Eles voltavam em silencio da festa, fechados em uma expressão séria no rosto. Freddie mostrava-se antenado na estrada, enquanto Sam bufava com um enorme bico no carona ao lado, sem entender a atitude imprevisível, e no mínimo, maléfica do amigo. Como ele pode fazer isso? Ele sabia que ela estava interessada nele a um bom tempo, e se certificou de acabar com todas as poucas chances dela inventando aquela mentira tão cabeluda. Isso ela era incapaz de perdoar.

Mas Sam desconhecia os reais motivos pelo amigo ‘geek’ ter agido de tal forma.

Preciso de outra história

Algo que saia do meu peito

Minha vida está entediante

Preciso de algo que eu não posso confessar

Até todas as minhas mangas estão manchadas de vermelho

De todas as verdades que eu disse

Venha, honestamente eu juro

Pensei que você tinha me visto por um instante, não, eu tenho andado à beira de um precipício, então.

–Desculpe Sam- pediu ele após um tempo em reflexão, era só ele e sua mente trabalhando em descobrir uma solução.

Porém, as desculpas do Freddie não eram verdadeiras, ele estava orgulhoso do seu feito, mas se pedir desculpas fosse o caminho mais fácil para ter o perdão da loirinha ele o faria até de joelhos. Ele simplesmente não suportava ficar muito tempo bravo com ela, apesar de todas as insistentes provocações dela.

–Não fala nada, nerd! Eu já deixei bem claro que não quero ouvir sua voz irritante- respondeu Sam ríspida. Ignorando a cara decepcionada do seu amigo pelo destrato.

Diga-me o que quer ouvir

Algo que agradará os seus ouvidos

Cansado de toda esta insinceridade

Então abrirei mão de todos os meus segredos

Dessa vez

Não preciso de outra mentira perfeita

Não me preocupo se as críticas nunca aparecem de uma só vez

Eu estou me desfazendo de todos os meus segredos

–Posso me justificar?- ele persistiu, destinado que Sam o entendesse.

–Mentiu para o Carter que eu estava namorando um cara na condicional, não tem justificativa- Sam respondeu descrente, algo no tom de voz dela o fez ficar mudo por um tempo, até ela se acalmar um pouco, talvez.

–Eu já disse que sinto muito- reprendeu ele após determinar que foi tempo suficiente para ela. Ele encontrava-se insatisfeito com a importância que ela estava dando ao caso.

Será que ela gostava tanto assim do Carter?

–Por que Freddie? Sabia que eu estava afim dele, e que ele estava na minha também, por que não me ajudou como faz com Carly, hein?

–Porque eu... – Freddie ia revelar de uma vez, mas parou no meio da frase hesitante.

Se ela gostava do outo não fazia sentindo ele tentar falar. Sam ia dispensa-lo, machuca-lo e humilha-lo. Sem contar o clima desagradável que se criaria na atmosfera deles, ele não estava disposto a enfrentar isso. No entanto, a loira estava inconformada com o silencio dele. Ansiava entender o que se passava na cabeça do nerd, queria entender por que ele induziu de maneira tão baixa Carter, a dar um fora nela. E Sam não ficaria sabendo da resposta até que Freddie resolvesse esclarecer, já que ela ainda não possuía o dom de ler mentes, e nem de entender nerd’s tecnológicos.

O silencio começou a irritar.

–Você o quê? Fala logo, droga!- exigiu ela impaciente, subindo em cima dele.

Sam o prendeu pelo colarinho da camisa, puxou ele para perto de si, sem se dar conta de que o amigo estava dirigindo. Freddie dispersou sua atenção do caminho, se vendo perdido naqueles olhos que o faziam ir ao céu e voltar ao inferno.

Tudo bem. É agora ou nunca!- encorajou-se ele.

–Porque eu gosto de você- sussurrou o menino, assustado.

Meu Deus, é incrível como chegamos a esse ponto

Parece que estávamos perseguindo todas aquelas estrelas

Cujo condutor eram grandes carros pretos e brilhantes

E todos os dias eu vejo as notícias

Todos os problemas que poderíamos resolver

E quando uma situação aparece

Basta escrevê-la em um álbum

Sentado em linha reta, muito baixa

E eu realmente não gosto da minha fluidez, oh, então.

Sam não pode acreditar no que ouvia. Freddie, o maior nerd da face da terra, Freddie Benson, o vizinho que se dizia apaixonado pela sua Melhor amiga há anos, declarou que gostava dela. Era uma brincadeira de mau gosto, por acaso? Por que se Freddie resolveu brincar com essas armas ela não aguentaria. Doía demais no peito, ferindo seu coração.

Diga-me o que quer ouvir

Algo que agradará os seus ouvidos

Cansado de toda esta insinceridade

Então abrirei mão de todos os meus segredos

Dessa vez

Não preciso de outra mentira perfeita

Não me preocupo se as críticas nunca aparecem de uma só vez

Eu estou me desfazendo de todos os meus segredos

Freddie estagnou-se ao ler os olhos da garota, ela estava com os olhos marejados. E de fato, Sam fazia grande esforço para não chorar.

–Não precisa mentir Freddie. Aonde quer chegar mentindo com isso?- ela questionou, sentindo-se derrotada e humilhada pela fraqueza que demostrava.

–Não estou mentindo!

Freddie foi obrigado a olhar para a estrada, mas ao notar que não corria nenhum perigo, a via estava tranquila, voltou-se para ela. Entretanto, Sam já havia desviado o olhar do dele. Agora, ela encarava as próprias pernas, combatendo consigo mesma para manter seu maior segredo guardado a sete chaves, como ela tinha feito por todo esse tempo.

Há muito ela prometeu para si mesma nunca se apaixonar pela pessoa que mais odiava, mas há muito o juramento foi quebrado quando ela descobriu-se apaixonada pelo moreno, o produtor técnico do iCarly.

Ela era mesmo uma estupida por deixar isso acontecer.

Sam não entendia que nos sentimentos os humanos não se governam, eles constantemente correm contra o risco da infelicidade, e nunca estarão protegidos completamente. E no amor é assim. Às vezes, você se apaixona pela pessoa certa, mas muitas vezes não se pode ter a mesma sorte.

Não há razão

Não há vergonha

Não há família

A quem eu possa culpar

Não me deixe desaparecer

Eu vou lhe contar tudo

Freddie ficou apreensivo. Nunca vira Sam tão abalada em toda sua vida. Arrependeu-se por tê-la assustado com seus sentimentos egoísta, desejou poder voltar no tempo e nunca ter admitido nada a ela. Talvez ele pudesse voltar um pouco mais além, e poder fazer o que Carter lhe pediu.

Ele devia ter ajudado o capitão do time de basquete a conquistar sua garota. Sim, Sam era dele. Ela havia roubado o seu coração, e ele já não esperava mais que ela o devolvesse.

–Sam... E.. Está tudo bem?- ele perguntou inocente, parecendo muito preocupado com a condição da amiga. Ela o estava assustando.

Sam o fitou intensa, respirou fundo, e convenceu-se de que o que estava prestes a dizer era o certo.

Diga-me o que quer ouvir

Algo que agradará os seus ouvidos

Cansado de toda esta insinceridade

Então abrirei mão de todos os meus segredos

Dessa vez

Não preciso de outra mentira perfeita

Não me preocupo se as críticas nunca aparecem de uma só vez

Eu estou me desfazendo de todos os meus segredos

Desfazendo de todos os meus segredos

–Isso é muito difícil pra mim nerd, mas aviso que só vou dizer uma vez. E por favor, não me faça repetir, senão eu quebro essa sua cara!

Freddie manteve-se firme, esperando que ela falasse. Agora, nesse momento, ele estava quase pra ter um ataque de ansiedade tamanha foi à seriedade que a amiga falou.

Mais um profundo suspiro dela. Freddie já estava ficando impaciente com a demora dela, sua curiosidade estava no limite.

–Eu... Sam...

–Você o quê?- perguntou Freddie sem esperar que ela terminasse. A expectativa o fazia enjoar, ele queria saber logo.

–E... Eu, Sam Puckett, também gosto de você, Freddie Benson.