Estórias De Terror escrita por Katagyu Suzuki


Capítulo 2
E o que você faria?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal~ Eu sei que vocês estão bravos comigo porque demorei pra postar. Mas bem. Tenho várias explicações para isso. Uma delas é que acabou a criatividade. A outra, é a preguiça. A outra é que tive problemas pessoais aqui em casa. E tem uma outra ainda que caiu um copo de água no meu computador antigo que tinha os dois capítulos que eu havia preparado aqui, e tive que esperar até o meu aniversário (31/10) pra conseguir um outro.
...
De qualquer forma, aqui está um dos capítulos que finalmente consegui terminar de escrever. A narração é em segunda pessoa mesmo, não estranhem.
Nos vemos nas notas finais~!



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Você está andando calmamente pela rua. A sua internet caiu, e, aproveitando a situação, sua mãe mandou-lhe passear um pouco. Entregou-lhe seu celular e algum dinheiro, mandando-lhe comprar alguns sorvetes para você no mercado perto da sua casa. Você queria ficar em casa fazendo qualquer outra coisa, mas sua mãe continuou insistindo – e, naquele tempo, um sorvete não iria cair mal.

Depois de comprar o número de sorvetes o suficiente para que o dinheiro desse certinho, você começou a voltar pra casa, já pegando um dos sorvetes de seu sabor favorito e colocando-o na boca. Você já estava chegando em sua casa quando, em uma pequena subida, uma garrafa de vidro acaba rolando até bater em seus pés.

Curiosamente, você pega a garrafa, sentindo que ela está molhada. Levanta uma sobrancelha, estranhando. Suspirando de raiva por seja lá quem fosse o porco/a porca que jogara uma garrafa plástica no meio da rua, você pega a garrafa do chão, indo jogá-la no lixo.

Porém, você percebe que dentro da garrafa tinha uma mensagem. Apesar de achar super clichê, você tira a tampa da garrafa e pega a mensagem mesmo assim. Por incrível que pareça, a pessoa que fechou a garrafa, fechou muito bem, já que a carta estava completamente seca. Com isso, você chegou à conclusão de que, seja lá o que estivesse escrito ali, era algo importante. Sem mais delongas, começou a ler a carta.

Bom dia, meu leitor/minha leitora anônimo/a.

Sim, eu digo ‘bom dia’, porque essa é uma saudação para qualquer parte do dia, se você pensar. E não apenas uma parte como ‘boa noite’...

Bem, chega de explicações. O meu nome é Alexandra. Meu sobrenome não lhe diz respeito. E acho melhor assim. Estou escrevendo essa carta como... Como uma nota de suicídio, pode-se dizer.

Se for um policial que encontrou isso e leu até aqui, saiba que ninguém me matou. Peço, por favor, que não culpe ninguém pela minha morte... Bem. Como é uma nota de suicídio, devo explicar aqui os meus motivos para tal feito.

Eu tinha... Eu tinha dois filhos. Dois gêmeos. Um casal. E nós quatro, contando com meu marido, éramos felizes. Porém, um dia, meu marido foi demitido de seu emprego injustamente (parece-me que ele discutiu com outro empregado queridinho do patrão).

Não deu trabalho para ele arranjar outro emprego. Mas foi aonde ele arranjou que nossa vida começou a desandar totalmente.

Pelo o que diziam, era um lugar realmente fácil de contratar. Mas não era um bom serviço. Diziam que o lugar era lotado de demônios. Minha família é ateia, então não nos importamos com os boatos.

Porém... Dois dias depois de meu marido conseguir aquele emprego – aliás, agora, parando de devanear um pouco sobre a minha família, percebo que meu marido nunca me mostrara o contrato do emprego que conseguira. – minhas crianças morreram.

Foi na saída da escola.

Minhas crianças voltam a pé. Estava esperando elas em casa quando meu celular toca. Avisaram-me da escola que elas foram atropeladas. Fui correndo até a escola, e ao ver a cena, comecei a chorar desesperadamente. Estava um cenário horrível. Um dos meus filhos estava esmagado contra uma árvore, e a outra estava embaixo do carro culpado pela morte dos mesmos, com a cabeça completamente esmagada.

Eu tive uma ânsia que acabei por vomitar lá mesmo. Tentaram recolher o corpo dos meus filhos para um funeral decente, mas os corpos estavam deformados demais para isso. Fiquei totalmente deprimida. Meu marido ficou frio demais. Mas, incrivelmente, ainda ia para o trabalho normalmente. Fingia estar feliz quando ia pra lá – ou estava, e fingia dentro de casa. Tinha uma vida normal fora de casa, mas quando voltava, não conseguia nem me encarar.

Aquilo era completamente estranho.

Porém, um dia, ele voltou mais pálido do que o usual. Eu estava na sala, assistindo TV, quando ele voltou. Largou sua maleta que sempre levava para o serviço ao lado dele, enquanto se sentava ao lado de mim.

Eu me lembro de cada uma das palavras dele.

Contou-me como era horrível o trabalho dele. Como estava surtando. Eu tentei acalmá-lo, mas era terrível ver a insanidade no olhar dele. Ele falava rápido demais, e estava com os cotovelos apoiados nos joelhos e a testa nas duas mãos, que bagunçavam constantemente a franja de cabelos pretos que toda a minha família possuía.

O trabalho de meu marido... Era ser um assassino.

Ele era apenas um ajudante, mas ainda sim. Quando lhe ofereceram um emprego, disseram apenas que ele seria um ajudante de escritório de um dos chefes do local. Mas não contaram que o chefe era um assassino. Por mentirem para ele, meu marido ameaçou-o de um processo. Mas falaram que iriam matar a família dele um por um caso o fizesse. E de qualquer forma, se ele também acabasse por fugir, iria também matar a família dele. E, com certeza, aquilo aconteceria, meu marido tinha total certeza daquilo. Como um aviso, eles mataram nossos dois filhos de uma vez só, deixando os corpos dos mesmos tão horríveis que não podiam nem ser velados com um funeral decente, com um homem suicida, também empregado deles.

Por isso meu marido ficara tão frio daquele jeito: porque ele causara a morte de nossos filhos. E por isso fingia na frente de quaisquer outras pessoas: para ninguém suspeitar de seu trabalho.

Mas o que me surpreendeu foi o que ele fez depois.

Levantou-se do sofá, e abriu a sua maleta. De lá, pegou uma arma, e apontou-a para mim. Enquanto pegava também várias balas e terminava de carregar a pistola, eu fiquei imóvel. Não conseguia falar nada. Meu marido também se tornara um daqueles assassinos nojentos? Ele se juntara por completo na instituição que matara os nossos próprios filhos? Que destruíra a nossa alegria? Agora eu entendia o porquê de dizerem que tinham demônios dentro daquela ‘pequena’ instituição...

Ele ainda continuava a balbuciar alguns crimes que o chefe dele obrigara-o a colaborar. Massacres inteiros. Ele não colaborava como um dos principais negociadores, e sim como um dos secundários, terciários. O nome dele (graças a Deus, se ele existir) não aparecia em nenhuma das negociações, e ele ganhava o preço justo por aquilo.

Você deve estar se perguntando como estou viva. Eu devo ter fugido da cena enquanto ele falava, não? Errado. Eu não fugi. Deixei-o que terminasse o ‘discurso’. E no final do mesmo, ele falou que tinha mais um trabalho pra fazer. E que esse trabalho o deixara completamente louco.

Ele teria que me matar.

Ele recusava-se de todas as maneiras possível, pelo o que me dizia. Mas os chefes não quiseram saber. Nenhum homem ou mulher poderia trabalhar lá tendo uma família ‘feliz’, ou qualquer pessoa para sustentar. E lembrando que eles iam me matar de qualquer jeito – se ele desistisse do emprego ou o fizesse –, meu marido simplesmente pegou a arma e a munição deles. E disse que a última coisa que ouvira da boca daqueles homens sujos fora ‘bom trabalho! Te esperamos amanhã!’ e algumas gargalhadas altas.

As últimas palavras que ouvi de meu marido foram as seguintes:

‘Eu prefiro me matar a ter que matar a minha própria esposa e continuar a trabalhar com aqueles porcos imundos’.

E por fim, a arma que ficou o tempo todo apontada para a minha cabeça virou-se contra a dele mesmo, e, em menos de um segundo, ele atirou. Meu marido foi morto na minha frente.

E isso, caro leitor/cara leitora, não faz muito tempo. Aproveitei-me de minha própria situação de não conseguir nadar – nunca tive a vontade de querer aprender – e peguei uma caneta, um papel e uma garrafa vazia na cozinha. Essas palavras estão sendo escritas em cima da ponte mais próxima de minha casa. E tenho certeza que o lago abaixo de meus pés tem uma grande profundidade. Ou, pelo menos, profundidade o suficiente para eu não conseguir sair viva dessa.

Meu marido não tinha permissão para espalhar todas essas informações que você está lendo, mas eu tenho. Aliás, ninguém pode obrigar um cadáver a não espalhar tudo isso, não?

Obrigada por ler até aqui.

– Alexandra.

PS: Sugiro que você tenha um pouco de medo daqui pra frente. Talvez tenha alguém atrás de você, um dos assassinos que procura por mim e por meu marido. Talvez tenha alguém atrás de você o tempo todo, a partir de agora.

Acredite. Eles conseguem descobrir tudo. Conseguem descobrir até que eu escrevi isso.”

Você está trêmulo? Achou tudo isso uma grande besteira? Os olhos estão arregalados sobre o que acabou de ler? Está rindo pela provável piada? Está achando que é uma pegadinha, que há câmeras escondidas nos arbustos perto de você, e você ira aparecer na televisão? Eu não sei a sua reação. Aliás, é você, não sou eu, um mero narrador inútil que está te observando no momento.

Mas você, ao se virar pra trás, se topa comigo. E cuidado, pois sou muito maior que você, e possuo uma faca extremamente afiada em minhas mãos.

Eu sei o que você leu.

Eu sei aonde você está.

Não adianta correr.

Eu vou te achar, mero leitor.

Você não vai escapar com essas informações com vida.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Eu sei que a história começou em segunda pessoa, e que terminou em primeira. Por isso mesmo que eu achei que a narração ficou péssima. -suspira-
Desculpe ter desapontado vocês. Espero que o outro que eu escreva seja... "Melhorzinho".
Dan-Aye!