Drew looks at me. I fake a smile so he won't see that I want and I'm needing everything that we should be.

"Talvez se não fossemos amigos há tanto tempo", penso.

Ele ainda está olhando para mim. Eu dou o meu melhor sorriso, talvez ele nem perceba que é nele que estou pensando. Pensando em tudo que quero e preciso há mais de cinco anos. Pensando nele ao meu lado, sendo bem mais que apenas melhores amigos.

Então ele aponta para a frente da sala, onde nossa professora de história está. Ele continua apontando até eu me virar para a frente e ver que toda sala está me encarando.

–E então, Júlia? -Sra. Rivera fala com seu sorriso simpático estampado na cara.

–Oi? -Digo balançando levemente a cabeça pra tirá-lo de lá.

–A resposta da pergunta que eu te fiz, o que foram as leis intolerantes? -Ai meu Deus! Eu sei a resposta. Eu sei a resposta. Eu não sei a resposta.

–Bem, as leis intolerantes foram... -Ai meu Deus! Ai meu Deus! -Foram... –O sinal toca. Salva pelo gongo. Nunca fiquei tão feliz em escutar a sirene para uma aula de álgebra com o Sr. Shane.

Jogo todo o meu material dentro de minha mochila e saio quase correndo para o meu armário.

–Era nele que você estava pensando, bebê? -Sim, Andrew, eu estava pensando em você.

–Não. -Álgebra. Cadê você livro de álgebra? Cadê você? Ah, te achei, danadinho. -Tenho que ir, Sr. Shane ficará bravo se eu me atrasar de novo.

–Eu te levo lá. -Ele pega o material de minhas mãos e começa a andar em direção a sala de minha próxima aula.

–O prédio de biologia fica do outro lado do colégio, Drew. Não precisa me acompanhar, você vai se atrasar. -Digo enquanto o sigo.

–A Anita me adora, ela não vai se importar. -Reviro os olhos. Esqueci que ele tem tanta intimidade com a Srta. Mello. Isso me irrita completamente.

Ando até a minha aula sem falar absolutamente nada, apenas escutando o Andrew tagarelar sobre a festa de sexta a noite. Ele beija minha bochecha e sai correndo em direção a sua aula enquanto entro na minha envergonhada.

–Como você conseguiu? -Um garoto no meio da sala pergunta a mim.

–Consegui o que, Léo? -Observo como ele balança levemente a cabeça pra colocar o cabelo loiro no lugar.

–Chegar na hora. -Coloco minhas coisas na carteira ao lado da carteira dele, a minha carteira.

–Conseguindo. -Dou de ombros.

–Conseguiu se livrar do seu Parker?

–O Andrew não é meu e, pelo contrário, ele veio me trazer aqui. Acho que é por causa dele que estou aqui na hora certa. -Sento-me virada para ele, mas me viro pra acabar com a conversa.

–Você está perdendo tempo com aquele garoto, Júlia. Ele é um idiota. -"Tanto quanto você ou mais?", foi o que eu quis perguntar.

–Ele é um ótimo amigo. -Digo com raiva.

–Vão para suas cadeiras, crianças. -Sr. Shane disse enquanto se levantava. Te amo Sr. Shane.

Não consigo prestar nenhuma atenção na aula, as palavras do Sr. Shane parecem não surtir nenhum efeito sobre mim. A página aberta do meu caderno permanece em branco e não respondo nenhuma das perguntas que costumo responder nas outras aulas. Não dá. Felizmente é o último horário do dia e eu poderei voltar pra casa em menos de quinze minutos. Com o Andrew.

Corro pra fora da sala assim que o Sr. Shane nos libera três minutos antes do toque. Vou para o prédio de línguas procurar a minha carona.

–Finalmente você apareceu, achei que já tinha ido embora e me deixado aqui. -Digo assim que vejo os cabelos ruivos de minha carona flutuando atrás dela. Ela roda a cabeça por todo o lugar.

–Você está me confundindo com o Parker, eu acho. -Kath diz fingindo cara de confusa.

–Eu não quero ir com ele hoje. Você vai toda quarta ver o Chad depois da escola. Pode me dar uma carona, não pode?

–Ok. Mas se o meu lindo cunhadinho ficar com raiva de mim, eu te mato. -Ela passa o dedo horizontalmente na garganta, um aviso de que ela me degolará se o Drew ficar bravo com ela. -Entendeu? -Afirmo com a cabeça.

"Estou indo pra casa com Katherine, não se preocupe comigo.", envio para Andrew enquanto deixamos o estacionamento do colégio.

–Cadê o Drew? -Chad diz assim que me vê sair do carro da namorada. Dou de ombros.

–Aqui o seu irmão não está. -Digo olhando no bolso de minha camisa. Kath alcança Chad e eles se beijam. -Acho melhor eu ir, não tenho vocação pra ser vela. -Aceno com a cabeça.

Olho para trás assim que atinjo a calçada da casa vizinha. O carro de Andrew está entrando na rua. Me apresso, afinal minha casa fica há mais umas quatro casas de distância.

"Está fugindo de mim?", leio enquanto coloco um pedaço de brócolis na boca. Mensagem do Drew.

"Óbvio que não, fofolete.", respondo rapidamente para papai não brigar comigo.

–O que nós conversamos sobre usar o celular a mesa? -Ele percebeu, droga! Sinto meu celular vibrar em minha perna. Ignoro.

–Só estava olhando a hora, papai. -Menti. O que mais tenho feito ultimamente. Seja pro Andrew ou seja para os meus pais. Preciso parar com isso.

Acabo de jantar minutos depois e subo pra tomar banho. Não demoro muito. Apenas o suficiente pra lavar o cabelo.

–Vim te buscar pra sairmos.

–Que susto, garoto. Meus pais sabem que você está aqui? -Digo e aperto a toalha contra o meu corpo.

–Claro que sabem, e sabem também que você vai sair comigo hoje. Eles adoraram a ideia. -Ele diz abrindo meu closet. -Não demore muito, ok?

–Eu não vou sair, Drew. Estou cansada e temos aula amanhã. -Fecho a porta do closet. Meu pijama está em minha cama.

–Você tem dez minutos pra se arrumar e eu não aceito não como resposta.

Ele sai e fecha a porta atrás dele. Nem se eu quisesse eu poderia negar esseconvite. Visto um jeans vermelho, uma camiseta preta e um All Star preto. Penteio o cabelo e ponho um arco para segurar a franja.

–Onde nós vamos? -Digo saindo pela porta.

–Você verá. -Ele diz me levando pela mão escada a baixo.

–Mãe, estou saindo. Não volto tarde. -Grito. -Né? -Pergunto em um tom mais baixo apenas pra Andrew ouvir.

Ele abre a porta como sempre, ele já é de casa.

–Sério, Andrew, onde nós vamos? -Digo pouco antes de ele dar a partida.

–Onde você acha que vamos? Aposto que você vai gostar do lugar.

–Burger King? -Tento.

–Não vamos comer fast food, te prometo.

–Não mesmo, já jantei, não tem espaço pra mais nada dentro de mim. -Ele finge uma cara triste.

Então é isso, nós vamos a um lugar com comida, e ele sabe que no final ele vai me fazer comer. Ele não podia ter me avisado antes do jantar?

–Onde é? Me diz. -Viro-me pra encarar ele.

–Você logo saberá. Estamos chegando.

Foram os cinco minutos mais longos de minha vida. Deu tempo pra olhar duas vezes todos os discos no porta-luvas do carro, guardar de forma quase organizada e quase meti a boca em minhas unhas.

–Chegamos. -Ele diz afinal.