Porque Nada é tão Fácil escrita por CuteMari


Capítulo 15
Acerto de Contas




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Sai do quarto um tanto arrasada e fui direto para os braços de minha mãe, que me abraçou e me levou para casa. Passei o domingo inteiro como um zumbi. Olhar estático e pensamentos perdidos que iam longe. Eu estava um pouco incomodada com a volta as aulas. Sem a Lih eu acho que ficaria um pouco deslocada, ká que me afastei de todas as minhas outras amigas. E também temia o reencontro com Luís. Minha cabeça já via Júlia debochando e me humilhando na frente de todos.

Na segunda fiz questão de chegar em cima da hora e fui direto para sala me encolhendo na carteira. Mas eu fui burra ao imaginar que seria fácil passar despercebida com aquele gesso no braço. Mal bateu o sinal e a classe inteira já estava em volta de mim. Quer dizer, quase toda a classe. Júlia, Ana e Marina me ignoraram, não que eu não gostasse disso. E Luís se limitou a olhar de longe com uma cara indiferente mais um pouco hesitante.

Em pouco tempo já tinham umas 20 assinaturas no meu gesso e todos me afogavam em perguntas do hospital, do meu pai, do tratamento, de como é quase morrer. Eu já estava ficando injuriada e à beira de um ataque quando a professora entrou na sala. Bem-humorada como sempre, mandou todos se sentarem.

- Calma gente, ela ainda vai estar aqui no recreio e também no resto do ano. - Comentou me dando uma piscadinha. - Agora abram na página 64, cadê as tarefas?

É, ela continuava sendo a mesma Aimee, minha professora preferida. Aliás, todos continuavam sendo os mesmos comigo. Me trataram muito bem pelo resto do dia. Me sentia ótima, e só quem me incomodava era Luís. Que nem falou nada para mim, muito menos chegou perto. Só me olhava de longe, e tinha uma expressão estranha. Eu precisava falar com ele.

E eu criei coragem para fazer isso na saída. Ele saiu rápido e já estava indo embora, mas eu parei-o, enconstando minha mão no seu ombro por trás. Ele se virou assustado e gaguejou meu nome:

- J...Je.. Jenn?

- Bom dia para você também. - Disse num humor sarcástico. - Como passou seu tempo sem mim? Como via a Júlia?

- Pelo visto aquela cachorra da sua amiguinha te contou tudo, né? - Disse ele, de repente ficando seguro de si.

Pera aí, ele chingou a Líliam de cachorra?

- Você que me trai e a Líliam que é uma cachorra? - O sangue subiu a cabeça, ele não falaria mal da Lih pra mim e sairia inteiro. - Você me enganou, me usou, me fez de idiota na frente de todos e ela é uma cachorra?

- Jenn, vai devagar. Eu  não estava mentindo no primeiro dia. Eu gostei de você, você é sim muito linda e legal. Mas então você virou um chiclete, não largava de mim. Não me deixava mais ter vida social. Eu cansei sabia? - Ele também se estressou. Ai! - Então veio a Júlia enchendo minha cabeça de cíumes e coisa e tal. Eu só devolvi a ela na mesma moeda. E você nunca se tocava que parecia mais uma múmia parada me olhando do que uma pessoa. Você quem acabou com tudo, ok?

- Mas Luís? Eu... - Simplesmente não tinha como argumentar, será que ele estava certo?

Então ele ficou mais calmo, suspirou e arrumou seus cabelos.

- Olha Jenn, foi bom, mas eu não vou continuar com isso. - Segurou minha mão entre as suas e apertou com carinho. - Desculpa, mas você também sabe que não dá mais.

Eu fiquei paralisada, ele me deu um último e inesperado selinho e saiu. Me deixando lá, com o queixo caído e com a cabeça confusa.

 

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- Há, e a cachorra sou eu? - Disse Líliam depois de ouvir toda a história mais tarde, no telefone.

- Pois é. Eu disse isso pra ele. Mas depois ele me deixou sem palavras com o discurso sobre eu ser um chiclete. - Respondi ainda pensativa.

- E você acreditou? Jenn, ele é um garoto. É claro que ele ia te convencer de que a culpa era sua.

- Mas Lih, fazia sentido. Ele foi tão convincente, e eu tenho que adimtir que errei.

- Jenn, acorda minha filha. Esse tempo todo no hospital te fez perder a sanidade? Só porque você dá bola demais para ele ele se acha no direito de ficar dando em cima de outra?

- Líli! Ele ainda segurou minha mão e meu deu um selinho pra provar que era tudo verdade!

- Sim, um ótimo jeito de te deixar quieta e sair bem sem culpa. Bom, mas você é quem sabe. - Disse ela, retomando a calma. - Só espero que não se iluda de novo. Jure pra mim que acabou?

Hesitei.

- Juro. - Falei prometendo mais pra mim mesma do que para ela. - Lih, quando você volta? - Perguntei com a voz manhosa.

- Duas semanas. Eu sei que você aguenta!

É, ela tinha mas fé em mim, do que eu mesma.


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