Uma semana se passou arrastando, e finalmente chegou o dia da cesariana da Alícia. Aproximava-se à hora da minha princesa vir ao mundo, um dia em que tudo poderia mudar. Acordei bem cedinho, levantei da cama sem acordar Bruno, vestia uma camisola curta, rosa, presente de D. Bernie, antes de voltarmos pra Los Angeles, e me encaminhei até o quartinho de Alícia. Havíamos arrumado ele antes de viajar, com as minhas economias e o dinheiro que Bruno ganhava na gravadora.

Era tudo tão lindo, em um tom de vermelho e branco

Olhei aquele quarto e a ânsia de ter meu bebê nos braços aumentava. Entrei, fiquei admirando o bercinho, tocava as grades de madeira, os ursinhos e imaginava ela ali, com um sorriso em meus lábios. Peguei o cachorrinho que estava em cima da poltroninha e sentei, enquanto brincava com o bichinho, Alie dá o ar de sua graça, me chutando

— Oi meu amor - disse acariciando a barriga - é hoje que você chega, não é? To tão ansiosa pra te ver, saber como você é. Se tu és mais parecida comigo ou com seu pai. Quero pegar você no colo, te dar de mamar, acariciar seu rostinho, ver você sorrir pela primeira vez - uma lágrima escorreu, sem querer - Só quero você comigo aqui, só isso

— Amor? - Olhei para a porta e Bruno estava escorado no batente, apenas de bermuda - Tudo bem por aí?

— Tudo sim - ele se aproximou de mim, e abaixou ficando com o rosto na minha barriga

— É hoje que vamos conhecer a nossa princesa - disse e beijou minha barriga, e conhecidentemente ou não, ela se mexeu - Ela me ama - rimos

— Sim e muito

— Vai tomar um banho, eu preparo algo pra comer..

— Tudo bem - Fui ao quarto, escolhi uma roupa confortável, tomei um banho e fui pra cozinha

— Huuummm .. salada de frutas

— Eu sei que você gosta - comi tudo em dois tempos. Arrumamos tudo, e fomos para o hospital

[…]

Já havia dado entrada para a internação, e só estava aguardando Dr Edward chegar. Deitada em uma cama de hospital, com aquela roupinha estranha de bolinhas, com soro... Tédio e nervosismo total, apenas Bruno estava comigo no quarto

— Bruno, sabe o que horas o Dr Edward chega? - é eu estava bem nervosa

— Calma, Amy, ele já está chegando. Controla seu nervosismo!

— Impossível.. - disse quase rindo

— Oi mamãe, oi papai! - disse o Dr Edward, entrando na sala - Como está a futura mamãe?

— Estou bem

— Bem nervosa, não é?

— Muito.. - disse quase rindo

— Vamos ao procedimento, então? Sr. Hernandez vai assistir o parto, não é?

— Claro

— Então segue a Rachel, para colocar a roupa, ok? - Bruno assentiu e saiu do quarto. Dr. Edward mediu minha pressão, alguns enfermeiros me passaram da cama para a maca, e fomos em direção a sala de parto

[…]

Já estava na sala, ajeitada na cama. Havia tomado anestesia e vários aparelhos ligados, já colocados em mim. Nervoso, resumia tudo. Senti pegarem em minha mão

— Eu estou aqui meu amor - olhei para ele, apenas os olhos se viam. 

Ele entrelaçou meus dedos nos dele, involuntariamente pisquei e lágrimas desceram, era um momento de pura expectativa e nervosismo

15 minutos depois…

— Bruno - sussurrei

— Sim, meu amor

— Ela está chegando, eu estou sentindo - sorri

— É? Logo ela estará aí… - apertou a minha mão

— Eu senti tudo, todos os cortes, eles estão puxando ela… - ele sorriu com os olhos, e apertou mais uma vez a minha mão

— PRONTO. OLHA SÓ QUEM ESTÁ AQUI! - disse Dr Edward. Segundos depois, eu ouvi o que ansiava desde cedo, o chorinho da minha princesa, a melodia dos primeiros segundos de vida da minha pequena. Eu chorava e sorria ao mesmo tempo, era uma sensação única, me senti realizada, Bruno chorava e sorria junto comigo. 

Até que sinto meu coração disparar, a respiração cada vez mais difícil e visão muito embaçada. Os aparelhos que mediam minha pressão e meus batimentos dispararam. Eu não conseguia ver nada, apenas ouvir.

— Amy! Amy! Amy!

E naquele instante que percebi que chegara minha hora de partir.