Era uma vez, há muito, muito tempo mesmo...

Pera ai. Esse muito, muito tempo mesmo... Tá insinuando que eu sou velha?!

Quieta Elesis, é assim que está no script, agora volte para o seu lugar, quando for a hora da sua entrada, você entra.

Af, que saco...

Continuando...

Um rei e uma rainha jovens infelizes, porque não conseguiram concretizar o maior sonho deles: ter um filho.

Mas o filho não chegava. O casal não se alegrava com absolutamente nada, nem com os grandes bailes da corte, nem com as caçadas e muito menos com o com os gracejos dos bufões, e em todo o castelo reinava uma grande melancolia. Até que um dia, a rainha enfim teve um filho, uma menina.

O rei ficou tão feliz que deu uma grande festa para a pequena princesa que se chamava Aurora.

Aurora, jura?! Que nome tosco.

Tá no script! Já disse que você TEM que segui-lo, Elesis.

Vamos admitir, esse nome é estranho. disse o azulado chegando perto.

Ronan! Você não entra agora! Sai! falou a narradora empurrando-o para longe. Posso continuar?

Tenho escolha? Ronan disse enquanto era empurrado.

Convidou uma multidão. E as doze fadas do reino.

Senhor, mas são treze. Se não convidarmos a outra... O senhor sabe que uma fada ofendida... falou o servo de cabelos brancos chegando perto do rei.

O rei refletiu e decidiu:

Não convidaremos a outra fada. Talvez nem saiba que nasceu a nossa filha e que daremos uma festa. Assim, não teremos complicações. o rei de cabelos negros falou dando de ombros.

E assim, doze convites foram entregues, restando apenas um que era para décima terceira fada.

No dia da festa, cada uma das fadas chegou perto do berço onde Aurora estava e deu-lhe um presente maravilhoso.

Será a mais bela moça do reino! Isso se você conseguir superar a diva aqui! disse a primeira fada de cabelos rosados, sorrindo para o bebê.

E de caráter mais justo. acrescentou a segunda fada com cabelos cor de ouro.

Terá riquezas a perder de vista! Só não garanto que vai ter mais do que eu. proclamou a terceira que também tinha cabelos rosados, mas com os olhos cor de esmeralda.

Epa! Pode para! Desde quando essa aí é uma das fadas boas? Pensei que ela seria a malvada! declarou Elesis.

Ah! Que ousadia! Como pode um ser de classe tão baixa me julgar de malvada! Rey se defendeu.

E quem tem que ficar aturando vocês duas sou eu né... a narradora disse apoiando sua cabeça em uma das mãos.

Parem de brigar vocês duas! interferiu Lire.

A propósito, o Sieghart é meu pai?!

Eu que me ofereci, gostou ruivinha? provocou o imortal.

Sieghart!!!!! a ruiva falou correndo atrás dele.

Infantis...

Ninguém terá o coração mais caridoso que o seu! afirmou a quarta fada com cabelos brancos e olhos azuis.

A sua inteligência brilhará como a minha! comentou a quinta de cabelos roxos.

Onze fadas haviam passado pela princesinha, faltava apenas uma, quando a décima terceira fada, ou digamos o décimo terceiro, entrou chutando a porta com força com uma expressão sombria e ameaçadora. Se aproximou do berço e retirou uma arma de seu cinto.

Não. falou o fada loiro guardando a arma novamente no cinto.

OPA OPA OPA! Tinha que ser eu a porcaria da décima terceira fada?! Mas não era uma garota?! Lupus gritou raivoso.

Tá no script!!! a narradora se encolhia com medo.

Argh... o loiro falou voltando para seu lugar no palco.

Acho que isso não será o suficiente. disse sorrindo de um jeito maldoso. Aos quinze anos vai se ferir com uma roda de fiar e...

Roda de fiar? Fala sério! Não podia ser algo menos antigo não? interrompeu a fada de cabelos rosados e olhos cor de esmeralda.

Gr... rosnou o fada. Tá tá... se endireitou e continuou: Com quinze anos vai se ferir com a ponta de uma espada e morrerá. Feliz?!

Bem melhor. falou a fada de cabelo rosa.

O fada saiu batendo os pés, com muita raiva. A décima segunda fada que ainda não tinha ido dar a sua benção, se aproximou da criança.

Não posso cancelar a maldição... Mas posso modifica-la um pouco. a fada de olhos heterocromáticos e cabelos azuis falou sem expressão no rosto. A princesa não morrerá, dormirá por um milénio, até que um príncipe que a acordará com um beijo.

UM MILÉNIO?!

Quieta Elesis!!!!

Aurora crescia, e os presentes das fadas se tornavam reais. Um dia, ela estava andando em seu jardim quando viu um coelho. Mas era um coelho diferente, seu pelo era vermelho. Ele olho-a nós olhos e saiu correndo.

EI! Não corre coelho idiota! falou a princesa de cabelos ruivos correndo atrás do coelho. VOLTA AQUI! esbravejou.

O coelho subiu a mais alta das torres do castelo, enquanto Aurora corria atrás dele.

Seu... Coelho idiota... falou ofegante após ter chegado no topo da torre. Ué? Cadê você? ela procurou. Achei... e correu em direção do coelho que estava em algum canto do local.

Eu eim, que mulher maluca. Fui! Estou atrasado, atrasado!!! falou o coelho surpreendendo-a e fugindo por onde tinha vindo.

A menina tomada pelo susto acabou batendo sua cabeça na parede.

Coelho maldito... sua cabeça latejava. Quando olhou para seu lado, viu uma espada reluzente e ficou curiosa. Nunca vi uma dessas! e esticou sua mão em um ato brusco, furando a ponta de seu dedo com a espada. Eu eim. deu de ombros. Ela sentiu um pouco de sono e olhou para o outro lado, vendo uma cama. Desde quando tem uma cama aqui? Ah, tanto faz. e deitou-se na cama fechando os olhos. O feitiço foi concretizado.

Tipo, apareceu uma cama do nada. E por que eu sou o coelho?! E o que Alice no País das Maravilhas tem a ver com A Bela Adormecida?! esbravejou Jin balançando seus braços freneticamente.

Porque eu quis, e relaxa, você só apareceu aquela vez. Agora volte para o seu lugar.

Se ferro Jin. Eu ainda vou aparecer muitas vezes. provocou o moreno que estava encostado na parede.

Quieto Sieghart, você também só apareceu aquela vez. falou a narradora de um jeito frio, fazendo com que Sieghart quebrasse a cara.

O sono se espalhou por todo o castelo e em segundos, todos estavam dormindo em um sono profundo.

Nada e ninguém se mexiam no palácio, mergulhado em profundo silêncio. Em volta do castelo surgiu rapidamente uma extensa mata. Tão extensa que, após alguns anos, o castelo ficou oculto. Nem os muros apareciam, nem a ponte levadiça, nem as torres, nem a bandeira hasteada que pendia na torre mais alta onde Aurora dormia.

A história de Aurora era contada de pai para filho, de avô para neto. Alguns cavaleiros tentaram, sem sucesso a chegar no castelo. Mas a barreira de mato parecia ter vida própria, impedindo-os de se aproximar: os galhos avançavam para cima dos coitados que tentavam passar, seguravam-nos, arranhavam-nos até fazê-los sangrar, e fechavam as mínimas frestas.

Aqueles que tinham sorte conseguiam escapar, voltando em condições lastimáveis, machucados e sangrando. Outros, mais teimosos, sacrificavam a própria vida. Um dia, chegou nas redondezas um jovem príncipe, bonito e corajoso. Soube pelo bisavô a história da bela adormecida que, desde muitos anos, tantos jovens a procuravam em vão alcançar.

Todos tentaram e nenhum conseguiu. Quero tentar também. falou o príncipe que tinha cabelos longos de um tom azul escuro. Todos da vila tentaram desanima-lo, mas foi em vão.

No dia em que o príncipe decidiu ir em busca da princesa, completava-se exatamente mil anos e ao invés do jardim mortífero, haviam belas flores em seu caminho. Ele chegou na frente do castelo e adentrou. Por todo lado tinham pessoas dormindo. Andou e andou até chegar na escada que dava acesso à torre onde a princesa estava.

Subiu-a e viu a princesa dormindo na cama que havia por lá. Então é ela. É bonita, gostei. pensou se aproximando e inclinando-se para o beijo. Seus lábios se encontraram e a princesa abriu os olhos vagarosamente.

O QUE?! RONAN, VOCÊ MORRE HOJE! falou Elesis correndo atrás do azulado que fugia com medo.

Shiu! falou a autora segurando-a pela gola da camisa. Siga o roteiro!

Já vai...

A princesa já estava de olhos abertos, mas sua vista ainda estava um pouco embaçada. Segundos bastaram para voltar ao normal, e quando ela viu o nosso príncipe com os lábios no dela, afastou o rosto bruscamente e lhe desferiu um tapa na cara.

O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO, SE PERVERTIDO?! esbravejou raivosa.

Ai... o príncipe disse levando sua mão à cabeça e massageando o local onde levou o tapa da moça. Até para uma princesa, você é meio bruta, ruivinha...

Me chamou de que?...

Ahn... Acho que eu já tenho que ir né?! falou o príncipe se levantando e correndo da princesa que o seguia xingando-o.

E assim, viveram felizes para sempre... Se o príncipe conseguir sobreviver...

Eu falei que seria legal se você seguisse o roteiro... disse a narradora olhando a sena que ainda continuava no palco.

Eles são problemáticos... falou Jin ainda na roupa de coelho.

Sabe que já pode tirar a fantasia né?...

A Amy gosta. falou o ruivo percebendo o olhar da cantora sobre ele.

Af...

E que história é essa de ruivinha? Essa fala é minha! disse Sieghart reclamando com Ronan.

É, mas nesse conto quem diz isso sou eu!

EU AINDA TE MATO RONAN! gritou Elesis perseguindo o azulado novamente.

O amor é lindo, gente! disse Arme olhando com olhos brilhantes para os dois.

Só você mesmo, Arme... bufou Lass.

Ainda quero saber por que eu não entrei nesse conto, posso saber? falou o asmodiano Dio saindo de trás da cortina.

É porque...

Porque você não sabe atuar, imbecil. disse Rey interrompendo a narradora e se colocando na frente de Dio e uma discursão se inicia, não somente entre eles como também entre todos os integrantes da GC.

E é assim que tem que terminar a primeira peça, não é?... disse a autora sentando-se na poltrona que ficava de frente do palco e observando todos.