Faz dois dias, desde que te encontrei sentado naquele banco de praça. Faz dois dias que te espero. 

- Vamos, você não vai morrer por causa de um café, certo? – me olhou sorrindo e eu apenas dei de ombros, sentando ao lado dele na mesa.
- Moccachino? – perguntei e ele aceitou. – Eu pago. – sorri.
- Isso faz de mim a mulher. – ele riu se divertindo.
- E o que você é? – o provoquei.

- Sua mulher.

Você me proporcionou o melhor dia da minha vida. Você me fez fazer coisas que nunca me imaginei fazendo. 

Investiu sobre mim novamente, antes de termos nossos prazeres.

Deu-me um beijo, e caiu dormindo em cima de mim. Afaguei seus cabelos que iam até seu pescoço. Percorri minhas mãos pelas suas tatuagens.
Beijei seu lábio mais uma vez, antes de me entregar ao sono.

Você não me ligou como disse que ligaria. Por que mentiu, querido? 

- Tenho que ir. – se levantou depois de ver as horas.
- Mas... Já? – perguntei já que eu havia acabado de me acostumar com ele. Com sua presença.- Desculpe. Eu realmente tenho que ir. – me deu um beijo estalado. E eu ficaria sozinho naquela cama, de novo.

Deixou seu telefone em cima do balcão da cozinha da minha casa.

Não vou te ligar. Não vou ser aquele a correr atrás. Você foi embora não é? Então que seja você aquele a voltar. 

- Por que tem que ir, Ronnie? – perguntei me apoiando ao batente da porta de entrada.
- Por que eu tenho coisas à resolver. Desculpe, Max. Eu te ligo, ok? – sorriu e me deu um beijo. Concordei com a cabeça e indiquei ao taxista, que já o estava esperando, para aguardar um pouco mais.
- Promete? – estiquei minha mão para tocá-lo no rosto.

- Prometo, Maxxy. – me um beijo na bochecha e saiu.

Tento decifrar por que você me deixou aqui sozinho. Eu nunca achei que pudesse gostar de uma pessoa que eu tivesse conhecido em apenas dois dias.  

Entrou no táxi, falou algo com o taxista e acenou pela janela. Meu vizinho me olhava estranho.
- Que é? – perguntei indiferente.
Se ele já me achava estranho antes, agora achava mais ainda.Disse que não era nada, me lançou um olhar de ódio e voltou para dentro de sua casa com seu jornal.

Ótimo.

Mas talvez eu estivesse errado. Talvez não seja preciso décadas, ou apenas anos, para gostar de alguém.Tudo necessário pode ser um olhar. 

Amasso o papel em minha mão, pronto para jogá-lo no lixo, quando vejo que atrás tem um bilhete. 
“Posso demorar alguns dias para te contatar, mas não te esquecerei Max. Eu gostei de você assim que te vi sentado naquele banco. Me espera?” 

E eu sorrio verdadeiramente depois de longos dois dias acordado, olhando para o telefone, com medo de perder a tão querida ligação. 

Eu te espero pelo tempo que for, Ronnie.

-Fim-