Danilo tinha sete anos e era sério e reservado demais para a pouca idade, o que chamava a atenção das outras crianças, resultando em brincadeiras de mau gosto e provocações. O pequeno loiro sempre ignorou esse tipo de coisa, mas embora não deixasse transparecer machucava-se com isso. Queria ser como os outros garotos, queria brincar, queria ter um amigo. E foi em um dia qualquer, no colégio, que isso aconteceu.

 Danilo estava sozinho em um canto da sala pintando em seu livro de colorir como de costume quando alguns garotos aproximaram-se com o objetivo de provocá-lo. Ele ignorou todos os comentários maldosos, mas ficou irritado quando o maior deles, Bruno, arrancou o livro de suas pequenas mãos. 

 -Ei! Me devolva! –Disse e levantou-se.  -

 -Não quero. –Bruno respondeu e levantou o livro o mais alto que pode, arrancando risadas de seus companheiros. Danilo bufou irritado e tentou recuperar o livro, mas o esforço foi em vão, o garoto era muito mais alto que ele. Quando estava prestes a desistir ouviu uma voz atrás de si gritar:

  -Devolve o livro dele! O pequeno olhou para trás e deparou-se com um garoto ruivo de grandes olhos verdes, que apesar de ser maior aparentava ter a mesma idade que ele. Bruno pensou em retrucar, mas algo na expressão do ruivo não deixou que ele fizesse isso, recuou alguns passos e soltou o livro no chão, em seguida olhou feio para os dois garotos e afastou-se com seus amigos. 

 Danilo mal pode acreditar na sorte que teve. Seu salvador, o ruivo, sorriu de lado e pegou o livro do chão, batendo com a mão na capa para tirar a sujeira e estendeu-o para o loirinho. 

 -O-obrigado. –Danilo gaguejou, um ato que se tornaria frequente na presença do maior, e pegou o livro.

 -Não precisa agradecer. Meu nome é Lucas. Quer ser meu amigo? –Apresentou-se alegre, adorava fazer novas amizades. 

 -Meu nome é Danilo. Por que quer ser meu amigo? –Perguntou curioso. Aquilo seria algum tipo de brincadeira? Nenhum garoto de sua idade queria ser seu amigo. 

 Lucas bagunçou o próprio cabelo e ficou sério, como se estivesse pensando em uma boa resposta, mas não conseguiu pensar em nada especial.

 -Não sei. Só acho que você seria um bom amigo. –Respondeu simples.

  Danilo arqueou as sobrancelhas e olhou-o confuso. Que garoto estranho. Mas por que não dar uma chance? Ele não parecia ser má pessoa. 

 -Ok, acho que podemos ser amigos. –O loirinho respondeu baixo, esperava não se arrepender de sua decisão.

 -Eba! Prometo que a partir de hoje não vou deixar mais ninguém brigar com você. Sempre vou te proteger! Eu prometo! -Ele sorriu enormemente. Aproximou-se do pequeno e bagunçou seus cabelos loiros, fazendo-o corar. 

 Danilo sorriu levemente, finalmente tinha encontrado alguém que queria o seu bem. Pela primeira vez na vida tinha um amigo.