou e olhou para nós três e Gretel parou de tocar sem entender por que estávamos todos molhados e por que Shmuel estava ali, até que a minha mãe perguntou:

–Onde vocês estavam e quem é esse garotinho?

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa e contar o que aconteceu, meu pai se apressou a dar uma resposta.

–Depois que tomarmos banho eu explico.

Virou-se para gente e disse:

–Empreste alguma roupa sua para ele e assim que saírem do banho voltem para cá para temos uma conversa.

Saiu sem dizer mais nada e foi tomar seu banho. Saímos do banho, nos arrumamos e fomos para sala, onde o meu pai já estava, e nos sentamos e meu pai explicou o que aconteceu para minha mãe e minha irmã. Virou-se para Shmuel e disse:

–A partir de agora você não se chama mais Shmuel, seu nome é Samuel e você é um primo de consideração que vai morar com a gente.

Depois todos nos despedimos e fomos para nossa casa em Berlim, mamãe foi nos matricular na escola e compra algumas roupas para o nosso primo Samuel e algumas bonecas para Gretel que sentia falta das que tinha jogado fora em Haja-Vista.

Mostrei para ele casa e ensinei a descer pelo corrimão e o levei ao sótão para que pudesse ver toda Berlim através da janela, depois fomos brincar lá fora onde encontrei os meus velhos amigos Karl, Martin e Daniel, enquanto isso Maria arrumava o quarto de hóspedes para Samuel, e Lars fazia a jantar. Ficamos assim durante seis meses e todos já conheciam Shmuel como meu primo Samuel, até que um dia chegou uma carta do papai dizendo que vai chegar daqui a uma semana e quer ver nossas malas prontas por que nós vamos nos mudar para a nossa casa na França, não deu mais nenhuma explicação na carta, mas mesmo assim fizemos. Uma semana depois papai chega e nós nos mudamos para França, durante o caminho ele explica que com Shmuel morando com a gente nós estávamos correndo muito risco por isso viemos para cá.

Flashback off

E aqui estamos até hoje, eu e Shmuel ou Samuel vamos fazer quatorze anos e Gretel dezessete, na época nós tínhamos nove anos e Gretel doze e só agora que eu estou começando a entender o que acontecia no outro lado da cerca.


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Notas finais do capítulo

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