Porque Nada é tão Fácil escrita por CuteMari


Capítulo 13
Quase em Liberdade - Parte 1




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Os dias até que passavam bem. Monótonos, mas bem. Eu me sentia isolada do resto do mundo naquele quarto de hospital. Aquelas agulhas, aparelhos, cheiro de limpeza permanente. Minha recuperação ia bem, sem mais complicações. O corte no pescoço já estava se fechando, mas a dor no braço ainda era um pouco frequente. Aos poucos, quando me levavam para um banho, eu ia descobrindo alguns arranhões e hematomas. Estavam espalhados por uma grande parte de meu corpo, mas parecia que não deixariam muitas cicatrizes. Embora, no momento, eu não pensasse muito em mim. O que importava era meu pai. Até que as notívias chegaram.

- Então, como vai a minha mais linda paciente? - Disse Dr. Caio sorrindo. Ele era o doutor encarregado de mim, estava sempre sorrindo como se eu estivesse feliz em saber que meu braço ficaria "só" mais um mês engessado. Mas eu gostava dele mesmo assim, era muito gentil e atencioso.

- Caio, eu tenho direito de te perguntar algo? - Perguntei hesitando. Estava na hora de ficar informada.

- Hum... Essa expressão eu conheço muito bem dona Jenn. - Então ele pegou minha mão e começou a medir meus batimentos, ignorando totalmente minha pergunta. Mas isso não me abalaria, então logo falei sem medo e nem pausas:

- Meu pai! Responde agora, como ele está?

- Calma aí, assim você altera os batimentos! Vou ter que começar de novo. - Disse ele como se nada tivesse acontcido, as vezes seu bom-humor me irritava.

- É sério Dr.! - Choraminguei. Estava a beira das lágrimas, eu não era uma criança que precisava ser protegida da verdade. Eu merecia saber o que aconteceu. - Por favor?

Ele me encarou sério. Depositou minha mãe na cama, e se sentou ao meu lado.

- Tudo bem Jenn. Acalme-se então. E eu te conto. Seu pai está bem. A cirurgia no fígado foi bem sucedida, mas houve um pouco de hemorragia interna. Não descobrimos direito o motivo e ele passará por outra cirurgia de rotina, pouco risco.

- Mas e sobre suas vertebras?

- Jenn, as vertebras romperam um dos tendões da medula e do sistema nervoso. Parte da conexão com o cerébro será perdida, principalmente na parte inferior do corpo.

- E isso quer dizer que ele não vai mais andar?

- Veja, minha filha. Ele está temporariamente paraplégico, resta saber se será temporário ou não.

- Resumindo, você falou tudo com palavras técnicas e complicadas para eu não entender e não ter medo? Não adiantou muito. - Respondi emburrada.

- Jenn, não é bem assim. Em quatro dias terá sua alta, e antes de ir para casa tenho certeza de que poderá conversar com Júlio. Agora chega de perguntas e se acalme pois eu preciso contar sua pulsação logo! - Ele já havia retomado seu humor, mas eu ainda queria saber muito mais coisas do que ele imaginava.

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Sim, é claro que aquela descoberta me animou, mas a felicidade não durou muito. No outro dia eu acordei um tanto animada, já conseguia me levantar e andar um pouco pelo quarto.

Tinham passados três dias desde que eu fiquei sabendo do meu pai. Eu estava louca e impaciente para ir embora. Mas agora eu estava apenas sentada na cama, esperando a visita de Lih. Ela já não estava mais no hotel com minha mãe. Minha vida havia parado, a dela não e por isso ela ainda tinha que frequentar a escola. Mas hoje era sábado e ela prometeu que viria.

Então minha mãe entra no quarto inesperadamente, sorrindo. Ela andaba bem-humorada agora que eu estava bem.

- Bom dia filhinha!

- Mãe,  e a Líliam? - Não escondi minha decepção. Eu precisava de uma companhia adolescente agora.

- Erm, Líliam? - Hesitou com cara de arrependida. Bom, ela não falou com você né?

- Fala logo Dona Joyce! - Eu estava paciente, todo o mistério que faziam comigo esses dias estava me irritando.

- Ela teve que viajar para o Paraná. Sua mãe está com problemas com seus documentosm acho que foi assaltada. E como lá é a Terra Natal deles, terão que passar uns tempos por lá até ajeitar tudo.

- Uns tempos tipo quanto? - A resposta tinha doído como um tapa na cara. Não seria fácil retornar à rotina sem o apoio dela. Nem um pouquinho.

- Um mês no mínimo Jenn. Mas o que eu posso fazer? - Joice começava a ficar brava com o assunto. E eu estava muito apreensiva em que isso tudo iria gerar.

Então a enfermeira entra no quarto sem pedir licença, mal-humorada informa:

- Dr. Júlio mandou eu te chamar. Venha comigo.

Nem esperou e já foi arrumando minha cama. Desconectou os aparelhos, tirou o soro do meu braço e mandou que eu me trocasse rápido. Ainda cambaleando um pouco fui até o banheiro para tirar aquela camisola. Estranhei o pedido, mas vestir roupas normais foi um alívio e tanto.

Eu segui a enfermeira e minha mãe se sentou na área de espera quieta. Não entendi o ato mas continuei o caminho pelos complicados corredores. Até que nos esbarramos com Júlio que segurava um pequeno documento em suas mãos.

- Eu tô de ALTAAAA??? - Me exaltei um pouco e acabei gritando. Logo depois me senti culpada ao olhar o pequeno anúncio de silêncio e o bico emburrado da enfermeira que ainda não se retirara. Tapei minha própria boca com as mãos.

Júlio se limitou a sorrir discretamente e me entregar o papel.

- Mas está na hora de cumprir minha promessa. - Então ele indicou a porta  que estava atrás dele. - Ele acabou de acordar e acho que ficará feliz em te ver.

E sim, dentro daquele quarto quem me olhava eram os olhos claros e a expressão serena, embora sofrida, de meu pai.


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E aí? Como vocês acham que vai ser o encotro da Jenn e do seu pai? Como será que ele esta? Não percam o próximo capítulo, lembrando que dps disso ela está de volta para a escola. Como será que Luís vai recebê-la?

Bjos ;D

 


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