O Rapaz Das Covinhas escrita por Julieta Antunes
POV Lisa
A campainha tocou e o meu coração se apertou.
Me apressei a abrir a porta e logo Sara voou para dentro de casa. O seu cabelo ruivo estava apanhado num coque mal feito e trajava umas jeans e uma t-shirt verde água.
- O que se passa, Lisa? - me perguntou e, entrecortada por soluços, murmurei:
- Eu me lembro, Sara. Eu me lembro de tudo... - saltei para o seu colo e ela fez cafuné no meu cabelo.
- Você está bem? - me perguntou e eu abanei a cabeça. Como é que eu poderia estar bem? - O que é que você vai fazer, Lisa?
- Nada. Eu vou deixar as coisas estarem como estão. Eu sou casada e sou feliz.
- Lisa, você não pode fazer isso. Isso é atitude de fraco.
- Veja só - disse, enchugando as lágrimas que ainda teimavam a cair.
POV Beth
– Beth, tu estás bem? – me perguntou, preocupada, fazendo cafuné em meus cabelos.
Abanei a cabeça com medo de chorar mal pronunciasse algo.
- O que é que se passou? - me perguntou.
- Eu gosto do David... - sussurrei com medo que alguém no corredor me ouvisse.
- Do David? Do filho do titio Harry? Do David? - repetiu, de olhos arregalados e eu me limitei a assentir.
- Sim. O que é que eu faço mana? - perguntei.
- Na minha opinião você falava com ele e dizia que estava afim dele... - disse e eu comentei:
- Mas ele me beijou à bocado! - exclamei, um pouco alto demais, fazendo com que as pessoas voltassem a olhar. Funguei e limpei o nariz à mão. Sim, eu sei que é nojento, mas na altura eu também não tinha lenços.
- Então se você gosta dele e ele gosta de você... Já têm metade do trabalho feito! - exclamou sorrindo.
- Você não entende... Ele é um pegador... eu não quero ser apenas mais uma... - comentei.
POV Lisa
- Quer algo para comer? - perguntei para Sara.
- Sim. Eu própria me sirvo! - exclamou começando a atacar o meu frigorifico.
Senti um aperto no meu peito e, me debruçando para a frente, fiz pressão nessa área. Senti um arrepio a subir pela minha coluna e o ar começou a escassear dentro dos meus pulmões, o que me fazia ficar ainda mais aflita.
- Você está bem? - me perguntou Sara, aparando a minha queda iminente.
Mal Sara proferiu essas palavras me senti logo melhor.
- Sim, eu acho. Me deu uma dor no peito - respirei fundo - Porra, eu nunca me tinha sentido assim. Ainda estou a tremer - comentei, lhe mostrando a minha mão, que termia mais do que tudo.
POV Beth
- Eu compreendo - murmurou a mana e eu suspirei de alívio. O meu maior medo era que ela me xingásse, embora que isso não tenho nenhum sentido.
- O que é que eu faço? - perguntei com o meu lábio inferior a tremer, coisa que acontecia quando eu estava a evitar chorar.
- Ora essa, Beth. Podes não ser o seu primeiro, o seu último, ou o seu único. Ele amou antes e pode voltar a amar. Mas se ele te ama agora, o que mais importa? Ele não é perfeita – tu também não. Vocês os dois podem nunca ser perfeitos juntos, mas se ele te faz rir, faz com que penses duas vezes, admite ser humano e que comete erros, agarra-o e dá-lhe o máximo que puderes. Ele pode não pensar em ti a cada segundo do dia, mas ele dar-te-á uma parte dele, que sabe que tu poderás quebrar - o seu coração. Por isso não o magoes, não o mudes, não o analises e não esperes mais do que ele poderá dar. Sorri quando ele te faz feliz, deixa-o saber quando te irrita e sente a falta dele quando ele não está lá.
- Uau, mana, que profundo...
POV Lisa
A música "HotNCold", uma boa música do meu tempo, começou a tocar e eu me apressei a atender meu celular.
- Oi?
- Senhorita Bloom? - perguntou uma senhora do outro lado da linha - Daqui fala do hospital Snt. George... Temos más notícias para si.
POV Beth
Sai da aula de Matemática e fui na direção de David.
Eu iria falar com ele. E era hoje!
Quando ía para o chamar, a mana me interrompeu, com os olhos marejados de lágrimas:
- Beth...
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