Uma semana depois de eu terminar meu namoro, descobrir que meu professor era o cara que tinha dado em cima de mim numa festa, era o dia que as minhas amigas top-models chegavam.Uma semana passou-se do karma chamado Ian ter me conhecido.E ele puxava meu saco sem ninguém perceber, porque tipo, quando se é nerd, qualquer elogio é mera coincidência.

—Algum problema, Leah?—perguntou Ian na frente de minha mesa, com um sorrisinho torto.O perfume dele me deixou tonta.

—Ah, nenhum.Por quê?

—Bem...Você parecia preocupada.—Falou ele passando a mão no cabelo loiro e bagunçado.

—Ah, não é nada não—sorri.Parecia tão fácil falar perto de minhas amigas.

—Ok, será que você pode ficar depois da escola, pra me ajudar com algumas coisas da sexta série?

—Tá.Eu fico.

Na saída da escola...

—Luuh, maninha, vou ficar por aqui, não se preocupa.—Falei e ela assentiu, cantando alto Florence+The Machine.

Adentrei a escola de novo, e fui direto à sala do professor Ian.Ok, eu tinha que admitir que ele me tratava muito bem.Agora.

Eu abri a porta da sala e o vi de costas.Quando ele se virou vi que um botão de sua camisa branca estava aberto, e a gravata que ele usava, estava folgada.Um lado da minha mente pensou o quão sexy ele estava.Ok, toda minha mente pensou isso, admito.

—Oi, Leah.

—Oi, professor.

—Bem, na verdade, eu tenho que dizer por que te chamei aqui.Eu precisava de um tempo a sós com você.Primeiro, pra me desculpar pelo dia da festa, e segundo...pra dizer que...bem...

—Fala—pedi.

—Olha, pode ser estranho para você, como está sendo pra mim, mas eu te amo.

Para o mundo, agora.Ele me AMA?

—O quê?—perguntei, desnorteada.

—Eu.Te.Amo.—falou ele, surpreso com minha expressão.

Fechei os olhos.Fiquei com eles apertados, tentando não pensar nele na minha frente.Então algo tocou meus lábios?Eram os lábios dele me beijando?Espera aí.

—Opa—empurrei ele, suavemente, sem querer magoá-lo.Ele fez uma careta e me soltou.

—É...me desculpe.

Eu fiquei sem dizer nada, pensando o por quê dele me beijar, foi tão estranho, mas de certo modo, eu também o beijei, eu me movi com os lábios dele, ritmada.

—Foi meio rápido demais, Ian...quer dizer...professor.

—Olha, me chama só de Ian.

—Ok—respondi.—Ian, isso foi rápido demais... a gente nem se conhece ainda.E você é mais velho, meu professor e acabou de me beijar...

—Me desculpa.—Falou ele com um rosto meio...torturado.Que dó que senti agora.

—Você está se desculpando demais...Esqueça o dia da festa, por favor.

—Eu posso me esquecer da parte ruim: a que te agarrei.Mas a parte que me apaixonei por você...

—Você nunca vai esquecer—sussurrei, completando a frase dele, então Ian sorriu de lado.

—Pode anotar: eu vou fazer você se apaixonar por mim, e vamos provar pra todo mundo isso.

—Então, está bem—sorri.—E agora?

—Vai pra casa, menininha.

—Tlá blom, tio—eu disse como uma criancinha e beijei a bochecha dele, me virei para a porta para sair.

—Tio, é?—sussurrou ele e me puxou, para me beijar de novo.Eu ri.

—Que coisa feia, tio mau.Pode beijar menina inocente, não.

—Menina inocente?—Perguntou ele sorrindo.

—É.

Saí finalmente da sala.

Então comecei a pensar se ele não estava me usando.Soaram tão decididas suas palavras, mas pensando bem, será que eu não era só uma aventurinha boba?Ele podia me largar depois, e eu ficar desolada?Ai.Meu.Deus.

Eu queria desabafar, escrevendo.Lembrei-me que eu não tinha um diário, porque se eu desabafasse, mesmo escondendo os nomes do Ian e tal, Emily ia perceber a quem eu estava me referindo.

Passei na papelaria, procurando um diário com chave.Não que eu não confiasse na Luanna, mas é que se eu perdesse?E mesmo assim, alguém podia arrombar o cadeado, igual quando eu fiz isso com um diário meu que perdi a chave, aos 10 anos.Peguei um diário básico, púrpura, sem desenhos na capa e com um cadeado.

Fui ao caixa e paguei.Enfiei o diário na bolsa e saí quase correndo para casa da Kathy, antes que ela me encontrasse e cortasse meu pescoço.

Cheguei no prédio hiper-chique e entrei no elevador com uma senhorinha com um cachorro, me abaixei rápido para fazer um afago nele.Ele lambeu minha mão e eu sorri.Esperei o elevador chegar na cobertura, e bati na porta do 406, o número do apartamento dela.