Percy Jackson E Os Jogos Vorazes escrita por Mileh Diamond


Capítulo 36
Encontro meu namorado idiota


Notas iniciais do capítulo

sei q demorei .-. Último cap antes do ano novo, espero que gostem!



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PoV Katniss

Eu nunca fui do tipo que tinha sonhos normais, mas o daquela noite foi um dos mais estranhos que eu já tive.

Eu estava de volta ao distrito 12, isso eu sabia. Mas o lugar estava diferente, as casas já não eram mais em tons de cinza, não havia Pacificadores, todos estavam em paz e sorridentes.  Vi um casal passeando com uma garotinha de cabelos loiros e olhos azuis. Ao prestar mais atenção neles constatei que a mulher era eu, um pouco mais velha, mas era eu. E o homem, era Peeta. O filho do padeiro, a minha esperança, Peeta Mellark.

A visão se desfez em névoa e eu fiquei parada no meio do nada. Na minha frente surgiu uma mulher de cabelos longos e negro, com um vestido que lembrava a antiga Grécia. Havia uma certa energia ao redor dela, uma fraca luz que diferenciaria ela de pessoas normais.

- Bela visão aquela. Não é mesmo, querida?- ela perguntou com um pequeno sorriso no rosto.

- Quem é você?- murmurei.

Ela riu e disse:

- Acredito que o filho de Poseidon tenha falado de mim. Eu sou Hera, rainha dos deuses e deusa da família.

Fiquei estática. Uma deusa estava falando comigo, isso realmente é possível? Que eu saiba sou apenas uma mortal.

- O que foi aquela visão?- perguntei cautelosa.

- É o seu futuro, criança. Aquele é o seu destino se Percy Jackson conseguir vencer a guerra. Uma bela vida, nada de miséria, uma família. Não é isso que você sempre desejou, Katniss?

Assenti involuntariamente.

Ela suspirou e disse:

- Só espero que você consiga suportar o que está por vir. És uma boa moça, Katniss Everdeen. A mais corajosa que já poderia ter vivido por essas terras. Mas até os mais fortes podem ceder perante as coisas que o tempo lhe trará. Boa sorte.

Iria perguntar o que ela estava dizendo, porém tudo se transformou em névoa novamente, e eu acordei suando frio. Não sei por quanto tempo eu dormi, mas foi mais do que suficiente. Arrumei as minhas coisas rapidamente e desci da árvore.

O anúncio de ontem fez as minhas esperanças crescerem, quem sabe eu possa sair viva daqui apesar de tudo. Eu só precisava encontrar o Percy. Pensei em todos os possíveis lugares que ele poderia estar. Estava machucado, de forma que precisa de um lugar onde esteja seguro. Ele provavelmente escolheu um lugar com água, já que é onde ele é poderoso. Primeira pista: um lugar com acesso a água. Não poderia ser o lago perto dos Carreiristas, ele deve ter fugido de lá depois da luta contra Cato. Há pequenas fontes espalhadas pela Arena, mas são em área aberta e desprotegida. Então sobra o riacho, já é um lugar para começar.

Sigo o curso dele até encontrar a terceira fogueira que eu e Rue preparamos, só de lembrar parece que o meu corpo é queimado de tristeza. As águas me levam para uma parte da Arena que é nova para mim, cheia de pedras grandes e amontoadas que formam uma espécie de prisão a meu ver.

Pelas próximas horas de caminhada nada mudou no ambiente, somente uma mudança de volume no riacho, que se tornou fundo e largo. Algumas vezes eu me permiti chamar o nome dele, mas os tordos repetiam os meus sons, de forma que poderiam avisar para outros tributos que eu estava por perto. Mais uma hora andando e eu cedo ao cansaço nos meus pés, parando para descansar. Recosto-me em uma pedra e procuro o cantil de água na minha mochila, está vazio. Suspiro e engatinho até a margem do riacho para encher o cantil. Respiro fundo e fecho os olhos aproveitando a brisa fresca e o suave barulho do farfalhar das folhas. Parece que estou em casa, na floresta do Distrito 12, desligada do mundo.

Sinto duas mãos cobrirem os meus olhos e alguém fala no meu ouvido:

- E aí, Katniss?

Minha primeira reação é pegar a faca no meu cinto e cortar o braço de qualquer que seja o ser que encostou em mim. Levanto-me em um pulo e aponto a lâmina para a pessoa mais próxima. Então eu reconheço os olhos verdes brilhantes que há tanto tempo procurara. Ele levantou as mãos em um sinal de rendição enquanto se afastava da faca que estava quase cortando seu pescoço. Minhas mãos tremem e eu quase deixo a lâmina cair.

- Percy.- eu disse em um sussuro.

Ele sorriu de lado e falou:

- Sentiu a minha falta, Catnip?

Eu não poderia estar mais feliz naquele dia, mas um sentimento de raiva me invade. Seguro a adaga com mais firmeza e pulo em cima dele colocando-a em seu pescoço.

- “Sentiu a minha falta”?! Eu te procurei por toda a parte, idiota! Sabe o quanto eu fiquei preocupada? Com medo que você estivesse morto? Agora você aparece na maior cara de pau e pergunta se eu senti sua falta?

Vi ele revirar os olhos e fazer uma careta de dor. Larguei a faca e puxei ele pela gola da jaqueta.

- Eu te odeio, D4. - eu disse e o beijei, acho que mais para ter certeza que ele estava ali.

Ele sorriu e segurou o meu rosto em suas mãos:

- É desse jeito que você me odeia, Kat? Me odeie mais então, porque eu gostei.

- Cale a boca, Jackson. – eu disse e o abracei, sentindo o suave cheiro de maresia que sempre lhe acompanhava.

Ele gemeu um pouco e disse:

- Por favor, Kat. Sem abraços muito apertados, ainda estou todo dolorido.

Afastei-me dele e o olhei preocupada.

- O que houve?

- Não foi nada... – ele disse e já ia se levantar, mas eu o puxei de volta, o fazendo ficar na minha frente.

Só então comecei a olhar melhor pra ele. Sua pele estava pálida, havia emagrecido muito, seu rosto estava repleto de arranhões e seu cabelo estava mais bagunçado que o normal.

- Você lutou contra Cato – eu comecei – se machucou muito, sei disso. Onde foi o corte?

Ele riu sem humor e disse:

- Já está melhor, Kat...

- Percy Jackson – ele estava começando a me irritar – fale logo onde foi a droga do machucado.

Ele suspirou e abriu o zíper da jaqueta, estava sem a camiseta de forma que eu podia o machucado e outras partes de seu tronco que me deixaram hipnotizada. Emagreceu, porém continua com os mesmos músculos, minha sorte é muito boa quando tem que ser. Ele estalou os dedos na minha frente e disse:

- Regra número um da medicina: não babar em cima do paciente.

Empurrei sua mão e falei:

- Pare de ser chato. Vamos, tire a jaqueta para eu poder ver melhor o que você aprontou nesse tempo sem mim.

Ele sorriu maliciosamente e disse:

- Está aproveitando, não é, Catnip?

- Exibido, falei rindo. Mas era verdade, eu estava aproveitando.

Percy havia feito um curativo, o que eu esperava ser um sinal para que a ferida estivesse melhor do que no início.

- Há quanto tempo não troca o curativo?- perguntei retirando a bandagem aos poucos.

Ele encolheu os ombros e disse:

- Desde que eu coloquei a bandagem.

- Se tiver provocado uma infecção eu vou te matar, Percy.

- Eu sei que você não faria isso.

- Quer apostar? – eu disse retirando o algodão da ferida e fazendo-o gritar- Exagerado.

- Exagerado? Façamos o seguinte: se corte com uma espada, faça um curativo em si mesma e peça para eu retirar o algodão usado. Quando eu estiver arrancando a sua carne você diz se é exagero ou não. – ele diz sarcástico.

- Ok, Sr. Drama. Já acabei por... aqui.

O corte era pior do que eu pensei. A carne vermelha estava com bolhas, parecia longe de cicatrizar. Ele deve ter perdido meio litro de sangue, no mínimo. É um milagre ainda estar vivo. Tentei não pensar no meu café da manhã e disse com o máximo que podia de segurança na voz:

- Não está tão ruim assim. Já vi piores no trabalho da minha mãe.

- Certo, Dra. Everdeen. O que deve ser feito agora? – ele perguntou arqueando a sobrancelha.

- Primeiro limpamos o corte, eu disse a coisa mais óbvia que veio na minha cabeça.

Pedi para Percy chegar mais perto, mas ele disse:

- Não precisa, eu posso mergulhar e facilitar o seu trabalho. Eu só me molho quando eu quero.

Dei de ombros e respondi:

- Ok.

Ele mergulhou no riacho e eu me virei para preparar os utensílios para o novo curativo. Maldito segundo em que me distraí, maldito amigo semideus filho do deus do mar que eu arranjei, malditos! Por que eu estou amaldiçoando todos? Simples, quando eu não estava olhando, o idiota me pegou por trás e me jogou no riacho!

- PERCY JACKSON! – gritei tão alto quanto a minha voz permitia depois de engolir tanta água.

Ele riu e mergulhou para o fundo. Ah se ele pensa que vai me puxar para baixo está muito enganado. Tomei fôlego e mergulhei mais fundo na água. A luz alaranjada da tarde deixava tudo em um tom turvo, mas eu ainda conseguia enxergar. Vi Percy a alguns metros de mim se controlando para não rir. Lhe mandei um dos meus olhares mortais, que deixavam claro que ele não sobreviveria até a manhã do dia seguinte.

Ele voltou até a superfície e eu segui. Quando voltou a olhar para mim não conseguiu se controlar e começou a rir. Eu ainda mato esse cara.

- Por que você me jogou na água?- perguntei tirando o cabelo molhado do meu rosto.

- Não sei, acho que tenho um desejo psicótico pela morte. (N/A: Frase da leitora Pietra Mellark Moscovitz, que eu simplesmente amei) – ele disse rindo enquanto voltava para a margem, completamente seco.

- Está completamente certo, D4. – falei torcendo o cabelo enquanto saía da água – Agora tire toda essa água de mim.

Ele me olhou como se pensasse seriamente no que deveria dizer, então disse finalmente:

- Não.

O olhei incrédula e só consegui dizer:

- Como é que é?

- Não vou perder a chance de ver você com uma roupa colada, Kat. Você me viu sem camisa, eu também tenho meus direitos. – ele falou sorrindo sugestivamente.

- Eu já te vi sem camisa antes, caramba! E você já me viu de camisola (N/A: Quem ainda lembra?). Estamos empatados!

Ele pensou por mais um tempo e disse:

- Não me lembro de você com camisola, preciso reavivar a memória, por isso nada de roupas secas para você. Agora pode me ajudar com os curativos?

Semicerrei os olhos e falei pausadamente:

- Se vira, Percy. – e saí pisando duro.

Fui para uma área mais afastada, onde o sol batia mais forte. Tirei a minha jaqueta, as botas e a calça, ficando só com a camiseta e a roupa de baixo. A roupa secaria mais rápido sobre as pedras, de forma que eu passei uma hora sentada observando o sol se pôr.

Um casal apaixonado não deveria ter brigas, mas ele me provocou, e sabe melhor do que ninguém que comigo não tem discussão. Haymitch deve estar me xingando de todos os nomes possíveis, isso se não estiver afogado na bebida.

Uma hora Percy chegou e se sentou ao meu lado, já com o curativo. Ele colocou a mão no meu ombro e eu senti a umidade desaparecer.

- Me desculpe, ele disse olhando para baixo.

- Não foi nada, murmurei. – Mas nunca faça isso de novo.

Ele sorriu e disse:

- Como quiser, capitã Catnip.

- Você é um idiota. – eu falei apoiando a cabeça em seu ombro.

- Você é uma chata.

- Insuportável.

- Mandona.

- Irresponsável.

- Eu te amo por isso.

- Igualmente.

E continuamos observando o pôr do sol como o casal lindo que nós somos.


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Notas finais do capítulo

Quem quer panetone que sobrou do natal?
Bjuz e feliz ano novo para todos!