A irmã mais velha de Lily, Petúnia, estava lendo em voz alta. Ela lia uma história aborrecida, a história do Rei William ou alguma coisa parecida. Lily estava entediada, mal conseguia prestar atenção na história que sua irmã contava, Lily já havia lido o livro. Então para se distrair, Lily fez uma coroa de lírios para sua gata Prim. Sua irmã parou de ler, olhou para ela com um ar severo e disse:

- Você poderia fazer a gentileza de prestar atenção em sua lição de história?

Lily tentou, mas ela não conseguia prestar atenção na história que sua irmã lia. Aí ela disse para si mesma:

- No meu mundo os livros só teriam gravuras!

Era uma ideia realmente maravilhosa! Um mundo só para ela.

- Tudo seria absurdo! – falou ela. Prim balançava a cabeça concordando.

Lily se deitou na grama e pensou sobre isso um pouco mais. A voz de sua irmã a estava deixando sonolenta.

- Você seria uma pessoa, Prim. E os outros animais também! – continuou Lily.

Dito e feito! Era o que estava acontecendo, quando o Coelho Branco passou correndo por elas.  

- Oh! Pelos meus pelos e bigodes! – gritou o coelho olhando para seu relógio de bolso – Eu estou atrasado! Eu estou atrasado! Eu estou atrasado!

- Isto é muito curioso! O que faria um coelho ficar atrasado? – imaginou Lily – Senhor! – ela o chamou.

- Não tenho tempo para saudações! Adeus! – respondeu o coelho.

- Deve ser alguma coisa terrivelmente importante. Uma festa... Ou sei lá! – decidiu Lily.

Ela seguiu o coelho até um buraco no tronco de uma árvore, e espiou dentro.

- Que lugar estranho para uma festa. Você sabe Prim, nós realmente não devíamos estar fazendo isso! – falava Lily enquanto se apertava para entrar dentro do buraco – Além do mais, nós não fomos convidadas, e curiosidade quase sempre nos traz problemas...

Prim mal pode ouvir as últimas palavras, porque Lily foi desaparecendo de suas vistas para dentro do buraco da árvore.

- Adeus Prim! – ela falou. Ainda bem que a saia de Alice se abriu como um grande guarda chuva, impedindo que ela caísse muito depressa. Enquanto caia pelo buraco, teve tempo de observar uma porção de coisas esquisitas nas paredes: lâmpadas e espelhos de cabeça para baixo e...

- Oh! – disse Lily quando seus pés bateram no chão.

Lily olhou à sua volta. O Coelho Branco estava quase no fim de um longo corredor.

- Espere, por favor! – Lily gritou. Mas ele nem olhou para trás, então Lily resolveu segui-lo.

No final do corredor havia uma porta. Ela a abriu, e encontrou outra porta menor. Entrou e abriu outra ainda menor, e mais outra tão pequena que ela não poderia passar.

- Por que você não tenta a garrafa em cima de mesa? – sugeriu a maçaneta da portinha.

No rótulo da garrafa lia-se “Beba-me”, e foi o que Lily fez. O líquido tinha gosto de torta e maçã e peru assado.

- Meu Deus! – Lily gritou quando viu que ela tinha diminuído e ficado menor que a garrafa.

Mas pelo menos agora ela tinha o tamanho exato para passar pela portinha.

- Ah! Esqueci de dizer que eu estou trancada! – falou a maçaneta.

A chave estava em cima da mesa, muito longe para Lily alcançar já que tinha diminuído de tamanho.

- O que deverei fazer? – ela perguntou.

- Tente a caixa! – sugeriu a maçaneta.

Ela não tinha visto aquela caixa antes. A caixa continha um biscoito cin yn rótulo que dizia: “Me coma”.

- Está bem! – disse Lily começando a comer o biscoito. No mesmo instante, ela começou a crescer... Crescer... Até que sua cabeça bateu no teto. Ao se ver tão grande, Lily começou a chorar e parecia que não podia parar. O chão começou a ficar inundado com as lágrimas de Lily.

- A garrafa! – gritou a maçaneta. Lily agarrou a garrafa e tomou um gole.

Sabem o que aconteceu logo depois? Lily ficou pequena de novo, e aí caiu dentro da garrafa e flutuou dentro dela no rio que suas lágrimas formaram.

- Não deveria ter chorado tanto.

Havia uma porção de criaturas estranhas no rio. Parecia que estava havendo uma competição. Lily pediu ajuda a Dodô, que ia passando, mas ele estava muito ocupado fazendo suas anotações.

Mais tarde Lily viu de novo o Coelho Branco, e o seguiu pela beira de rio e depois dentro da mata. Mas ao invés do Coelho Branco, ela encontrou dois caras muito esquisitos chamados Twiddle-Dee e Twiddle-Dum. Eles lhe contaram uma longa e triste história de uma foca, um carpinteiro e umas ostras. Lily saiu de mansinho antes que eles resolvessem lhe contar mais uma.