Seis meses se passaram e Jake começou a mudar. Um dia, ele chegou em casa muito vermelho e extremamente agressivo comigo.

- O que está acontecendo, Jake? – perguntei.

- Me deixa em paz, Bella! – disse ele com arrogância.

- Jake, o que foi que eu te fiz pra você está assim agressivo desse jeito? – disse me aproximando dele. Ele sentou num canto no chão do nosso quarto e quando cheguei mais perto percebi que ele estava com febre, muita febre, pois devia estar com mais de 40°C.

- NÃO CHEGA PERTO DE MIM! – gritou.

- Calma, Jake, deixa eu te ajudar... Você deve está com febre, você está... – ele não me deixou terminar de falar, me deu um empurrão tão forte que eu atravessei a porta de vidro que tinha ao lado da nossa cama que dava para o lado de fora da casa.

- BELLA! EU FALEI QUE NÃO ERA PRA VOCÊ SE APROXIMAR! - ele permaneceu no canto aterrorizado com o que tinha acabado de fazer.

Olhei para o lado e percebi que no chão só tinha cacos de vidro e sangue, muito sangue.

Vi que meu braço direito estava completamente ensaguentado e com pedaços de vidro.

Seth, amigo de Jake, escutou o barulho e foi ver o que tinha acontecido.

- Jacob, o que você fez? – perguntou amedrontado.

- Vai chamar ajuda! – gritou desesperado Jake enquanto se aproximava lentamente de mim. – Bella, meu amor, me desculpa! Eu... Eu não sei... Eu não sei o que está acontecendo comigo!

Eu não estava sentindo dor no momento, pois estava completamente confusa e nervosa com todo aquele sangue. As lágrimas escorriam involuntariamente dos meus olhos.

Escutei um barulho de carro e pessoas correndo.

- Coloque ela imediatamente no carro, vamos pro hospital! – reconheci, era a voz de Sam, um homem muito forte e que Jake não gostava muito.

Enquanto dois homens me levavam pro carro, ouvi Sam brigando com Jacob.

- Eu falei que não era pra você ir para casa! Eu falei que era pra você ficar longe de todo mundo! Olha só o que você fez com ela! Agora fique quieto aí! – gritou agressivamente.

Sam logo correu e foi até o carro para poder me levar no hospital, deixando Jacob lá, inconformado.

Eu não estava entendendo mais nada. Pelo o que eu sabia, Jake não falava com Sam. Agora ele está dando bronca e pelo o que ouvi, Sam sabe o que Jake tem. Fiquei completamente confusa, mas naquele momento nem conseguia raciocinar.

Minha cabeça doía muito, pois na queda bati ela no chão com força e meu braço direito estava com muito sangue. Seth, que estava do meu lado no carro, tentava estancar o sangue com uma toalha, mas era quase impossível, pois se ele pressionasse meu braço, os cacos de vidro que estavam nele entrariam mais e o estrago poderia bem maior.

- Fica calma, Bella, já estamos chegando no hospital, vai ficar tudo bem – Seth repetia isso o tempo inteiro, tentando me acalmar.

Quando chegamos no hospital, uma atendente informou a Sam que só havia um médico de plantão. Dr. Carlisle, que um médico do Alaska que tinha acabado de se mudar para a cidade e tinha excelentes recomendações.

Sam excitou um pouco, mas a enfermeira que estava do meu lado falou que eu teria que ser atendida imediatamente, pois estava perdendo muito sangue e, então, colocaram-me numa maca e levaram-me até a enfermaria onde estava o doutor.

Sam e Seth ficaram na recepção enquanto eu entrava.

Dr. Carlisle era um homem muito bonito e extremamente atencioso.

- Boa tarde! – ele se aproximou e começou a me atender, tirando primeiramente os cacos de vidro que estavam no meu braço. – O que foi que aconteceu?

- Eu cai na porta de vidro da minha casa... – respondi em meio aos soluços.

- Ah... Vai doer um pouquinho, mas vai ficar tudo bem! – disse tirando cuidadosamente os cacos.

Sequei as lágrimas e tentei me manter forte.

- Qual o seu nome? – percebi que Dr. Carlisle estava tentando me distrair para eu não sentir tanta dor.

- Isabella, mas pode me chamar de Bella.

- Muito bem, Bella, agora a senhorita vai tomar uma ejeção para anestesiar seu braço e não sentir mais dor.

- Senhora... Eu sou casada. – o corrigi.

- Nossa, mas uma moçinha tão nova, já está casada?! – ele falou surpreso, sorrindo.

- Sim... – dei um sorriso meio sem graça, pensando se depois do que aconteceu eu ainda aguentaria olhar para Jake todos os dias.

- Bom, eu não posso falar nada... Meus filhos também são novos como você e já são casados.

- Nossa, você parece tão novo pra ter filhos da minha idade. Quantos filhos você tem? – resolvi entrar na conversa.

- Eu tenho 5. Alice e Jasper formam um casal e Rosalie e Emmett outro. Edward é o meu único filho que ainda está solteiro.

- Mas seus filhos são casados entre si? – perguntei surpresa com a forma que ele falou.

- Digamos que eu adotei as crianças certas, elas cresceram e se deram super bem... – ele falou rindo, também me fazendo rir.

- E por que não adota mais uma para o seu outro filho?

- Edward gosta de viver só! Mas no dia que ele encontrar a mulher certa, eu adotarei! – respondeu sorridente.

Quando olhei, Dr. Carlisle já tinha terminado de dar pontos no meu braço.

- Você sentindo mais alguma coisa, Bella?!

- Minha cabeça dói um pouco...

Ele pediu para a enfermeira me levar para fazer raio-x da minha cabeça, para saber se eu tinha algum traumatismo.

- Bella, está tudo bem com a sua cabeça. Ela só está doendo, pois você deve ter batido ela com a queda. Vou receitar um remédio e logo, logo a dor vai passar... – disse simpático. – Agora fique aqui deitadinha enquanto eu vou ver os outros pacientes, não se preocupe, já volto.

Fiquei deitada na maca na enfermaria e acabei adormecendo.

Quando acordei, Charlie estava do meu lado, completamente nervoso e impaciente.

- Bella, você tá bem, minha filha?!

- Estou... – eu mal terminei de responder e ele começou a falar novamente.

- Eu não podia ter deixado você casar com Jacob, eu não podia ter metido essa ideia na cabeça de vocês, como eu sou um irresponsável! Sua mãe nunca vai me perdoar, eu nunca vou me perdoar!

- Acalme-se, Charlie – disse Dr. Carlisle entrando calmamente pela enfermaria. – A Bella vai ficar bem... Talvez só uma cicatriz para tomar cuidado com as portas de vidro. – disse com humor.

- Mas o senhor não está entendendo! Foi aquele moleque que machucou ela!

Dr. Carlisle olhou para minha com uma interrogação no rosto. Eu fiquei meio sem graça, mas eu não queria espalhar que meu marido havia me empurrado. E de certa forma eu não tinha mentido: a porta de vidro foi a grande responsável por tantos arranhões.

Ele continuou olhando para mim para ver se eu falava alguma coisa.

- Foi um acidente... – finalmente falei para ele não achar que eu estivesse mentindo.

- Acidente??? Aquele moleque tava com algum problema! Bella, você sabe se ele está usando algum tipo de drogas? Se eu fosse você, saia daquela casa hoje mesmo e ia morar comigo!

- Calma, pai! O Jake só estava com algum tipo de problemas naquele momento, mas ele não é sempre assim! Ele estava quente, muito quente! Foi a primeira vez que eu o vi agressivo daquele jeito!

- Mas o que ele tinha?

- Eu não sei, Dr. Carlisle...

- Se eu posso te chamar de Bella, você também pode me chamar apenas de Carlisle... – falou com sua voz doce.

- Está bem, Carlisle... – eu disse sorrindo e continuei – Ele chegou em casa pedindo para eu ficar longe dele e quando me aproximei vi que ele estava extremamente quente. Com certeza ele estava com mais de 40°C de febre!

- Ele devia estar delirando... – analisou Carlisle.

- Ele estava drogado, isso sim! – insistiu Charlie ainda impaciente.

- Será que não seria melhor eu ir até lá examiná-lo?

- Não será preciso – falou Sam entrando na enfermaria com sua voz imponente encarando Carlisle com desprezo – Ele já está bem agora. Charlie, vamos, eu vou te levar em casa.

- Não precisa, vou ficar aqui com a minha filha...

- Ok... Melhoras, Bella.

- Obrigada, Sam – mal terminei de falar e ele já tinha ido embora.

- Vê se eu vou deixar minha filha sozinha depois do que aquele moleque fez – eu e Carlisle rimos da forma que Charlie falou – E esse bruta montes ainda chega parecendo que vai me dar ordens! Eu sou um policial honrado, ele não pode falar comigo como se pudesse mandar em mim! – disse se referindo a Sam.

Quando eu vi, Charlie já estava quase me abraçando de tão perto que estava.

- Calma, pai, ninguém vai me machucar aqui não, fica calmo... – disse rindo para Carlisle.

- Você está melhor, não está, Bella?

- Estou, Carlisle...

- Então eu vou para casa, meu plantão já acabou. Quando passar os efeitos dos remédios, talvez você sinta um pouco de dor no braço, mas eu deixei receitado alguns remédios que você poderá tomar para aliviar. Qualquer coisa que você precisar, é só pedir para me ligar que venho ver o que você está precisando, ok?!

- Está bem...

- Amanhã cedo estarei aqui. Mas logo você irá pra casa, só está aqui por precaução!

- Irá para a nossa casa, né, Bells?! – interferiu Charlie, me fazendo rir.

- É... – respondi apenas para não deixá-lo sem graça – Boa noite, Carlisle.

- Boa noite, Bella, boa noite, Charlie! Fique de olho nela, hein?! – ironizou Carlisle com um belo sorriso no rosto.

- Pode deixar, doutor! – respondeu sério Charlie.

Eu estava impressionada com a simpatia de Carlisle. Eu nunca tinha conhecido alguém tão atencioso como ele.

- Você quer mais uma coberta, Bells? – perguntou Charlie todo preocupado.

- Não, pai, está bom assim... Agora senta aqui na poltrona porque você também precisa descansar...

Charlie obedeceu e logo peguei no sono novamente.

Minha mente embaralhava-se em procurar uma resposta do por quê de Jacob ter mudado, tanto fisicamente, quanto naquele momento que se mostrou agressivo. As teorias de Charlie podiam até fazer um certo sentido, mas algo me dizia que era uma coisa muito mais além do que remédios para ficar forte. E eu precisava saber o que era...