Me remexi na cama espaçosa e vazia, com os lençóis caídos à sua volta.

Resmunguei alguma coisa, que logo me esqueci e então abri os olhos.

- Bom dia. – disse minha mãe, trazendo meu café da manhã na cama.

- Bom dia.  – disse, apesar de que seria mais um dia rotineiro e completamente chato como todos os outros. – Não precisava disso mamãe, eu ia tomar o café da manhã na mesa. – disse me levantando para poder apreciar o café reforçado da mamãe.

- Não quero que brigue com seu pai, filha. – ela disse séria, deixando o café da manhã para que eu comesse-o em paz.

Coloquei a bandeja de lado e me levantei.

Abri a cortina.

Estava um dia lindo lá fora. Um sábado perfeito.

Estiquei as cortinas, deixando a luz invadir e dominar o quarto, dando luz e vida ao espaço gigantesco que eu chamava de quarto... que com certeza daria uma casa inteira de uma pessoa simples.

Meu pai, Thomas Fantili, estadunidense, empresário e completamente careta.

Por conta dele minha vida era extremamente um SACO.

Nada de bom acontecia nela.

Enquanto lá fora eram feitos mil convites para eu viver a vida, meu pai dizia “Não, você não vai sair, é muito jovem para isso”.

Traduzindo: Não, você não vai sair, quero estragar sua adolescência e sua juventude, quero que você morra sozinha e sem nenhuma aventura na sua vida para contar à seus netos, quero que você vire freira e que por favor, nunca mais tenha algum amigo.

Minha mãe, Stephenie Reece Fantili, simplesmente concorda com tudo que meu pai fala. Não que essa seja a opinião dela... Vai ver ela só está ocupada demais em ser a estilista mais renomada da América ou algo do tipo.

Eu, Katheryn Ronnie Reece Fantili. Me chame só de Katy ou Ronnie, por favor.

Tenho 17 anos, estudo o último ano no Colégio Charlotte West, ou simplesmente CW.

Peguei umas torradas e bebi o suco. Deixei a bandeja lá em baixo e subi correndo para tomar um banho.

Estava pronta.

Shorts jeans velho, rasgado. Uma blusa branca com os dizeres “I ♥ Brasil“ após a bandeira do Brasil.

É, sou brasileira, com muito orgulho, mas me mudei para Los Angeles – Califórnia assim que meu pai se tornou empresário de uma atriz daqui.

Coloquei meu Ray-Ban e meu all star.

Estava pronta.

Apesar disso, deitei-me na cama e mexi na internet até ver que o sol iria se pôr em alguns minutos.

Desci as escadas.

- Oi. – disse meu pai.

Revirei os olhos.

- Tchau. – peguei minha bolsa que estava no sofá, assim como a deixei ontem ao chegar da escola.

Peguei a chave do meu carro – esse era o bom daqui, eu já podia dirigir.

Liguei a Mercedes preta e acelerei fundo.

Parei em frente a um shopping e fui até a máquina de sucos.

Peguei um copo e selecionei “Suco de Uva”.

Me virei para ir embora, mas me deparei com um homem moreno, da minha altura basicamente, de camisa xadrez, calça jeans, óculos Ray-Ban e chapéu bege com uma pena na lateral.

Me virei de novo para a máquina e esmaguei o copo em minhas mãos, fazendo o suco vazar e se esparramar no chão.

Já tinha sujado toda a minha camiseta e provavelmente meu short também. Por sorte na minha bolsa que continuava comigo, eu tinha umas roupas – que selecionei tentando dormir na casa da Sarah, minha melhor amiga, recebendo um curto e grosso NÃO de meu pai, óbvio.

Girei nos calcanhares para olhar o homem, diga-se de passagem, muito sexy. Perdi a fala e não conseguia me lembrar de como respirar.

Ele era simplesmente um sonho.

Não conseguia respirar, não queria respirar, queria olhar para ele.

Eu acho que me apaixonei... É, deve ser assim que os apaixonados grudentos da minha escola devem se sentir.

- Opa. – disse ele sorrindo. Um homem musculoso ao seu lado com sorriso sapeca começou a rir descontroladamente. O homem sexy continuava me encarando por trás dos óculos, ao que parecia. Um sorriso sapeca parecia dançar em seus lábios também.

Joguei o copo, já vazio de tanto que o esmagara entre as mãos, no chão.

- Tudo bem. – eu disse estridente.

O homem sexy continuava me olhando. Olhou para o amigo musculoso do lado e então ele balançou a cabeça, fazendo-o entrar no shopping.