All Over Again escrita por Effy Stonem


Capítulo 1
Nice To See You Again


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!
Leiam as notas finais por favor bebesos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/255982/chapter/1

[29/11/2006]

- Vem Jessie, larga esse porquinho da índia e vamos pro balanço! - Justin dizia encarando a amiga com um bichinho na mão.

- Pera ai Jus. - Jessica disse enquanto fazia o "último" carinho em Perie e o colocava na gaiola.

Os dois melhores amigos inseparáveis entraram no parque e ficaram se balançando em silêncio.

- Meu pai ligou. - A garota disse e o pequeno menino quase se estabacou com a notícia, era raro ouvir dizer que o pai de Jessica anda ligando. - Ele disse que está com saudades e que quer que eu passe um tempo lá na casa dele.

- Mas Jessica você só tem 12 anos, não pode ir sozinha pra França. - o menino dizia desesperado.

-Eu não vou estar sozinha Jus, vou estar com meu pai... E Lauren. - soltou um bufado ao citar o nome da madrasta. - Você pode ir me visitar, eu não vou pra sempre.

- Acho que eu também vou. - Justin disse depois de um tempo em silêncio.

- Vai pra França? 

- Não, vou visitar meu pai. Ele resolveu lutar pela minha guarda agora que se separou de Kaline pela segunda vez, só não sei o porque disso. 

- Você não pode ir. 

- Você também não.

E o silêncio se instalou novamente entre os dois.

- Por que só me contou agora? - A menina soltou de uma vez. - Pensei que éramos melhores amigos.

- Nós somos! Ei, você também só me contou agora. - tentou se defender.

- Eu soube disse hoje, você só me contou porque eu contei.

- Vou sentir sua falta. - o menino disse mudando de assunto, enfim a encarando nos olhos.

- Eu também vou. 

Aqueles dois pequenos pré-adolescentes se abraçaram, tão pequenos e frágeis mas tão espertos. Sofreram muito e juntos com a separação dos pais tanto de um quanto de outro, se sentiam sozinhos e abandonados por eles e quando os mesmos voltam já querem quebrar a barreira da confiança e amizade que eles criaram e construiram desde que se conhecem por gente, eles sabiam que essa amizade era dificil de ser quebrada mas também sabiam que não conseguiriam segurá-la por muito tempo, com tudo isso eles se afastariam de uma maneira ou de outra mas no coração de cada um deles havia a esperança de viver tudo o que não tinham vivido juntos ainda futuramente, o tempo serviria para os afastar mas, talvez, ele também não poderia os juntar novamente? Isso só ele pode dizer, o tempo.

- Eu te amo. - Justin disse já quase chorando em imaginar viver sem a melhor amiga. Eles se conhecem desde os dois anos de idade e os dois tem apenas 12 anos, eles não podiam se separar a força, tão bruscamente assim.

- Cala a boca. - Jessica disse séria o fazendo a encarar assustado, ela deu um sorriso de canto. - Eu te amo muito mais.

E eles voltaram a se abraçar, talvez querendo gravar o cheiro, o aperto, o sentimento que um transmitia no outro. Eles não faziam ideia de quanto tempo ficariam sem se ver mas sabiam muito bem o que o "passar um tempo" dos pais deles significa. A saudade vai apertar, é claro que vai mas temos que seguir em frente rezando para que algum dia se reencontrem e sintam esse abraço apertado na medida certa e calorosa novamente, que essa não seja a última vez.

5 anos depois...

Jessica P.O.V

Eu com certeza sou a pessoa mais preguiçosa do mundo, passei a tarde inteira zapeando os canais da televisão tentando achar algo que preste e depois assistir um filme qualquer de aliens matadores enquanto me enchia de sorvete. 

Estou aqui em São Francisco faz uma semana e ainda não consegui me acostumar novamente, passei uma longa temporada na casa do meu pai na França, que foi mais pro tipo "aprenda a falar francês e cuidar do seu irmão enquanto eu e sua madrasta experimentamos alguns motéis" e isso foram por 5 massacrantes anos.

Estou de volta morando com a minha mãe, dessa vez eu vim escondida sem meu pai saber, mas quando ele me ligou disse "tudo bem, agora vamos ter que pagar babá para o seu irmão".

Não liguei muito de voltar pra cá - apesar de ser bem mais frio e eu não gosto de frio -, só fiquei bastante preocupada com Peter, meu irmão de apenas 5 anos, que agora está sozinho naquela casa.

Eu até gosto da França, agora sou fluente em francês e passar um tempo distante fez bem pra mim, consegui colocar algumas coisas no lugar e reorganizar minha vida que no momento se encontra totalmente desorganizada, mas lá tudo era considerado formal e importante, meu estilo é américa.

Estou com saudades dos tempos antigos, de quando eu, Justin, Ryan, Chaz e Carin éramos unidos, antes de eu ir para França, antes de Justin ir para o Canadá, antes de Ryan ser jogado em um colégio interno na Flórida, antes de tudo desandar e sair dos trilhos. 

Voltei minha atenção para a televisão que agora passava um programa de "como conquistar seu amado" e o tédio me dominou, comecei a sentir dor nos joelhos por estar com eles tanto tempo dobrados e levantei pra me esticar. 

Subi as escadas e fui em direção ao meu quarto, abri a porta e me joguei na cama com o lençol frio e logo o telefone tratou de tocar.

- Alô? - a voz da minha mãe soou do outro lado da linha.

- Oi mãe.

- Olá filha, o que fez hoje? 

- Nada, passei o dia vendo filmes e mofando no sofá. - bufei.

- Jessica, você está de volta a São Francisco, levanta daí e vai se divertir! Não sente saudades da sua terra natal? Você já está aqui a uma semana e ainda não levantou desse sofá - ela disse e eu murmurei um "levantei sim" e ela continuou. - Você estendeu o que eu quis dizer.

- Tudo bem mãe, vou sair para dar uma volta daqui a pouco. Vai voltar quantas horas? - mudei de assunto bocejando.

- Era isso o que eu queria dizer, hoje vou ficar de plantão. Talvez chegue em casa umas 8 da manhã.

- Ok, até amanhã.

- Até amanhã querida, peça algo pro jantar. - Ela encerrou e desligou o telefone.

Bufei e larguei o aparelho no meu lado na cama e tomei coragem para levantar e tomar um banho. 

Minha mãe é médica do hospital público da cidade e uma hora ou outra ela fica de plantão assim, não me importo muito por ela estar fazendo o bem curando as pessoas doentes ou que sofrem acidentes mas eu sinto falta dela, ela trabalha muito então temos pouco tempo pra nós, ou seja, essa casa é praticamente toda minha.

Entrei no banheiro e me despi pensando no nada, mirei o relógio no canto esquerdo da parede e me surpreendi ao perceber que já se passavam das 5 da tarde.

Entrei no box e ao sentir a água quentinha entrar em contato com a minha pele, achei merecido ficar mais um tempinho ali. Sai do banho e sequei meu cabelo, vou sair daqui a pouco e cabelo molhado com ventania não é uma boa mistura.

Me vesti e passei uma maquiagem simples para disfarçar a palidez da minha pele, sai de casa com a ideia de me distrair já que pelo visto é meio impossivel encontrar o pessoal de novo.

Justin P.O.V

Legal isso, último bimestre escolar com todas as notas abaixo da média. E aqui estou eu recebendo um olhar reprovador do professor e um C em espanhol.

Não sou o pior aluno da turma mas também sei que com as minhas notas não vou conseguir entrar em uma faculdade qualificada. Nunca me preocupei com isso mas agora que estou no último bimestre do último ano antes de terminar o período escolar.

- Passe a estudar mais, Justin. - Professor de espanhol passou por mim enquanto endireitava alguns livros e cadernos nos braços.

- Vou tentar recuperar. - eu disse.

- Não tem muito tempo. - ele saiu da sala com a mesma cara de sempre.

Pra que aprender espanhol se eu moro na américa? 

Coloquei o material na mochila, a joguei sob meus ombros e sai da sala.

Não sou o mais popular da escola, também não sou excluído mas posso dizer que sou neutro. Tenho amigos, já tive namoradas mas nunca entrei para o time de basquete e fiquei com mais de 4 meninas em uma noite.

- Eai dude? - Chaz veio em minha direção balançando alguma folha.

- Fala cara. - respondi. - O que é isso? - apontei pra folha enquanto pegava um chiclete no bolso e colocava na boca.

- Me dá um. - pediu e eu dei. - Minha prova de Biologia, mano eu tirei B+. - ele apontou pra prova. - Estou muito orgulhoso de mim. E você? Tirou quanto em Biologia?

- Vou receber a prova amanhã, só sei que fui mal em Espanhol. - bufei.

- Tirou quanto? - ele perguntou ainda olhando admirado pra prova em suas mãos. Murmurei um "C".

- Tirei F, então parabéns. - ele disse e nós rimos.

Nos despedimos e eu voltei pra casa tentando formular uma explicação pra minha mãe, do tipo "ainda não saíram as notas, mãe" como sempre.

Saquei o iPhone do bolso e coloquei qualquer música pra tocar e encaixei o headphone na minha orelha. Começou a tocar qualquer música das Spice Girls e eu sorri automáticamente, sempre que eu ouvia música delas eu sorria, eu lembrava de Jessica cantando e dançando todas essas músicas que ela sabia de cor, lembrava de quando falavam mal das garotas da banda e falavam que elas se separariam - o que aconteceu- e ela ficava vermelha de tão brava. 

Me vi rindo sozinho e prestei atenção no caminho de casa cantando a música - que por incrível que pareça eu sei de cór - que estava tocando.

Cheguei em casa e não tinha ninguem lá, minha mãe estava trabalhando então o que me resta é me virar*.

Almocei uma lasanha instantânea e passei o resto do dia vendo filmes com Chick Norris. O telefone tocou e eu atendi.

- Alô? Filho? 

- Oi mãe.

- Estudou? Já saiu alguma nota? 

- Estudei, ainda não saiu não mãe. - Não gosto de mentir pra ela mas ás vezes é preciso.

- Nossa filho, a escola está demorando muito para entregar as notas esse ano. - ela disse indignada e eu concordei.

- Estou chegando em casa, até daqui a pouco querido. - Ela avisou, eu respondi e subi correndo para trocar de roupa.

Tomei um banho e como aqui em São Francisco está muito frio e possivelmente o dia mais frio do inverno, coloquei uma calça jeans e o moletom mais quente que tinha. Se eu ficar aqui em casa por mais tempo, vou acabar me destraindo e contando pra minha mãe sobre as notas. 

- Justin cheguei. - Dona Pattie já entrou gritando.

- Olá mãe! Vou dar uma voltinha tudo bem? 

- Tá bom, leva o celular e vê se atende minhas ligações! - ela disse mandona.

- Tá ok, tá ok. - disse levantando as mãos em forma de rendimento.

Saí de casa já sentindo o vento frio e eu não sei porque mas o sentimento de nostalgia me invadiu completamente e eu me fragilizei à sentir uma dorzinha de saudade mas logo passou.

Fui andando para o Starbucks, comprei um Capuccino e quando estava saindo meu olhar parou em uma garota muito bonita tomando alguma bebida quente também do Starbucks olhando para uma árvore sorrindo sozinha, ela me parecia familiar.

Fui me aproximando e quando estava próximo o suficiente para perceber quem era a tal garota eu gelei, gelei completamente e meu coração bateu rápido que eu quase gritei. Estou parecendo um gay agora.

Jessica P.O.V

Saí de casa já sentindo o vento frio bater na minha pele, não gosto de frio - o que vale ressaltar várias vezes - e ainda por cima sou muito frienta, sinto frio por tudo.

Peguei meu iPhone, pluguei o fone de ouvido e cliquei na minha pasta de músicas das Spice Girls, de um jeito ou de outro me traziam boas lembranças daqui, é.

Segui sem rumo algum e parei no primeiro Starbucks que eu vi, pedi um Mokka e fui me sentar no banco da praça em frente a ele, olhei para aquela árvore e me lembrei de tudo o que tinha feito ali, senti saudades de Justin mais que nunca.

Começou a tocar Wannabe e eu comecei a dançar sentada mesmo ainda olhando para a árvore até sentir alguem sentar do meu lado.

Levei um susto imenso e coloquei a mão na altura do meu coração com os olhos fechados até que ouço uma voz um tanto familiar.

- Posso ouvir com você? - Um garoto de olhos cor de mel com um sorriso de canto exagerado me perguntou com a voz um pouco controlada sentando do meu lado.

É ele.

Um sorriso maior que a Rússia se formou no meu rosto e isso foi o bastante dele perceber que eu o reconheci e meio segundo depois estávamos nos abraçando com toda a força, um abraço apertado na medida certa e caloroso. Eu senti saudades. Morri de saudades.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*- No EUA as pessoas não costumam ter governanta em casa.
Gostaram? Odiaram? Continuo? Deleto? A opinião de vocês é muito importante, please



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "All Over Again" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.