O Rapaz Das Covinhas escrita por Julieta Antunes


Capítulo 29
T2 - Colégio


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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POV Beth

- Já vestiu se vestiu? – perguntou mamãe do piso do lado de fora da casa de banho. Compus meus collants e assenti. Só depois me lembrei que mamãe não me via e então gritei:

- Estou quase!

- Se despache mocinha! Sua irmã também necessita de utilizar o banheiro!

A mana entrou logo no banheiro, não se importando que eu já lá estava e começou a pentear o seu cabelo.

- Já não há privacidade nesta casa? – perguntei abismada pela falta de educação da minha querida irmã.

- Andem meninas… Eu vos vou levar ao colégio! – chamou papai e logo corri para o carro. A mana, “como é a mais velha”, tem direito a ir à frente! O que é uma grande injustiça.

Papai nos levou até ao colégio e nos deixou à porta.

- Bom primeiro dia de aulas! – desejou e nós agradecemos.

Me separei da mana e fui procurar a minha sala.

Por fim, lá dei com a sala e me sentei numa das mesas do fundo. Mirei o tampo da minha mesa enquanto a sala se enchia cada vez mais.

Se eu queria estar aqui? Não. Se eu queria estar em Los Angeles? Sim. Se eu queria “fazer novos amiguinhos”? Não. Se eu queria a minha cambada de malucos de volta? Sim. Mas porque é que raio é que tínhamos que estar aqui?

Alguém se sentou ao meu lado e eu finalmente desviei o meu olhar do tampo da mesa. Os meus olhos foram ao encontro dos de Rachel, que me fitaram alegremente. Meu Deus, ela tinha cara de quem falava muito!

- Olá! MeunomeéRacheletujámeconhecesaindatevinooutrodiapelocomputadorestoutãocontenteporestaresaquieachoquevamossergrandesamigas! – disse muito rapidamente e eu não consegui evitar dizer:

- Eu não entendi nada daquilo que tu disseste, mocinha…

- Meu nome é Rachel e tu já me conheces ainda te vi no outro dia pelo computador… Ai que estou tão contente por estares aqui e acho que vamos ser grandes amigas! – exclamou me abraçando e eu comecei a lhe dar palmadinhas nas costas, demasiado irritada por me estarem a tocar. Sai fora, capeta!

- Aquele é o David certo? – perguntei olhando para um menino de lindos olhos azuis.

- Sim, aquele é o David… Filho do titio Harry. Ainda te lembras? – perguntou espantada.

- Cinco de Fevereiro de dois mil e dezanove nos vimos pela primeira vez. A infanta, filha de Kate e Harry, disse suas primeiras palavras e o céu estava ligeiramente nublado – disse, me lembrando de tudo.

- Como é que tu te lembras disso tudo? – encolhi os ombros embora soubesse exatamente qual era a resposta – Agora só falta ver se ele ainda se lembra de ti. Ei David! – gritou Rachel, embora o stor já estivesse na sala.

David se levantou e veio na nossa direção o que, se acontecesse na minha antiga escola, nos poria todos de castigo.

- O que queres, Rach? – perguntou.

- Ainda te lembras da Beth? – lhe perguntou Rachel e, em vez de me encolher como qualquer pessoa normal, endireito a coluna e olho fixamente nos seus olhos. As minhas atitudes sempre foram diferentes às das outras pessoas. Por exemplo, quando eu fico nervosa eu rio. O que me põe a maior parte das vezes na rua…

- Acho que sim. És a irmã da Mimi certo? – perguntou, olhando para os meus olhos curiosamente. Encolhi meus ombros me fingindo de desinteressada.

- Vá meninos já chega! – exclamou o professor batendo palmas – Vamos todos abrir os livros na página quinze.

Abri o meu livro e a aula passou tão rapidamente que, quando vi, já estava a tocar para a saída.

- Anda Beth, tenho de te apresentar o resto da malta! – exclamou Rach e me arrastou para fora da sala mas fomos intercetadas pela minha maninha que, retirando da sua mala a minha caixa de medicamentos, ma entregou dizendo:

- Olá Rach. Mamãe viu que tu te irias esquecer. Não te esqueças de tomar um à hora de almoço.

- Para que é que são os comprimidos? – perguntou Rachel curiosa.

- Para o meu sistema nervoso – expliquei.

- Porquê? – perguntou, novamente demasiado curiosa.

- Porque ela tem hipertimésia – explicou a mana e eu logo me senti mal por ela ter contado. Eu queria deixar esse assunto em segredo.

- O que é isso? – voltou a perguntar Rachel e eu já estava a ficar farta.

- Eu me consigo lembrar de tudo. Estou constantemente a pensar em datas e no passado. Por exemplo eu estou agora aqui a falar contigo e estou a pensar quando fui ao parque de New York pela primeira vez. Não tenho truques simplesmente flui – expliquei ainda pensando como o sol estava lindo nesse dia e os passarinhos cantavam, pulando sobre as migalhas que jaziam no chão.

- Ela é uma obsessiva compulsiva – sussurrou a mana para a Rachel, embora eu tenha ouvido – No caso dela, ela está sempre a arrumar o seu quarto e, todas as noites, elas escova o cabelo cem vezes de cada la… - lhe dei um estalo e ela se queixou e eu finalmente me vi em paz.


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Notas finais do capítulo

Hoje estamos a celebrar os problemas que nos fazem únicos.
Eu, por exemplo, tenho o que se chamar de Perturbação Obsessiva Compulsiva, ou abreviado POC, eu antes tinha uma rotina rigorosa, em que tudo tinha de terminar às horas certas ou então eu ficava fora de mim. Repetia vezes e vezes sem conta aquilo que tinha de fazer para não me esquecer. Mas agora com a medicação e com o meu psicologo já não sou tão... tão assim. Já não preciso de horários rigorosos nem nada. Claro que há dias maus... Mas também há dias bons.
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