Is What We Are? escrita por bolkan


Capítulo 3
Good night, Rick. Good dreams for u.


Notas iniciais do capítulo

Estou seguindo a linha de pensamento. :)



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No capítulo anterior

-Ma-Martha? Alexis? Há quanto tempo estão aí?

-Acabamos de chegar, querida. Por quê? Aconteceu alguma coisa? – Martha perguntou disfarçadamente.

-Na-Não, nada. – E sorriu, mas sem sair do lugar onde estava, e sem largar a mão de Castle.

***

Martha e Alexis ficaram olhando Beckett por alguns segundos sem falar nada. Então baixaram o olhar para as mãos deles, que estavam unidas graças ao aperto de Beckett. Percebendo o olhas das duas, Kate soltou a mão dele, enrubescendo.

-Kate, você não quer ir pra casa descansar? Soube que não saiu daqui desde que tudo aconteceu. – Martha falou, com certa tristeza na voz ao mencionar o acontecido.

-Martha... Agradeço sua preocupação, mas eu... Não posso. – Falou soltando um suspiro.

-Não pode? Mas por quê?

-Por quê... – Ela não contara sobre o Castle lhe dissera quando fora baleado, e não saberia se deveria contar. – Eu... Eu não posso sair daqui antes de falar com ele, Martha... Ele... – E se calou tentando achar as palavras. Não sabia se deveria contar.

-Tudo bem, Kate. Não precisa se explicar, eu entendo. Fique a vontade.

E aproximou-se do filho, acariciando o rosto dele com ternura.

-Meu menino, sempre soube que tinha feito um bom trabalho. Você é um bom homem. – E beijou-lhe a face. Depois levantou-se, enxugando uma lágrima que descia teimosa e indo acomodar-se em um das camas do quarto.

-Alexis aproximou-se evitando o olhar de Beckett.

Olhava o pai, desolada.

-Pai, por favor... Não morra. – E assim como Beckett e Martha, pôs a mão no rosto do escritor, fazendo-lhe mais um carinho.  Segurou a mão do pai. – Você é tudo o que eu tenho, pai. Não morra, por favor. Quem iria brincar comigo e me fazer ver o lado bom das coisas? Fique bem, ok? – E beijou-lhe a testa, indo se sentar junto a Martha.

Beckett enxugava as lágrimas que riscavam seu rosto. Sentou-se novamente, sem nunca largar as mãos de Castle.

-Volta, Rick... Volta. Por favor... – Falava baixinho.

E assim as horas se passaram. E o monitor cardíaco continuava preenchendo o silêncio da sala, lutando contra os sons produzidos pela televisão, que fora ligada por Martha, e com o som do respirador que enchia os pulmões de Castle com ar, e retirava. Quase uma sinfonia os barulhos misturados. Kate estava adormecida sobre a mão de Castle, que ainda estava presa entre seus dedos. Ela só o largava quando precisava ir ao banheiro ou ia comer, mas para logo em seguida agarra-lhe a mão e não larga-la novamente.

Alexis dormia tranquilamente ao lado da avó, que também dormira, esquecendo-se de desligar a televisão. De repente, ouviu-se um barulho de tosse, não muito alto, e Kate olhou para cima e pôde ver Castle engasgando com o respirador, e antes que Martha ou Alexis pudessem acordar, ela apertou o botão que chamava a enfermeira. Alguns instantes depois, a enfermeira chegou, retirando o respirador do escritor, que agora já respirava por conta própria.

-Vou chamar o Dr. Joseph.

E Kate, mais uma vez, não pôde deixar de sorrir. Ele estava reagindo. Agora respirava por conta própria, sem serem necessário aparelhos. Uma lágrima de alegria manchou-lhe o sorriso.

-Boa noite, Detetive Beckett. – O médico chega indo direto examinar o escritor. – Vejamos como está nosso paciente. – E com o estetoscópio ausculta o peito de Castle, horas mais embaixo e depois mais em cima. – Hum...

-E então?

-Bem. Os pulmões estão bons, dado a situação e aos ferimentos. Ele já está respirando sozinho. Agora é esperar para ver se ele acorda.

-Mas... Se ele voltou a respirar sozinho, isso não é um bom sinal?

-Bem, um bom sinal é. O corpo está se recuperando do trauma, mas por enquanto, não temos garantia nenhuma de que ele acordará. Para ser sincero, já fizemos alguns exames de atividade cerebral e o limiar dele estava bem baixo. Não digo que ele está em como ou em estado vegetativo permanente, mas não temos certeza se ele irá acordar. Agora... Ele voltou a respirar sozinho rapidamente, isso pode mostrar que ele está se recuperando rapidamente e que logo estará acordado falando com vocês. – E saiu do quarto, deixando uma Beckett ainda confusa. Não sabia se ficava feliz ou apreensiva. Estava sentindo tudo, e a esperança que aumentava, acabava por diminuir. O medo de perdê-lo subia por sua garganta sufocando-a e arrancando-lhe lágrimas teimosas.

Não teve disposição para acordar Martha ou Alexis. Ambas mereciam saber de Castle, mas era uma notícia de falsa esperança, que era boa, mas não por completo, e ela não estava pronta para transmitir isso para elas naquele momento, estava tentando lidar com o que ela mesma sentia em relação a tudo.

Chegou perto do leito dele, pegando novamente a mão dele na sua, e acariciando mais uma vez.

-Oh, Castle. O que farei sem meu escritor predileto? – E encostou a testa na bochecha dele. – Eu já perdi minha mãe, não posso também perder você.  – E sem perceber o que fazia, beija-o nos lábios sem vida. Um beijo molhado pelas lágrimas. Um beijo amargo. E chora ainda com a cabeça encostada na dele.

A noite foi longa para Beckett, os pesadelos que mostravam ele morrendo a fizeram suar frio e acordar sobressaltada, várias vezes.

“Ela andava pela rua com Castle em seu encalço, falando de teorias para àquele caso.

-Podem ser lobisomens. Criatura das trevas milenar que assombra as pessoas, sob a ameaça de morte e de amaldiçoa-las com o mesmo mal... Ser um monstro.

-Bem, Castle, acho que não foi um...

E tudo desparecia, e se via no necrotério, com Castle morto e aberto sobre a mesa. Dilacerado.

-Ele foi atacado por um monstro.

E Kate gritava desesperada.”       

De manhã ela estava acabada.

***

Os dias se passaram sem grande alteração do quadro clínico de Castle. Estava respirando sozinho, com bons batimentos, e tudo em perfeita ordem. Mas sem explicação, ele não acordava. Os médicos o declararam em coma por tempo indeterminado. Beckett não havia saído do hospital em nenhum dia. Ficava a acompanha-lo incansavelmente. Martha e Alexis voltaram para casa, e continuavam a ir ao hospital todo dia. Mas Martha tinha que cuidar de outros assuntos, e Alexis não podia continuar perdendo aula.

Kate fora chamada para resolver casos de assassinato. A nova capitã chegou ao distrito e exigiu sua presença, mas ela não apareceu, e não se importou. Poderia perder o emprego, não se importava. Algo, ou melhor, alguém mais importante estava naquele hospital, e ela não poderia deixa-lo. E nem se sentia pronta para isso.

Com Alexis e Martha longe do hospital, Beckett se sentia mais a vontade para conversar com Castle, ou mesmo para beija-lo de leve, uma vez ou outra.

-Bom dia, Rick. Sabe, decidi reler alguns dos seus livros. Você nunca soube, mas eu sou sua fã há muito tempo. Acho que você supõe isso, mas eu sempre tentei fazê-lo acreditar do contrário. Na verdade, seus livros me ajudaram a superar a perda da minha mãe, há um tempo. A dor que eu sentia todo dia por tê-la perdido. – Pausou o que falava, sentindo as lágrimas querendo sair. Estava chorando muito ultimamente. – Ma-Mas e se você morrer, Rick... O que eu vou fazer? Como vou superar? Não terei mais livros seus para me ajudar, e eles me farão lembrar você sempre, como morreu por mim, que buscava solucionar um crime antigo, estúpido. Como eu posso me perdoar por você ter sido baleado por que eu não deixei os fantasmas da morte da minha mãe me deixarem? Vou acabar querendo caçar os assassinos ainda mais. – E novamente a pausa, tentando conter as lágrimas que vinham com mais força, deixando-lhe a voz lamuriosa. – Como vou responder o que me disse no cemitério?

Mas não houve resposta, como sempre. Eram sempre conversas mudas, que começavam descontraídas e acabavam com ela chorando.

-Bem, que tal eu ler alguma história pra você? Acho que seria bom, enquanto você está dormindo... – Dormindo... Não podia dizer pra ele que estava em coma, ou era dizer para si mesma? Precisava se dar um pouco de fé.

Todos os dias as enfermeiras iam, examinavam-no, e eventualmente escreviam algo no prontuário. Kate comia cada vez menos, perdera a vontade, e só queria saber de estar com ele ali. Toda noite ela realizava o mesmo ritual, e todos os dias.  Contava-lhe algo que aconteceu no dia, alguma novidade, desejava-lhe boa noite, e pedia que ele acordasse para poder participar do que acontecia. Toda noite, sem falta, ela conversava assim com ele. E toda noite ela evitava ir dormir, com medo dos pesadelos que mostravam-lhe sua morte.

-Boa noite, Rick. Sabia que Alexis está apaixonada? Na verdade, ela está namorando, soube hoje. É um rapaz realmente fofo, Ashley... É, eu sei, nome de menina, mas isso não o desmerece em nada. Você iria gostar dele. – E se levanta, para poder encara-lo e passar a mão por todo o seu rosto. – Você tem que acordar para ver essas coisas, Castle. Está perdendo toda a diversão... – E o beija, aquele mesmo beijo sem vida e amargo de toda noite. –Não vou te deixar até você acordar, ouviu? Nem que eu passe o resto da minha vida aqui nesse hospital. – E sentiu um leve aperto em sua mão. Olhou para as mãos unidas, espantada.. – Você mexeu a mão, Castle? Mexe de novo... – Nada – Por mim, mexe de novo... – Mas nada acontece. E ela começa a achar que foi tudo invenção da sua mente desesperada. – Tudo bem, Rick... –As lágrimas escapando-lhe sem controle. – Amanhã... Amanhã você consegue, ok? – Encosta a cabeça na dele. – Boa noite, Rick. – Diz, dando-lhe um beijo de boa noite. – Sonhe comigo... –E adormece, cansada pelas noites intranquilas.

Àquela noite não foi diferente. Sonhou com ele, mais uma vez. Os sonhos eram diferentes, mas sempre acabavam do mesmo jeito. Ele morto.

***

Ela estava em sua cama, na cama de Castle. A noite tinha sido inesquecível, ele era melhor do que ela imaginara e fantasiara tantas vezes. Agora estava deitada em seu peito, acariciando-o e sentindo o movimento de seu tórax respirando. Ele a acariciava no braço.

-Sempre quis você aqui. – Diz ele.

Ela sorri pra ele.

-E eu sempre quis estar aqui, Rick. E aqui estou eu.

-Beckett... Não me deixe...

-Que história é essa, Rick? Não vou deixa-lo, eu quero ficar com você. Eu terminei com o Josh pra ficar com você. Por que diz isso? - Perguntava confusa.

-Por que... Eu te amo... – E a voz perdendo a força.

Ele fecha os olhos e então ela percebe algo molhando os lençóis, sua mão, seu corpo. É sangue, e ela se desespera. De onde vem tanto sangue? E percebe que é dele. Está escorrendo pelas costas dele, encharcando os lençóis e o colchão, e pintando tudo com um tom de vermelho vivo.

-Rick... – Ela mexe nele, como se pudesse acorda-lo. – Rick! Castle! – Mas ele está inerte, sem vida. – NÃAAAAAO!


-NÃAAAAAAAAAAAAAAAO! – Ela acorda assustada, suado. Olha para Castle deitado na cama, ainda em um sono tranquilo. Levanta-se da cadeira e vai até ele. – Não suporto mais esses pesadelos, Castle... Você morrendo, não é algo que eu queira sonhar, imaginar, pensar... Já basta tê-lo visto sangrando após ser bale... – E não conseguiu terminar a frase. Sendo interrompida pelas lágrimas. – Meu mundo não está completo se você. Sem você com suas teorias mirabolantes - E sorri fracamente -  Não me deixe, Rick. Não me deixe, “por que... eu te amo”.

E em um impulso, sobe em sua cama e deita-se se aconchegando ao seu lado.

-Posso dormir com você hoje? Preciso sentir que você está vivo... – Mas não obteve resposta. – Boa noite, Rick. – Beijou-lhe ternamente os lábios, para então adormecer em seus braços. A mão em seu peito, sentindo-o vivo sob seu toque. Sentindo o subir e descer do tórax, respirando ritmadamente. Sentindo o coração que batia “Lup-Dup” e deixava claro que àquele corpo ainda estava vivo. Sentindo o calor do corpo dele aquecendo seu corpo fino. E adormeceu tranquila, sem pesadelos. Ele estava vivo, e ela estava com ele, em seus braços.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Próximo capítulo já está sendo escrito.