How Things Began... escrita por RitalinLove


Capítulo 2
"Sometimes my mind plays tricks on me"


Notas iniciais do capítulo

Estou amando esse Pierre e seus comentários haha ♥



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Ainda estava de porre quando o telefone começou a tocar estridentemente e irritantemente. Tentei ignorar - juro que tentei!-, mas ninguém foi atender e tive que ir cambaleando até a cozinha desligar aquela droga - Poxa vida! Não se pode ter mais ressacas em paz? -. Já estava voltando furiosamente para minha linda cama quando vi o motivo de ninguém se dispor a atender o telefone : "Querido, fui com seu pai visitar sua avó. Levei seus irmãos no jogo de Hóquei. Voltaremos umas 19h. Tem comida no forno e suco na geladeira. Te amo."

Típico recado da mamãe. Abri a geladeira em busca de leite quando a desgraça começou a tocar de novo. Atendi com muita raiva, e dei a sorte de ser o imbecil do Chuck e não uma tia querida que me via como um bebê que não sabia nem a palavra com "f".


– O que você quer, panaca?


Para de ser ranzinza, bebeu tanto porque quis. Mas e aí, se lembra de alguma coisa que aconteceu ontem?


– Hmmm… Não… - Eu realmente não lembrava e isso me fez temer um pouco… Será que eu tinha feito alguma coisa vergonhosa?


Nem do baixista do Reset?


– Hmmm - Comecei a me lembrar dele. O tal cara que me fez duvidar da minha masculinidade - Acho que sim… 'Que que tem?


Você pensou a respeito?– Droga, Chuck me fez pensar nessa frase de um jeito bastante sacana e acabei soltando uma risadinha maliciosa, o que com certeza o fez fazer uma cara de "wtf" do outro lado da linha.


Hã… Cara? – Chuck disse, provavelmente ainda me achando esquizofrênico.


Daí comecei a me lembrar do que se tratava. Chuck achou que deveríamos colocar o sujeito na banda.


–Ah… Sei, sei. É, pensei - Isso não era totalmente mentira. Quer dizer, eu não havia pensado no que Chuck se referia, mas eu pensei bastante nesse tal baixista na noite anterior, então acho que está valendo… Né?


E aí?


– Bom… érr… Quer dizer, ele é muito talentoso, né? Ok, é… Aham, assim… Hmm… É que… Se os guys concordarem… Pode ser uma boa, é. Hmm… -Meu deus, eu sou péssimo para disfarçar nervosismo! Será que eu poderia morrer agora?


Ok… Eu vou falar com eles… Érr… Você está bem, irmãozinho? – Chuck me conhece desde que éramos moleques, mas não era preciso me conhecer para sacar que eu estava claramente nervoso.


Claro que não, Chuck! Você está tentando colocar o garoto mais atraente do mundo na NOSSA banda! Você quer me matar ou algo do tipo? Claro que ele é ótimo, e seria muito bom para a BANDA, mas eu posso acabar cometendo suicídio se continuar com essa gayzice ridícula perto dele! Entendeu? Eu não estou bem!


Mas é claro que não foi isso que eu falei.


– Érr… Sim, só estou ainda meio enjoado da bebedeira de ontem, sabe? -Uau! Quem diria, logo eu fui pensar numa desculpa com essa facilidade! Que ninja!


Ah… Ok. Bom, não demora muito aí, falou? Esteja no meu porão em 1h.


Ótimo! Se não bastasse tudo isso, ainda tinha ensaio essa tarde.


–Não Chuck! Espera, eu…*click*

Quanta educação, hein, Comeau? Desligou na minha cara.


Fazer o que? Tomei o leite na garrafa mesmo e fui correr para o banheiro tomar um banho. Talvez fosse uma boa ideia tomar um longo banho frio…


Cheguei na casa dos Comeau e fui correndo direto pro porão, porque -pra variar-, estava bastante atrasado.

–Hey garotas! -Cumprimentei os meninos, que já estavam lá a muito tempo, provavelmente.

–Então… Já que está todo mundo aqui, eu gostaria de propor uma ideia.- Chuck ia sugerir que fossemos atrás do baixista do Reset para se juntar a nossa banda. Nem liguei dessa vez, acho que exagerei… Tudo não passava de uma noite mal dormida seguida de uma ressaca mal curada.- O que vocês acharam da música ontem?

– Cara… Acho, só acho, que estávamos meio bêbados demais para perceber isso, não acha? - Seb falou com um tom de nerd engraçadinho. Ele estava certo, estávamos todos muito bêbados, mas mesmo assim, fui capaz de perceber a música, e, principalmente, notar o baixo da música… Também notei outras coisas, mas não acho que iria prestar fazer esse comentário…

– Certo, mas vocês não chegaram bêbados lá! Não prestaram atenção em nem um pouquinho da música? - Chuck questionou com aquele seu olhar de "estou-pedindo-socorro-Pierre-dá-pra-ser?".


Antes que eu pudesse ajudá-lo, Pat falou na frente:


– Eu notei que o baixista manda muito! Ainda mais para uma criança. - Eu ri pra dentro. Verdade, o baixista era muito baixo e magrinho, poderia muito bem aparentar uma criança para alguém que não olhar direito.


– Ele não é criança, Pat.- Jeff falou e mais uma vez fui cortado na hora de abrir a boca.


– Como você sabe? Você já chegou pedindo tequila, cara!


– Nem por isso, não pude perceber que ele não era criança, ué. Ele era bem pequeno, verdade, mas deve ser apenas alguns anos mais novo que a gente. Não muito.


– Claro, não é permitida a entrada de menores de 18 nesse bar, Pat. -Disse Seb, todo sabichão, como sempre.- Você não viu a placa enorme na frente da entrada?


– Não, eu estava mais ocupado ligando a câmera pra filmar vocês, panacas embriagados! Haha!


– Gente, gente! Ok, tanto faz a idade do menino, vocês chegaram a onde eu queria: O baixista. - Chuck voltou a falar, impaciente.


– Que que tem?- Os três perguntaram juntos.


– O que vocês acham de chamar ele pra entrar na banda?


–Que? Que banda? Ele já não está em uma banda?- Seb falou, e dessa vez não aguentei: gargalhei loucamente. Eu me lembrava de muito pouco de ontem a noite, mas eu sabia que eu já tinha deixado Chuck irritado com alguma coisa muito parecida que disse. Quando olhei pra Chuck, tive que parar de rir, ele me fuzilava com o olhar como se fosse capaz de matar minha alma, sei lá… Cruzes!


– Ai Meu Deus, o que você acha, Sébastien? Para a NOSSA banda, né! E sim, eu sei que ele já tem uma banda, mas não custa tentar. Ele é muito talentoso. - Chuck finalizou, sem deixar ninguém interrompe-lo dessa vez.


– Bom… Por mim, tá beleza. A "criança" toca muito! - Jeff falou com tom de deboche para Pat e recebeu um soco no braço.


– Por mim tá ok, não lembro muito da música, mas acredito em vocês. - Seb disse.


– É, como já disse, o CARA, HOMEM, IDOSO, VELHO, ADULTO e o caralho a quatro, manda muito bem! - Pat falou com sarcasmo e rancor olhando para Jeff. Senhoras e senhores, mais uma cena hilária do senhor Langlois!


De repente todos começaram a olhar fixamente pra mim, me deixando bastante assustado… Que porra era aquela?

Foi aí que Seb saciou minha dúvida:


–Hã… Pierre…. E você, o que acha? Você, sabe, sobre chamar o baixista pra nossa banda e tudo mais… - Eu não sei porque, mas Seb sempre falava comigo como se eu fosse meio retardado… Ok, talvez ele tivesse vários motivos pra isso, quer dizer… Eu sou bastante lerdo, mas não sou retardado, oras!


– Ah… Pode ser, caras. Parece uma boa ideia.


Eles comemoraram, e Chuck respirou aliviado por finalizar essa discussão e logo começou a teclar no telefone.


– Alô, Tom? Tudo certo, cara? Então, meu nome é Charles e eu estive no seu estabelecimento ontem e… Sim, sim. E bom, uma banda tocou aí, por volta de umas 22h… Aham…. Não, tudo bem, mas será que não tem como você me conseguir o contato do baixista? É que… Ele é um amigo muito querido da minha irmã, e eles não se vêem a um bom tempo… Pensei em fazer uma surpresa pra ela, sabe? Aham… Ah, desculpe, como é mesmo o nome dele? Faz tanto tempo que não nos vemos, sabe? Hmmm… Sei sei… Ah sim! Claro! David! Como pude me esquecer? Sim, sim, é ele mesmo! Mas então, será que tem como você me dar o telefone dele, Tom? Seria uma ótima ajuda… Poxa obrigado, cara! - Chuck estalou os dedos como um sinal de "pegue papel e caneta, já" -…44…29…08….69…. Ok, muitíssimo obrigado! Tchau-tchau!


Chuck desligou o telefone, tomou um gole da Coca que estava ao seu lado, e sentou no sofá, sem falar nada. Ficamos encarando-o com cara de "hã?" até que ele soltou uma risada marota e disse:


– Eu menti! Hihihi - Ah, jura, Chuck? Nem tinha percebido que você tinha mentido pro pobre do dono do bar!


– Você não poderia simplesmente dizer o que a gente queria com o cara? Precisava até por parente no meio, cara? Hahaha - Disse Seb.


– Qual é? Ele é de uma banda! O que você queria que eu fizesse? "E aí, Tom, beleza? Então, passa aí o número do sujeito do baixo que a gente tá afim de 'roubar' ele da banda que está dando mais clientes para o seu bar!" ? Não me parece uma boa! Sem falar que foi emocionante! Eu menti muito na cara-dura! Haha que ninja! - Haha, Chuck parecia orgulhoso de ter sido um "bad boy"! Ok, ele não fez nada demais, mas Chuck não é desses que sai por aí fazendo coisas erradas, mesmo que sejam apenas mentirinhas, ele não faz.


– Então… A gente vai ligar pro cara… Agora? - Perguntei.


– Bom, "a gente'' não vai fazer nada…- Chuck falou e logo em seguida me jogou o telefone. Fiquei sem entender até ele continuar- Você vai.


– Que? Por que logo eu??? - Respondi na defensiva.


– Ora… E porque não? - Chuck me olhou franzindo a sobrancelha. Droga, porque eu estava tão ofendido com isso? Ok, calma Pierre! Eu não gosto de falar no telefone, só isso. Não é nervosismo por falar com ele… Oras! Claro que não!


– Bem…


– Qual é, Pierre! Você é o vocalista, age um pouco mais com moral! Que que custa você ligar? Vamos lá, liga, explica pro cara, e depois sugere que ele venha para um ensaio, sei lá.- Chuck me cortou antes que eu pudesse concluir minha fala.


Bom, Chuck não estava errado… E puxa vida, eu estava fazendo muito drama para um simples telefonema. Sem falar que os outros três não falavam nada, mas me olhavam de um jeito que deixava bem claro que concordavam com Chuck. Ok então, vamos lá, ligar para aquele ser irritantemente bonito.


– Érr… Ok…. Passa isso aqui! - Puxei o papel com o telefone anotado da mão do Comeau, e comecei a digitar… Que droga, minha mãos não paravam de tremer… Que vexame, merda!


O telefone chamou por quase um minuto, mas eu estava tão aflito que para mim pareciam horas. Até que…


Alô?

 Caramba, como é que se fala mesmo? O que são palavras? Meu Deus… Será que era ele? E se fosse? A voz dele era angelical! Tão linda quanto eu imaginava! Talvez fosse uma boa ideia, sei lá, respondê-lo, né? Hmmm…. O que a gente fala quando está no telefone, mesmo?


– Hã… Oi, e aí? É o David? - Bom, pelo menos eu estava conseguindo falar.


Hmm… Talvez… Hehe…Quem é?


Hã… Então… Meu nome é Pierre, Pierre Bouvier e…- Mais uma vez, fui interrompido. Dessa vez pelo David.


E eu me chama Bond, James Bond! Hehehe…


Hã? Como assim?


É brincadeira cara, é que foi engraçado o jeito que você se apresentou, me lembrou o 007, só isso! Haha– Ok, Pierre, você é provavelmente o cara mais lerdo do universo. Não conseguiu pegar nem uma piadinha super besta como essa. Pelo menos eu fui capaz de notar que David era uma pessoa divertida.


– Ahhhh! Entendi! Haha… - Boa Pierre, você é super espertinho, hein?


Hehe… Que bom! Mas e aí, Pie, fala aí!– "Pie"? Isso era um apelido?


– Então, eu te vi tocando ontem no Baguette's Bar e… Bom, você toca muito bem, cara! - Ok, talvez fosse legal da parte dos meus amigos PARAREM de me encarar enquanto eu falo ao telefone. Será que eles não percebem que isso só me deixa mais nervoso ou é esse mesmo o objetivo? Pai amado!


Hã… Valeu cara! Fico feliz de saber! Hehe - Ok, o que eu falo agora?


– Hã… Então, pois é. E sabe, bem, eu tenho uma banda. Uma banda nova, acabamos de começar, mas ainda não temos um baixista…


E….? – O que? Não deu pra entender o que eu quis dizer com isso? Qual é, David! Bote os miolos pra funcionar!


– Bem… Você é um baixista. - Ah, jura? Muito bem, "Pie" talvez ele não tenha notado que é um baixista, fez bem em avisá-lo, sua anta!


Eu já estou numa banda. - De repente David parou com as risadas e falou com um tom sério. Acho que fiz alguma coisa de errado…


– É, eu sei… É só que…


Escute, Pierre, muito obrigado pela ligação, mas minha banda tem muitos shows agendados e eu gostaria de permanecer nela, ok?– Ok, mais uma vez fui interrompido (deve ser divertido fazer isso comigo, sei lá), perdi meu apelido esquisito e pior, deixei David chateado.


– Desculpe, David… Eu sei que você tem uma banda. Eu já fiz parte do Reset também, aliás, você está ocupando o meu lugar aí, haha…- Risadinhas de descontração são sempre uma boa pedida!


Hmm…– Talvez fosse uma boa ideia eu continuar falando antes que ele desliguasse na minha cara… Né?


– E eu entendo que isso seja uma proposta meio estranha, vindo de alguém que você nem conhece e tudo mais… E tipo, eu sei que o Reset tem tudo, e a nossa banda ainda não tem nem nome, mas ela precisa começar pra chegar a algum lugar, não é? Eu só estou pedindo um ensaio com a gente. Você vem, toca, vê se gosta e toma sua decisão. Só isso.


Vocês não têm baixista? Você não acabou de dizer que era baixista no Reset? – Ele ouviu alguma parte do discurso super bem estruturado que eu acabei de falar?


– Sim. Eu toco baixo, toco bem. Mas você é melhor.


David soltou uma risadinha abafada. Provavelmente tenha ficado feliz com o baita elogio que acabou de receber. O ego desse menino estava muito inflado!


– David? - Disse, já achando que ele havia deixado o telefone jogado no sofá e ido fazer alguma outra coisa.


Hmmm… Ai ai… Tô sentindo que vou me arrepender mesmo… Ok, mas vai ser apenas um ensaio.– Dei um soco no ar e fiz uma comemoração em silêncio, Chuck viu isso como um bom sinal (dã) e começou a sorrir e dançar loucamente.


– Ok, muito obrigado!


Passei o endereço da casa - caham, porão- do Chuck e marcamos para ás 17h.



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Notas finais do capítulo

Era pra ter acontecido outras duas coisas nesse capítulo... Mas acho que ele já está muito extenso e tive que deixar para o próximo.



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