Ao Bater Da Meia-Noite escrita por Gigua


Capítulo 5
Capítulo 4




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A expressão facial de Rebekah era indecifrável e não sabíamos se seu olhar era de espanto, incredulidade ou felicidade. Ela fazia trocas faciais tão rapidamente que era impossível determinar o que ela sentia naquele momento.

Ela, por fim, acalmou-se do choque daquela notícia tão arrebatadora, voltando a respirar normalmente, parando com aqueles chiados que saíam de sua boca, e nos encarava como se fôssemos aberrações de um circo.

— Rebekah? — Alguém perguntou lá dentro da mansão. — Quem é que está aí?

Ela não respondeu. Simplesmente continuou nos olhando e, apesar de aparentar estar com uma aparência tranquila, era possível se notar que havia uma guerra de sentimentos rolando dentro dela.

A pessoa que perguntou se mostrou ser Elijah, com suas feições gentis e duras, o queixo se sobressaindo e um leve sorriso nos lábios, como se apreciasse uma piada particular.

Elijah!

Ele havia voltado, afinal. Será que ele poderia me ajudar a dar o fora dali? Eu quase me apeguei a esta ideia, mas então me lembrei das outras vezes em que ele dissera que estava no nosso lado, não importando o que acontecesse... Mas na hora H, ele simplesmente se bandeava para o lado dos irmãos, traindo totalmente a nossa confiança.

Se eu quisesse fugir, teria que ser de outro jeito. Um jeito doloroso para eles, de preferência, para mostrar que Bonnie Bennet não era uma garotinha indefesa e inútil, que ela poderia muito bem chutar alguns traseiros... Assim que ela se livrasse daquelas malditas cordas.

Ao menos ouça o que eles têm a dizer, sua idiotinha, uma vozinha disse em minha mente, fazendo com que eu criasse um Plano B, caso o Plano A não desse certo.

Ok, disse para mim mesma. Vou ficar e ouvir o que os irmãos Mikaelson têm a dizer tão tarde da noite que não poderia ter sido resolvido um pouco mais cedo. Assim que houver uma brexa, eu coloco fogo na casa e fujo o mais rápido que conseguir.

— Você é o Tyler, não é mesmo? — Elijah disse, se colocando ao lado de Rebekah, próximo à porta. — Acho que nunca fôramos apresentamos corretamente: sou Elijah, prazer.

Tyler revirou os olhos, impaciente.

— Vamos cortar as apresentações, está bem? — Ele disse, puxando-me para dentro da casa, tirando os Originais do caminho para que pudesse entrar. — Afinal, não temos a noite toda.

Rebekah, ainda em estado mudo de choque, moveu para o lado sem argumentar ou olhar para qual direção Tyler estava tomando. Ela só ficou lá, esperando Alana entrar para depois fechar a porta em um completo silêncio.

Elijah, por outro lado, teve uma reação contrária a de sua irmã.

Por um segundo, seus olhos pareceram estarem vazios, como se ele estivesse perdido em pensamentos, mas logo voltara a si, dizendo em alto e bom tom:

— Klaus? — Ele indagou, parecendo confuso. — Você devia estar morto!

— E você devia ser mais inteligente, mas o mundo não é perfeito — Tyler rebateu, sem nem ao menos se virar para encará-lo. — Vamos logo para a sala... O assunto que quero tratar é de suma importância.

Enquanto todos iam até a grande sala de visitas, Elijah continuava perguntando à sua irmã como aquilo era possível e, após alguns minutos, percebi que ambos tentavam falar o mais baixo possível, temendo que seu irmão pudesse ouvir.

O que é que eles tinham a esconder? Refleti, focada em me manter antenada a tudo que pudesse ser importante. Será que sussurrar faria com que Tyl... Klaus não ouvisse o que eles estavam dizendo?

Não pude ficar muito tempo pensando a respeito, pois logo fui empurrada para um divã amarelo próximo à lareira, ocupada demais ao tentar me equilibrar para não dar de cara no chão novamente.

— Pois bem, aqui estamos — Elijah disse, próximo a entrada da sala. — Comece a falar logo, irmão.

— Você sempre foi tão... impaciente, Elijah — Klaus disse, deleitando-se com o momento. — Não sabe que a pressa é inimiga da perfeição?

Houve uma rápida ventania pela sala, que fez com que um leve tremor passasse pelo meu corpo todo, e então um som ríspido substituiu o vendaval.

— Não estou a fim de brincar hoje — Elijah o cortou apressadamente —, então é melhor me dizer como é que você está aqui e não apodrecendo em alguma parte do mundo, embaixo d'água de preferência.

Klaus se limitou a rir, seu gênio psicótico vendo algum tipo de graça naquela situação toda.

Olhei para onde a voz vinha e vi que Elijah, que até então encontrava-se junto à Rebekah, agora estava bem próximo a Tyler, havendo somente um espaço de poucos centímetros entre ambos.

Tyler, ou melhor, Klaus nem ao menos piscou com essa rápida movimentação na sala — e tão pouco Rebekah o fez —, limitando-se somente a conter sua respiração, que do nada começara a parecer como um chiado. Apesar de tudo, ele ainda mantinha aquele olhar doentio e dominador de quem sabe um segredo e está louco de vontade em compartilhá-lo.

— Eu vou dar dois minutos para você explicar o que é que está acontecendo — Elijah disse em um tom ameaçador, colocando suas mãos na camisa de Tyler, puxando-a ligeiramente —, ou eu terei que mandá-lo ao inferno pessoalmente.

— Faça isso — Klaus disse entre uma respiração e outra —, e assim que eu morrer neste corpo eu serei capaz de voltar ao meu verdadeiro... E haverá sangue inocente em suas mãos para sempre.

Dizendo isso, Elijah começou a relaxar sua mão, mas continuou com o corpo quase colado ao de Tyler, o olhar tão sombrio quanto o de uma mulher desprezada.

— Foi o que eu pensei — Klaus sussurrou, recompondo-se enquanto falava: —, você é igual ao Stefan quando se trata de matar pessoas.

Elijah não disse nada. Ficou apenas olhando Klaus, mantendo seu olhar, enquanto o Original possuía um jeito desleixado de encarar a situação. Ele devia se garantir bastante, pois só assim para ele não demonstrar um mínimo de terror naqueles olhos escuros como a meia-noite.

— Bem, onde estávamos? — Klaus disse, impaciente.

— V-Você i-ia nos c-contar o que está a-ac-contecendo — Rebekah disse pela primeira vez desde que entráramos na mansão, os olhos fixos no piso e com uma expressão assustada. — C-Como é possí-ível?

Como se só agora reparasse na presença da irmã, Klaus virou-se em sua direção e foi caminhando preguiçosamente até ela, sem se preocupar com a paciência dos outros — do Elijah, quero dizer — no recinto.

— O que foi, Bekah? — Ele disse, puxando o rosto da irmã para que ele pudesse ter contato visual direto com ela. — Não gostou em saber que estou vivo?

— Claro que gostei — Rebekah disse, controlando-se. — É que foi tão de repente que me pegou de surpresa.

— E todos nós sabemos como você não gosta de ser surpreendida, não é mesmo?

Ela se limitou em apenas concordar com a cabeça.

— O que houve? — Ele perguntou, olhando fixamente para os belos olhos azul safira de Rebekah, de um jeito inquisidor. — Há algo que a perturba?

Antes que ela pudesse abrir a boca para responder, Elijah interviu:

— Chega de papo. Vamos nos sentar e, assim, você pode nos dizer o que é que está havendo aqui nesta cidade.

Acatando à ordem, Klaus sentou-se ao meu lado do divã, sua postura ereta mostrando que até mesmo em momentos como aquele, onde dois irmãos quase se engalfinhavam, era necessário manter a classe.

O silêncio que se apossou da sala era gritante. Eu estava toda dolorida, meus pulsos estavam tão machucados que o mais leve roçar entre eles fazia com que um pouco de sangue saísse, e encarava a lareira como se minha vida dependesse daquilo, um pouco temorosa com o que poderia vir a acontecer.

— E então? — Elijah perguntou, massageando as têmporas em um sinal de que estava fazendo de tudo para se controlar. — Quando vai começar a abrir a matraca?

— Quando vocês me oferecerem algo para beber, é claro — Klaus respondeu, um sorriso maroto crescendo em seus lábios. — Afinal, mamãe não gostaria de saber que os bons modos se foram com o passar do tempo.

Rebekah estalou os dedos e logo uma empregada chegou, de cabeça baixa, trazendo uma bandeja com três cálices dourados sobre uma bandeja de prata. Assim que pousou os três cálices sobre a mesinha de centro, se retirando logo em seguida, pude perceber que o líquido ali dentro era tão escuro que parecia ser petróleo.

Sangue.

Quando eu me toquei, pude sentir minha bile subindo pela garganta, e tive que fazer um esforço imenso para não vomitar ali mesmo, em cima dos anfitriões. O bom é que eu — assim como Alana — não teria que beber nada. Não saberia dizer se conseguiria manter algo no estômago.

Sem se importar com o drinque, Klaus começou a relatar seu plano.

— Estive andando pela cidade — ele começou, dando a entender que sabia de cada podre que rolava pelos becos de Mystic Falls —, e soube de notícias não muito agradáveis.

— Então, você já soube — Elijah disse, movendo-se inconfortavelmente no sofá de três lugares a minha frente. — Pensei que sua reação fosse um tanto mais...

— Dramática — Rebekah completou, sem medo. — Sabemos como você tende a ser um tanto insuportável quando não tem seus desejos realizados.

O que quer que tivesse baixado em Rebekah, fez com que ela se tornasse mais forte, como se sua áurea ganhasse mais cor, sua força se sobressaindo à testosterona dos dois vampiros.

— Exato, irmãzinha — Klaus disse, aplaudindo ligeiramente. — Bem, parece que todos já estão a par do que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas.

Nem todos, queridinho, eu pensei. Certas pessoas estiveram atadas a cadeiras, sem nenhum contato com a vida lá fora.

— Bem, então o seu plano foi por água abaixo, não é mesmo?

Au contraire, Rebekah — ele cantarolou, levantando-se, impaciente demais para ficar parado por muito tempo. — Depois de todos esses anos, pensei que você soubesse que eu sempre tenho um plano extra na manga.

Ninguém se atreveu a retrucar. O que quer que houvesse acontecido — e, acreditem, deve ter sido algo tenebroso, porque os dois Originais estavam silenciosos demais para o meu gosto —, com certeza já devia ter sido remediado por Klaus. A única pergunta que pairava no ar: o que é que estava rolando?

— Para ter êxito em meu plano, precisarei da ajuda de vocês — Klaus continuou. — Assim como a de Kol. Onde ele está, afinal?

— Foi embora — Elijah disse. — Mas, se for mesmo importante, e se for você quem o chamar, com certeza ele virá em questão de segundos.

— Ótimo. Preciso da ajuda de todos; a recompensa fará não só a mim feliz, como a vocês também.

O olhar que os dois irmãos trocaram entre si, tão confusos e atordoados quanto eu, fez com que eu me sentisse um pouco melhor. Tudo bem, eles sabiam de 50% dos fatos, e eu precisava saber de pelo menos 85% antes de sair em debandada.

— O que tem em mente? — Eles perguntaram em uníssono para Klaus.

— Ah, vocês sabem: dominar o mundo, criar um exército de híbridos, rasgar gargantas a torto e a direito — ele riu de sua própria piadinha. — Mas a morte de Elena fez com que meus planos mudassem... por enquanto.

Eu fiquei cega.

Não cega de verdade, mas a notícia veio tão subitamente que não estava preparada psicologicamente para ouvi-la. Elena? Morta? Mas como era possível?! Ela estava bem da última vez em que a havia visto!

entando fazer com que minha visão voltasse ao normal, pois parecia que ela também havia afetado meus outros sentidos, eu dei três respiradas profundas, enfiando levemente minha cabeça entre os joelhos, fazendo com que o sangue voltasse a correr normalmente por meu corpo.

Minhaculpaminhaculpaminhaculpa, era o que dizia a mim mesma, incapaz de controlar lágrimas traidoras que saíam de meus olhos.

Klaus, vendo meu pequeno ataque de histeria, colocou sua mão sobre meu ombro e disse:

— Não precisa ficar assim, meu amor. Eu tenho um plano e, acredite, quando vocês voltarem a se encontrar, ela estará tão viva e cheia de ar quanto você.


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