Dolorosamente observou Erza entrar numa lojinha de quinquilharias, onde estampava um riso alegre ao lado de Jellal. Eles movimentavam-se muito perto, roçando os braços. A intimidade era visível. O homem de cabelos azul parecia extremamente feliz e não abandonava o sorriso bobo. Não poderia dizer o contrário da própria Erza.

Abandonando o observatório de Edolas, abraçando a si no turbilhão de emoções que chocavam-se num furação nauseante, partiu dali e correu para seus aposentos. Lá jogou-se na cama fofa, entrelaçou os dedos no cabelo e puxou-os num gesto de raiva e mágoa.

Sabia que nada poderia pedir de Erza. O tempo que passaram juntos foi curtíssimo e mal aproveitado. Porém, gostava de olhá-la. De observar os traços tão familiares que aprendera a distinguir facilmente de outros. A pele macia, a curva sutil do nariz, os lábios. Os cabelos avermelhados caindo em cascata pelas costas, tão brilhantes. A expressão de concentração, seriedade e também agradabilidade. Ela era linda, uma explosão de força, um mar de amor. Tão diferente da sua faceta nesse mundo.

Estavam agora mais do que milhares de quilômetros de distância. Estavam em dimensões diferentes. Sabia que nunca mais encontraria-a. Isso fazia seu coração doer. Obvio, sabia que o amor dela pertencia apenas ao Jellal dali. Era só ver nos olhos dela que estaria claro. Eles construíram uma relação de muitos anos, mesmo sendo desgastada e apunhalada por várias vezes, mas durou o suficiente para ser reconstruída e agora jazer brilhante. Era bonito. Eles mereciam-se e cada instante de felicidade também.

Sabendo agora que precisava abandonar os devaneios para continuar no seu trabalho árduo de comandante daquele mundo, levantou lentamente, olhou-se no espelho e concertou qualquer faceta que não fosse de seriedade. Não havia tempo para aquilo. O povo esperava.

Andando com passos firmes pelo corredor, surpreendeu-se ao bater de frente com a cópia exata de um daqueles que vira naquela manhã chuvosa. Essa pessoa era um pé no saco as vezes, mas não podia discutir que a relação entre eles melhorara em muito. Até tomavam café as vezes.

Passando para andar ao lado dessa pessoa, trocaram cumprimentos afáveis e começaram a conversar. Algo do estado, algo do palácio e algo dos companheiros de equipe. Até que se davam bem mesmo.

Passando para entrar em outra porta, virou-se e sorriu abertamente. Talvez gostasse até um pouquinho dele.

– Até mais, Majestade - despediu-se.

Num protesto, Jellal pediu para que ela chamasse-o pelo nome, enquanto continuava em seu destino.