You Could Be Happy escrita por Fernanda Redfield
Notas iniciais do capítulo
Boa noite pessoas ♥
Eu sei que disse que estava sem tempo para nada... Mas eu não contava com o Troll Murphy liberando a cena das Bridesmaids no twitter.
Portanto, essa fanfic é fruto dos feelings que tive com aquela cena.
Leiam com "You Could Be Happy" do Snow Patrol e façam bom proveito!
“You could be happy and I won’t know. But you weren’t happy the day I watched you go.”
Quinn Fabray continuou a caminhar, mesmo quando a respiração ofegou e quando falhou na tentativa de segurar as lágrimas. Sua mão tocou a maçaneta e a loira olhou por cima dos ombros apenas para perceber que Rachel Berry não estava mais esperando a sua presença no casamento.
Ficou indecisa por alguns segundos. Não somente naqueles segundos. A indecisão já fazia parte do seu ano, assim como a confusão. A mão branca fechou-se sobre a maçaneta de cobre, mas Quinn não teve coragem de girá-la, pelo menos, não naquele momento. Ofegou mais uma vez, o peito apertou enquanto escutava a voz de Rachel Berry atrás de si.
– Quinn, eu disse que se você estivesse desconfortável, não precisaria ir ao meu casamento.
– Tudo bem, só me deixe fazer mais uma tentativa. – Quinn não teve consciência do que dissera até escutar as próprias palavras, a loira suspirou e tornou a se virar. Encontrou as demais garotas do Glee observando a cena com ansiedade. Rachel continuava a ignorá-la, dessa vez, olhando-se no espelho enquanto ajeitava algumas mechas do cabelo castanho.
O olhar das duas jamais chegou a se encontrar novamente.
“And all the things that I wished I had not said are played on loops ‘till it’s madness in my head.”
– Eu acho que sei por que você não me quer no seu casamento, Berry. – Rachel ergueu os olhos quando Quinn começou a falar, mas não teve coragem de encará-la. Em vez disso, olhou para as demais meninas do Glee que saíam praticamente correndo da sala vendo-se diante do fogo cruzado entre a loser e a ex-cheerio. – Porque eu estando lá no altar ao seu lado vai ser uma lembrança de tudo que eu te disse aqui e agora, tudo que você sabe ser verdade.
– Nós já falamos sobre isso, Quinn. Se não nos apóia, não vá. Finn é uma das poucas coisas que eu tenho certeza que estarão comigo pelo resto da vida. – Rachel foi extremamente rápida na resposta, porque aquela era a verdade. Finn era a única coisa que não ia se desvencilhar dela ao lado da vida. Finn fora seu quase que todo o ensino médio e seria seu pelo resto da vida.
Só bastava dizer uma palavra: sim.
E o que Quinn sabia sobre a durabilidade das coisas? Rachel tentara ser amiga dela por 4 anos de ensino médio, recebeu todo o tipo de julgamento e bullying em boa parte desse tempo, para, só no final de tudo, ver Quinn se abrir e começar a despejar verdades em seu rosto. Quinn não tinha esse direito, não a Quinn que Rachel desconfiava continuar ser a mesma cheerio malvada de sempre.
E mais: o que o futuro reservava para a suposta amizade das duas? New Heaven e New York não eram assim, tão perto. Havia estradas entre elas, linhas férreas e principalmente, novas pessoas. Se Quinn queria partir antes da inevitável despedida, Rachel não a impediria.
Por dentro, estava machucando. Mas por fora, Rachel trabalhava para que a visão das costas de Quinn deixarem a sala não a machucasse tanto quanto sabia que machucaria. Afinal, ela ainda era Quinn Fabray. Ainda era a garota que ela mais admirava em vida, ainda era a garota que ela, um dia, queria ser. Quinn ainda era seu modelo e, de alguma forma, Rachel aprendera a gostar dela.
“Is it too late to remind you how we were? But no our last days of silence, screaming, blur...”
– Ele não é a única coisa que você tem, ele é a única coisa presa a você. – As palavras saíram com mais ódio do que Quinn esperava, as mãos pálidas fecharam em punho e a loira se aproximou lentamente da morena. Trêmula da cabeça aos pés.
Trêmula como sempre ficara quando próxima a Rachel Berry. A princípio, o tremor era de medo. Medo daquele brilho intenso daquela estrela única do McKinley High ofuscar o seu cargo de rainha do colégio. Depois, o medo se tornou intimidação. Rachel a desafiou a se superar para manter todos aqueles troféus de homem em sua vida.
E por último, aquele sentimento tão forte e tão doentio que esteve desde o começo dentro de si. Mas que fora escondido e disfarçado pelo ódio. Para ser descoberto agora, quando ambas estavam próximas a dizer adeus.
Era amor. Quinn não sabia como falar, não sabia como se expressar. Tudo dentro dela estava bagunçado. Mas a única certeza que ela tinha era de que não podia deixar Rachel Berry ceder a Finn Hudson naquele casamento. Não por vê-la com outro, mas sim por vê-la se apagar quando estava próxima a ele.
E Quinn não viveria sem o brilho morno e saudável daquela única estrela em seu céu.
Finn não tinha direito de rebaixá-la, de fazê-la se sentir mal pelos seus sonhos... Finn não podia roubar a arrogância e a coragem de Rachel, porque aquelas eram as coisas que a caracterizavam. Aquelas eram as coisas que Quinn amava e que, de forma egoísta e orgulhosa, pertenciam a Quinn. Porque fora ela que as encontrara primeiro.
Porque foi Quinn que sempre a encorajou a sair de Lima, de forma maligna e deprimente, mas Quinn sempre protegeu Rachel e deu a ela, uma porção do mundo real. Do mundo onde ela seria julgada por sua aparência e concorrência.
Quinn Fabray protegeu Rachel Berry e isso fazia de Rachel, somente SUA.
– Por favor... Ele está te derrubando, Rach. – A voz de Quinn saiu sôfrega dessa vez, o desespero estava mesclado com a decepção no tom de voz da loira e dessa vez, Rachel teve que erguer os olhos porque quando Quinn Fabray chorava, era covardia.
Quinn chorando lhe lembrava o quanto gostava dela
“Most of what, I remember, makes me sure I should have stopped you from walking out the door.”
– Quinn, não chore. As coisas não precisam ser dessa forma. – Rachel suplicou um pouco desesperada, quebrando o contato visual via espelho e virando-se para abraçar Quinn. A cheerio não reagiu de imediato, mas segundos depois, já envolvera Rachel em seus braços e soluçava baixinho enquanto procurava respirar adequadamente.
Rachel apertou a loira contra seu próprio corpo, afundando-se naquela segurança que só Quinn parecia passar para ela. A segurança que Rachel sentira desde sempre, até quando Quinn era a cheerio que lhe jogava slushies. Porque, desde o começo, Rachel desejou ser tão segura de si como a loira era, Quinn queria, de uma forma estranha, que Quinn a protegesse da mesma forma que protegia seu status social.
Mas agora, Quinn parecia estar sendo sincera. Quinn parecia, de fato, querer protegê-la do que estava acontecendo e do casamento que se aproximava. E não havia interesses envolvidos, era só ela e Quinn dessa vez, sem Finn ou Puck no meio.
E aquela não era a primeira vez, Quinn a ajudara a compor uma música. Quinn a fizera esquecer-se de Finn e focar-se em seus sonhos. Por que, então, estava revertendo o caminho percorrido e voltando para Finn?
Rachel apegava-se a ideia de que o amava, como sempre amou.
Mas por que o choro de Quinn parecia destruir cada parede que construíra em volta de seu relacionamento com o quaterback?
“You could be happy, I hope you are. You made me happier than I’d been by far.”
– Ok, tudo bem. – Quinn sibilou uma última vez antes de se afastar de Rachel e caminhar até a porta. A morena sentiu, imediatamente, falta do corpo de Quinn próximo ao seu. Rachel agitou a cabeça e alisou as pregas do vestido de noiva que, agora, não lhe parecia mais tão bonito assim. – Eu espero que seja feliz.
Quinn girou a maçaneta e para Rachel, o som foi ensurdecedor. A morena ficou paralisada por alguns segundos antes de gritar:
– Você vai vir ao casamento?
– Não, Rach. Eu não estou feliz com isso. – Quinn respondera sombria, o sorriso triste tomou todo o seu rosto e antes de ela deixar a sala, Rachel pode ter certeza de que viu uma lágrima escorrer pela bochecha pálida.
Por quê?
Quinn fechou a porta atrás de si com uma batida rústica e seca. Praticamente correu pelo corredor até a saída, ignorando os chamados de Santana e das demais meninas. Ela precisava ficar sozinha mais uma vez e, quem sabe, desaparecer naquele dia.
Rachel nunca saberia o quanto era grata, Rachel jamais compreenderia nenhuma das suas ações. Rachel sempre acharia que Quinn estava apenas preocupada com sua felicidade quando, na verdade, Quinn estava preocupada com a felicidade de ambas.
Porque por mais lágrimas e choros que Rachel tenha derramado naqueles anos que passara com Quinn, os sorrisos provocados pela ex-cheerio eram muito mais sinceros e muito mais intensos do que qualquer sorri que Finn Hudson pudera provocar em Rachel.
E Quinn? Quinn foi mais feliz do que nunca enquanto esteve com Rachel Berry.
“Somehow, everything I own smells of you. And fot the tiniest moment, it’s all not true.”
Rachel fechou os olhos quando as meninas voltaram a entrar na sala, caladas e tensas. A morena tentou voltar a sua animação inicial e não conseguiu.
Tudo parecia irreal agora, tudo parecia extremamente falso agora que Quinn partira para sempre dali.
E Rachel não conseguia pensar quando o cheiro de rosas e já conhecido de Quinn inflamava seu olfato e a fazia chorar.
A morena teve certeza que não. Não conseguiria ser feliz sem ela.
***
No final das contas, o casamento não aconteceu.
Mas Quinn não estava lá para ver Rachel Berry dizer não enquanto um Finn Hudson observava tudo confuso e Santana Lopez soltava gritos de exclamação no cartório.
Quinn também não estava na conquista das Nacionais, ela simplesmente desaparecera ao deixar a loja de vestidos naquele dia.
E Rachel não a vira desde então.
“Do the things that you always wanted to without me there to hold you back, don’t think, just do. More than everything, I want to see you girl take a glorious bite out of the whole world.”
– Cinco minutos, Miss Berry!
Rachel terminou de passar lápis nos olhos e ajeitar o cabelo. Atravessou o camarim rapidamente e abriu a porta. Acabou trombando com um homem enquanto ajeitava uma peça do figurino.
– Me desculpe, Miss Berry. Esse buquê de gardênias chegou agora, onde coloco?
– Coloque em cima da mesa de maquiagem, por favor. – Rachel respondera educadamente com um sorriso, apanhando o cartão quando o homem passou por ela com o buquê. Rachel sempre gostara mais dos cartões do que das flores. Rosas, margaridas e orquídeas eram comuns quando se era uma das divas da Broadway, mas os cartões sempre eram diferentes e principalmente, únicos.
Os dedos morenos abriram o envelope amarelo-pergaminho com delicadeza. Notou um pequeno brasão em cera no fecho do envelope. Rachel sorriu, silenciosamente agradecida, ao rapaz que passou por ela, saindo do camarim. A morena respirou fundo e desfez o delicado fecho de cera. O pergaminho de dentro do envelope pareceu vazio, mas Rachel o virou do outro lado para se deparar com apenas 3 palavras:
“Você está feliz, pequena judia?”
Rachel engasgou quando uma série de memórias para sempre esquecidas irromperam violentamente em sua cabeça e em seu coração. Somente uma pessoa a chamava daquela forma, apenas uma pessoa lhe disse para ser feliz um dia...
Rachel correu porta a fora, esbarrando em alguns coadjuvantes do musical que passavam por ela. A morena olhou para os dois lados do corredor e não encontrou nenhum resquício de cabelo loiro ou do rapaz da entrega. O pergaminho permanecia entre seus dedos e ela colocou-o próximo ao seu coração, tentando fazer aquelas palavras romperem sua barreira física e chegar ao seu coração...
– Finalmente, Miss Berry! A senhorita já vai entrar!
Rachel virou-se na direção contrária ao palco, mas alguém da produção a empurrou pelas escadas em direção às coxias e colocou um microfone em sua roupa enquanto ajeitava-lhe o cabelo. Rachel mordeu os lábios e guardou o pergaminho entre os seios, tentando recuperar a calma e a concentração.
As cortinas se abriram e Rachel contemplou o silêncio escuro de mais um teatro da Broadway, ela fechou os olhos e escutou a melodia da música que deveria cantar... Abriu os olhos castanhos novamente e, de forma inexplicável, eles foram atraídos para uma figura elegante sentada na primeira fileira.
A figura não percebeu que era observada, pois olhava o programa da peça com extrema atenção. Mas assim que ela baixou o papel e Rachel encarou os olhos verdes pela primeira vez depois de dez anos... Ela finalmente pode afirmar que estava começando a ser feliz.
E o sorriso de conhecimento vindo daqueles lábios que uma vez lhe proferiram palavras odiosas apenas lhe fez ter a certeza de que agora, estava feliz.
Distante de Finn Hudson e com Quinn Fabray de volta a sua vida... Rachel sorriu e preencheu os pulmões com o primeiro respiro aliviado em anos. E, inexplicavelmente, ela só conseguia sentir o perfume de rosas misturado às gardênias.
Ela seria feliz daquela vez.
FIM//
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