Cap. 15 - Recomeço

Ao chegar a mansão que agora como fünrer lhe pertencia, Roy foi recebido pela irmã que estava uma pilha de nervos querendo saber como a história havia terminado.

- Roy!

- Mande alguém ao parque ao sul da cidade buscar o carro dela. – Roy joga a chave para a irmã –

- Não é melhor levá-la para um hospital?

- Ela só ficou nervosa demais, precisa de descanso.

- Tem certeza?

- Absoluta. Mais um minuto... E eu não teria certeza.

- Ok. Eu mesma vou buscar o carro.

- Tudo bem.

Roy sobe as escadas, põe a loira sobre a cama e cuidadosamente tira-lhe os sapatos e sobretudo.

- Foi por tão pouco...

O moreno ajeita as cobertas e sai do quarto. Sentia-se tão culpado por aquilo.

Jogou-se no sofá e ficou ouvindo um pouco de música clássica.

- Já voltou?

- Eu dirigi depressa, essa chuva não está brincadeira.

- Mais um motivo para dirigir com calma.

- Garotão, a irmã mais velha aqui sou eu. – Mellissa se senta ao lado do irmão –

- Três anos, grande coisa.

- Muita sim! Tenho mais juízo que você!

- Ok, Mell, agora faz silencio, minha cabeça está uma bagunça.

- A sua? Caramba, a mulher mata a única pessoa que se importou com ela na vida para Ti proteger, estava a beira de cometer um suicídio e a sua cabeça é que estava ruim?

- Por que ficar sempre lembrando que ele gostava dela? E eu?

- Você é um idiota! Teve a mulher do seu lado sempre e só se tocou quando ela se mandou!

- Também te amo!

- Olha, a Riza nunca vai esquecer essa noite e o Gabriel, mas você pode deixar uma marca nela amando-a do jeito que ela merece.

- Você acha que todos esses anos, desde que você apareceu para mim, quem era o meu maior assunto? Você vivia dizendo que não agüentava mais ouvir o nome dela...

- Ciúmes! Eu descobri que tinha um irmão a sete anos... Tinha medo da concorrência!

Mellissa abraça o irmão.

- Eu amo a Riz, mas também te amo! As duas únicas mulheres da minha vida!

- Únicas? Fala sério! Você é pior que corrimão de quartel, kami e o mundo já te alisaram.

- Com essa imagem que você faz de mim a Riza me abandona assim que eu virar as costas.

- E é mentira?

- Bem... Olha...

- Você já dormiu com Kami, o mundo e mais um pouco de gente!

- Eu amo Riz! Muito!

- Eu acredito nisso, mas sei lá... Vai que você tem uma recaída?

- Não. Eu só quero a Riza!

Mell via a determinação nos olhos do irmão. Ele realmente falava a verdade.

- Então cuide desse amor. Sério, você não vai achar outra louca para te amar como ela!

- Você está dizendo que a mulher tem que ser louca para me amar?

- Completamente!

Mellissa dá um beijo no topo da cabeça do irmão.

- Vou dormir. E você deveria fazer o mesmo, esse tempo sem a Riza te fez mal! Você está cheio de olheiras!

- Algum outro defeito?

- Uma lista, mas vamos parar por aqui! Boa noite, irmãozinho!

- Boa noite!

O moreno fica mais algum tempo ouvindo música antes de subir e a chuva do lado de fora não dava um tempo. A tempestade parecia que queria lavar a cidade.

Com passos lentos, entra no quarto e se dirige ao banheiro, precisava de um banho quente para relaxar e poder dormir bem. Mellissa tinha razão, estava um caco.

Olheiras profundas e uma cor branca que parecia que não tinha sol na cidade.

- Preciso me dar uns cuidados...

Roy sai do banheiro com uma calça de malha preta e uma toalha em volta do pescoço que era usada para secar os fios negros. Mas a cena com a qual se depara não é muito agradável, a loira se revirava na cama e suava frio.

- senta-se na ponta da cama perto dela – Calma...

A loira parecia sonhar com alguma coisa ruim. Falava palavras desconexas, parecia tão assustada. E de repente, levanta no pulo.

- NÃO!!!!

Riza olhava para os lados como se esperasse encontrar o que lhe afligia nos sonhos. A respiração estava descompassada, estava completamente perdida.

- Calma...

- Por que eu estou aqui? O que aconteceu? – ela pára para pensar – Um tiro, o Gabriel, por que eu não consigo me lembrar?

Riza põe a palma da mão testa.

- Shhhhhhh!

Roy põe o dedo indicador sobre os lábios finos da loira.

- Já acabou, não precisa ficar exaltada.

- Eu o matei, não foi?

A loira olhava para baixo.

- Matou.

- Maldita hora que eu não sai do exército, ou melhor, que eu entrei. Minha vida podia ter sido tão diferente...

- Diferente tipo não ter ficado ao meu lado?

- Olha, Roy, você me salvou, mas eu não sei se faz sentido. Por mais que não tivéssemos vivido tanta coisa juntos, eu não acredito que teria exitado em apertar aquele gatilho... Você entrou na minha vida sem pedir licença... Mas você não tem a obrigação de gostar de mim do mesmo jeito.

- Riza, você não lembra do que eu disse?

- Você só não queria deixar eu me matar. Eu entendo, depois de tanto tempo juntos você queria o meu bem...

- Larga de ser cabeça dura! Eu te amo!

- Eu já me conformei a muito tempo, foi só um baque, e não vai acontecer de novo!

- Eu não vou te deixar ir embora!

Roy abraçou a loira que ficou estática.

- Você não pode amar uma assassina.

- Como se eu não tivesse matado também.

- Eu não quero sofrer mais, por favor, eu só quero acabar com os pesadelos, com a solidão...

- Então larga de idiotice e fica comigo.

Riza não queria se sentir tão dependente de alguém. Mas sentia-se tão bem dentro daquele abraço, queria tanto aquilo pra si.

- Mas e amanhã?

- Eu acho que consigo diminuir o tempo dos tramites pela metade, fala a data que você quer e a gente casa.

A loira da um pulo para trás.

- Casar? Assim?

- Casar e o mais rápido possível. Eu já tenho trinta anos.

- Roy, eu ainda estou tão confusa, minha cabeça está doendo e...

Roy lhe dá um beijo apaixonado.

- ...Eu te amo.

- Ok, a gente casa mês que vem.

- Eu pensei que eu podia escolher a data.

- Estou delimitando seu tempo de escolha.

Riza não conseguiu deixar de sorrir e abraçar o moreno.

- Eu gostei disso, você vindo por iniciativa própria.

- Mas e o que todos vão falar?

Roy se acomodou encostando-se da cabeceira da cama com Riza enrolada nas cobertas sentada entre suas pernas.

- Todo mundo já achava que tínhamos um caso.

- Nunca entendi por quê.

- Talvez porque você estivesse sempre comigo e fosse meu braço direito...

- Ainda não vejo motivos.

- Você é racional demais, amor. Não vê coisas que não existem, já o povo adora uma fofoca.

-

-

A manhã amanheceu ensolarada. Nem parecia que na noite anterior havia caído uma tempestade. Riza estava dormindo de lado com Roy abraçando sua cintura, diga-se quase jogando todo o corpo sobre o dela.

A claridade faz com que ela abrisse os olhos devagar.

- Hum... – ela leva o olhar até o criado mudo onde havia um relógio – Sete...

Com muito custo ela se livra do abraço de Roy e passa atentar acordá-lo.

- Acorda! – ela chacoalhava Roy que continuava a dormir calmamente –

- Não mamãe... Mais cinco minutos!

Roy rola o corpo para o outro lado da cama e abraça um travesseiro.

- Humpf! – ela engatinha até o moreno – ROY MUSTANG!

O moreno se assusta, acorda desorientado e cai da cama.

- Que isso, onde é o incêndio?

Ele coçava a nuca.

- Já são sete horas!

- Você não quis dizer que AINDA são sete horas?

- Você tem que trabalhar, nós temos que trabalhar!

- Falta uma hora para o começo do expediente!

- E você vai demorar, no mínimo, uma hora e meia para ficar pronto.

- Eu sou o marechal!

- E por isso tem que dar o exemplo!

- Ok, você ganhou! – ele levanta, mas se joga na cama sobre a loira – Mas eu quero um beijo!

Ela lhe dá um selinho.

- Vaza!

- E isso lá é um beijo?

Ele rouba um beijo do tipo desentupidor de pia nela e rola passando para cima de si.

- Isso é um beijo!

- Você é demais... Agora a gente...

- A gente nada! Eu vou, mas você vai ficar.

- O que???

- Vai ficar sim! Você precisa descansar, fora que hoje vai estar uma falação naquele quartel. Você não precisa se lembrar do que sua mente apagou!

- Mas...

- Mas nada! Uma vez na vida me obedece sem precisar de patentes! Por favor...

- suspira – Tudo bem, mas quem me garante que você vai trabalhar direito?

- Você não vai estar lá, e eu gosto de enrolar para passar mais tempo que você!

- Acredito...

Ela sai de cima dele.

- Agora vai!

- Só mais um beijo!

Ele rouba outro beijo e sai correndo.

- Bobo.

Ela se afunda debaixo das cobertas, realmente, sua cabeça estava confusa. Riza braça o travesseiro e tenta voltar a dormir.

Continua...