“Estou com dor no corpo.” O adolescente anunciou.

“Quando você se exercita ou...?”

“Quando eu pressiono.” Ele o interrompeu. “Olha.” Ele começou a apertar várias partes do corpo com o dedo.

O médico estava prestes a gritar com o paciente quando uma enfermeira entrou apressada na sala.

“Dr. House, houve um acidente e...”

“E você irá correndo contar a Cuddy que já estou cumprindo minhas horas de clínica, tenho aqui um sério caso de dedo quebrado e possível estupidez crônica.”

“Mas a Dra. Cameron...”

“Deveria me conhecer o bastante para não me incomodar com isso.”

“Inferno, House! Um caminhão colidiu com seu carro, ela está relativamente bem, mas... em coma.”

As palavras da enfermeira não faziam sentido. Ele podia ouvi-las, mas não as entendia. Era como se vivesse uma experiência extracorpórea, como se visse de longe outra pessoa atravessar o hospital o mais rápido que uma perna danificada poderia levá-la, esperando que tudo não passasse de uma brincadeira de mau gosto.

“House.” Cuddy disse assim que ele entrou na sala, seus olhos estavam vermelhos. House estava de volta ao corpo, de outra maneira ela não seria capaz de sentir-se morrendo por dentro ao perceber que era tudo real. Wilson, Foreman e Chase também estavam lá, com olhares de extrema preocupação estampados no rosto.

“Fora.” House ordenou. Wilson e Cuddy apertaram respectivamente seu ombro e mão ao saírem. Chase parecia querer protestar, mas Foreman o arrastou para fora.

House deixou a bengala cair e cambaleou até a cama.

“Allison.” Ele correu os dedos por seu rosto bonito, no momento tão pálido. Seus cabelos morenos caíam ao redor e ele colocou uma mecha atrás da orelha, ela parecia tão serena que poderia ser confundida com um anjo. A realidade o atingiu como uma parede de tijolos quando viu seu corpo todo enfaixado e o monitor ao seu lado que registrava cada preciosa batida de seu coração.

Ele se encolheu com o quão frágil ela parecia. Que tipo de monstro fez isso com sua pequena?

Você a rejeitou, ela não é sua.

“Cale a boca.” Ele rosnou para si mesmo. “Não preciso ser lembrado do que foi o pior erro de minha vida.”

Se o primeiro sinal de loucura é falar consigo mesmo, o segundo seria discutir.

“Minha única loucura foi tê-la rejeitado... talvez eles tenham quartos de casal na área psiquiátrica, afinal, foi ela quem começou. Eu... um aleijado, danificado...”

Ele calou a si mesmo quando o monitor começou a apitar cada vez mais rápido, até parar. O quarto foi invadido por vários enfermeiros que a chocaram de volta à vida enquanto ele assistia atônito.

Eles foram novamente deixados à sós depois de um tempo.

“Allison, vamos fazer um trato, tudo bem? Se você abrir esses olhos bonitos para mim, prometo levá-la a outro rali de caminhões monstro.” Ele suspirou sabendo que era inútil, ninguém poderia prever quando ela acordaria, ou mesmo se acordaria.

“It’s you, it’s you, it’s all for you, everything I do, I’ll tell you all the time.” Ele cantou baixinho, só para ela, os olhos fechados e a voz rouca de emoção. “Heaven is a place on earth with you, they say that the world was built for two. Only worth living if somebody is loving you and, baby, now...” Ele parou, as lágrimas ameaçando cair. Gregory House não chora. “Eu te amo.” Ele sussurrou. “Por favor, Allie, volte para mim.”

Se House não estivesse tão concentrado em expressar seus sentimentos, ou se, pelo menos, tivesse feito isso de olhos abertos, teria visto que ela despertou.

“Espero que você estava falando a verdade sobre o rali.” Ele abriu os olhos, azul e verde se encontraram e ambos sorriram.

“Trato é trato.” Ele disse enquanto uma única lágrima rolava por seu rosto. Ela esticou a mão e pegou-a com o polegar.

“Eu também te amo, Greg.”

House não se lembrava de se sentir tão feliz e abaixou os lábios até os dela, parando a apenas dois centímetros de distância.

“Você não está planejando me espetar com uma agulha dessa vez, está?”

“Não.” Eles riram.

“Bom.” Ele fechou o espaço remanescente entre eles.

MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.MD.

Cuddy e Wilson olharam sorridentes pela janela da porta do quarto de Cameron.

“Finalmente.” Ela sussurrou.

“Chase e Foreman me devem 50 reais cada.” Wilson saiu correndo em busca dos médicos mais jovens.

“Inacreditável.” Ela rolou os olhos.