The Colt escrita por DetRood, Crica


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas voltamos. Bloqueio criativo agravado pela falta de tempo pra escrever. Antes tarde do que nunca. ;)



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Capítulo  7:

A expressão no rosto de Eliah, ao passar pela porta do Saloon, fez meu coração acelerar. Vocês podem não acreditar, mas um quase sorriso se desenhou em seu rosto e isso me fez crer que Samuel Colt estava naquele lugar e que, com isso, a nossa situação começava a melhorar. Já estava na hora.

Stein aproximou-se e revelou que Colt estava numa mesa de pôquer. Bateu em meu ombro e disse, sem meias palavras que estava caindo fora. Devo confessar que meu sangue gelou. Nós não tínhamos nos saído muito bem sem ajuda do ferreiro e agora, ele estava dizendo que voltaria a New Haven.

Dean agradeceu com um aperto de mão e nós dois observamos nosso novo ‘pretenso amigo’, montar em seu cavalo e partir, rumo à saída da cidade.

Trocamos aquele olhar  de ‘já que estamos ferrados, vamos até o fim’ e entramos no bar.

Havia muita gente lá dentro. Lugar muito animado, barulhento e enfumaçado também. Alguém deveria informar àqueles caras que fumar desse jeito provoca câncer nos pulmões.  Mas como bem disse meu irmão, ele, no meu lugar, manteria minha boca fechada a esse respeito porque, certamente por ali, ninguém estava a fim de discutir sobre a saúde pública. Dean conhece bares. Então, calei a boca e voltei minha atenção ao tanto de gente que cercava a mesa onde um sujeitinho ainda bem jovem e magro, metido num terno cinza, coçava seu bigode fino, fitando intensamente duas cartas que tinha na mão como se sua vida dependesse  disso. E pelo que parecia, dependia mesmo.

Dean caminhou lentamente ao redor da mesa, observando por cima dos ombros dos outros espectadores e, pela expressão em seu rosto, boa coisa não estava por vir.

_ Esse cara vai se meter numa baita confusão, Sammy – Meu irmão sussurrou junto ao meu ouvido.

_ Por  que? O que você viu? – Questionei-o, sem virar o rosto, tão baixo quanto pude falar.

_ Ele está blefando – Dean colocou a mão na frente dos lábios para que ninguém pudesse perceber o que conversávamos _ Está blefando com esse monte de grana na mesa e um bando de malucos homicidas armados até os dentes.

_ Não poderia ser simples, não é? – Senti meu estômago dar cambalhotas.

_ De jeito nenhum.

_ E o que faremos? Os caras vão matá-lo  se descobrirem o blefe.

_ Ainda sabe rezar? Então, maninho, é hora de retomar velhos hábitos. Reze.

Tá legal. Por que diabos aquele idiota do Colt tinha que bancar o esperto? Logo naquela hora, naquele maldito dia, quando só precisávamos que o sujeito nos emprestasse a arma? Por Deus, eu só queria pegar a droga da pistola e dar o fora!  Mas nada com a gente é simples e direto. Sempre tem que rolar uma complicação, uma pancadaria ou um tiroteio. Merda!

Dean respirou aliviado quando ninguém pagou pra ver. Ah, e eu também! Agora era só esperar Colt recolher  o dinheiro e sair. Daí, nós daríamos um jeito de nos aproximarmos e o resto viria normalmente.

O que? Não, senhora. Não seria tão simples. Não mesmo. Vocês já pegaram o espírito da coisa.

Colt já tinha se levantado da mesa, com os bolsos cheios, quando um homem que esteve todo o tempo calado, sentado do lado oposto ao que estávamos, aproximou-se e desvirou as cartas deixadas sobre a mesa e declarou aquilo que já sabíamos em alto e bom tom: Ele estava blefando.

Dean xingou um palavrão, baixinho e torceu os lábios.

Nós sabíamos que o blefe fazia parte do jogo. Todo mundo sabe. Mas vai explicar isso pra quem perdeu todo o seu dinheiro numa mesa de jogo. E não era pouca grana.

Um  dos jogadores, um bem grandalhão, daqueles grandalhões largos e com cara de urso da montanha, levantou e segurou Colt pelo ombro.  O resto, vocês podem imaginar, não é?

O cara esmurrou o coitado, que foi parar sobre o balcão.

Se fosse só isso, eu teria ficado feliz, mas não foi. O homem partiu pra cima do magrelo, com uma cara de meter medo até em Rocky Balboa.

Nisso, meu irmão já estava esmurrando o  clone do Daniel Boone.

Eu? É claro que eu não ia deixar Dean ser espancado, assim de graça. Apesar de, às vezes, ele merecer uma boa surra. É lógico que me meti na briga e rolou porrada pra tudo quanto foi  lado. Batemos e apanhamos pra valer.

A confusão só terminou quando um estrondo provocado por uma espingarda arrancou parte do teto, que caiu sobre nós. Não houve tempo para nada. Agarrei Colt pela manga do paletó e arrastei-o atrás de mim, pela porta dos fundos, seguindo Dean para fora .

Nos escondemos na noite, correndo feito coelhos assustados, até não ouvirmos mais nenhum som.

Alcançamos os cavalos que tinham ficado amarrados num outro quarteirão e partimos, o mais rápido que pudemos, levando Samuel Colt em nossa garupa.

Seguimos a galope na direção indicada pelo homem que nos acompanhava e apeamos, depois de alguns minutos, atrás de um casarão.

Reconheci imediatamente aquela casa. Estivéramos ali mais cedo. Colt nos levara de volta à casa de sua amada. Ótimo. Só faltava agora o pai da garota colocar os cães e os capangas atrás de nós.

Felizmente, ninguém percebeu a nossa presença.

Esperamos do lado de fora, enquanto Colt pulou o muro e seguiu para junto de uma das janelas, voltando momentos mais tarde.

_ Pronto. Podemos ir agora. Avisei a minha noiva que ficarei fora por uns dias – passou por nós e montou em meu cavalo _ Vamos!

_  Dá um tempo, senhor espertinho – Dean segurou as rédeas, impedindo-o de continuar _ Ninguém vai com você a lugar algum.

_ Dean! – Meu irmão só podia estar louco. Passamos praticamente dois dias atrás desse sujeito e agora que, finalmente o tínhamos encontrado, Dean estava se fazendo de difícil???

_ Até nós sabermos para onde estamos indo. – Ele entendeu. Entendeu perfeitamente o meu olhar desesperado.

_ Senhores, agradeço imensamente pelo auxílio naquela situação e... bem... é... complicada lá no Saloon, mas não posso ficar por aqui. Pelo menos, não por enquanto. Então, se quiserem me acompanhar até a casa de um amigo, poderemos seguir nossos caminhos, visto que não tenho cavalo e preciso urgentemente de um transporte.

_ Por que ele está falando desse jeito? – Dean voltou-se para mim, com sua sobrancelha mais arqueada que o normal .

_  Sei lá. Vai ver é comum falar com cerimônia, eu acho.

_ Se quer uma carona, parceiro, basta pedir – Meu irmão montou em seu cavalo _ Não precisava dessa frescura toda.

Sinalizei para que Colt desse espaço e montei também. Já era uma droga montar naquele cavalo. Imaginem com outro sujeito lá em cima?

_ Devemos seguir pelo cemitério, logo no final dessa rua para evitarmos um confronto direto com nossos adversários. Assim chegaremos ao hotel onde Morse está hospedado,  em segurança.

O homem nem tinha terminado de falar e Dean já estava na metade do caminho, em direção aos portões do cemitério.

Meu irmão se aproximou do portão de ferro e empurrou a grade com o pé. Por sorte, não estava trancado.

Passamos pela entrada e Dean fechou o portão novamente. Ninguém queria que os sujeitos do Saloon nos perseguissem no meio dos túmulos.

Passamos por um grande mausoléu. Aliás, o único do lugar. As outras lápides eram simples e baixas. No máximo, com uma cruz ou um anjo gravados nelas.

Havia um silêncio sepulcral naquele lugar que me dava arrepios.

_ Não há viva alma por aqui.

_ É um cemitério, Sam, se não reparou ainda. Só tem gente morta aqui.

_ Eu sei, estúpido. Você me entendeu.

_ Nem os grilos estão fazendo barulho – Colt completou às minhas costas_ Silencioso demais...

_ E eu não estou gostando nada disso – Aquela sensação de estar sendo observado estava ali outra vez. Eu estava ficando muito, mas muito preocupado mesmo.

_ Sentiu isso, maninho? _ Dean falava do ar gelado, em meio à noite, sem uma brisa sequer _Mantenha os olhos abertos.

Mantivemos o ritmo e logo avistamos  a  saída.

Há apenas uns poucos metros da segurança, junto ao portão dos fundos do cemitério, estava o  mesmo homem que cavalgara atrás da diligência, com seu casaco de couro e chapéu de abas largas que escondia-lhe o rosto. Sem falar naquele assustador brilho amarelo que o envolvia completamente.

Nós paramos os animais, dando-nos tempo para pensar no que fazer. Ele não deveria estar ali. Nós o tínhamos repelido com sal mais cedo. Não deveria ter voltado tão depressa.

Foi então que Samuel Colt retirou a pistola do bolso interno do paletó e atirou na direção do espírito ou o que quer que aquilo fosse.

Mais tarde, ficamos sabendo que Colt errara a mira, mas naquela hora, pensamos que mais um problema tinha se resolvido, porque a aparição se dissolvera numa fumaça amarelada em pleno ar, logo depois do disparo.

Apesar de meus tímpanos estarem sibilando devido ao disparo, estava grato. Grato por estarmos a salvo e por termos o objeto de nosso desejo assim tão perto, ao alcance das mãos.

Os olhos de Dean brilharam de satisfação ao focalizarem a arma na mão do homem. Estava ali. Finalmente estávamos chegando a algum lugar. Bastava agora que tivéssemos um pouco de paciência e logo poderíamos salvar meu irmão.

Atravessamos o portão e descemos a rua estreita. Logo encontramos o hotel e amarramos os cavalos num beco, ao lado do prédio.

_ Bem cavalheiros, chegamos – o sujeito estendeu a mão, em agradecimento _ Não tenho como agradecer-lhes pelo apoio.

_ Espera só um instante, camarada – Dean não soltou a mão de Colt _ Onde, exatamente, você pensa que vai?

_ Vou buscar o meu sócio, o senhor Samuel Morse e sair da cidade, visto que, como os senhores já sabem, a minha presença não é vista com bom grado por uma parcela da população com sérias tendências à violência.

_ De jeito nenhum – Dean respirou fundo. Parecia estar controlando os nervos mais do que poderia suportar _ Não vai a lugar  nenhum sozinho. Não vou te perder de vista nem a pau, meu chapa!

_ Como assim? – o homem estava ficando assustado _ Salvaram-me há pouco para poderem roubar-me o dinheiro?

_ Não, senhor Colt. – Era a minha hora de entrar na conversa e acalmar a situação _ Não queremos fazer-lhe mal. É que viemos de muito longe para encontrá-lo e gostaríamos de seguir com o senhor e seu sócio, se permitirem.

_ Vieram de longe? Para ver-me? Por que? Não compreendo.

_ Precisamos que nos ajude com um problema, mas sabemos que não há tempo para explicações agora.

_ É isso aí, parceiro. Como o Sammy aqui falou, ou vamos com vocês ou ninguém vai a lugar algum.

_ Dean! -  Dean estava entrando no modo fuzileiro naval e isso não era bom. Não era nada bom, levando-se em conta que precisaríamos convencer o sujeito a nos dar aquela arma _ Não leve meu irmão a mal, senhor. Ele está muito nervoso com toda essa confusão.

_ Não vou fugir, se é o que estão pensando. Morse e eu temos um trabalho numa cidade próxima e já planejávamos partir logo cedo, mas dadas as circunstâncias...

_ Melhor é cair fora logo – Dean soltou o braço do outro.

_ Se desejarem, poderão seguir conosco. Basta que aguardem uns poucos minutos e nos juntaremos a vocês.  Tenho uma dívida de gratidão com os senhores.

Colt não demorou muito no hotel. Saiu depois de alguns minutos, acompanhado de outro homem jovem, talvez um pouco mais velho, carregando duas malas grandes e um caixote de madeira. Atravessou a rua e foi até um galpão, do outro lado, e saiu guiando uma carroça pequena com um cavalo selado amarrado a ela. Parou à nossa frente e sinalizou para que o seguíssemos. Montamos e partimos atrás dos outros dois que tomavam a direção da estrada, para fora da cidade. Hartford estava ficando para trás.

***

Viajamos por quase três horas. Era o início da madrugada e o vento começava a esfriar pra valer, fazendo-nos tremer. Não estávamos preparados para viajar a noite toda.

Entramos num pequeno vale  protegido por duas altas montanhas.

A carroça parou e seus passageiros desceram. Fizemos o mesmo e nos aproximamos dos outros homens.

_ Creio que já colocamos uma boa distância entre nós e aqueles senhores exaltados – Toda vez que Colt falava daquele jeito emproado, Dean franzia a testa, incomodado.

_ Se você tivesse limpado até meu último centavo com um blefe fajuto daqueles, eu também ia querer a sua cabeça – Algo me dizia que meu irmão não morria de amores por aquele sujeitinho.

_ Não fomos devidamente apresentados – Lá fui eu, aliviar a situação outra vez, estendendo a mão, num cumprimento _  Sou Samuel Winchester e este é meu irmão,Dean.

_ Winchester? Dos Winchester de New Haven? – O homem parecia admirado.

_ Não, senhor. Dos Winchester  de Lawrence, Kansas.

Rapidamente, repeti a história sobre o tal tio e a briga de família que nos serviu muito bem, naquele momento.

Enquanto eu iniciava uma conversa amigável com Colt e Morse, Dean recolheu uns galhos e preparou uma fogueira, onde nos aquecemos e esquentamos umas latas de feijão. Olha, vou dizer uma coisa... Nunca fui ingrato nem dado ao luxo, mas nunca, em toda a minha vida de restaurantes vagabundos de beira de estrada, comi um negócio tão ruim.

Ainda ao redor da fogueira, recebemos cobertores que Samuel Morse havia tirado da parte de trás da carroça. Providencial. Estava esfriando bastante. Agradecemos e nos enrolamos neles, enquanto tomávamos uma caneca de café quente.

_ Vocês disseram que vieram de longe para ter comigo – Colt voltou-se para nós .

_ Vai me desculpar, cara, mas não queremos ter nada com você – Dean e sua mania de dizer o que vem à mente, sem pensar.

_ Nós, na verdade, precisamos de um favor – Achei que já era hora de colocar uns pingos nos ‘is’ .

_ Um favor? O que eu poderia fazer pelos senhores?

_ Pra começar, podia acabar com esse lance de senhor  pra cá, senhor pra lá. Somos praticamente da mesma idade – Lá ia ele de novo _Nada a ver.

_ Com certeza – Colt sorriu _ Já salvaram a vida de minha noiva e a minha própria. Então, creio que posso considerá-los amigos, pois não?

_ Beleza – Dean abanou a cabeça, satisfeito _ Pode me chamar Dean e ao meu irmão, Sam – de repente, ele parou e pude ouvir as engrenagens de seu cérebro trabalhando. Problemas! _ Espera aí: Ele é Sam, você é Sam e o Morse ali, também. Isso não vai dar certo. Um inflação de Samuel!

_ Isso é mesmo engraçado- Morse riu da descoberta genial de meu irmão _ Melhor continuarmos com os sobrenomes, porém, sem a formalidade do ‘senhor’. O que acham?

_ Excelente – Dean concordou, de imediato _ Dá pra ver que o cara é inteligente, hein, Sammy?

_ Mas vocês não disseram que de que favor  necessitam para virem do Kansas até aqui.

_ Nós temos um problema – Sinceramente, eu não sabia como ia fazê-lo acreditar em nossa história _ Precisamos de sua pistola emprestada.

_ Minha pistola? Mas vejo que ambos estão armados.

_ Precisamos da sua arma especial, Colt – Dean ficou muito sério _ Daquela que leva no bolso interno do paletó.

_  É só um revólver comum, rapazes. Em que ele poderia auxiliá-los com seu problema? – Morse tentou desconversar, mas seu olhar dizia o contrário.

_ Nós sabemos que não é um revólver qualquer.

_ Sabemos que o fabricou em 1835, depois de voltar do exterior – Completei o pensamento de meu irmão _ Sabemos também que essa arma, em especial, pode matar qualquer coisa.

_ Não estou entendendo onde vocês querem chegar – Colt e Morse trocavam olhares intrigados  _ É uma arma como outra qualquer.

_ Okay! Vamos deixar de rodeios, certo? Essa sua arma ‘normal como outra qualquer’ tem uma armadilha do diabo gravada no cabo e uma inscrição em latim, com 13 balas numeradas e é capaz de matar qualquer coisa sobrenatural. – Dean despejou tudo, de uma vez só.

Samuel Colt e Morse ficaram meio sem fôlego. Estavam atônitos. Ninguém sabia da existência da arma além dos dois. Então, como nós poderíamos saber de tanta coisa, tantos detalhes? Eu também ficaria desconfiado.

_ Como vocês tiveram acesso a essas informações? – Foi  a vez de Morse questionar.

_  Vai, Sammy, conta logo.

_ Mas, Dean!

_ Anda logo. Conta de uma vez. Eles já estão nos olhando com aquela cara mesmo.

_ Eles não vão acreditar em nós, seu doido.

_ Sam, olha bem pra esses dois. Por um acaso estão com cara de quem acredita em nós? Então? Conta de uma vez.

_ Eu não acredito em você, Dean. Não acredito!

_ Viu? Nem você acredita. Se não contar, conto eu.

_ Certo. – Colt interferiu _ Acho bom alguém contar logo o que quer que seja porque agora eu já estou ficando bastante nervoso.

_ Nós sabemos tanto sobre o seu Colt especial porque... – Tá. Estava tudo ali, na ponta da língua, mas quem foi que disse que as palavras queriam sair pela boca? Eu só conseguia pensar na reação dos dois homens à minha frente.

_ Colt Especial? Mas eu nem dei um nome a ela.

_ Mas vai dar- Dean jogou o resto do café na terra e depositou a caneca no chão _ Você ainda vai ser muito famoso. Vai ter sua própria fábrica de armas e ganhar uma grana preta com isso.

_ E como...

_ Como nós sabemos de tudo isso? Bem...- Eu estava procurando as palavras _ Nós ... é...

_ Vocês são videntes? – Por que não tinha pensado nisso antes? Morse acabara de nos salvar. Estávamos a um milímetro de revelar a dois caras do século XIX, que vínhamos de 170 anos no futuro.

_ Sam é vidente – Deu pra perceber a expressão de alívio no rosto de Dean _ Ele vê coisas desde criancinha. Viu vocês e a sua arma, há algum tempo e, por isso, estamos aqui.

_ E estão aqui porque precisam dela, certo? Para que, se posso perguntar?

_ Precisamos da sua arma para salvar a vida de Dean.

_ Como salvar a vida de seu irmão? Não estou entendendo nada.

_ Há quase um ano, Sam foi esfaqueado pelas costas por um cretino e...

_ E acabei morrendo, em decorrência do ferimento.

_ Morrendo? – Morse estava com aquela expressão de ‘esses caras são malucos’ _ Homem, você me parece muito saudável!

_ Mas foi exatamente isso: Sam morreu e eu fiz um pacto.

_ Ah, não...

_ Dean vendeu sua alma em troca da minha vida.

_ E seu prazo está se esgotando, é  isso?

_ Isso. Se nos emprestar sua arma, tentaremos invocar o demônio que detém o contrato e  matando-o, evitaremos que Dean vá para o inferno.

_ Vocês estão mesmo encrencados, camaradas.

_ Nem me diga – Dean estava com a voz meio embargada. Não tinha percebido  até agora, o quão assustado ele estava com o final do prazo.

_ E então, vai nos emprestar o revólver?

_ É claro que sim.

_ Graças a Deus... – Falamos naquele corinho idiota, mas quem estava ligando pra isso? Estávamos aliviados. Agora tínhamos uma chance de lutar. Uma chance era tudo do que precisávamos e não a perderíamos. De jeito nenhum.

_ Mas não agora. Tenho um trabalho urgente.

_ Como? O que pode ser mais urgente  que salvar a minha alma?

_ Calma, amigo. O nosso trabalho não vai levar mais do que 3 ou 4 dias.

_ Então vamos ajudá-los. Quem sabe se não ganhamos tempo, trabalhando em equipe?

_ Ajudar-nos? O que os faz pensar que seriam capazes de fazer esse trabalho conosco?

_ Vocês podem não acreditar, mas Sam e eu somos caçadores também.

_ Caçadores? Não vamos pegar um urso!

_ Não estamos falando de ursos- Não entendi o porquê da surpresa, mas tive a nítida sensação de que aqueles dois estavam tentando nos enrolar _ Regra número um: Fazemos o que fazemos e ficamos de bico calado a esse respeito, certo?

Os dois homens do passado levaram alguns minutos nos analisando e, creio eu, pensando no que fariam a seguir. Como bons caçadores que eram não entregariam o ouro ao bandido assim, facilmente.

Podem não acreditar, mas tivemos que responder a uma sabatina sobre criaturas, assombrações, aberrações e esquisitices de toda sorte. Era o vestibular do horror. E como somos bons, e nós sabemos que somos, passamos com folga.

Mostramos que sabíamos fazer o nosso trabalho e discutimos formas de exterminar com o tal do Cavaleiro Fantasma. Sim, o trabalho do qual Colt e Morse falaram era sobre o tal do cavaleiro que tínhamos espantado mais cedo.

Eles nos puseram a par da lenda do Cavaleiro e dividiram conosco todas as notas de pesquisa que tinham feito. Nada muito confiável, afinal, naquele tempo, eram raras as bibliotecas públicas e nem pensar na web.

Pelo que nossos amigos haviam apurado, o Cavaleiro Fantasma deu o ar de sua graça, algum tempo depois que um criminoso assaltante de bancos e diligências, bastante cruel, foi capturado pelo exército e levado a julgamento. O cara fora condenado à forca e, até o último sopro de vida, praguejou e amaldiçoou Deus e todo mundo. Disseram que depois da execução  o corpo do sujeito desapareceu e jamais foi encontrado.

Como vocês podem ver, o cara era um doce de pessoa. Vilão do velho oeste, de carteira assinada.

Depois de toda essa conversa, decidimos que o mais apropriado seria dormirmos um pouco e sairmos bem cedo, em direção  a New Haven. Colt afirmava que precisava pegar umas coisas que deixara em sua casa, necessárias à essa caçada.

Nem no passado conseguíamos escapar do nosso destino. Estávamos nos preparando para caçar novamente.

Pelo menos, agora tínhamos a oportunidade de quebrar o contrato e salvar Dean do inferno.

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CONTINUA...

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Notas finais do capítulo

Sabemos que o caítulo ficou um tanto comprido, mas achamos que não dava pra parar no meio do caminho porque ia quebrar a linha de raciocínio, nossa e de que m lê. Espero que tenham curtido a leitura e, se der, deixem um comentário para sabermos se estamos indo na direção certa. Obrigada.
Crica e Det.Rood