Já fazem seis anos.

Um epitáfio o descrevia com a maior simplicidade possível.

“Lee Hongki – voz doce, amor incomparável. Melhor filho do mundo.”

Sorri ao me sentar ao lado da lápide.

– Pela primeira estamos finalmente sozinhos. – Cochichei a pedra grudada ali. – Aqui é realmente um lindo lugar.

Passei a olhar ao redor. Havia uma pequena garota que aparentava estar no alto de seus oito anos, jogava algo comestível no lago uma provável tentativa de ver peixes coloridos. O vento entrava em contado com as folha das árvores e faziam um barulho tranquilizante e aconchegante.

– Você poderia estar ao meu lado não? Gostaria que você estivesse aqui para ver este tipo de coisa. – Fechei meus olhos e tentei imaginá-lo.

“Junhuyng.” – A voz de Hongki ecoou em minha mente. Sorri.

– Gostaria que fosse real. – Sussurrei abrindo meus olhos com cuidado e logo um golpe de vento bateu causando um arrepio em minha espinha.

“Sou real, apenas não gostaria de ir... Sem dizer adeus.” – Novamente a voz de Hongki ecoou dentro de mim, mas dessa vez sua afirmação saiu como pergunta. Assustado, pulei do chão ficando em pé próximo daquela lápide.

– Como isso pode acontecer? - Me perguntei, confuso tentei chacoalhar a cabeça para afastar aquele pensamento.

"Você é muito mais poderoso que pensa” – A risada gostosa e rouca de Hongki soou como alivio.

– Você está morto, como posso escutar o que está pensando? - Saiu alto. Uma senhora a algumas lápides à esquerda me fitou interessada. Apenas a ignorei.

“Não posso te dar muitas informações. Muita coisa está prestes a acontecer, eu estarei olhando por você.” – Sua frase sairá com um sorriso no rosto.

– Você pode me explicar melhor? - Me sentei de frente sua lápide, dando as costas para o lindo lago, senti vontade de abraçar a pedra apenas para poder senti-lo novamente. Soou ridículo.

“Estou indo para um novo plano espiritual, não posso lhe explicar muita coisa!” – Senti um novo golpe de ar. Podia constatar a presença de seu corpo ao lado do meu e seu cheiro preencheu minhas narinas.

– O que eu sou, um tipo de médium? - Espremi meus olhos, esperando uma resposta negativa.

“Ashi, não! Eu estou usando magia, mas isso é algo que você não vai entender agora. Eu preciso ir. Desculpe.”

– Ma-Magia? Tipo Ma-magia negra? – gaguejei. – Para onde você está indo? Por você não fica mais?

“Quando tempo?” – Senti como ele estivesse sussurrando aquelas palavras no pé do meu ouvido, como costumava fazer, o arrepio me causou cócegas. Até morto ele me causava esse tipo de coisa. Levei os nós de meus dedos em direção a minha boca, escondendo meu riso alegre.

– Para todo sempre, como um dia você prometeu. – Falei manhoso, não era meu jeito, mas falava com um espírito, tudo era válido.

“Nós ainda vamos ter nosso final feliz, mas antes você precisa resolver algumas coisas. Adeus, Junhyung. ”

– Não, tenho mil coisas a perguntar! – disse autoritário, agarrei a grama bem cuidada na minha frente, como se aquilo o impedisse de ir. Soou ridículo mais uma vez.

“Não seja idiota. Eu te amo, JunHyung. Eu te amo”

– Eu também te amo. – Fechei meus olhos e por um minuto pude ver o semblante de Hongki sorrir a mim, seus cabelos mexiam conforme a brisa fraca. Inalei seu cheio com força, sentia muita falta daquilo. O semblante desfez-se como quando o ar empurrando a areia em minha frente.

Abri meus olhos e tudo parecia do jeito de quando cheguei. A menina continuava a brincar no lago, a mulher com os olhos inchados a minha esquerda e um casal deixando rosas brancas em uma das lápides distante.

Minha tarde foi dedicada ao local. Contemplando o lugar, observando as pessoas, pensando extasiado pelo o que havia acontecido naquele momento.

Passei minha folga em um cemitério observando o dia cair. Voltei para casa e tentei esquecer tudo aquilo. Rolei na cama centenas de vezes, até cair no sono por fim.