A primeira coisa que qualquer um veria por ali seriam crianças, dezenas e dezenas de crianças correndo pelo gramado verde e levemente molhado do jardim da mansão Malfoy, depois os grandes e alegres balões azuis flutuantes pelo terreno e, principalmente, a mesa gigantesca de presentes ao lado de um elfo doméstico resmungão qualquer. E finalmente, um garotinho pequeno com dentes da frente recém-perdidos, batendo pouco acima da cintura da mãe, com seus cabelos num loiro quase platinado e olhos cinzas nublados demonstrando toda braveza que um aniversariante daquela idade poderia ter.

–Não quero cantar parabéns.- afirmou Scorpius calmamente, fazendo um bico e fitando a mulher em sua frente. - Quero a Rose.

–Ela não pôde vir, filho, está doente. - repetiu Astoria, divertida com a insistência dele.

–Então não vai ter parabéns.

–Vai sim, as outras crianças também querem comer bolo de chocolate.

–Mas eu quero a Rose, mãe.- o loirinho continuou fitando-a, ignorando o chamado de Alvo para ir brincar.

–Vamos fazer um trato? - ele assentiu - Nós cantamos o parabéns, você dá o primeiro pedaço do bolo de chocolate e em seguida peço pro seu pai te levar rapidinho para a casa dos Weasley só para ver ela, e depois volta. Combinados?

–Não, não dá pra dar o primeiro pedaço do bolo de, ahn , chocolete.

– É chocolate. - Astoria riu, então fazendo uma cara séria. -Scorpius Hyperion Malfoy, não vai custar o senhorito dar o primeiro pedaço pro seu amiguinho Alvo rapidinho antes de ir ver a Rose.

–Mas o primeiro pedaço é da Rose, não do Al, mãe. -o menino pequeno mordeu o lábio ao ver a cara de surpresa da mãe, justificando numa voz baixa. -O Al é meu meior amigo. A Rose é minha meior amiga. Ela veio primeiro. O primeiro pedaço é dela. Não do Al.

–Por Merlin! Então você leva para ela o primeiro, mas o segundo vai ter que dar pra alguém daqui, pode ser?

–Posso levar o balão azul de estrela pra Rose?- apontou para o objeto flutuando longe dali.

–Pode levar até dois desse se quiser. Agora vamos cortar o bolo ou acho que logo algumas crianças já estarão reclamando. -ambos olharam para um homem loiro esbelto conhecido como Draco, o pai do garotinho, cujo volta e meia olhava o bolo com cara de impaciência infantil.

–--x---

–Ross? Tá acordada?- Scorpius sussurrou em sua voz infantil aveludada, tocando seu ombro de leve.

–Nah, mê dêixa dôrmir, bôloca. -respondeu sonolenta, com o nariz entupido e visivelmente tão avermelhado quanto seus milhares de fios ruivos descabelados.

–É o Scorp, Ross. Eu trouxe bolo de chocolete. - riu alto ao ver Rose arregalar os olhos e pular da cama com sua camisola rosa até pouco acima dos pés.

–Bolo!- bateu palmas, e em seguida perguntou fazendo beicinho - Cadê?

–A tia Hermione colocou na cozinha.

–Ôbrigaaaaada.- sorriu, então espirrando.- Eu te comprei um presênte, Scorp, você viu?

–Aonde? -perguntou, franzindo a testa, alegre.

–Vem.- a pequenina mandou, travessa, descendo as escadas para a sala de estar. -Vou pêgar meu bôlo.

–Mas e o meu..-a voz de Scorpius morreu ao notar um grande embrulho marrom cheio de furinhos, encostado no sofá, com seu nome em letras garrafais típicas de uma criança de cinco anos. - Uau - seus olhos se arregalaram totalmente ao rasgar o papel de presente e perceber ser um mini-pufe azul. Onde raios existiria um mini-pufe azul? - ROSS, VEM AQUI.

–Sim?- Rose apareceu ao seu lado rapidamente, com a boca suja de chocolate, em seguida surpresa pelo abraço forte do menininho.

–Obrigado.- sussurrou um pouco rouco, segurando o filhote animado de um lado e abraçando a amiga do outro. -Ele vai se chamar Red.

–Ele é âzul, não vêrmelho, Scorp.- revirou os olhos, como se fosse óbvio para qualquer criança do mundo.

–E daí?- antes que a garotinha de cabelos alaranjados respondesse, ouviu-se mais um espirro.- Vamos pro seu quarto, você tem que descansar porque tá dodói. A gente pode brincar de dominó lá.

–Boloca.