Olá, Querido Diario escrita por Eve Roarke


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, acho que ninguem vai ler buuut...



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Dizem que sair de casa era a melhor coisa que alguém da minha idade tem que fazer. Representa liberdade, responsabilidade e amadurecimento. Para Mariana aquilo estava sendo totalmente ao contrario. Era só pensar que ela não teria mais a comida caseira de sua mãe ou as brincadeiras quase sem graça de seu pai todos os dias, que ela tremia dos pés à cabeça e pensava em desistir de morar com o seu mais novo noivo. Noivo, ela não gostava do jeito que aquela palavra a fazia sentir, afinal nunca foi uma mulher convencional que sonhava em se casar, na verdade era ao contrario, a festa que iria acontecer em 4 meses não lhe agradava muito. Não era o seu futuro marido, longe disso, ela o amava e muito. Só que a idéia de aparecer vestida de branco na frente de “trocentas” era amedrontador, principalmente para ela que não sabia andar sem tropeçar. Imagine andar em um corredor, com todos a olhando e quando fosse chegar perto de Thiago ela caísse. Como ela havia dito, amedrontador.

Por falar na criatura, que pelas buzinas constantes que havia dado há alguns minutos não está de bom humor, ela ouve sua voz do andar de baixo - Já terminou com as caixas Mari? – Ela responde com um “Quase” e sai correndo pelo seu quarto olhando todos os cantos para ver se não tinha esquecido nada. Foi em direção de seu guarda-roupa e não viu a porta de madeira aberta que foi de encontro com sua cabeça. Mari caiu sentada massageando sua testa e percebendo que o guarda-roupa sacudiu algumas vezes e alguma coisa caiu ao seu lado. Um livro. Não era um livro qualquer, ela sabia bem o que era. Aquela capa cor de rosa, cheia de borboletas e glitter era muito familiar. Tão familiar que deu medo para a garota, que sabia exatamente o que contia naquelas paginas. Ela o pegou cautelosamente, como se fosse desaparecer se ela o segurasse forte de mais e o abriu, olhando a primeira pagina com os olhos já marejados, “Diário da Mariana”. Folheou então algumas paginas se lembrando o porquê delas todas estarem em branco. Sua mãe a havia lhe dado quando ela tinha 17, no primeiro dia de seu ultimo ano escolar. “Para desabafar tudo aquilo que não quer esquecer”, se lembrou de sua mãe falando quando lhe deu o embrulho. Na época, ela não deu a mínima para aquele caderno, que em sua opinião era infantil, então o deixou de lado durante ou primeiros 5 meses. Folheava as paginas em branco até encontrar as únicas que ela preencheu.

5 de maio, 2005
Não sei muito bem como começar a escrever um diário, principalmente um que só vou usar hoje e ninguém nunca, repito NUNCA vai saber dele, mas vamos lá…
Olá querido diário, (que clichê)
Hoje eu acordei puta da vida, como sempre nesse ultimo mês. O garoto novo, que todo mundo chama de Peres (deve ser seu sobrenome), ferrou comigo novamente, mas dessa vez ele me ferrou com o professor. Como sempre, não estava prestando atenção na aula, então o professor me pegou de surpresa com uma pergunta. “Qual seria a resposta senhorita Mariana?”. Eu entrei em pânico, lógico. Então alguém apareceu do nada na minha orelha e sussurrou “Vulcões”, eu como já estava quase tendo um colapso falei bem alto Vulcões e advinha? Todos começaram a rir e o professor virou para a lousa, mas não sem antes falar. “Não Mariana, a resposta da equação que está na lousa não é Vulcões”. Exatamente, estava tendo aula de Matemática. “Acho que a senhorita poderia acompanhar o senhor Peres até a diretoria, já que nenhum dos dois estavam prestando atenção.” Então eu percebi que quem estava atrás de mim, a pessoa que me passou a resposta era a única que adorava me fuder com os outros. Sai de lá, muito envergonhada, mas não era por isso que meu rosto estava vermelho. Eu estava parecendo um pimentão de raiva mesmo. Comecei a descer as escadas quando o idiota me cutucou.
- Onde você vai? – Ele me perguntou, me olhando com uma expressão que me irritou, ele estava me zoando.
- Não sei se ouviu o professor falando, mas é para irmos para a diretoria
- E você vai mesmo? – Falou como se não acreditasse e eu acenei que sim – Quer levar uma suspensão? – Eu acenei que não – Ótimo, então venha – Ele me puxou pela mão e me levou até o ultimo andar do colégio, onde ficava a quadra.
- Gênio, não acha que vão procurar a gente? – Perguntei enquanto me sentava na arquibancada.
- Não, eu sempre venho aqui. – Ele se deitou um degrau acima do meu, fazendo assim, sua cabeça ficar perto da minha, já que eu estava sentada. Ele fechou os olhos, parecia sereno, um sorriso leve apareceu em seus lábios o que me fez sorrir também, mas só por alguns segundos, pois lembrei que estava brava.
- Porque fez aquilo? – perguntou cruzando os braços, ele abriu os olhos e deu uma gargalhada virando de barriga para baixo.
- Achei que seria engraçado, só – Ele olhou diretamente para mim e pela primeira vez percebi que seu olhos eram azuis, porem desviei os meus castanhos sem graça, ainda estava brava.
- Porque só pega no meu pé? E não adianta negar.
- Não vou negar nada – Ele disse ainda me olhando – Eu pego sim no seu pé, de propósito – lhe questionei – Você fica linda brava. Fica vermelhinha, seus olhos brilham mais e uma ruga aparece em sua testa – Eu estava sem palavras, com certeza estava vermelha, agora por vergonha – Fica linda com vergonha também – ele tocou minha bochecha direita com o polegar, me fazendo agora olhar diretamente para seus olhos.
O resto você já deve saber né diário? Sim ele me beijou. E não foi um beijo qualquer não, foi O BEIJO. Nenhum dos caras que eu beijei se comparou a ele, nem Toni Demarco, um carinha mais velho, que faz faculdade.
Mais uma coisa… Nos pegaram no ginásio e agora eu estou de castigo por duas semanas, mas acha que isso vai me parar? Nesse exato momento tem alguém jogando pedras na minha janela, pedindo para entrar, então tenho que parar aqui, prometo escrever mais.
Aliás, Peres é realmente o sobrenome. O nome dele é Thiago.
—/—

Mariana não cumpriu a promessa, e o diário daí para frente estava totalmente em branco. Ela percebeu então que estava chorando e abraçou o pequeno livro rente ao peito e ficou ali por alguns minutos. Até que alguém abriu a porta rudemente.
- Porque está demorando tanto? – A voz masculina preencheu o quarto e ela assustada fechou o diário rapidamente, ele não podia ler aquilo – O que é isso? – Thiago deu um sorriso de lado.
- Nada, apenas um desabafo – Ele viu que ela estava chorando e a abraçou, não demorando para depositar um selinho demorado nos lábios da futura esposa, então levou a boca até seu ouvido – Você tinha uma letra horrível na época.
Mariana não ficou brava, apenas riu e deixou algumas lagrimas de felicidade caírem. Aquele era seu namorado, amigo e agora ela aceitava. Aquele era seu noivo.


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Notas finais do capítulo

Se lerem, me deixem um comentário ook? Só para saber se é boa ou não :D