Nunca imaginei que me permitiria sofrer tanto assim.

Eu não sabia o quanto doía se apaixonar.

Depois de tantos joguinhos de sedução, meu coração está pagando o preço.

E esse preço está sendo alto de mais.

Dois meses se passaram desde o ultimo vislumbre dos olhos “dele”.

–Filha, vem pra dentro vem. – pediu uma Renée preocupada. Eu estava sentada na rede, na área da frente da casa, com meu atual passatempo favorito, um livro. Ontem eu havia iniciado a leitura de “A culpa é das estrelas” e hoje, eu estava praticamente terminando as páginas.

–Já vou mãe – acenei com o livro na mão – Estou acabando esse e já entro. – ela apenas assentiu e entrou. Ela estava preocupada com meu estado emocional ultimamente, eu não iria negar, eu estava entrando em um estado crítico de depressão, tinha certeza que havia alguma luz no fim do túnel, mas estava difícil de eu conseguir enxergar dentro dele.

Nunca as palavras de algum autor fizeram tanto significado como as de John Green naquele meu momento em especial, “As marcas que os seres humanos deixam são, com freqüência, cicatrizes.”

Edward me marcou profundamente, em todo esse tempo em que trabalhamos juntos, eu pude me apaixonar por seu estado babaca, em especial quando ele chegava com a cara amarrada e bufando violentamente á quatro cantos. Eu odiava amar aqueles lábios contraídos, eu odiava amar aqueles olhos escuros enraivecidos, eu odiava amar aquela postura sempre rígida ao meu redor, mas o que eu mais odiava, era não conseguir odiá-lo de verdade.

E esse era o real problema da dor, ela precisa ser sentida. E eu estou sentindo isso fortemente, feito tatuagem em minha pele.

Eu amava aquele homem, incondicional e irrevogavelmente.

E talvez eu não tenha lutado por ele, Edward era um homem amargo e eu precisava mostrar a ele que eu podia o amá-lo de verdade. Eu poderia na verdade amar por nós dois.

A constatação desse amor forte fazia com que algo sobrenatural crescesse dentro de mim.

Eu sentia uma queimação em meu peito, um palpitar violento, um frio na barriga... Pela primeira vez eu estava amando.

Sorri largamente, eu amava incondicionalmente Edward Cullen e eu não deixaria esse homem escapar.

Levantei apressadamente e sem querer tropecei em meus próprios pés, caindo de quatro no chão.

–Droga – exclamei ao ver meu joelho sangrando – Que merda.

Entrei correndo em casa e subi de dois em dois, os degraus da escada que dava acesso ao meu quarto.

–Bella? – ouvi minha mãe ao fundo. – Querida, está tudo bem? – a voz dela estava se aproximando.

–Tô aqui mãe. – gritei arrancando meu short e minha blusa, mergulhei dentro do meu guarda-roupa e puxei a primeira calça jeans que achei.

–Aonde pensa que vai Isabella? – perguntou uma Renée aparentemente furiosa.

–Vou atrás da minha felicidade mãe. – afirmei com um sorriso gigantesco em meus lábios.

–Bella, faz dias que não come filha, você não irá sair dessa casa sem antes... – ela paralisou completamente e eu fixei meus olhos nela.

–Mãe, está tudo bem? – perguntei fechando o botão da minha calça e me aproximei. – Ai, mas que merda! – grunhi ao sentir o jeans arranhando meu joelho já sensível pelo tombo.

–Olha o vocabulário mocinha. – advertiu dona Renée com as mãos na cintura. – Você pode me explicar direitinho essa história de ir atrás da sua felicidade?

–Posso sim mamãe, mas... – caminhei de volta para o guarda-roupa e comecei a arrancar a calça jeans, puxei um vestidinho de algodão, era perfeito, ia até as coxas e não passaria nem perto do meu dodói. – Pronto, como estou? – perguntei dando uma viradinha para ele analisar.

–Linda meu bebê – disse ela se aproximando e acariciando meu rosto – Já não era sem tempo né? – perguntou com um sorriso de escárnio no rosto.

–Não entendi. – afirmei curiosa.

–Todo esse suposto ódio pelo seu chefe, tudo não passava de amor enrustido não é? – perguntou retoricamente, beijei sua testa e saí quicando escada abaixo.

–Eu amo Edward Cullen mãe! – afirmei já saindo de casa, eu não poderia ficar e explicar tudo a mamãe, eu precisava manter a coragem que nascerá em mim, eu precisava olhar nos olhos do meu ex-chefe e dizer que o amava e precisava dele.

O caminho até a grande empresa nunca me pareceu tão longo, batia os dedos no volante nervosa, o medo estava querendo vir, mas rapidamente o ignorei, eu precisava ser forte, não poderia perder aquele homem.

Estacionei um quarteirão antes da empresa já que não havia local mais perto e saí trancando o carro, meus passos eram apressados e assim que avistei a empresa meu coração deu um salto, estava perto dele novamente.

–Bella? – me virei e sorri indo abraçar minha amiga – Oh meu Deus que saudade.

–Também estava Lice – falei sorrindo – Como esta tudo por aqui? – perguntei tentando ficar mais calma.

–O mesmo, Edward continua o chato de sempre, mas bem, houve algumas mudanças – falou me deixando confusa, seus olhos brilhavam de um modo diferente.

–Bem fico feliz –falei sorrindo –Será que eu poderia falar com ele? – perguntei e ela me olhou meio assustada.

–Tem certeza? – perguntou meio temerosa.

–Tenho Lice – falei suspirando – Eu preciso vê-lo, eu preciso lutar por ele – seu sorriso se ampliou ainda mais.

–Então vem, vou te levar até ele – assenti e respirei fundo, meu coração parecia que saltaria fora devido ao nervosismo.

O elevador pareceu uma eternidade até que finalmente parou no andar certo.

Olhei minha antiga mesa e sorri para Ângela.

–Bella – falou alegre – Que saudade, como você esta? – perguntou enquanto me abraçava.

–Estou bem Ang e você?

–Estou ótima, eu ia mesmo te ligar esta semana para marcarmos de nos encontrar, estava com saudade – falou e eu sorri assentindo.

_Ângela você poderia... - me virei assustada e o vi, Edward estava na porta de sua sala e me olhava quase em choque – Bella? – sua voz saiu insegura e eu sorri fraco.

–Ola Sr. Cullen. – falei deixando as meninas de lado e parando pouco há sua frente.

–Edward, a Bells veio falar com você. – ouvi Alice dizer e ele assentiu.

–Claro entre – falou balançando a cabeça como se estivesse saindo de um transe. – Ângela remarque as reuniões de hoje, por favor. – sorri o vendo pedir, por favor.

–Não quero te atrapalhar – falei já temendo a besteira que estava fazendo, ele era um homem ocupado.

–Está tudo bem. – falou e deu passagem para sua sala, assim que entrei em sua sala tratei logo de espantar as lembranças ruins que queriam voltar a me assombrar.

Edward passou por mim, parando pouco há minha frente, quase encostado em sua mesa.

Ele estava ainda mais lindo se possível, o terno negro lhe caia muito bem, dando destaque as lindas esmeraldas que me fitavam intensamente como se pudessem ler minha alma.

–Como você está? – perguntou depois de alguns segundos me encarando, ponderei sobre o que iria dizer e suspirei me rendendo.

–Não estou bem Edward – falei e seus olhos ficaram apreensivos – Estou há 2 meses sem saber o que é ser feliz, por que simplesmente não consigo esquecê-lo. – seu rosto me passavam varias emoções diferentes me deixando confusa, mas como o pouco de coragem ainda que havia em mim resolvi continuar – Sei que não esperava, sei que nem mesmo sente o mesmo por mim, mas eu precisava vir, eu precisava saber se fiz errado em te querer, se ainda é errado me sentir assim perto de você. Eu precisava dizer a você – parei e respirei fundo – Precisava dizer há você que te amo. – o choque por minhas palavras foi evidente, engoli seco, ele não me amava, nunca havia se quer me passado esse tipo de sentimento, mas eu precisava tentar – Sei que pode ter sido um erro vir aqui, mas preciso saber, ou melhor, ouvir da sua boca. Posso lutar por seu amor ou nunca o terei?