Tango

Aquela sensação... Sim, sim. Aquela sensação de estar fazendo algo proibido e inevitavelmente prazeroso. Era justamente isso que ela estava sentindo.

O ambiente estava levemente escuro, iluminado apenas pela luz das velas. A música ressoava lentamente, como se estivesse pedindo permissão para ser absorvida. O crepitar do fogo juntava-se a ela, formando uma bela melodia.

Casais sussurravam baixinho entre si, provocando-se e amando-se.

Em uma das mesas, a mulher de longos cabelos loiros e olhos intensamente castanhos em um tom chocolate, com curvas de dar inveja a qualquer uma, permanecia sentada, com o olhar fixo na taça de vinho tinto na sua frente em cima da mesa. O longo e decotado vestido vermelho que usava destacava suas sinuosas curvas. Suspirou parecendo irritada. Seus finos dedos delinearam a borda da taça antes de tomar um gole.

Ela voltou a se encostar à cadeira e cruzou as pernas. Olhou na direção da porta mais uma vez naquela noite. Fechou os olhos apreciando o sabor do vinho misturado a suave melodia.

A música mudou.

Tango.

O ritmo era sensual, lhe atiçava, lhe excitava. Sentiu todos os seus poros dilatando de emoção, um sorriso brotou em seus lábios pintados de vermelho. Sentiria aquele perfume indiscutivelmente masculino, amadeirado em qualquer lugar.

Abriu os olhos.

Lá estava ele, impecável em seu terno completamente negro, parado à sua frente com um sorriso malicioso e a mão estendida na sua direção. A mulher o observou bem, os traços suaves e ao mesmo tempo maduros, os lábios bem feitos, o corpo musculoso... Ah sim... Perfeitamente desejável e delicioso. Os olhos em um tom de verde musgo chamativo e os cabelos exoticamente rosados.

E então, sem dizer uma palavra, ela levantou-se revelando a longa fenda do seu vestido na perna esquerda e aceitou o convite silencioso. Eles se olharam por um instante e andaram até o meio do hall, os cochichos aumentaram e todas as atenções voltaram-se para os dois.

Começou.

Lento, sinuoso, lúbrico, envolvente.

Os corpos se movendo em um ritmo único, as pernas se roçando, os olhos cravados um no outro sem desviar por nenhum instante, os lábios chamando-se, atraindo-se e silenciosos. As mãos masculinas a envolvendo em um ritmo excitante e sensual, que só os dois poderiam entender e permitir. As mãos femininas acolhendo-o, excitando-o, amando-o de uma forma que ninguém jamais poderia fazê-lo.

A música terminou, mas eles continuaram ali, completamente enfeitiçados, alheios a tudo. E enfim, entregaram-se ao desejo, beijando-se cheios de paixão, amor e luxúria.

Assim que se separaram, ela sussurrou:

— Pensei que não viria.

— Eu nunca te deixaria esperando — sussurrou de volta em sua orelha.

— O que estamos fazendo é perigoso. Você nunca irá se cansar disso? — perguntou com um sorriso misterioso.

— O que? Estamos apenas dançando tango.

E ele sorriu novamente antes de tomá-la nos braços para mais uma dança.