Michael entrou apressadamente no restaurante, olhando a volta. Tatiana estava sentada em uma mesa afastada das demais, usando uma saia curta que mostrava bem suas belas pernas. Michael sorriu e apressou o passo.

— Olá, senhorita -ele disse, sorrindo

— Desculpe, mas estou esperando uma pessoa em especial.

Michael deu uma gargalhada, o que fez com que Tatiana prestasse mais atenção nele. Ele continuou rindo, alegre por seu disfarce estar funcionando tão bem.

— Mike...? –ela sussurrou

— Quem mais seria, Tatiana? –ele riu e sentou

Tatiana o olhou e cruzou os braços, mostrando insatisfação. Era claro que ela não esperava que Michael fosse usar um disfarce para não chamar atenção. Michael ficou confuso com o ar irritado da bela mulher á sua frente. Lily jamais ficaria tão irritada com algo tão típico de Michael, muito pelo contrário, ela adoraria e até o ajudaria com disfarces mais eficazes.

A lembrança de Lily aborreceu Michael. Ele nem havia conseguido se desculpar por ter sido tão rude e orgulhoso quando ela apenas tentava o ajudar. O jeito com ela havia interrompido a conversa, saindo correndo...

Tatiana pareceu perceber a mudança da expressão de Michael e pegou em sua mão, para chamar a atenção dele.

— Oh Mike, desculpe por não ter te reconhecido... Eu não esperava por isso.

— Eu entendo, está tudo bem. –ele suspirou

— O que está o aborrecendo?

— Eu tive uma discussão ontem... –ele hesitou- Nada importante.

— Talvez eu possa te ajudar a esquecer de seus problemas, pelo menos por algumas horas –ela sorriu e andou até ele- Você topa?

Lily observava Frank, incrédula, enquanto servia o café. Ela não o via há muitos anos, e desde então afirmava a si mesma que ele havia morrido ou coisa do gênero. Ninguém simplesmente desaparecida, e era exatamente o que ele parecia ter feito.

— Em todo esse tempo, o que mais senti falta foi das nossas manhãs juntos –ele suspirou enquanto pegava a xícara de café- Nunca te esqueci, nem por um segundo.

Lily apenas assentiu, sem ter o que falar. A presença de Frank a incomodava um pouco, pois ela sentia como se estivesse traindo o amor que sentia por Michael.

Pensar em Michael fez Lily se sentir mal. Por que ela deveria sentir que estava o traindo só por conversar com um antigo amor enquanto ele estava se encontrando com uma interesseira qualquer que ele mal conhecia?

Frank a observava silenciosamente enquanto a garota se sentava. Ela continuou tomando seu café, os olhos fixos no pires e em sua xícara.

— Lily? Se eu estiver incomodando, me desculpe...

Silêncio.

A mente de Lily estava confusa demais para falar qualquer coisa, seus sentimentos estavam embaralhados em uma mistura de saudades, raiva e culpa. Seria errado negar que sentia saudades de Frank, agora que ele estava bem a sua frente. Seria mais errado ainda dizer que não sentia raiva pelo que aconteceu, raiva pelo momento em que ele havia retornado e raiva por que o homem que ela realmente amava pensava nela apenas como uma leal amiga.

— Talvez eu volte em outra hora. – Dessa vez a voz de Frank foi fria, dura, e ele começou a se levantar - Talvez eu volte.

Então a culpa denominou Lily completamente. Culpa por estar deixando Frank sair daquela forma, por estar sendo tão grosseira com alguém que amou, e que ainda parecia a amar.

— Frank, espere!

Lily correu até a porta para impedir que ele saísse. Por um momento os olhos azuis da garota encontraram o castanho profundo e verdadeiro do olhar de Frank.

— Me desculpe, eu estou um pouco confusa. Mas acho que podemos conversar agora. –ela sussurrou, sem tirar os olhos dele.

— Está bem...

Frank aproximou seu rosto lentamente do rosto dela, o olhar preso no dela. E então, seus olhos desceram até os lábios de Lily, e ele se aproximou mais ainda. Por um momento, Lily estava hipnotizada. Por que não? Perguntou a si mesma. Ela não queria uma resposta, mas mesmo assim a teve.

Ela colocou a mão no peito de Frank e o afastou suavemente.

— Devemos conversar. Já fazem quatro anos, e as coisas mudaram. Eu mudei! –sua voz estava firme, o momento frágil de confusão havia sido deixado para trás- As coisas mudam com o tempo.

— Muitas vezes, mudam para melhor. -Ele sorriu, sem se afetar. - Vamos ter nossa conversa, temos muito a por em dia, não?

— Sim, temos –ela respondeu, sentando-se em seu sofá- Começando por: Por que você desapareceu?