~ 2 meses depois

Rita e eu nos casamos no mês seguinte. Já estávamos no processo da guarda de Alícia, a conselheira tutelar ía a nossa casa, e anotava tudo o que fazíamos, as vezes perguntava sobre algumas coisas, e isso era totalmente irritante. Eu estava cada dia mais estressado, ignorante, chato .. percebia isso as vezes. Alícia .. ah, estava cada dia mais parecida com Amy. Acordei cedo, fui ao banheiro fiz minha higiene. Passei no quarto de Rita, ela ainda dormia. Fui ao quarto de Alícia, estava no berço, com os olhinhos abertos, observando a tudo, sempre inquieta .. Um anjinho
— Mas meu amor - peguei ela do berço e ela olhava pra mim com aqueles olhões azuis - Você acordou , taí quietinha, em? - dei um beijão na sua barriga e ela resmungou - Princesa, papai te ama muito, não vou deixar que te tirem de mim - segurei ela no alto, ela olhava pra mim com carinha de surpresa, chutava o ar com suas perninhas e só resmungava - Você concorda, pequena? Que ninguém pode te tirar de mim? - ela apenas resmungava, parecia que concordando, chutava - Claro, né meu amor? - dei vários beijinhos na sua barriga e ela mexia os pezinhos e ria
— Bruno? - me virei sorrindo, e Rita estava de baby doll, com a conselheira tutelar ao lado dela, na porta do quarto. Segurei Alícia deitada em meus braços - Você não ouviu a campainha?
— Ah não, desculpa. Estava aqui com Alícia e …
— Deixa pra lá .. - disse, estava meio sonolenta
— Só vim para informar o horário do conselho, será ao 12:45hrs, sem atrasos - disse a conselheira
— Sim senhora - disse
— Tenha um bom dia
— Impossível .. -sussurrei
— Eu levo a senhora até a porta - disse ela e sairam as duas. Olhei para Alícia e já tinha voltado a dormir, um anjo. Dei um beijo em sua testa e a coloquei de volta no berço e saí do quarto

[…]

Chegamos ao lugar do conselho: Era uma sala nem tão grande nem tão pequena, com uma mesa de pés de ferro preto e tampo de vidro, chão com um carpete azul bem escuro, parede creme e algumas pinturas do século XIX. Ao lado esquerdo da mesa estava Mick, Charice, e um homem negro, que suponho ser o advogado deles. Charice olha pra mim
— Olá Bruno - disse ela, bem séria
— Olá Charice - dei um sorrisinho. Dei o braço a Rita e sentamos do outro lado da mesa em que estavam, nossa advogada sentou ao meu lado. Alanis era uma “amiga” de Phill, se interessou pelo nosso caso.
Depois de 10 minutos esperando, pontualmente às 12:45hrs, chega a conselheira de justiça e a tutelar, e se diregem à cabeceira da mesa
— Boa Tarde. Sou Valerie Streep, conselheira de justiça e cá estamos para o ultimo conselho. Hoje eu quero dar o veredito, sobre o caso - ela pegou um papel em sua pasta - da guarda de Alícia Ferraz Hernandez. Bom, hoje ouvirei as observações e anotações da conselheira tutelar desse caso, a Sr Christina Carter. Já está com o poder de palavra - disse ela e se sentou. Aquela mulher chata que olhava pra minha casa com nojo, me fazia perguntas desnecessárias e iritantes por mais ou menos 2 meses, pegou suas anotações e começou
— Fiz algumas observações de rotina, comportamento e condições na casa de ambos os casais. Levantei algumas conclusões:
* Condições da casa: Sr Hernandez não tem uma casa própria e sim um apartamento que divide com a esposa - meu coração acelerou, fiquei bastante triste. Olhei para o lado, e cutuquei Alanis, que logo pediu palavra
— O apartamento do Sr Hernandez é grande e bem aconchegante. A criança tem seu próprio quarto, assim como o casal. - A conselheira fez uma expressão de conformada e continuou
* Sr Blow e sua esposa possuem uma casa com 8 cômodos incluindo quarto de brinquedos e dormitório da criança, uma varanda e todas os cuidados com proteções contra acidentes domésticos .. - Alanis me puxou e sussurrou
— Bruno, toma cuidado, ela não está a seu favor! - acenei positivamente com a cabeça
* A rotina: Sr Hernandez passa o dia todo fora, deixando a Sra Sahatçiu sozinha, cuidando da criança, Sr Blow e Sra Morelli passam o dia todo fora, mas deixam empregados disponíveis - Alanis se pronunciou
— Meu cliente passa o dia todo fora, por estar trabalhando, mas deixa a ESPOSA cuidando da criança. Eu queria perguntar para a Sra Morelli, como pretendem participar da criação do bebê, já que a senhora e seu marido passam o dia todo fora - Charice ficou nervosa, deu pra perceber muito bem, o advogado dela logo se pronunciou
— A minha cliente tem planos para deixar o emprego
— Ah sim, deixar o emprego. E apenas o Sr Blow sustentará a casa, com seu salário de estagiário de empresa? Com a quantia de 350$ dá para sustentar a casa de 8 cômodos, que eles ainda estão quitando, mais os empregados disponíveis que a conselheira Carter mencionou? - O advogado ficou sem graça, na verdade ele não sabia onde enfiar a cara, fazia que ia dizer alguma coisa e não dizia - Sem mais perguntas. Prosiga Sra Carter - disse Alanis. A conselheira sempre séria, olhou para o advogado e continuou
* Comportamento: A Sra Morelli tem feito muitas aulas de puericultura, já demonstrou que aprendeu cuidar de uma criança e tem todas as condições de criar a mesma. Já a Sra Sahatçiu, eu não percebi em hora alguma lendo sequer um livro sobre um assunto, muito menos fazer aulas .. - disse a conselheira olhando para Rita. Alanis se pronunciou sempre a nosso favor
— A Sra Sahatçiu não lê livros, pois tem muita experiência no assunto, cuidou de alguns sobrinhos e irmãos por ser a filha mais velha - inconformado, o advogado de Charice se pronunciou
— Eu soube que a Sra Sahatçiu perdeu seu filho, com apenas 1 mês e meio de gestação, é verdade? - Olhei par Charice, que sorria. Rita apertou minha mão, olhei para ela e pedi calma
— Sim, é verdade - disse Alanis
— Então explique-me como a Sra Sahatçiu pode criar uma criança nessas condições?
— Não compreendi a sua pergunta, Sr .. - disse Alanis
— Ora, sejamos realistas. Ela pode ter depressão. Isso não seria apropiado para uma pessoa que tem a guarda de uma criança - Rita já estava nervosa, depois dessa ela não se conteve
— Eu não tenho depressão, não, Senhor, ao contrário: Vejo Alícia como a filha que perdi, cuido dela como se fosse minha a amo como se ela tivesse saído de dentro de mim - Alanis sorriu e eu também
— Mais alguma pergunta, Senhor? - disse Alanis. Ele ficou furioso por dentro, e disfarçava isso muito mal
— Não - Alanis sorriu
— Prossiga Sra Carter - disse Alanis. A conselheira olhou bem para o advogado de Charice e continuou
— Bom, eu encerro as minhas obeservações por aqui. O poder está nas mãos da Sra Streep - disse ela e sentou. Rita puxou Alanis e disse: 
— Alanis, não esquece, tá?
— Tudo bem, pode deixar - fiquei confuso
— Bom, foram ótimas observações, Sra Carter. E pelo que pude perceber, a Sra Morelli e o Sr Blow tem excelentes condições financeiras para a criação de Alícia Ferráz Hernandez. Mas o que me chamou bastante atenção, foi o Sr Hernandez e a Sra Sahatçiu, que além de terem condições boas, também possuem um carinho enorme pela criança.
— Hamm .. Sra Streep, posso dar o poder da palavra para o Sr Hernandez? Ele deseja falar algo - disse Alanis
— Tudo bem, fique a vontade - disse ela. Gelei, ok, o que eu falaría? Poderia colocar tudo a perder .. Fiquei bem nervoso, respirei fundo e Alanis perguntou
— O que você sente por Alícia Ferráz Hernandez? - eu sorri, e disse as palavras mais sinceras que estavam em minha mente e também em meu coração.