Fascinada Por Você escrita por jhessy201


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!!



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Fascinada por você

 

Naquela rua morava um garoto esquisito. Diziam que era doente, mas, pra mim, era só mal incompreendido. Sempre usava blusas maiores que ele e falava por sinais com o avô surdo, aquilo não era crime, era? Eu era criança, e aliás, ainda sou, e nunca entendi porque falavam tanto daquele garoto. Às vezes ele ia buscar água no poço, mesmo no frio, vestido dos pés a cabeça com um macacão sujo e os olhos puídos. E eu, na minha inocência, perguntei-o se queria uma maçã. Ele disse não, provavelmente tinha sido ensinado a não aceitar nada de estranho, duvido até que quisesse aceitar algo dele mesmo. Seus olhos eram azuis como os rios que cortavam o nosso pequena cidade e seus cabelos se não fosse pela sujeira diria que eram claros, mas precisamente loiros. De fato, ele não era um garoto doente. Perguntei-o sobre seu avô. Ele me disse que não escutava desde a segunda guerra mundial, pois tinha sido atingido. Duvidei. Ninguém ganha surdez de armas, certo? Ajudei-o com a água e na minha vontade de fazer amizade, chamei-o pra tomar chá com meus ursinhos de pelúcia. Ele riu, e me disse que não tinha tempo: A mãe trabalhava desde muito cedo, a avó tinha morrido, o pai era piloto e o avô doente sobrava pra ele. Senti pena, mas, mesmo assim, me ofereci pra ajudar. Faltaria as aulas, e agudá-lo-ia a cuidar. Uma criança de dez anos sozinha nada pode fazer, mas duas juntas fazem muita coisa. Ele parecia concordar. No dia seguinte fugi da escola e ajudei-o a cuidar do avô. Foi basicamente difícil, já que eu não sabia nem como dizer um simples “tudo bem” em língua de surdo. Reparei que a história da segunda guerra era só pra parecer que sua vida era mais recheada, feito as bolachinhas mofadas de morango que a mãe dele deixava na cesta ao lado da cabeceira da cama. Ele me ofereceu uma, mas eu não peguei algo me dizia que elas eram designadas ao avô doentinho. No dia seguinte, fiz a mesma coisa. Dessa vez escapei mais tarde, a professora estava realmente desconfiada da minha falsa urticária. E devia estar mesmo. E continuei fazendo o mesmo durante dois anos e meio, até que o pai dele ameaçou sair do emprego e decidiu cuidar do pai para o garoto estudar. Ele não quis. Eu não quis. Já sabia até falar eu te amo em mudo, e numa dessas conversas de janela por janela, disse isso à ele. Não me leve a mal, doze anos, quase treze, tudo que uma garota queria na minha época era ser cortejada. Quando eu fiz catorze anos, o avô dele morreu. E acredite, foi sorte minha ninguém ter me visto fugir tantas e tantas vezes da escola, se mamãe soubesse, hoje já estaria morta. Eu peguei as mãos dele e disse que tudo ficaria bem, ele chorava, e as lágrimas limpavam-lhe o rosto de fuligem. Chorei junto, e em meu quarto, chorei separado. Conversando em sinais pela janela de cortinas rendadas, com o garoto da casa da frente. Com meu garoto esquisito. Quando fizemos dezoito, ele se alistou pro exército e me deixou com a promessa de que voltaria à tempo de nos casarmos, já que me amava tanto quanto eu retribuía. Seria uma história bonita, não é mesmo? Casaríamos, teríamos filhos, compraríamos uma bela casa em Abbey Road e andaríamos nas avenidas de mãos dadas. Um ano mais tarde ele voltou musculoso, braços rígidos, disse pra mim que ficaria… Caminhamos pelos campos de morangos, pelos escombros do que fora um dia a casa dele, pelos meus sonhos, abraços e beijos. Nos casamos. Três anos depois, o exército precisou dele. Numa batalha no Iraque, Irã, não sei ao certo. Sofri, chorei, calada supliquei para me trazerem-no de volta. Queria logo meu sonho, o queria logo. E trouxeram. Vinte e dois anos nas costas, eu no coração, como a bala que se alojou no peito e o trouxe de volta pra mim. Mas do jeito que não me parecia certo. Às vezes penso que supliquei errado. Hoje, com minhas rugas e cabelos brancos ainda converso em sinais comigo no espelho, esperando que, com um grande milagre, eu seja levada à ele. Dona Uzumaki me pergunta se ainda o amo, minha resposta é sempre. A gente nunca sabe quando a vida vai ter uma reviravolta dessas que te coloca de braços pro ar. A gente nunca sabe e se culpa por não saber. A gente nunca sabe quando alguém que a gente ama vai embora, sem chance de dizer adeus. 


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Notas finais do capítulo

Cometem Please!!! Me deixaria muito Feliz, mesmo que seja para criticar.