Ciclone - O Romance De Edward E Bella escrita por Déborah Ingryd


Capítulo 6
Capítulo 6 - Novidade


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Os meses se passaram e a gripe espanhola foi embora como veio, é claro que a população diminuiu, mas a maioria das pessoas de Chicago– as que tinham fugido para países menos afetados– voltara. Carlisle ficava mais tempo comigo, meu autocontrole não estavaexatamente bom, mas meus olhos já estavam claros como os dele. Não se tinha muitas novidades, não que eu me interessasse por alguma delas, Carlisle que insistia em me contar, pra eu me sentir menos inumano, como se fizesse alguma diferença. Mas em uma noite algo que saiu de seus lábios com certeza eu queria saber, algo que eu daria tudo pra poder ver com meus próprios olhos.

Eu estava sentado no sofá lendo um livro, quando ouvi Carlisle lá fora, ele parecia inquieto e seus pensamentos oscilavam de acordo com sua postura: cabeça baixa e suas mãos tensas.Levantei-me e fui até ele.

– Carlisle o que houve?

– Edward? – pela primeira vez peguei Carlisle de surpresa.

– Sim, há algo errado?

– Hã sim…quer dizer não…eu…eu…não sei.

Seus pensamentos eram tão confusos quanto suas palavras, até que se acalmando resolveu me mostrar o que estava acontecendo. Arregalei os olhos e abri minha boca, da qual não saiu som algum, vi o rosto de Bella em sua cabeça e o mensageiro que disse a Carlisle que ela voltara a cidade.

– Não! – consegui dizer.

– Sim, ela chegou hoje a tarde, juntamente com seus pais. Ele, logo após saber da epidemia, e que de Londres, onde tinha ido à trabalho, foi até a China, encontrar com Bella e sua Mãe.

Esses detalhes pouco me importavam, o que realmente me interessava, era que, Bella a razão de minha existência, Bella a garota que eu amava, estava aqui, à apenas alguns quilômetros longe de mim. Milhares de lembranças vieram a minha cabeça, quando a conheci, quando a pedi em casamento, o primeiro beijo, a última carta, tudo, ali de uma vez só. Não tinha mais espaço pra nada, inconscientemente planos foram feitos em minha cabeça, afastei-os imediatamente, mas o que eu mais queria era vê-la, a minha Bella.

– Edward? Ouviu o que eu disse?

Havia me desligado completamente.

– O que?

– Bella foi até o hospital.

– O que? – repeti, mas numa voz cem vezes mais alta.

– Ela queria ouvir de meus próprios lábios que você está morto. Nossa, foi muito difícil dizer isso a ela, vê-la chorar, ali, desamparada e sem esperanças, era como se a escuridão a tivesse tomado por completo, tentei consolá-la, mas só havia uma pessoa a quem ela queria por perto voc…

– Chega! – o interrompi– eu não aguento mais.

Fui para o meu quarto, o pior nem era tanto suas palavras, mas o que eu podia ver, ver como Bella estava, como ficou quando Carlisle lhe confirmou, quando ela chegou, parecia que ainda tinha esperanças, por que afinal fui eu que lhe mandei a carta, de repente ela achou que a doença tivesse cura, pelo menos pra mim… Ver aqueles olhinhos, que eu tanto amava ver, inchados de tanto chorar, era uma das piores torturas que alguém poderia me fazer, mas não tão pior do que saber que era eu que estava causando-o, mentindo dizendo que estava morto, quando estava vivo, não tão vivo assim, mas… Eu estava aqui, vendo-a sofrer e não podia fazer nada, teria de ficar com as mãos atadas, eu odiava o que eu era, odiava porque não poderia dar o que ela queria, porque eu não podia amá-la como ela merecia, porque eu era um monstro, sem alma e sem expectativa de vida, porque eu simplesmente não sabia o que esperar do amanhã.

Já era de manhã quando eu fui até a sala e encontrei Carlisle pronto pra ir para o trabalho. Ele me olhou cautelosamente e perguntou mentalmente:

Está bem filho?

Ignorei a forma como ele me chamou e respondi, em uma voz sem vida, a sua pergunta.

– Como acha que eu estou? Já era bem ruim saber que perdi Bella, mas ela estava longe. E agora? Bem aqui, na mesma cidade, andando por ruas em que andávamos juntos, passeando pelo jardim em que costumávamos conversar– de repente parei e me faltou ar, era como se tivessem apunhalado-me pelas costas.

– Edward– ele disse vindo até mim e colocando as mãos em meus braços– o que foi?

– E se... e se... ela ficar noiva de novo, e se ela passear com ele pelo mesmo jardim? Trocarem carinhos como nós trocávamos? Já havia pensado nisso antes, até escrevi na carta, mas... ver por esse ângulo, com ela aqui tão próximo, saber que pode ir até a biblioteca e encontrar um novo amor... Carlisle! – minha voz subiu duas oitavas– o que eu vou fazer?

Sua expressão era tão confusa como os seus pensamentos.

Passaram-se um minuto, quando ele finalmente decidiu falar.

– Olhe Edward, é assim que tem quer ser, ela é humana, as coisas mudam. Ela pode estar nesse instante sofrendo por ter perdido você, e em outro pode decidir esquecê-lo e querer constituir sua vida, entenda-a.

Vi através dos pensamentos dele tudo o que estava falando, Bella chorando, depois enxugando as lágrimas e decidindo, e depois– o que foi o pior– ela se casando.

– Não! – e saí em disparada.

Carlisle veio atrás de mim.

– Dei-me um tempo pra pensar– gritei.

E depois fui o mais rápido que pude, eu era muito veloz, Carlisle não me alcançou, ou talvez tivesse me dado o tempo que eu queria.

Já estava algum tempo correndo sem rumo, até havia caçado. Então, uma lembrança me atingiu e eu saí em disparada.

Só fui perceber onde estava quando cheguei. Um dor muito forte me fez cair de joelhos em frente a propriedade que estava. A casa era de madeira, pintada de branco, tinha copas de árvores ao redor, havia uma escada que levava a varanda, um lugar convidativo pra os chás da tarde. Ali, exatamente a ali, a minha frente, era o lugar que eu havia escolhido pra morar com Bella.

Pulei o portão e entrei na casa, fui primeiramente para a sala e ela tinha uma lareira, que estava apagada, em volta tinha uma poltrona, os dois sofás e tinha uma mesinha de centro com alguns livros em cima. Fui para a cozinha, ela era de um tom de verde claro, uma mesa redonda de madeira, que tinha sobre ela uma toalha de mesa, com figuras animadas como estampa. Fui para o quarto, parei na porta, eu sabia que seria o cômodo mais difícil, pois seria o nosso ninho de amor, a cama grande e espaçosa, era coberta por lençóis brancos, com travesseiros de plumas, me sentei na beira da cama e observei o quarto, as paredes eram brancas, o armário e a cômoda era de madeira brilhante, o chão era de tacos de madeira, apesar da poeira, ainda podia ver-se o brilho, segui para o banheiro, tinha uma banheira, branca e rosa, Bella me disse que queria uma, e eu claro atendi-lhe o pedido. Saí da casa e fui até o jardim que ficava atrás dela, era idêntico ao que ela tinha, só não pela proporcionalidade, o dela era bem maior, mas mesmo assim dava pra lembrar os velhos momentos. Nesse exato instante eu me odiei profundamente, por não tê-la trago aqui quando ela me pediu, por não poder saber a sua reação quando entrasse na casa que eu preparei pra nós dois, por não poder ver cada sorriso ou careta que faria a observar a cada cômodo. Me odiei ainda mais por não poder fazer nada a respeito.

Voltei para o quarto e me sentei na cama. E – como sempre acontecia, quando deixava-me a deriva– uma lembrança me atingiu.

Agora estávamos sentados em um imenso campo verde, com uma camada de rosas violetas por cima. Eu observava o céu, enquanto Bella brincava com meus dedos.

– Sabe, Edward. Estava observando aquele ninho... – ela apontou com o indicador o topo da árvore mais próxima, havia um ninho com dois pássaros, aparentemente adultos, com um filhote entre eles.

– E... – incitei.

– Concluí que quero que sejamos como eles.

De início não entendi.

– Como assim?

– Que tenhamos uma família, só que quero mais de um filho.

Franzi o cenho.

– Quer dois filhos?

– Sim, um casal – ela abriu um sorriso.

– Hã... mas por que me diz isso agora? Ainda nem decidimos a data e tenho certeza que queres aproveitar o nosso casamento por bastante tempo... eu quero.

– Eu também, Edward. Só quero que fique ciente, e que não me crie problemas no futuro.

–Problemas?

– Sim, problemas. Não quero ouvir você reclamando que não está pronto ou de que não quer.

– Ah! Amor, é claro que quero.

– Então por que aparentou estar na defensiva?

– Não estou na defensiva, só surpreso – sorri.

Ela me olhou desconfiada.

– Acha mesmo que não quero ter miniaturas de você correndo pela casa? – abri o seu sorriso favorito – Só não quero que seja muito cedo, porque além de querer ter minha esposa só pra mim por um bom tempo, quero estar pronto para ser um bom pai.

Ela sorriu pra mim.

– Você tem uma facilidade incrível de me convencer.

– Tenho é?

Ela riu.

– Como se não soubesse.

Ela se aproximou e depositou-me um beijo no rosto. Retribui e abracei-a.

E, então, a lembrança se desfez.

Me levantei e voltei para a casa de Carlisle.

Quando cheguei, Carlisle esperava por mim na sala.

– Edward?

– Sim.

– Deixou-me preocupado.

– Desculpe. Precisava ficar sozinho por um tempo.

– Onde estava?

– Vagando por ai.

– Hmmm.

– Já vai trabalhar?

– Sim. Até mais tarde – e ele se foi.

Fui para o meu quarto, me sentei ao lado do piano e toquei notas aleatoriamente, distraído, mas uma melodia foi se formando, me concentrei e continuei tocando, a música era convidativa. Fiquei um tanto surpreso, não sabia que tinha tamanha capacidade pra criar uma música, não tão bonita assim. Sorri. Bella era minha inspiração, todos os momentos em que passamos juntos cantavam em minha cabeça e enviavam notas para os meus dedos. Terminei a canção num tom leve, agradável. E comecei a pensar em um nome, já que a música se referia a nossa linda e acabada história de amor, a minha e de Bella, pensei em todos em todos os acontecimentos e nomeei-a de My love is Forever. Porque realmente se resumia a isso, o meu amor por Bella será pra sempre, não importa se estou longe dela agora, se nunca mais a verei, se nossa felicidade acabou no momento em que descobri que estava doente. Ela sempre será a minha Bella, nunca haverá ninguém no mundo que eu ame tanto, quanto eu a amo, ela é a minha vida, o meu tudo, que ao mesmo tempo é o meu nada, porque eu simplesmente não a tenho.

Levantei-me e fui para a imensa janela que ficava ao centro do quarto, já devia ser noite, mas com meus novos olhos, nada era escuro. Fiquei ali, pelo que pareceu ser horas, quando um pensamento me ocorreu. Se eu pudesse vê-la, uma última vez, acho que ficaria satisfeito. Só para poder gravar seu rosto em minha memória, não que houvesse possibilidade de esquecê-la, mas as lembranças humanas me incomodavam tudo nublado, embaçado... Foi quando percebi o que estava acontecendo, que parei. Que ideia estúpida era aquela? De dar um jeito de ver Bella? O que ela pensaria de mim? Quando visse o quanto diferente eu estava, quando visse a cor dos meus olhos, não eram mais vermelhos, mas eram dourados... Mas e se...? Não, não, não posso! Não devia! Mas queria, e isso parecia ser o suficiente no momento.

Disparei janela abaixo, corri o mais rápido que podia, as árvores eram muros verdes ao meu lado, era como um labirinto que me levava até Bella.

Quando parei, foi por apenas alguns milésimos de segundos, em seguida pulei o muro que estava no meu caminho, depois disparei novamente, até que cheguei ao meu destino

Olhei pra cima e vi uma janela conhecida, hesitei, sabia que era errado. Como eu pude ser tão fraco em ter vindo a casa de Bella? De chegar ao ponto de estar bem em frente a sua janela? Era tão errado, mas ao mesmo tempo tão certo, podia ser a minha única chance, depois eu voltaria a minha vida pacata de vampiro, vivendo escondido pra sempre, ou eu tivesse a sorte e fosse como Carlisle... Mas mesmo assim, o que uma olhadinha poderia fazer de mal? Eu não a machucaria, ficaria longe, olharia só uma vez e iria embora, não ousaria, de forma alguma, sentir vontade de beber uma gota sequer de seu sangue. O medo se ponderou de mim, e se eu sentisse vontade? Mas um motivo pra eu ir embora agora, mas eu não conseguia ser forte o suficiente, já ouvia sua lenta respiração, os batimentos fracos de seu coração... Só uma olhada, só isso, prometi a mim mesmo.

Foi depois de muita relutância que resolvi escalar até sua janela. Abri-a e entrei em seu quarto, seu cheiro doce e delicioso invadiu-me, percebi que poderia ser difícil, então prendi a respiração. Olhei em direção a cama e fui subindo os olhos, até que a vi. Algo estranho aconteceu no momento em que meus olhos cruzaram com seu rosto, era como se o meu coração frio e morto voltasse a bater. Seria isso possível? Parecia que sim.

Era inacreditável, estar ali com Bella novamente, o amor de minha vida a poucos metros de mim, com uma simples passada, eu poderia tocá-la. Mas é claro que eu não faria isso, eu tinha que sair dali, e agora, mas não conseguia, era como se meus pés tivessem criado raízes no chão. Não conseguia desgrudar meus olhos de sua face, tão bela, era como se nunca a tivesse visto antes.

Ouça enquanto ler:http://www.youtube.com/watch?v=AD2EwToYBAk


Eu Não Quero Perder Nada

Eu poderia ficar acordado só para ouvir você respirar
Ver você sorrir enquanto você está dormindo
Enquanto você está longe e sonhando
Eu poderia passar minha vida nesta doce rendição
Eu poderia ficar perdido neste momento para sempre
Cada momento gasto com você
É um momento de tesouro

Não quero fechar meus olhos
Eu não quero adormecer
Porque eu perderia você, baby
E eu não quero perder nada
Porque mesmo quando eu sonho com você
O sonho mais doce nunca faria
Eu ainda sinto sua falta baby
E eu não quero perder nada

Deitado perto de você
Sentindo seu coração batendo
E eu estou querendo saber o que você está sonhando
Querendo saber se sou eu que você está vendo
Então eu beijo seus olhos e agradeço a Deus estamos juntos
E eu só quero ficar com você
Neste momento para sempre, para sempre e sempre

Não quero fechar meus olhos
Eu não quero adormecer
Porque eu perderia você, baby
E eu não quero perder nada
Porque mesmo quando eu sonho com você
O sonho mais doce nunca vai fazer
Eu ainda sinto sua falta, baby
E eu não quero perder nada

Eu não quero perder um sorriso
Eu não quero perder um beijo
Eu só quero estar com você
Aqui com você, assim como este
Eu só quero te abraçar
Eu sinto o seu coração tão perto do meu
E só ficar aqui neste momento
Para todo o resto do tempo
Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah!

Não quero fechar meus olhos
Eu não quero cair um sono
Porque eu perderia você, baby
E eu não quero perder nada
Porque mesmo quando eu sonho com você
O sonho mais doce nunca vai fazer
Eu ainda sinto sua falta, baby
E eu não quero perder nada
Não quero fechar meus olhos
Eu não quero cair um sono
Porque eu perderia você, baby
E eu não quero perder nada
Porque mesmo quando eu sonho com você
O sonho mais doce nunca vai fazer
Eu ainda sinto sua falta, baby
E eu não quero perder nada

Não quero fechar meus olhos
Não quero adormecer, yeah
Eu não quero perder nada

Dei um estudado passo a frente e depois outro, e outro, quando percebi estava a centímetros dela, de minha amada Bella. Meus dedos foram involuntariamente ao encontro da maçã do rosto, mas estaquei quando vi que seu travesseiro estava molhado. Ela havia chorado? Será que por minha causa? Um desejo se apossou de mim, queria que ela soubesse que eu estava aqui, a centímetros dela, que ela não precisava derramar mais nenhuma lágrima por mim.

– Edward? – nunca havia tomado um susto tão grande como aquele, pisquei violentamente, e em seguida me acalmei quando eu vi que ela estava de olhos fechados e que sua voz era rouca, estava sonhando e comigo. A sensação estranha novamente me dominou.

– Edward? Eu te amo. Edward não me deixe. Eu te amo tanto...

Sua voz triste suplicava-me para que não a deixasse. Meu coração parecia dilacerar-se, parecia sangrar, não agüentava mas ficar ali, ouvindo sua súplica, sua dor. E como um réu foge a forca, eu saí correndo para longe dali. E quanto mais disparava floresta adentro, uma voz gritava para que eu voltasse e tomasse Bella nos braços e dize-lhe que eu nunca mais a abandonaria, mas outra gritava que isso era um sonho impossível e que eu devia me afastar de Bella para sempre.


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Notas finais do capítulo

Façam uma autora feliz, não sejam leitores fantasmas! Mandem reviews, leio e respondo a todos ;D



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