A Tributo Do Distrito 6 - Jogos Vorazes escrita por Escritora sonhadora


Capítulo 2
Um dia de treinamento com minha amiga Cléo


Notas iniciais do capítulo

me desculpem se esse ficou pior que o outro, não gostei muito do final, mas de pois tudo vai ficar mais interessante haha



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Mal posso dizer que dormi essa noite, mas ao contrário de outras noites assim, não estou cansada. Fico um tempo na cama, olhando para cima, tenho tanta coisa pra pensar, que acabei não pensando em nada, só olhando. Acho que isso deve ser um defeito meu, se desligar do mundo. Decido me levantar para arrumar algo pro café da manhã, mas quando chego me surpreendo, meu pai já havia acordado – ou apenas não havia dormido – e passou no centro para comprar algumas raízes. Ele me serve uma caneca quente com água e chá, que pelo cheiro é de pinheiro. Fumaça sobe da caneca enquanto minhas mãos gélidas levam a caneca até a boca, mas continuo com preguiça demais para ter que vestir uma calça e estou de short.

– Ela chegou? – sei que não, pós ele estaria dormindo e eu teria a ouvido chegar, mas no fundo eu ainda tinha esperanças.

– Nada dela ainda – ele me diz com calma, mas somos sinceros um com o outro, ele não consegue mentir pra mim nem eu pra ele, estava realmente preocupado.

– Vou sair com a Cléo hoje – combinamos de nos encontrar pra cavalgar e treinar um pouco, espero nunca ser escolhida para os jogos, mas como tínhamos medo disso acontecer, decidimos treinar um pouco o manejo de facas.

– Tudo bem,vai levar as facas ou dessa vai será um passeio mesmo? – mas só de olhar pra mim ele já conclui a resposta – Ah sim, as facas...

Assinto com a cabeça e vou para o quarto. Pego minha mochila, coloco as facas, uma corda, minhas coisas de cavalgada e parto direto para a colina. Demora um pouco até Cléo chegar, mas sei que a culpa não é dela, cheguei a tempo de ver o sol surgindo entre a neblina densa. Cléo me olha como se algo estivesse errado.

– O que aconteceu Podrona? Por que esta com essa cara?

Agora percebo em como estou séria e distante, penso em mentir, mas aqueles olhos claros de Cléo me fitam profundamente tentando desvendar a minha alma. Realmente apavorante.

– Minha mãe – digo – ela não voltou pra casa ontem, e não a vi na hora do café.

Não era tudo, mas era parte da verdade.

Ela apenas me abraça, senta-se ao meu lado e me deixa desabar em seu colo. Ficamos conversando um pouco enquanto ela desfazia os nós de meu cabelo, ela sabe bem como lidar com essas coisas, nunca me deixa ficar triste. Dividimos um pãozinho e depois fomos para as aulas de cavalgada. Não temos dinheiro para ter cavalos, mas tem um cara que trabalha no centro, ele nos empresta seus cavalos por dois dias de serviço em sua loja. Cavalgar me deixa tranquila, e com o tempo acabo esquecendo os problemas. Depois de umas 4 horas de cavalgada deixamos os cavalos com o senhor da mercearia e voltamos ao campo para treinar nossas habilidades com as facas. Não somos tão ruins, na maioria das vezes acertamos em cheio nossos alvos, que na maioria das vezes são pontos vermelhos em árvores.

– Sabe, a gente melhorou muito dês de que começamos a treinar – zomba ela – mas ainda sou bem melhor.

– Nem sonhe, ganho de você facilmente – imito a voz dela ao dizer.

– Sabe, não tenho mais tanto medo dos jogos, acho que temos chance de ganhar – ela joga as palavras no ar, mas depois se da conta do que diz e corre para se corrigir – se precisássemos é claro!

Ficamos em silêncio um pouco. Esse não é um bom assunto entre nós.

– Sabe, eu ainda tenho medo, mas acho que talvez, só talvez... a gente conseguisse ganhar os jogos.

Não comento muito sobre isso, mas não acho que ela esteja certa, geralmente quem ganha são os carreiristas, de modo que não temos muita chance contra eles, nós apenas treinamos algumas vezes na semana, não nos dedicamos a isso, não queremos nos dedicar a isso.

Cléo me entende muito bem, diferente da maioria das pessoas, então muda de assunto como se o anterior não tivesse surgido.

– Já escolheu sua roupa? – ela me pergunta.

– Pra quê?

– Para a colheita é claro! Minha tia me trouxe um vestido lindo, ele foi da minha avó. – os pais de Cléo são comerciantes, não são muito ricos, mas não moram em casebres como eu e podem se preocupar com coisas mais fúteis como vestidos bonitos.

– Acho que não tenho nada pra ocasião, e agora então nem sei o que fazer – penso em minha mãe e onde ela poderia estar.

– Então venha até a minha casa, vou te emprestar algo.

Eu tento recusar o máximo que posso, mas não é fácil discutir com ela, de algum modo, ela sempre consegue estar com razão. Enquanto caminhamos até a casa dela vejo Harry no centro, ele estava comprando pães, subitamente me pego olhando pra ele com um sorriso bobo no rosto. Porque será que estou sorrindo? Eu lhe devo uma por ter me ajudado, mas não era isso que eu estava sentindo, não era gratidão. Sinto uma vontade estranha de me aproximar dele.

– Quem é aquele? – Cléo diz com uma voz de sarcasmo – você está, hm... afim dele?

– Cale a boca boba, – acho que entendi o que estou sentindo – apenas me siga sem reclamar.

Fui na direção dele e agradeci pela mochila. Ele diz que não foi nada e nos convida para lancharmos com ele amanhã. Ele parecia simpático, mas ainda era frio e perigoso. Sabe... acho que gosto disso. Quando estamos indo embora chego perto o suficiente para sentir seu perfume, não sei explicar direito o cheiro, mas eu adoro, e o melhor, o cheiro impregnou na minha blusa de lã laranja.

Agora, já na casa de Cléo, fico sendo completamente zombada. Acho que nunca ouvi tanta besteira vinda da boca dela.

Após vários e vários vestidos que ela sabe muito bem não se encaixarem no meu perfil ela diz:

– Julieta, o que acha deste vestido? – ela volta a rir e dizer aleatoriamente Romeu, Romeu...

Acho que entre todos os vestidos dela, aquele sem dúvida era o mais bonito, eu jamais teria condições de tê-lo, arregalo meus olhos e ela vê em meu rosto que é aquele que eu quero. Ela me emprestou ele para que eu usasse na colheita, mas é claro que não pode perder a oportunidade de dizer “vamos ver o que o Romeu vai achar quando você chegar lá toda produzida”, em parte seguro o riso, penso em como ela é tola em achar que vou fazer algo além de pentear os cabelos.



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