Like A Butterfly escrita por MayonakaTV, Ana Bela


Capítulo 1
I- We´ll let the embers serve...


Notas iniciais do capítulo

Reeditando em 2016, com as devidas correções (?), ou, pelo menos, assim esperamos. -q



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Décimo andar de um prédio de apartamentos qualquer. Considerando que o preço da estadia tinha sido relativamente baixo, o quarto não era um dos melhores, e, ainda por cima, sofria de uma temporária falta de energia, mas, para quem passaria apenas uma noite ali, estava de bom tamanho.

A luz alaranjada do sol poente batendo nas cortinas mergulhava o ambiente em um clima sangrento. “Um belo jogo de cores” pensava o homem sentado na beira da cama. Tinha as costas levemente recurvadas e, nas mãos, uma fotografia não muito recente. Uma lágrima solitária rolou por sua face, caindo do queixo para a imagem eternizada no papel fotográfico. “Uma ótima tarde para se queimar o passado.

Os cabelos tinham um tom de castanho avermelhado, e olhos cor de chocolate refletiam a trêmula chama da vela sobre a mesinha de cabeceira, por cima da qual voava distraidamente uma pequena borboleta.

Já estava acostumado àquilo. Das quase cinco horas em que estava trancado naquele quarto, diversas borboletas invadiram o lugar, planando pelo cômodo como se todas tivessem uma estranha atração por Hideto Takarai e quisessem recolher um pouco da presença dele em cada canto daquele quarto alugado. Seria aquela a sexta ou a sétima que aparecia por ali? O vocalista não sabia, sua cabeça estava tão cheia de outros pensamentos que simplesmente não viu mais necessidade de contá-las. Só não conseguia ver qualquer sentido para o ser alado em flutuar próximo àquilo que poderia matá-lo – e assim o faria quando, num movimento mal-realizado, uma das asas do bichinho tocasse a chama.

Foi tudo rápido demais. O corpo do pequeno inseto caiu sobre a mesa, parcialmente queimado. Hyde ergueu o tronco para observá-la, estalando os lábios em desaprovação. Pelo que dava para ver, só havia sobrado a cabeça e uma parte do tronco ao qual estava ligado um resto da asa direita.

— Tsc. Borboleta burra.

Era incapaz de sentir pena do animal morto. Voltara o olhar à fotografia que tinha nas mãos, observando pela última vez o rosto nela registrado. Okabe Satoru ou, para muitos, Camui Gackt. Meneou a cabeça em negativa, secando com as costas da mão o inútil rastro molhado que lhe contornava a bochecha e estendendo o braço à pequena gaveta que fazia parte da mesinha. Abriu-a. Dentro dela reluzia, sobre alguns papéis sem importância, uma aliança prateada, tomada entre os dedos do vocalista e posicionada em seu anelar direito. Analisou o adorno por alguns segundos, imaginando se a aliança gêmea estaria no mesmo lugar de sempre – no bolso do parceiro, que raramente a usava.

Deu de ombros, deixando a fotografia sobre a cama e se levantando pesaroso, caminhando até o pequeno banheiro do lugar já a retirar a aliança do dedo. Aproximando-se do vaso sanitário, atirou a peça na água, dando a descarga em seguida.

Sabia que, em breve, a outra também desapareceria. Era só uma questão de tempo.

Voltou à cama, jogando-se de costas no colchão. Levantara o pulso frente ao rosto de modo a poder visualizar o horário no relógio que, assim como a aliança, fora presente de Gackt. Ao contrário da peça que agora percorria o encanamento do prédio em direção ao esgoto, do relógio certamente não se desfaria de maneira tão absurda, visto que seu valor seria alto caso viesse a ser vendido.

O ponteiro dourado apontava seis em ponto. Àquela altura, Camui já deveria estar chegando ao local...

As narinas puxaram profundamente o ar, logo solto pela boca. Ficou a encarar o teto, tentando equilibrar seu coração em uma corda bamba da qual, caso caísse para o lado esquerdo, arrepender-se-ia e ligaria para o mais velho. Caso caísse para o lado direito, aceitaria que todo erro deve ser corrigido. O mais velho merecia uma punição. Camui não gostaria nem um pouco da surpresa que ele lhe preparara algumas horas antes.

“Que se dane”, murmurou. O coração havia decidido se jogar para o lado direito da corda.


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