Os Anos Passam escrita por luizfelipe1000


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

O primeiro e último capítulo da fic! espero que gostem...



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Como os anos passam... O tempo parece voar.  As brincadeiras de criança, os namoros, o primeiro beijo e a juventude. Tudo passa, misturando-se as lembranças do passado. Marcando profundamente nosso interior, cada cena cravada em nossa mente. Nossas pupilas fecham-se, mas a nossa consciência não foge, está sempre trabalhando, mostrando-nos tudo que ficou para trás.

A mulher de cabelos curtos e negros sorriu profundamente, seus olhos cintilavam. Ela caminhava pela calçada da grande e magnífica estação de metrô localizada no bairro do Limoeiro. Foi neste mesmo bairro que conquistou amigos, cresceu e presenciou os melhores momentos de sua vida. E principalmente, pois foi o lugar que conquistou seu amado... O Cebola. Mônica nem sabia descrever o momento em que se casou com ele. Agora eram companheiros nos longos caminhos da vida.

Mônica segurava em seu braço direito a mão de uma linda criança. Uma menina de cabelos espetados, uma boca rosada e carnuda que possuía os dois dentes da frente salientes e grandes. Vestia um vestido vermelho e segurava na mão esquerda um coelhinho azul e surrado, dado pela mãe. Melissa sorria, enquanto seus olhos castanhos cintilavam com a luz do sol.

- Mamãe! Porque temos que ir embora do bairro do Limoeiro? Eu gosto muito daqui! – Perguntou Melissa inquisitivamente, franzindo a testa e elevando as sobrancelhas.

- Melissa! Eu também amo muito este lugar, mas você já é grandinha para entender que estamos viajando para um novo lugar, construir nosso futuro – Respondeu-lhe Mônica, mostrando em sua face um sorriso estridente e dentuço. Ela olhou para trás, como que se lembrasse dos momentos inesquecíveis que teve ali. – Eu amo mesmo muito esse lugar... E nunca o esquecerei! – Mônica deixou que escorresse de seus olhos cintilantes, lágrimas brilhantes e brancas. As gotas salgadas escorriam por sua face, descendo por suas bochechas rosadas e caindo em sua boca rosada, que mostrava dois grandes dentes na frente. As lágrimas misturaram-se a sua saliva, provocando uma sensação estranha. Aquele líquido salgado, cheio de emoções e sentimentos, descia por sua garganta. Por um momento pensou que essas lágrimas haviam chegado ao seu coração, amolecendo-o. Agora Mônica era maior, mas experiente, possuía vinte e nove anos. – Esse lugar está gravado em minha alma... E ele nunca sairá, ficará ali... Mas nossa vida é feita de escolhas filha! – Mônica se abaixou no chão, para que ficasse no mesmo tamanho de Melissa, enquanto limpava uma lágrima de sua bochecha. Porém, seus olhos continuavam a deixar escorrer esse líquido que pode renovar o espírito, seja em horas boas ou ruins – Filha... Às vezes temos que abdicar de certas coisas para ganhar outras. Eu adoraria ficar aqui, mas seu pai conseguiu um emprego em outra cidade. Porém, prometo a você meu amor, voltaremos a morar aqui um dia. Você tem apenas oito anos, mas logo compreenderá o que lhe digo.

Ao lado da mulher que chorava de emoção, estava um homem em pé. Ele possuía ao alto da cabeça, um pequeno arbusto de cabelos negros e espetados. Cebola segurava uma maleta marrom, enquanto ao lado de seus pés estavam pousadas duas malas de viagem. Mônica debruçou-se no ombro direito do marido, enquanto limpava suas lágrimas, olhando sorridente a filha.

- Ai amor! Lembra do nosso primeiro beijo lá na escola? Nosso casamento aqui na igrejinha do bairro? E é claro, o nascimento de nossa filha: Melissa? – Perguntou Mônica incrédula.

- Claro! São momentos preciosos! – Cebola beijou a esposa carinhosamente.  Os lábios dos dois se tocavam profundamente, enquanto em seu interior, havia um entrelaço constante de línguas enlouquecidas.

- Ah! Que nojo! – Disse Melissa olhando os pais se beijando, enquanto mostrava em sua face uma expressão de aversão e de nojo.

- Pode anotar querida! Esse ato vai ser a coisa mais maravilhosa que você terá no futuro! Pode crer – Falou Mônica para Melissa e depois se virou para o marido, que a olhava felizmente.

- Maurício! Olha mamãe quem está aqui! – Melissa pulava felizmente, enquanto do outro lado da estação entrava um casal abraçado. A mulher possuía longos cabelos negros e comia vorazmente um pedaço de pizza. Ao seu lado estava um homem alto, com cabelos bagunçados e vestia uma blusa social.  A sua frente estavam duas crianças imperativas: uma menina de cabelos longos, com riscos de sujeira na bochecha e que ria alegremente. Ao lado estava um menino com cabelos arrepiados e bagunçados, enquanto comia um grande pacote de salgadinhos vorazmente.

- Magali! Cascão! – Gritou Mônica, levantando os braços para que o casal os visse. Os amigos ao verem-na se aproximaram rapidamente – Estava relembrando aqui com o Cebola os nossos momentos inesquecíveis aqui no bairro do limoeiro.

- Nem me fala! Nunca imaginei que um amor tão potente aflorasse na adolescência e que cresceria intensamente. Eu agradeço a Deus por ter uma pessoal tão especial e por ter me casado com o Cascão – Falou Magali alegremente e depois abraçou o marido. – Maurício e Mariana! Filhos... Vão brincar um pouco com a Melissa! E acho que foi uma grande sorte o Cascão e o Cebola conseguirem esse emprego na empresa de carros. Acho que não nos separaremos nunca! Você vai ter que me aturar muito ainda Mônica! – Disse por fim, enquanto ria bobamente, acompanhada dos outros.

Melissa sorriu para Maurício, que abaixou seu pacote de salgadinhos e sorriu para a amiga. Ela apontou o dedo para trás, onde estava uma quermesse de lanches, como que o chamasse.  Maurício acenou ‘’sim’’ com a cabeça e a seguiu para trás da quermesse, seguidos sem saber por Mariana.

- Mãe! Mãe! O Maurício e a Melissa estão se beijando atrás da quermesse. Eu apareci e o Maurício gritou comigo, dizendo para eu ir embora – Falou Mariana, com o rosto corado e as sobrancelhas elevadas.

- É... Acho que finalmente vamos fazer parte da mesma família – Disse Mônica, olhando momentaneamente para Magali, que sorriu.

A conversa foi interrompida pelo barulho do metrô que acabara de parar bruscamente no trilho ao lado das duas famílias. Maurício e Melissa voltaram para o local rapidamente, enquanto seguravam um a mão do outro.

- Vamos! Vamos pegar esse metrô! – Disse Cascão. As duas famílias entraram no transporte rapidamente, enquanto riam e conversavam.

O outono pareceu chegar mais rápido naquele ano. O dia oito de outubro estava caloroso e se despedia assim como aquelas duas famílias também se despediam do bairro do Limoeiro.  Mas tudo estava bem.


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