As Filhas De Calipso escrita por Liz Jensen, Laís di Angelo


Capítulo 19
Treino e magia


Notas iniciais do capítulo

Hey, galera! Eu demorei, tô sabendo, mas eu explico tudo direitinho num capítulo de aviso, ok?
Enjoy!



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POV Violet

Acordei por volta das oito horas e encontrei a cama de Cristal vazia e um bilhete sobre o criado-mudo. Ótimo, eles já foram. Peguei o bilhete e o li. Cris disse que voltava em poucos dias e que me amava. Essa menina gosta de puxar o saco. Mas até que funcionou... um pouco.

Peguei uma muda de roupa e fui para o banheiro tomar um banho. Escutei uma batida na porta.

- Violet? Você tá aí? - perguntou a voz de Ellena do lado de fora do chalé.

- Já vou! - gritei para que ela pudesse me ouvir, terminando de calçar o tênis.

Abri a porta do chalé e vi Ellena encostada na parede, pensativa.

- Vamos?

Fomos caminhando calmamente para o Refeitório. Ao chegarmos lá, eu e Ellena fomos para nossas respectivas mesas.  Quíron pediu que acrescentassem uma mesa para mim e Cristal. Era uma mesa com quatro lugares, nada demais. Me sentei e comecei a comer as panquecas, entediada. Vi Beatrice e Mike entrando no pavilhão e acenei rapidamente. Assim que Ellena terminou seu café, foi para a estufa, como sempre. Terminei de comer e saí do refeitório, indo para as minhas atividades do dia, quando alguém segurou meu braço. Me virei rapidamente e vi Nico.

- O que está fazendo aqui? - perguntei, tentando não soar rude. - Pensei que já tivessem ido.

- Sem muitas palavras hoje, ok? Por que se não... Vamos brigar por algum motivo idiota - ele disse e me abraçou. Tenho que confessar, fui pega de surpresa. Não pude fazer nada além de retribuir o abraço.

- O que você quer dizer com isso? - indaguei assim que ele me soltou.

- Eu sei que você está confusa, então acho melhor conversarmos depois que eu voltar. Por que eu estou sem tempo - respondeu simplesmente, dando de ombros. – E quero respeitar seu espaço.

Fui pega de surpresa novamente. Ele queria respeitar meu espaço? Desde quando alguém fazia isso por mim? A única que conseguia respeitar era Cristal, e às vezes nem ela conseguia.

- Não precisa ficar tão surpresa! - disse Nico, sorrindo, pegando sua mochila no chão.

- Não é isso, é que...

Ele me olhou e pareceu entender.

- Tudo bem. Vejo você daqui uns dias – respondeu.

- Tente voltar vivo - falei.

Ele riu.

- Pode deixar. - ele depositou um beijo na minha testa e foi se encontrar com Dean na base da Colina Meio-Sangue. Olhei para o topo da colina e pude ver Cristal sentada. Dei meia volta e fui treinar.

- Levante a guarda! - clang! - Muito alto! - clang! - Proteja o lado esquerdo! - clang! - Mas não esqueça o direito!

Percy estava tentando me ajudar a lutar. Não parecia estar funcionando. Ele me arrumou uma espada um pouco menor, mas eu não conseguia lutar com ela. Como com todas as outras.

- Desisto! - falei, quando Percy arrancou a espada das minhas mãos mais uma vez.

- Talvez você não consiga usar uma espada - disse ele, jogando água sobre a cabeça. - Quem sabe uma lança?

- Não adianta. Eu já tentei usar uma lança, dá na mesma.

Nesse instante Annabeth entrou na Arena.

- Qual o problema? - ela perguntou dando um selinho em Percy.

- Violet não consegue encontrar uma arma.

Annabeth me analisou com aqueles enormes olhos cinza, da mesma cor de uma tempestade de verão.

- Você já tentou todas as armas?

- Sim. Espada, lança, arco e flecha...

- Você já tentou usar uma adaga? - ela perguntou.

- Adaga... Ainda não. Pode-se usar uma adaga em uma luta?

Ela sorriu pra Percy.

- Então eu já sei o que fazer. Vem comigo, Violet.

Eu a segui até um grande galpão, do tipo que fazendeiros usam pra guardar utensílios de colheita, tratores e essas coisas. Annabeth abriu a porta, mas não foi nada disso que eu vi lá dentro. Havia todos os tipos de armas, desde espadas de bronze até fuzis M-16.

- Vamos achar uma arma pra você. - disse Annabeth entrando no galpão.

Depois de uns dois minutos perdida entre diversas armas, Annabeth voltou trazendo uma faca nas mãos.

- Acho que você vai gostar. - disse ela.

Eu peguei a arma de suas mãos. Tinha um cabo de madeira lustroso, com um pequeno diamante encrustado. A lâmina estava protegida por uma capa de couro empoeirada. Eu a puxei revelando uma lâmina triangular de 45 centímetros, feita inteiramente de bronze celestial. A parte mais assustadora é que ela se equilibrava perfeitamente em minha mão.

- Annabeth, é... é linda.

Ela sorriu.

- É sua, se quiser.

Eu olhei para a lâmina, que parecia muito familiar. Havia um nome escrito na parte chata: βιολέτα

- Violet - eu traduzi, assustada.

Annabeth sorriu.

- É uma lâmina especial, no escuro ela reflete a luz roxa, ou violeta. Por isso o nome.

Me senti um pouco mais aliviada. Coloquei a faca de volta à capa e a prendi na cintura.

- Já quer testá-la? - perguntou Annabeth.

- Claro.

Voltamos pra Arena, onde o chalé de Hermes treinava. Annabeth me levou para uma área mais afastada e puxou sua faca. Embora fosse alguns centímetros menor que a minha, parecia ser tão perigosa quanto.

- Pronta? - perguntou ela. Eu assenti.

Ela deu um meio giro e esticou o braço esquerdo com a adaga pronta para penetrar meu braço. Se eu não fosse uma pessoa sã, diria que foi mais a adaga em minha mão do que eu mesma, que antecipou o movimento e bloqueou.

- Bom – Annabeth disse. – Ataque.

Dei um passo para frente e investi com a ponta da adaga pra baixo pronta para enfiá-la no estômago da filha de Atena, se estivéssemos realmente nos matando. Annabeth, obvio, bloqueou. Em seguida, me atacou pelo mesmo flanco que antes. Sorri ao ver que ela sempre deixava o lado esquerdo desprotegido. Ataquei com rapidez e por um centésimo de segundo ela se atrasou para a defesa.

- Continue assim – incentivou.

Foi o que fiz. A luta continuou justa, eu não conseguia encostá-la, nem ao contrário. Eu conseguia antecipar seus movimentos e descobri seus pontos fracos, sendo que esta era a minha primeira luta com Annabeth.

A adaga foi ficando cada vez mais leve em minhas mãos. Parecia tão cortante e ofensiva quanto os olhos de Annabeth quando ela começou a ficar nervosa.

Eu estava me sentindo tão bem, forte...

Ataquei mais uma vez. Annabeth deu um passo para trás e eu girei. Ela se abaixou e assim que levantou me atacou pela direita. O olhar de incentivo dela havia desaparecido. Agora ela estava tão concentrada quanto eu. A leveza de seus golpes havia desaparecido.

Assim que ela se virou para me atacar com um giro, eu abaixei, levantei e bati com a adaga na dela. O olhar dela encontrou o meu por uma fração de segundos. Girei o pulso e bati na mão dela. Sua adaga fez um barulho estridente quando tocou o chão. Foi quando percebi que muitos na Arena olhavam nossa luta. Todos se silenciaram.

Por favor, não me diga que todos vão ficar com medo de mim de novo, que nem na noite do Capture a Bandeira.

- Muito bem. - disse Annabeth com um sorriso, indo recolher sua faca. Ela olhou pra multidão estática. - Voltem para suas atividades.

Todos assentiram e voltaram a treinar como se nada tivesse acontecido.

- Acho que quando eles voltarem da missão vão ter uma surpresa. - falou Annabeth se referindo aos bonitinhos que me deixaram pra trás.

- Espero que sim. - murmurei.

- E acho que você precisa de aulas de magia - disse Annabeth, pensativa.

- Aulas de magia? - repeti, atônita.

- Sim, acho que vai precisar. Cristal não parece ter herdado muito desse poder, mas você... Bem, vou falar com o chalé de Hécate.

- Obrigada – agradeci.

Saí da Arena pra próxima atividade, apenas pensando em como seria uma aula de magia.


 


 

Na hora do almoço, Annabeth veio falar comigo.

- Violet, eu falei com o chalé de Hécate e arrumei uma professora pra você. Depois do almoço, você precisa ir pro chalé 20. Heather estará te esperando lá.

- Isso é ótimo. Obrigada - falei, enquanto ela se afastava pra mesa de Atena.

Assim que acabei de almoçar, saí correndo na direção do chalé 20. Pra ser franca, eu nunca tinha reparado muito bem nos chalés, mas o chalé 20 me surpreendeu. As paredes eram feitas de pedra com encantamentos escritos, eu pude sentir a magia emanando dali. A porta estava escancarada e eu pude ver que estava escuro. Subi os degraus de gesso, cautelosamente.

- Toc, toc. - falei, batendo na porta.

O interior do chalé era o lugar mais estranho que eu já tinha estado. As paredes eram atoladas de enormes livros empoeirados. Havia um caldeirão no fundo do cômodo, de onde saía muita fumaça roxa. Eu não pude ver as beliches por causa do escuro, mas pude perceber que não eram a coisa mais importante do lugar, como se dormir fosse apenas um detalhe. Uma garota surgiu das sombras e eu levei um susto.

- Ah, me desculpe. - disse ela, se aproximando. - Violet, não é? - perguntou.

Eu assenti. Ela era bonita, devia ter uns dezessete anos, no máximo. Tinha cabelos castanhos cortados de um jeito fofo, repicado, com uma franjinha lateral. Ela tinha grandes olhos violetas, que refletiam um brilho estranho, como se fosse uma poção. Ela vestia uma camiseta preta, jeans e tênis.

- Eu sou Heather, filha de Hécate. - disse ela estendendo a mão. Eu a apertei. - Annabeth disse que você precisava de aulas de magia. Eu lembro de você no dia do Capture a Bandeira. Muito poderosa.

Eu corei com o comentário.

- Não fiz nada – falei.

Ela sorriu, debochada.

- Eu sei.

- Ahn, o que é, exatamente, uma aula de magia?

- Nós vamos descobrir seus poderes e depois vamos tentar aperfeiçoá-los. Você tem muita capacidade, eu posso sentir.

- Então tá - dei de ombros, sabendo que essas aulas não seriam muito longas, já que eu não devia ter nenhum poder especial além de lançar pessoas em árvores.

- Vamos, eu consegui a Arena por meia hora. - Heather pegou uma bolsa em um canto e se dirigiu à porta do chalé. Eu a segui.

Chegando a Arena, que estava vazia (provavelmente por questões de segurança) ela pegou uma caixa pequena dentro da bolsa. Dentro da caixa havia uma taça de champanhe.

- Ahn, nós vamos beber? - perguntei, confusa. - Sabe que eu sou menor de idade, não é?

Heather riu.

- Não vamos beber. Só vamos usar a taça como um alvo. E eu não trouxe bebida nenhuma, então...

Suspirei aliviada. Heather colocou a taça sobre um apoio perto da arquibancada, a uns dez metros de onde eu estava.

- Tudo bem, Violet - disse ela se aproximando de mim. - Agora, concentre-se na taça e tente explodi-la.

Eu encarei a garota.

- Explodir? Como você quer que eu exploda a taça? Eu não tenho nenhuma granada aqui, ou coisa do tipo!

Ela riu novamente, provavelmente devia achar que eu era algum tipo de comediante.

- Apenas se concentre e pense que ela pode explodir.

Eu achava cada vez mais que essa menina devia ser louca, mas fiz o que ela disse. Estiquei a mão na direção da taça e me concentrei. Pensei em tudo o que me chateava. Meus sentimentos confusos, o fato de me sentir excluída e diferente, Cristal saindo numa missão e me deixando pra trás, a filha de Afrodite dando em cima de Nico... Minha mão começou a tremer de raiva. Geralmente tremer de raiva não era do meu feitio. Abri os olhos ao perceber que já não controlava mais meus movimentos. Minha mão fechou com força e a taça explodiu em pedacinhos. Heather soltou um assovio baixo.

- Muito bem - ela olhou pra mim. - Está tudo bem?

Só então me toquei que meu corpo todo tremia. Eu me obriguei a ficar calma. Heather me encarou.

- É um ciclo. Assim que canaliza uma fonte de poder em você, o poder que vem dela aumenta o nível de força da fonte. As fontes mais usadas são os sentimentos mais fáceis de captar: raiva, amor, fúria ou felicidade. Coisas assim.

- Quer dizer que preciso me concentrar em uma fonte pra usar meu poder e quanto mais uso, mais essa fonte aumenta. Entendi porque estou tremendo e com vontade de matar todo mundo – falei fechando as mãos. - Você pode explodir coisas também?

Ela me olhou por um instante antes de responder, como se se lembrasse de algo nada legal.

- Às vezes, quando eu estou com raiva. Para mim não é tão fácil controlar a raiva depois que acabo o serviço. – ela me observou. – Se usar a raiva tem que saber se controlar porque ela pode crescer demais dependendo do poder que estiver exigindo de si mesma.

- Não posso usar outra fonte? – indaguei.

- Pode, mas é muito mais difícil. Você precisa estar confiante nessa fonte, no sentimento. Por exemplo, devido aos seus sentimentos confusos sobre o filho de Hades, será difícil usá-lo como fonte por ele se distorcer bastante. Já a sua raiva não deixa dúvidas.

Eu olhei para meus pés.

- Tudo bem - disse Heather, colocando uma mão em meu ombro. - Quer continuar amanhã? Sinceramente, não pensei em mais nada. Achei que ficaríamos meia hora tentando explodir aquela taça.

Eu balancei a cabeça, concordando. Me virei, mas antes de começar a andar ela disse:

- Relaxe, Cristal não fez de propósito.

Eu a olhei, chocada.

- Como você...

Ela deu de ombros.

- É só uma sensação.

- Coisa de filhos de Hécate - deduzi.

Ela sorriu.

- Acho que sim.

A corneta soou novamente.

- Nos vemos amanhã, querida sobrinha - disse Heather, pegando sua bolsa. - Controle a raiva, você vai precisar dela futuramente.

Caminhei para a próxima atividade imaginando o que ela queria dizer com isso.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente??? Gostaram?
Deixem um lindo review na saída, ok?
Beijos&Queijos



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