Hatsune Miku. Cabelos azul-esverdeados... Olhos da mesma cor do cabelo. Ela usava um uniforme diferente dos demais. Para os outros ela era estranha. Completamente estranha. Parecia até rolar para dentro dela mesma, chega a ser introvertida. Mas não porque ela queria... E sim porque ninguém queria ser sua companhia. Miku não parecia ligar, mas no fundo, se importava, sim. Apenas dizia para sua própria consciência: Vamos rolar mais uma vez!

Então, ela rola mais para dentro da própria tristeza. Todos simplesmente a olham como se ela fosse nada. Na verdade, nem olhavam. Ela apenas corria pelos corredores do colégio, com a mente completamente confusa. O que fazer a não ser ficar rolando indefinidamente até que tudo se acabe? Mas ela estava triste e cansada de tanto rolar. 

- Está melhor agora? - é a única voz que se dirige a ela.- Ainda não. - Miku responde. Ela para de respirar para relaxar e tentar repensar no seu destino de vida. 

O horário da escola acaba, e Miku vai para sua casa. Ela abre a porta, sobe para seu quarto. Um silêncio sinistro percorre a casa. Mas ela não se importa com isso, mesmo. Ela só quer rolar um pouco mais. Ou parar a respiração. E voltar a respirar, quem sabe com mais calma. Quem sabe se ela parar de respirar algo venha em sua mente confusa. Quem sabe ela pare de rolar e consiga chegar até o outro lado de tudo. Seja do abismo ou dessa depressão. Logo começa mais um dia de escola. Ela vai normalmente, e os dias parecem reprises de todos os outros. Um isolamento total. Por quê? Por quê? Mas ela não se importava. E apena dizia para si mesma: Vamos rolar mais uma vez!

Então, ela rola mais para dentro da própria tristeza. Ela até que consegue se comunicar com uma outra pessoa por alguns minutos, porém este não entende o ponto de vista de Miku. Aliás, nem quer tentar entender. A ignorância supera tudo e ele vai embora. A garota rolante apenas olha para o fim do corredor, vazio. A luz acaba e volta, acaba e volta. Ela segue para o terraço.

- Está melhor agora? - mais uma vez, a voz.- Ainda não. Quem sabe me venha algo em mente. - Miku responde. Mais uma vez a respiração é cortada, claro que volta... Mas quem sabe venha algo na sua mente confusa? É melhor não esquecer de rolar mais. O fundo já está perto. Mas ela não quer chegar ao fundo. Ela não quer chegar ao ápice do sofrimento e se desligar do mundo atráves dessa constante rolante. Ela quer tentar ser feliz. Deixar de ser discriminada. Até que uma mão a segura, e puxa do abismo.

- Está melhor agora? Está tudo bem. Você já deve estar cansada, certo? - é a mesma voz. Agora confortante e carinhosa. A garota rolante não está mais sozinha! Agora ela pode parar de respirar e relaxar normalmente. Ela já pode parar de rolar. Já pode ser um pouco mais feliz. Finalmente alguém fez-na deixar de ser a garota rolante.