Capítulo 2 – New Chance

Brian, com os olhos cheios de lágrimas, foi o único que conseguiu falar.

–Jimmy?

O homem sorriu ao grupo.

O silencio foi cortado por uma pergunta idiota vinda de um dos anões que fugiu da história da branca de neve.

–Gasparzinho... é você? – Johnny perguntou com uma sobrancelha erguida.

Jimmy fez cara de WTF encarando o amigo. O que mais o deixou perplexo foi a naturalidade com que Johnny perguntou – como se fosse a pergunta mais normal do mundo.

–C-Como é... como é possível? – Matt indagou com o seu coração apertado. De relance, ele viu tudo o que ele passou com o seu melhor amigo. As festas, as mulheres, as turnês, as bebedeiras, os planos, as tentativas de estudos durante o ensino fundamental, a formação da banda, a noticia de que o seu amigo havia morrido...

Matt não tinha reação nenhuma, ele apenas ficou rígido encarando James, torcendo para aquilo não fosse coisa da sua cabeça.

Jimmy bufou.

Tudo bem, eles tinham motivos para estarem confusos, mas era tão difícil assim aceitar e calar a boca? Pensou.

Talvez o único que não acreditava muito no que estava acontecendo ali era Johnny, pois mais uma vez perdeu a oportunidade de ficar calado.

–Jimmy... – o anão se aproximou do amigo batendo duas vezes no seu ombro – eu sei que é difícil amigo, mas você tem que voltar para a luz...

–CALA A BOCA, JOHNNY! – Gritou Matt completamente irritado.

Ele estava muito confuso. Não sabia se sentia raiva, medo, saudades, receio...

Jimmy fez beicinho. Por fora ele poderia parecer uma criança de 10 anos de idade, mas por dentro ele estava realmente morrendo. Ficar longe durante esses 10 anos não foi a melhor das coisas que ele havia feito na vida, mas ele teve os seus motivos. E agora tudo o que ele mais queria era o apoio e o abraço dos seus amigos, mas nem isso ele tinha.

–Cara... – foi tudo o que Brian conseguiu falar antes de ir até o seu melhor amigo e o abraçar – eu senti sua falta, Rev.. – ele disse apertando forte o amigo.

–Eu também, cara... - suspirou - eu também!

Brian o soltou, a fim de encarar os olhos azuis do seu melhor amigo.

–Você tem noção de quanto eu senti a sua falta? De quantas noites eu passei em claro só chamando por você? E do nada, você aparece... – resmungou Brian com a voz tremula e os olhos marejados.

–Eu imagino irmão... Desculpa... mas eu tive os meus motivos!

–Eu te am... – Brian não conseguiu terminar a frase. Quando ele se deu por conta, Rev já estava empoleirado no seu pescoço.

–Eu também te amo, cara! – disse absorvendo o cheiro do perfume do guitarrista.

Os dois se separaram e James começou a observar cada um do grupo.

Matt estava com os cabelos rasos. Provavelmente ele tinha ido ao salão do senhor Green, sexta-feira, como ele sempre fazia junto com ele há anos atrás. Não havia nenhum vestígio de barba no seu rosto branco.

Brian ainda continuava com aquele cabelo de Sonic estranho dele. Algumas rugas foram adicionadas de baixo dos seus olhos, mas nada muito perceptível.

Zacky estava mais gordo do que de costume. Daqui a pouco ele pode roubar o lugar do papai noel, pensou Jimmy, rindo logo em seguida.

O anão continuava... anão. Nada fora alterado nele.

Jimmy desconhecia quem era o garoto magro que estava atirado no sofá, mas não foi muito com a cara dele.

De repente, James foi acertado em cheio com um soco em seu braço.

–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – Gritou – Por que você fez isso Brian?

–QUAL É A SUA, CARA? DESAPARECE POR 10 ANOS E NEM DÁ SINAL DE VIDA?! ENTÃO QUER DIZER QUE EU FIZ ESSA TATUAGEM EM VÃO?! – Perguntou apontando para dentro da camisa.

–Ah, cala a boca Synderella bipolar! – Jimmy disse ainda alisando o local do ferimento,

Johnny riu pelo nariz, despertando a atenção de Jimmy.

–Eu não acredito que eu estou te vendo, irmão...

Johnny apertou os lábios assim que terminou de falar.

–Calma gente... eu tô vivo – disse Jimmy jogando os braços para cima.

–Não por muito tempo se não tiver uma boa explicação! – disse Matt rispidamente.

Um clima tenso pairou no ar.

Para Jimmy era horrível ver que o único que estava bravo ali era Matt.

Johnny balançava a cabeça de 5 em 5 minutos, tentando absorver toda aquela situação. Brian estava pensando em uma boa coisa para falar. Zacky sentia uma dor estranha na barriga. Fome. Pensou. Arin estava atirado no sofá. E Matt... ele não engolia aquela situação.

– O TIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO DA FOOOOOOOOOOOOOOTO! – Gritou Owen correndo e se agarrando nas pernas do baterista – OLHA PAPAI, O TIO DA FOTO VOLTOU! – Jimmy o pegou no colo – Hey tio, você pode me ensinar a tocar bateria?

James viu os mesmos olhos, as mesmas covinhas, o mesmo formato de sobrancelhas... parecia que ele havia regredido no tempo e agora estava de frente ao seu melhor amigo.

Jimmy sorriu.

–Ele é a sua cara, Matt – disse olhando para o amigo que ainda estava de braços cruzados e com uma expressão nada boa. Como ele não emitiu nenhum sinal de resposta, Jimmy se virou para o pequeno em seu colo – É claro que eu te ensino!

Owen sorriu de um jeito bobo e desceu do colo do baterista.

–Eu vou te dar um presente, tá tio? – perguntou Owen correndo casa a dentro.

Rev não teve nem tempo de responder.

–Hey Jimmy... – disse Baker caminhando até James quando ouviu a porta do quarto bater – eu senti a tua falta homem!

Assim como fez com Synyster, Rev deu um abraço bem apertado no seu gordo favorito. Por mais que os braços de Jimmy fossem longos, faltou alguns centímetros para abraçar Zacky, o que fez com que Jimmy pensasse que na outra semana iria matricular Zee em uma academia para gordos anônimos.

–Você tem noção de quantos dias eu passei sem comer por sua causa? E olha que isso é muito pra mim! – Zee completou fazendo com que Rev rolasse os olhos.

Arin observava tudo sem dar uma palavra sequer.

Johnny caminhou até ele e o abraçou, sussurrando “eu senti a tua falta, nego do suvaco cabeludo!”

Agora só faltava uma pessoa a abraçar o baterista que havia “voltado a vida”. Mas essa pessoa não mexia um musculo sequer.

–Você não vai me dar um abraço, Matt? – perguntou Jimmy abrindo os braços.

Matthew ficou em silencio sem dar um passo.

–Se Maomé não vai a montanha... – sussurrou Jimmy caminhando até o seu “irmão”.

Parou na frente dele e o envolveu em seus braços. Matt não resistiu por muito tempo e acabou vencendo a sua batalha interna.

***

–Tá, cara... – disse Syn enquanto observava Johnny entrar na sala com uma bandeja de café e bolinhos nas mãos – agora você vai contar tudo o que aconteceu!

–Tudo em mínimos detalhes! – disse Zee de boca cheia, enquanto pegava mais um dos famosos bolinhos do Johnny.

James suspirou sentindo o olhar de todos pesar em cima de si.

–Vocês vão me achar idiota... – começou fitando o tapete clichê da sala de Matt.

Estavam todos sentados nos sofás, distribuídos do jeito que podiam.

–Normal.... – disse Johnny enquanto derramava um pouco de café – Ah, merda... Matt, depois eu limpo isso, ok?

Jimmy pigarreou.

–Eu queria ver se alguém iria se importar realmente comigo, se alguém iria realmente sentir a minha falta...

–Você acha que nós não nos importamos com você? E os fãs, Jimmy? Eles quase piraram... será que é tão difícil assim de entender?!

–Eu nunca disse que duvidava dos sentimentos de você, Matt – disse Jimmy fazendo com que o vocalista ficasse calado -. Eu também estava com problemas com a Leana, tinha quase certeza que ela estava me traindo...

Brian tentou eliminar o pensamento de que ela tinha removido a sua tatuagem.

–E eu também precisava de um tempo para não cometer uma bobagem...

–Tudo bem... – disse Johnny separadamente – mas e o seu enterro? E a sua autópsia?

Essa, sem duvida nenhuma, foi a pergunta mais inteligente que Johnny lançou.

–Eu tenho um amigo, Gerald... ele trabalha em um centro de autópsia... e, bem...

–Tá, pera ai, deixa eu ver se eu entendi... você forjou a sua morte?! – perguntou Brian surpreso.

James assentiu e continuou.

–Então eu só tinha que ser declarado “morto” perante as autoridades.. o que não foi nada fácil, considerando o meu trauma por agulhas... – pausou – dai eu consegui uma injeção que amenizava os batimentos cardíacos... bom, depois vocês já sabem...

–... você foi encontrado “morto” pelas autoridades... – concluiu Johnny abismado.

–É.. – concordou Jimmy.

–E AS TATUAGENS?! – Perguntou Syn pela milésima vez – quer dizer que eu senti dor nesse peitinho de peru lindo aqui a troco de nada?

Jimmy riu pelo nariz.

–O foda não é ter sentido a dor no peito, o foda é ter sentido dor no coração em vão – conclui Matt, o que fez todos ficarem e silencio.

–Eu amei a musica que vocês fizeram para mim... – disse Jimmy num fio de voz – obrigada!

Brian sorriu.

–Isso é para você ver que a gente se importa com você... – disse, o que fez Rev sorrir.

–Desculpem pessoal, eu fui um idiota! – disse em alto e bom som – de verdade. Eu sinto muito.

–Tudo bem Rev... o importante é que você está de volta... não é meninos? – perguntou Zacky no intervalo do bolinho.

–É... – todos concordaram. Todos menos Matt e Arin, é claro.

–Tio Jimmy, tio Jimmy... – Owen entrou correndo na sala com um papel e alguns lápis de cores nas mãos pequenas – olha o que eu fiz para você! – disse orgulhoso.

Jimmy pegou o papel e viu dois bonecos desenhados, ambos tocando bateria.

–Ficou lindo Owen... – disse James bagunçando o cabelo do garoto – é para mim?

Owen assentiu e logo voltou para o quarto do seu pai, onde estava antes de ir para a sala.

–Bom, eu quero começar tudo do zero... será que vocês me ajudam?

–É claro que sim! – disse Brian sorrindo de orelha o orelha.

–Começar do zero...? – Johnny balançou a cabeça confuso – como assim?

–Vocês, a banda... quando é que eu volto para a banda? – perguntou Jimmy com os olhos brilhando.

–NÃO! – gritou Arin – Você. Não. Vai. Entrar. Para. A. Banda. – disse ríspido.

O sorriso de Jimmy foi se fechando aos poucos.