Estava acabado. Dez anos indo embora. Mais do que isso: ELE estava indo embora, e nos braços de outra. O que poderia ser pior? Aquele era seu fim.

Desespero era pouco para definir o que sentia. A sensação do vazio deixado ali, a falta de ânimo para sequer levantar da cama, a vontade de viver estava acabada. Só lhe restava uma coisa: desistir.

Tentou uma, duas, três vezes. Sempre havia algo que a prendia, não a deixava continuar aquele ato final. Ela não sabia o que era, mas odiava esse algo infinitamente, só por não a deixar ir.

Ela era feliz. Tinha tudo que havia sonhado: uma boa casa, um bom emprego, o namorado perfeito, uma família perfeita e sempre pronta para apoiá-la. Mas o namorado perfeito não a queria mais. Tinha outra mil vezes melhor, chegou a traí-la, e, por fim, largá-la, deixando-a naquele estado.

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Sua família era realmente muito boa, tomou uma atitude um pouco inusitada: colocou no jornal um anúncio a procura de um cuidador. Não especificavam quem receberia os cuidados, então algumas pessoas fizeram contato e marcaram uma entrevista com a mãe dela.

Tinham pessoas de vários tipos: enfermeiras, cuidadores de idosos, pessoas normais... Muitos desistiram ao saber que era uma depressiva, com índole suicida. Por fim, só um ficou, só um se dispôs, e parecia um bom rapaz: bonito, inteligente, elegante, engraçado. Só faltava uma pergunta a ser respondida:

- Você realmente não se importa com o fato de ela estar quase se matando?

- Não, de forma alguma! – disse, com um sorriso amigável no rosto – Eu entendo como essas pessoas estão e realmente quero ajudar.

Perfeito! Seria ele que salvaria a vida daquela menina!