Percy Jackson E Os Jogos Vorazes escrita por Mileh Diamond


Capítulo 44
Os Jogos mudam as pessoas


Notas iniciais do capítulo

Sem comentários, amoras. Um obrigado especial para a Heliz Horan e a minha cunhadinha Leila di Angelo que mandaram recomendações muito fofas pra mim *-----*
Mas sem muitos sorrisos, tem um pequeno aviso nas notas finais. Acho que vocês podem não gostar...
Anyway, aproveitem!



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Pov. Percy

Quando acordei na outra manhã a chuva havia parado, restando só algumas gotas que pingavam pelas pedras e folhas de árvores.
Katniss já estava acordada, mas tinha olheiras a baixo dos olhos o que significava que ela não tinha dormido muito bem.

--Bom dia, bela adormecida. - ela falou com um sorriso de lado.

Cheguei mais perto dela e passei os dedos pela sua bochecha.
--Sua pele está oleosa, lágrimas secas. O que houve?       
Ela fez uma careta e afastou a minha mão.
--Não foi nada, apenas pesadel os.
--Quer falar sobre eles?
--Não, são os mesmos de sempre. Não adiantaria muita coisa. - ela falou desviando o olhar. - Olhemos pelo lado bom, a chuva acabou, podemos sair daqui finalmente.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            --Hora de encarar a realidade, ou melhor, Cato. - falei suspirando.
--Vai dar tudo certo, D4. Quando nos dermos conta, já estaremos em casa. - ela disse sorrindo - Agora vamos ao nosso café. - ela tirou grande parte da comida de nossas mochilas e dividiu igualmente.
--Tem certeza que podemos comer tudo isso? - perguntei.
--Vou repor tudo com a caça. - ela disse encolhendo os ombros.
--Isso, joga na cara! Um dia você estará com medo de entrar na água e eu não te ajudarei!
--Ok,está ótimo pra mim. Nunca precisei de salva-vidas mesmo. - Ela disse mostrando a língua.- E você nunca recusa algo a mim, não com o meu olhar de anjo.
--Eu sou rígido quando quero.
--Claro, claro. E eu sou Afrodite em pessoa.- ela disse revirando os olhos.
--Pode não ser pelo amor, mas em relação a beleza consegue facilmente.- falei dando um beijo em sua bochecha.
--Alerta, Alerta! Cantada barata identificada. Módulo de segurança acionado.- ela falou me empurrando para o lado.
--Desde quando você faz papel de ciborgue? - perguntei com uma sobrancelha arqueada.
--Desde a hora que me dei conta de que 80% das suas cantadas são ridiculamente idiotas. Não quero ser infectada com burrice marinha. - ela disse me servindo um pote de caldo.
--Essa doeu, Kat. Deveria pensar mais nos sentimentos das pessoas, não quero ser infectado com mal-humor paniano.
Katniss ficou em silêncio por um tempo antes de dizer:
--Sabe qual é o meu passatempo favorito logo depois de te irritar?
Balancei a cabeça e ela respondeu:
--Acertar idiotas com uma flecha. E você já passou da linha da idiotice faz muito tempo. - ela terminou sorrindo radiante - Mais alguma coisa a dizer?
Neguei com a cabeça e ficamos em silêncio, mas por dentro eu estava morrendo de rir. Ela era fofa até me ameaçando de morte, e mais engraçada também. Ainda bem que ela não pode ler mentes, senão já teria me batido e deixado de brigar comigo. Eu sei, não faz o menor sentido. Mas quem disse que a cabeça das mulheres faz algum sentido?

Depois do café arrumamos nossos suprimentos e saímos da caverna. A luz do sol me cegou por um instante, levando em conta que eu não a via faz dias. Estávamos de volta nos Jogos, com a eminência de perigo ainda maior. A arena estava igual ao que era antes, mas o riacho havia aumentado e muito o seu volume.
Katniss respirou fundo e sorriu.
--Ah, ar puro novamente! Chega de ficar mais que 18 horas ao lado de alga marinha.
--Entendi a indireta. - falei revirando os olhos.
--Era pra entender mesmo.
Ela virou-se para mim e disse:
--Agora vamos dividir as tarefas...
--Me sinto um homem casado. - falei rindo.
Ela não deve ter achado graça pois continuou séria.
--Não gostei da piada. Voltando, vamos dividir as tarefas. Você pesca e eu caço.
--A floresta é afastada do riacho. Não vou deixar você a mercê de Cato. - falei com uma careta.
--Você vai atrapalhar a minha caçada, Jackson! Só um ruído nas folhas já espanta qualquer animal em um raio de um quilômetro ou mais. Estou acostumada a fazer isso, você não. Você fica. - ela falou devagar cada palavra como se explicasse algo a uma criança.
--Mesmo que você me proíba de ir, vou acabar indo atrás de você. Espantarei a caça do mesmo jeito e ainda por cima te enganando. O que prefere: me levar junto ou ser vítima de um "stalker"? - perguntei cruzando os braços sobre o peito.
Ela bufou e ficou em silêncio por um tempo. Depois disse:
--Lembra alguma coisa sobre raízes e frutas?
--A maioria das lições.
--Ótimo. Colherá esses itens pra mim enquanto eu caço. É perto da floresta e podemos nos comunicar com sinais de tordo. Está bom pra você, papai?
--Ainda prefiro que eu vá com você.
--Mas não dá, criatura! - ela falou com um olhar que me dizia que ela poderia me enforcar a qualquer segundo.
Depois de alguns instantes em silêncio vendo ela ficar vermelha de tanta raiva eu sorri e disse:
--Ok, comandante Everdeen. Façamos do seu jeito então.
Ela me olhou de cima a baixo como se estivesse imaginando o que eu tinha de errado. Só não falei que a culpa era dela por educação. Ela fica uma gracinha quando está  irritada.
Ela sorriu vitoriosa e disse:
--Sabia que você cederia.
"Só nos seus sonhos, Catnip" pensei. Ela me ensinou o sinal dos tordos e saiu andando pela mata enquanto eu fiquei colhendo frutos. Além do fato de saber que ela cuidava de si sozinha também sabia que caçando ela se sentia mais em casa, como se estivesse no distrito 12. Queria ter essa sensação, poder me sentir em casa. Mas como fazer isso se você nem lembra de sua casa ou família? Maldita Hera.
Quando pensei isso um trovão retumbou pela arena. Poderia muito bem ser obra de un idealizador, mas era óbvio que a rainha dos deuses não gostou do que eu disse. Deusas estressadas...

PoV Katniss

Finalmente de volta a ativa. Sentia-me mais viva quando estava caçando, quase como se estivesse na floresta do 12. Mesmo assim sabia que o perigo agora era redobrado com Cato querendo vingança. Entre mim ou Percy, não sei de quem ele tem mais raiva. Talvez de mim por ter frustrado seus planos com a pirâmide na Cornucópia. Porém como todo carreirista ele é orgulhoso, Percy atingiu essa parte em particular. A raiva por ele pode ser bem maior. Balanço a cabeça e afasto o pensamento. Não preciso ficar sofrendo antecipadamente por causa de algo que só fará diferença na hora da luta.

Depois de terminar a caçada percebo que não ouço sinais de Percy há quase uma hora. Assovio o canto de tordos porém não tenho uma resposta. Mantenho a calma e tento novamente, sem sucesso. Meus primeiros pensamento e ação são correr e chamar o nome dele. "Não pode ser...Não pode ser..." eram as únicas coisas que passavam pela minha mente. Acabei tropeçando em uma pedra enquanto corria e caí de cara no chão, com os galhos e folhas arranhando meu rosto. Praguejei em voz baixa e me levantei em um pulo continuando minha corrida.
Cheguei na campina onde tínhamos marcado de nos encontrar. Os suprimentos junto com algumas raízes e amoras estavam amontoados em cima das pedras. Fiz uma vista rápida ao redor tentando achar algum sinal de luta, mas não achei nada.
--Kat? - a voz de Percy atrás de mim me fez virar automaticamente.
Ele estava com uma expressão confusa no rosto. Na mão havia mais algumas das amoras que eu vira nas pedras. Um grande raiva tomou conta de mim e as minhas palavras soaram amedrontadoras  até pra mim:
--Perseus Jackson, eu vou te bater tanto que Hades vai ter pena da sua alma.
Avancei nele antes que eu pudesse me conter, mas ele foi mais rápido e segurou meus dois pulsos, livrando-o de um belo tapa na cara.
--O que aconteceu, Katniss?
--"O que aconteceu, Katniss"? Eu que pergunto o que raios aconteceu! Por que não respondeu o sinal?
--Não sei, acho que não ouvi.
--Não ouviu porque...?
--Estava seguindo o curso do riacho, lá há várias amoras.
--Ficasse aqui onde pudesse me ouvir! O acordo entre códigos é que se um não responde é porque está em perigo! - eu disse tentando me soltar de suas mãos.
--Catnip, eu estou bem.
--Não me chame de "Catnip"! - eu gritei finalmente liberando meus pulsos. Estavam vermelhos, mas não pelo aperto e sim pela força que eu usava para puxá-los. Respirei fundo e continuei:
--Sabe quem mais não respondeu sinais, Percy? Rue! Ela não respondeu meu sinal, mas não porque não podia ouvir, mas porque estava presa em uma armadilha que a matou! Poderia ser você em uma luta contra Cato, Foxface ou um bestante qualquer! - eu terminei a beira das lágrimas. Sentei-me no chão e coloquei as mãos no rosto para tentar me acalmar. Logo depois senti mãos nos meus ombros. Apesar de estar confortável ainda estou brava com ele, por isso me afastei de seus braços e falei em voz baixa:
--Não me toque.
--Olha, me desculpe, Katniss. O erro foi meu de ter saído da área de alcance, mas eu estou aqui agora, e bem. Pode parar com isso e se acalmar?
--Não, não posso! Estou com raiva de você! E com fome também. - eu disse indo em direção as pedras. Mas ali estava faltando comida. Um pouco de queijo e algumas amoras talvez. Quantidades pequenas, mas ainda perceptíveis.
--Idiota. Ainda por cima comeu sem mim? - falei olhando pra ele.
--O quê? Claro que não, passei todo o tempo trabalhando. - ele disse chegando perto e analisando a comida.
--Oh, claro. Então as maçãs ficaram com ciúmes do queijo e o assassinaram brutalmente. - falei sarcasticamente.
--Seria mais provável que elas ficassem com ciúmes dos bolinhos. - ele disse com um sorriso de lado.
Demorei um pouco para entender o que ele disse, mas quando entendi fiz o meu melhor para manter a expressão séria.
--Não me faça rir quando estou brigada com você, Jackson. E eu não sinto ciúmes.
--Eu não falei nada, mas se a carapuça serve...- ele falou segurando o riso.
--Pare de fazer piadas as minhas custas! - eu disse empurrando ele e começando a rir também.
--Ok, maçãzinha ciumenta. Eu não comi nada, se é o que você quer saber.
--Mas então quem foi?
--Não sei. Mas isso não tem importância quando temos comida suficiente para viver. - só então percebi o que ele segurava na mão. Amoras parecidas com as de Rue.
--Onde as conseguiu? - perguntei pegando uma e analisando-a minunciosamente.
--Como eu disse antes, e você não deve ter ouvido já que se ocupava em gritar comigo, achei muitas dessa na margem do riacho. Lembro-me um pouco das amoras de Rue e assumi que eram as mesmas.
De fato, qualquer algum poderia assumir que eram as mesmas. Até eu se fosse um pouco mais distraída. Mas o fato é que estas não eram amoras normais, podia-se perceber pela cor mais escura e o tamanho um pouco menor. Eram amoras cadeado. Meu pai me falou delas quando eu era criança. Coma uma delas e você estará morto antes que possa piscar os olhos novamente.
--Percy... - minhas palavras foram interrompidas pelo tiro do canhão. Nos viramos a tempo de ver o aerodeslizador passando acima de nossas cabeças e levando o corpo sem vida de Foxface. Das mãos dela caíram alguns frutos que eu acredito ser as amoras cadeado.
--Cato deve estar perto.
--Não foi Cato, Percy. - eu disse calmamente - Foi você.
--O quê? Como pode ter sido eu? - ele perguntou incrédulo.
Levantei a mão e indiquei as frutas.
--Essas não são as amoras de Rue. São amoras cadeado, venenosas o suficiente para matar uma pessoa.
Ele ficou confuso por um tempo antes de eu começar a exolicar toda a situação. De como Foxface roubava comida até sobre ele ter confundido as amoras.
Percy ficou em silêncio por um tempo antes de falar:
--Você saberia diferenciar uma da outra, não é?
--Sim, mas ainda assim é difícil. Não foi culpa sua. - eu disse tentando consolá-lo.
--Eu poderia ter me matado ou a nós dois. - ele disse pondo a mão na testa.
--Não se culpe, D4. Pense pelo lado bom: é mais um passo dado em direção a vitória. - eu falei abraçando-o de lado.
--Mas eu não queria matá-la! Não queria matar ninguém!
Suspirei. Gostaria de dizer que a real culpada era a Capital e não ele. Porém tudo que eu disse foi:
--É um jogo duro, Percy. Alguém precisa jogá-lo. - fiquei a sua frente para olhá-lo nos olhos e continuei - Assim como alguém precisa ganhá-lo, e esse alguém seremos nós.
Ele sorriu e me deu um beijo na testa.
--Só você para conseguir alguma coisa de mim, Catnip.
O resto de nosso dia foi relativamente calmo, sem mais surpresas por parte de Cato. Nossa  noite deveria ser passada nas árvores, mas como Percy caiu nas primeiras três tentativas de subida eu aceitei que ficássemos na mesma caverna de pedras. Era o mínimo que eu poderia fazer depois do que fiz Percy passar aquele dia. Ele está mudando, a cada dia as piadas e brincadeiras diminuem um pouco. Seus sorrisos são cada vez menores. O brilho de seus olhos verdes ficando cada vez mais fraco. Pouco a pouco estou perdendo meu garoto do distrito 4. Não é culpa dele. Assim como a morte de Foxface, a verdadeira culpada é a Capital. Os Jogos Vorazes fazem isso com as pessoas, modificam a personalidade delas. Tributos nunca mais são os mesmos depois de uma edição dis Jogos. Se não voltam mortos, voltam em depressão, bipolares, com algum trauma psicológico, ou no mínimo muito sérios. E em alguns casos raros, felizes demais para aproveitar a vida. Eu não sei como é a vida de um semideus ou os problemas que eles têm que enfrentar, mas sei que quando Percy sair daqui isso será mais difícil. Para qualquer um que o conheça bem, ele parecerá mudado, talvez mais velho. No momento isso é o que menos importa. Nosso principal objetivo é sair da arena vivos, e, mesmo que eu esteja confiante, sinto que não será uma tarefa fácil.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       


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Notas finais do capítulo

Hi, nerds! Então, falando agora sobre o tal aviso:
Lembra de quando eu falei sobre uma segunda temporada de PJTHG? Pois é, há grandes chances de que ela não aconteça. Eu já tenho confirmações de que ano que vem meu tempo para fanfics vai ser quase zero. Eu já não gosto de postar atrasada, uma fic com uns dois meses pra cada capítulo é o cúmulo pra mim. Então já estou falando agora para não chatear vocês no futuro, queridos. Mileh Diamond pode estar prestes a pendurar as chuteiras, ou melhor, as sapatilhas XD Lembrando que não é nada confirmado, mas as chances são grandes. E mais uma coisa que eu deixo bem claro:
Eu NUNCA vou abandonar uma fic. No máximo ela vai ficar em um hiato muito longo.
Pra acalmar os ânimos e não deixar vocês preocupadoshoje o lanchinho vai depender de vocês.
Qualquer coisa que quiserem!
Bjuzzz