Eles pareciam tão atordoados quanto eu. Pareciam confusos e assustados.

Eu tinha um arco, e lentamente o garoto levou a mão para dentro de seu casaco. Ele segurou um cabo. Ele tinha uma arma.

Droga.

Puxei uma flecha da aljava. Era um impasse. Se ele me atacasse , eu atirava.

Eu atirava... Droga, o que eu me tornei? Eu não...

– ! - um grito estrangulado saiu de meus lábios. A garota havia me atacado. Maldita falta de atenção!

Antes que me desse conta , a flecha já voava em direção da garota. Antes que me desse conta, um canhão soava.

O garoto parecia perplexo, como se a garota magricela do distrito 3 não pudesse ter feito aquilo, mas sua perplexidade durou pouco. Ele correu em minha direção.

Seu tamanho era maior, provavelmente seu peso também, mesmo tendo vindo de um distrito pobre. Estava para lançar uma flecha quando ele me derrubou. Segurava meus pulsos com força, mas eu tinha de dar um jeito. Mexi minhas pernas que, graças a Deus, estavam livres e consegui bater em suas costas com o joelho.

Quando ele caiu, peguei sua faca e enfiei com tudo em seu peito. Tudo parecia um borrão, e quando o canhão soou, cai na terra.

"O-o que fizeram comigo? O que eu fiz comigo? Eu nunca faria isso...Eu...Eu..."

Olhei para o lado. O sangue manchava a camiseta cinza do garoto e a flecha está enterrada na garota. O que eu fiz?!

Lágrimas quentes caiam livremente pelo meu rosto. Dane-se se me acharem fraca, por que é isso que eu sou. Uma covarde. Uma idiota. Uma estúpida. Alguém que a arena mudou.

Não percebi, mas estava enterrando minhas unhas em meus pulsos. "Pare com isso" pensei, mas não dava. Aquela era minha maneira de autopunição. Eu me sentia um lixo. Meu estômago revirou e tudo que tinha dentro dele foi botado para fora. Eu queria gritar, mas me segurei.

–Eu não estou bem... - murmurei baixo - Eu não estou bem...