HARRY POTTER E O ESPECTRO DA TRAIÇÃO escrita por JMFlamel


Capítulo 14
Uma Situação Sinistra


Notas iniciais do capítulo

Bicuço executado. Um casal se forma. Cuidado com o Sinistro! Não se aproximem do Salgueiro Lutador! Mas que gato esperto! Para onde vai esse túnel? Ora, então há um segredo? Sim, vamos contar uma história.



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CAPÍTULO 13

 

UMA SITUAÇÃO SINISTRA

 

 

 

 

 

 

 

 

A consternação dos bruxinhos era total. Sentados ao pé do dólmen, nenhum deles tinha ânimo para abrir a boca, todos eles tomados por uma profunda tristeza. Hermione estava abraçada a Rony, que tinha o rosto encoberto pela fofa cabeleira da namorada, não permitindo que ninguém visse as lágrimas que teimavam em rolar dos seus olhos. Os outros permaneciam apáticos e cabisbaixos, até que Harry tomou a iniciativa.

—Correndo o risco de parecer insensível, temos de ir, pois já está anoitecendo. _ disse o bruxinho _ Não há mais o que fazer. McNair já fez seu sangrento serviço.

—E aposto que depois de uma eficiente pressão de Lucius Malfoy, junto ao Ministério. _ disse Soraya, enquanto tomavam o caminho do castelo.

—Falando em Malfoy, vejam. _ comentou Nereida _ Draco está logo ali.

—E não está sozinho, Pansy Parkinson está com ele. _ disse Hermione, em voz baixa _ E parece que estão discutindo.

—Estamos em um belo de um aperto. _ disse Rony _ Se continuarmos, irão nos ver e pensarão que estamos bisbilhotando a conversa. Se retrocedermos, corremos o risco de dar de cara com Fudge.

—E teríamos de dar explicações para as quais não estamos nada preparados, no momento. _ disse Hermione.

—Só há uma alternativa. _ disse Janine _ “Já para as macegas, tchê!

—???

—Para trás das moitas, ora! Não queremos invadir a privacidade dos dois, mas não há mais nada que possamos fazer.

Enquanto o grupo se escondia atrás das moitas, Pansy Parkinson e Draco Malfoy continuavam sua discussão, aparentemente alheios à presença deles.

—Mas o que é que você está dizendo, Draco? _ perguntou Pansy.

—Pansy, é exatamente isso. _ respondeu Draco _ Eu não sou canalha ao ponto de ficar te enganando. Aquele acordo entre nossos pais não passa de uma coisa medieval. Estamos no Século XX, não há mais espaço para esse tipo de costume, prometer os filhos em casamento.

—Então, Draco, me diga o que você sente. Você não me ama?

—Não. Eu tenho uma grande estima e gosto muito de você, Pansy. Nós nos conhecemos praticamente desde a maternidade, estudamos com os mesmos preceptores, lá em casa e eu te considero a melhor amiga que tenho, mas isso não é o bastante para firmarmos um compromisso para o resto da vida. Eu não posso te amarrar a mim dessa forma.

—Então eu te perdi. _ disse Pansy, uma lágrima descendo por sua face.

—Não, Pansy. _ disse Draco, pegando um lenço e enxugando delicadamente a lágrima do rosto da garota _ Não se perde algo que nunca se teve. E, como eu já disse, você sempre teve e terá minha estima e minha amizade, mas não o meu amor, isso é impossível. Eu queria tanto poder te dizer isso de uma forma menos traumática, mas não há jeito. Seria muito pior assumirmos algo que não passaria de uma farsa e que acabaria por fazer com que nos odiássemos, no futuro. E a última coisa que eu quero é ser odiado por você.

—Diga a verdade. Há outra garota, não é? _ perguntou Pansy, com um olhar penetrante, enquanto Draco ficava meio sem jeito _ Aah, mas eu sabia! Você ama outra garota, eu posso ver no seu rosto, no seu olhar.

—Não posso te enganar, Pansy. Não seria honesto da minha parte. Realmente, amo outra garota. _ respondeu Draco _ E eu acredito que você não vai gostar de saber quem é.

A expressão do rosto de Pansy Parkinson começou a mudar de surpresa e incredulidade para espanto e, por último, para raiva. A ficha havia caído.

—Não me diga que você ama aquela garota transferida do Brasil, a Sandoval?

—É verdade. _ disse Draco, aliviado por não precisar mais esconder o que sentia.

Enquanto isso, escondida atrás das moitas com os amigos, Janine sentia um enorme calor no rosto (“Caraca, se faltar luz e fogo nas lareiras de Hogwarts, basta o seu rosto para iluminar e aquecer todo o castelo, Jan. Você está parecendo um sinalizador de resgate da Marinha”, sussurrou Harry, ao ouvido da bruxinha).

—Aquela índia? Mas eu não posso acreditar! Você, um Malfoy, um sonserino puro-sangue foi se apaixonar por aquela sangue-ruim da Grifinória?!

—Não fale assim, Pansy. _ disse Draco _ Nunca menospreze alguém por suas origens.

—Quem é você e o que foi que você fez com Draco Malfoy? Não acredito no que estou ouvindo. _ disse Pansy, admirada.

—Ficou surpresa? Não esperava que eu dissesse algo assim, não é? Pois saiba que eu, na verdade, não desprezo trouxas e nem bruxos nascidos trouxas. Uma pessoa deve ser notada pelas suas qualidades próprias, não pela sua origem. Sim, Draco Malfoy ama uma bruxa nascida trouxa. Draco, o filho do CEO da “Malfoy Import & Export”, o orgulhoso Lucius Malfoy, que toda a Bruxidade achava que era o segundo em comando da Ordem das Trevas, apenas finge ser arrogante e preconceituoso. E você sabe a razão? Não há diferença entre nós. _ disse Draco, aliviado por colocar tudo aquilo para fora _ Vamos voltar para o castelo, está anoitecendo e não é bom ficarmos aqui fora.

—OK, Draco. _ disse Pansy _ Só espere um instante. PODEM SAIR DE TRÁS DAS MOITAS, SENHORES HARRY POTTER E RONALD WEASLEY E SENHORITAS HERMIONE GRANGER, SORAYA BLACK, NEREIDA SNAPE E JANINE SANDOVAL. Ou vocês pensam que não percebi que vocês se esconderam aí, para não nos perturbarem?

Os seis saíram de trás das moitas, de cabeça baixa e sem saber onde enfiar as caras.

—Desculpe, Parkinson _ disse Hermione _ Achamos que vocês ficariam constrangidos, se nos vissem.

—Agora já não tem mais jeito, Granger. Vocês certamente viram e ouviram tudo o que eu e Draco conversamos. _ disse Pansy _ E aí, vão me zoar porque o Draco me deu o fora?

—Nunca faríamos isso, Parkinson. _ disse Harry _ Acho que três anos estudando na mesma escola já devem ter lhe dado uma boa ideia de como nós somos.

—Eu sei, Potter. _ disse Pansy, com um suspiro _ Só que isso não torna as coisas melhores. Não mesmo.

—Vamos para o castelo, gente. _ disse Rony _ Está anoitecendo e não seria nada legal cruzar com um bando de Dementadores no caminho.

—De acordo, Weasley. _ disse Draco _ Srta. Sandoval, eu gostaria de trocar algumas palavras com você, se me permitisse.

—Por mim tudo bem, Sr. Malfoy. _ disse Janine.

—Vamos indo na frente, então. _ disse Soraya.

—OK. _ disse Janine _ Alcançamos vocês, daqui a pouco.

—Venha conosco, Pansy. _ disse Nereida _ Estou certa de que você não vai querer subir sozinha.

—Com certeza, Nereida. _ disse Pansy, acompanhando os outros. Ao passar por Janine, parou e olhou a gauchinha, direto nos olhos _ Por segurança, guardarei segredo. Mas não pense que eu desisti do Draco mesmo que ele tenha dito que ama você, Srta. Sandoval. Esse cara é muito importante para mim e, se você o fizer sofrer, irá se arrepender de ter saído do pampa e vindo para a Grã-Bretanha.

Os bruxinhos seguiram, em direção ao castelo. Draco e Janine permaneceram ali, em silêncio, até que ele falou.

—Srta. Sandoval...

—Pode me chamar de “Janine”, por favor. Acho que o que vamos conversar não comporta formalidades.

—Só se me chamar de “Draco”. E você está certa. Não quero formalidades e nem segredos. E a primeira verdade é que te amo, desde a primeira vez em que a vi.

—Tão repentino, assim? Mas e Pansy Parkinson?

—É uma excelente amiga e uma das pessoas de quem mais gosto, mas não é amor. Nossos pais resolveram seguir um costume medieval, com o qual eu não concordo nem um pouco.

—A tal história de prometerem os filhos em casamento?

—Exato. Mas eu não concordo e pretendo dizer isso ao meu pai. Não seria bom para ela e nem para mim. Ainda mais agora.

—E o fato de eu ser uma bruxa nascida trouxa? _ perguntou Janine, ocultando sua real condição de manifestação mágica tardia.

—Lucius Malfoy poderá chiar, não gostar e reclamar, dizendo que “uma sangue-ruim irá conspurcar a linhagem puro-sangue dos Malfoy”, mas eu não estou nem aí. O que sinto por você é maior do que toda essa bobagem.

—Draco, e quanto aos rumores sobre seu pai ter sido um Death Eater? Isso é verdade? _ perguntou Janine.

—Infelizmente é, Janine. _ disse Draco _ E há suspeitas de que ele não tenha abandonado os velhos hábitos. Seja como for, eu sou eu, não sou ele. Se eu represento essa pantomima de “Sonserino-Esnobe-e-Preconceituoso”, é para que não desconfiem de que odeio as Trevas (Draco tentava ocultar o fato de que sabia que seu pai ainda batalhava pelo ressurgimento da Ordem das Trevas, mas não havia jeito, teria de dizer a Janine). Eu desconfio que ele ainda seja um Death Eater ativo e isso pode ser perigoso para nós.

—Tem a ver com o aviso de Pansy Parkinson, não é? Desconfio que teremos de manter qualquer relacionamento em segredo. _ disse Janine, pegando a mão de Draco e não soltando.

— “Relacionamento”? Você... você disse “relacionamento”? Então você também sente algo por mim? _ perguntou Draco.

—Mas é claro que sim, Draco. _ respondeu Janine, não mais segurando a mão do loiro, mas abraçando-o _ Talvez não tenha sido amor à primeira vista, mas fui gostando cada vez mais de você à medida que ia te conhecendo e tendo a certeza de que não era um cara do mal. Mas você tem medo de que alguém possa nos fazer mal?

—Eu não me preocupo comigo, mas sim com você. E com minha mãe. Embora ela possa até ter alguma afinidade pelas Trevas, é mais por uma característica familiar dos Black do que por ela mesma. E também há muito medo envolvido.

—Medo? _ perguntou Janine.

—Sim. É uma das maiores armas de Voldemort, o medo, a chantagem, a ameaça. Dizem que, nos Dias Negros, meu pai aderiu porque ele mantinha a mim e à minha mãe sob ameaça de morte. Mas depois não foi mais preciso, pois ele começou a gostar e tornou-se um dos mais leais Death Eaters, o seu segundo em comando e que mais procurou por pistas dele em vários países, após o seu desaparecimento. _ cada vez mais aliviado, Draco dividia aqueles segredos com a garota que amava, cada frase era como se um peso fosse retirado de seus ombros.

—Draco, eu acho que nós realmente teremos de namorar escondidos por algum tempo. Pelo menos até que você convença seu pai de que não há “perigo para a pureza do sangue”, pela segurança de sua mãe. Quanto a mim, eu sei me cuidar e qualquer dia eu te conto sobre os três Budokai que venci. Estamos juntos nisso, Draco. E juntos encontraremos a melhor solução. _ disse Janine, ainda abraçada a Draco, que a puxou para mais perto dele, unindo seus lábios aos da garota, em um beijo apaixonado.

Que foi interrompido por um grito, que Janine reconheceu como tendo sido dado por Hermione Granger.

Os Inseparáveis, acompanhados por Pansy Parkinson seguiam em direção ao castelo, todos ainda meio tristes pelo destino de Bicuço.

—No fundo a culpa foi minha. _ disse Pansy _ Foi o meu grito que assustou o hipogrifo e começou toda essa confusão.

—Agora já não faz diferença. _ disse Harry, um pensamento ainda fazendo cócegas em sua mente. Se McNair executou Bicuço, como foi que ele apareceu em sua interpretação da bola de cristal, de forma tão nítida? Alguma coisa não se encaixava no contexto.

—É melhor aqueles dois se apressarem ou não chegaremos antes que escureça completamente. _ disse Pansy, ainda triste _ Só espero que Draco não se decepcione.

—Você gosta muito dele, não é? _ perguntou Nereida.

—Só desde a maternidade, Nereida. _ respondeu Pansy _ Como bem o sabem todos vocês. Sei que esse tal acordo entre nossos pais é um costume medieval e ultrapassado, mas eu sempre gostei de Draco e não conseguia me ver com ninguém mais além dele... até agora. E o pior é que não consigo sentir raiva dela, porque percebo que Draco a ama de verdade.

A bruxinha começou a chorar baixo, sendo confortada por sua colega de Casa.

—Como você mesma disse, Pansy, você percebeu que ele realmente a ama. Então, nada mais se pode fazer. _ disse Nereida.

—Obrigada pelo choque de realidade. É, acho que terei de me conformar. E quanto a você, Potter, como é que você e a Weasley lidam com as investidas da Chang?

—Nem tomamos conhecimento, Parkinson. _ respondeu Harry, lembrando-se da tentativa da chinesa de enfeitiçá-lo com a Amortentia, no Dia dos Namorados do ano anterior _ Eu e ela confiamos um no outro e não deixamos que coisas assim nos afetem.

—Confesso que chego a sentir um pouco de inveja dos relacionamentos perfeitos de vocês.

—Não são perfeitos, Parkinson. _ disse Hermione _ Não há relacionamento perfeito, aqueles romances de filme ou de livro. A gente discute, às vezes até briga, mas sempre volta a ficar numa boa.

—Porque há algo muito importante, algo que Harry citou ainda há pouco, Parkinson. _ disse Rony, tentando segurar Perebas, que se agitava no bolso de sua jaqueta _ A confiança. Ei, Mione, o Bichento deve estar por perto. Perebas não para de se mexer no meu bolso. Vê se fica quieto aí, rato histérico! O gato não está por aqui. Mas por que ele está assim... AI!!! Esse rato maluco me mordeu! Volta aqui, seu bicho doido!

Perebas deslizou para fora da jaqueta de Rony depois de mordê-lo, correndo em meio à grama, com seu dono logo atrás, o dedo indicador direito dolorido e com uma marca de mordida, que sangrava um pouco. A cena parecia cômica, todos os outros sorriam ao assistir àquela perseguição. Mas dali a pouco a comédia cessaria, com os acontecimentos que se seguiram.

—Não se preocupe, Rony. _ disse Soraya _ Ele já está velho e não irá longe.

—Diga isso a ele, Soraya. _ disse Rony, continuando a perseguir o rato pelo terreno _ Ele parece estar com o diabo nos calcanhares... pronto, te peguei! Volta para dentro do bolso, rato doido... Ei, cuidado, gente! Olhem atrás de vocês!

Na crista da colina, logo atrás dos bruxinhos, recortava-se uma enorme e assustadora silhueta. Um monstruoso cão negro que rosnava, com sua boca arreganhada que deixava ver as fileiras de dentes pontiagudos e que Harry logo reconheceu como o mesmo que vira em Little Whinging e também em Hogwarts, daquela vez acompanhado por Bichento.

—N-não pode ser! _ exclamou Pansy _ O SINISTRO!

—Mas o que esse monsto faz aqui? _ perguntou Nereida.

—Só pode estar atrás do Harry! _ exclamou Soraya.

Então, como um relâmpago, o gigantesco cachorro correu em direção ao grupo, parecendo que ia atacar Harry, que pegou a varinha e colocou-se em posição de contra-ataque. Mas o cão saltou por cima dele, seus brilhantes olhos amarelos focalizando seu alvo que não era Harry Potter, mas sim Rony Weasley.

O enorme cão atingiu o peito de Rony com suas patas, a força do impacto derrubando o bruxinho ruivo e fazendo sua perna direita dobrar-se, com um estalo alto e nauseante, fraturando-se. Prendendo com sua boca e arrastando o bruxo, que gemia de dor, o cachorro o levou até as raízes de uma enorme árvore, desaparecendo.

ROOONNYYYYY!!!!!— foi o grito que saiu da boca de Hermione Granger e foi reconhecido por Janine. Imediatamente ela e Draco saíram correndo de encontro ao resto do grupo.

Atraídos pelo grito de Hermione, Draco e Janine chegaram ao local onde estavam os outros, bem a tempo de ver Harry e Hermione, que estavam mais à frente, correrem em direção ao local onde o cão e Rony haviam desaparecido.

—Draco, aquela árvore... _ e Janine deixou a frase pela metade.

—Tem razão, Janine, eles parecem não ter percebido. Harry, Hermione, parem agora! _ gritou Draco _ Não se aproximem mais! Vejam que árvore é aquela!

Mas já era tarde. Um galho avançou na direção dos dois, como um enorme chicote, somente deixando de atingir Harry e Hermione graças aos reflexos aguçados dos dois bruxinhos, aperfeiçoados ao extremo nas instruções de Ninjutsu-Bruxo de Derek Mason. Mesmo assim, deu para perceber que o Salgueiro Lutador não brincava em serviço. Os outros fizeram menção de se aproximar, mas Harry lhes disse para se afastarem.

—Não, não cheguem perto. _ disse Harry _ Quanto menos gente, menos alvos para esses galhos.

E saltou por cima de um galho que passou rasteiro, agachando-se para evitar outro que tentou atingi-lo por cima. Mas os óculos caíram e ele começou a ver tudo embaçado, esquivando-se por instinto.

Hermione achou os óculos e tentou entregá-los a Harry, mas não conseguia alcançá-lo.

—O que podemos fazer? _ perguntou Soraya.

—Vão para o castelo! _ exclamou Hermione, em resposta à pergunta da amiga _ Procurem por Dumbledore, Lupin ou mesmo Snape e falem sobre o Sinistro! Nós tentaremos resgatar Rony. Agora, vão!

—OK, Mione. _ disse Nereida, enquanto o grupo subia em direção ao castelo. A última visão que tiveram, ao olhar para trás, foi a de Hermione cavalgando um galho do Salgueiro Lutador, tentando dar a mão a Harry (“Mas bah! A Mione não faria feio domando um xucro”, pensou Janine).

Sem conseguir alcançar Harry para dar a ele os óculos, Hermione os atirou em sua direção. Graças aos seus reflexos de Apanhador, Harry pegou-os e colocou-os, conseguindo enxergar com mais clareza. Naquele momento, Hermione saltou e montou em um galho que tentava atingi-la, cavalgando-o. De cima do galho, ela esticou o braço e puxou Harry, que juntou-se à amiga.

—Harry, eu estou vendo uma coisa, parece uma abertura entre as raízes do Salgueiro Lutador. _ disse Hermione.

—Acho que eu sei o que é, Mione. É uma das passagens secretas que levam a Hogsmeade. Fred e Jorge já me falaram dela, disseram que ela não está mais em uso, desde que plantaram o Salgueiro Lutador sobre a entrada. Eu me lembro de tê-la visto no Mapa do Maroto, só que eu não sei onde é o seu final.

—Temos de dar um jeito de entrar por ela, Harry. Acha que pode saltar e correr até a abertura?

—Difícil, mas não impossível. Mas há outro jeito, embora também difícil e bem perigoso. Neville chegou a me contar como é.

—Como? Ah, sim. Lembro-me de já ter lido sobre isso. A única maneira de aquietar um Salgueiro Lutador, todos eles têm um ponto no seu tronco, um nó que os paralisa ao ser pressionado. Mas com tanto movimento eu não consigo localizá-lo.

—Eu já o localizei, Mione. Vou saltar e apertá-lo. _ disse Harry.

Mas nem foi preciso. Surgindo não se sabe de onde, Bichento correu até o tronco da árvore e apertou o nó em seu tronco. Imediatamente os galhos pararam de se mexer e os dois bruxinhos entraram, não sem antes Hermione pegar seu gato.

—Como é que Bichento sabia? _ perguntou Hermione _ Mas que gato esperto.

—Você pode até não acreditar, mas Bichento conhece aquele cão gigante. Eu já os vi juntos, certa noite. E eu tenho minhas desconfianças se ele é apenas um gato comum. _ disse Harry, em voz baixa, enquanto avançavam pela passagem.

—Onde você acha que esta passagem termina? _ perguntou Hermione.

—Não tenho certeza, pois não dá para ver além dos limites de Hogwarts, no Mapa do Maroto. Espere um pouco. “Me oriente”. _ disse Harry, executando o “Feitiço dos Quatro Pontos”, que fazia com que a varinha funcionasse como a agulha de uma bússola _ Pela orientação da varinha, acho que sei onde é o final.

Continuaram a percorrer o túnel, até que sentiam que estavam subindo. Saíram pela parte de trás de um armário, em um porão. Por todo o cômodo, podiam ver marcas de garras e mordidas, espalhadas pelas paredes e móveis. Subindo pela escada, saíram do porão e adentraram o piso térreo de uma casa, cujas paredes tremiam por causa do vento. As marcas repetiam-se por toda parte e os bruxinhos também puderam identificar enormes pegadas de cachorro e marcas de um corpo que fora arrastado.

—Como eu supunha, Mione. Estamos na Casa dos Gritos e essas pegadas vão até o andar superior. O Sinistro deve ter arrastado Rony até um dos quartos.

—Mas para quê? _ questionou Hermione _ E ele ainda está com a perna fraturada.

—Estamos aqui e não poderemos ficar sem descobrir. _ disse Harry subindo as escadas, acompanhado por Hermione, ambos com as varinhas em punho.

Guiados pelo som dos gemidos de Rony, os dois entraram em um dos quartos. Sobre a cama, Rony Weasley estava deitado, agora não mais gemendo. E havia algo de estranho. Ele estava com uma tala na perna direita e Perebas estava em uma gaiola.

—Ei, Rony, mas o que houve? _ perguntou Harry _ Quem lhe preparou essa tala? E onde está o Sinistro?

—Não, Harry, ele não é o Sinistro. Na verdade, nem mesmo é um cão.

—Como é, Rony? _ perguntou Hermione, indo até o namorado, verificando como estava a tala e sentindo o cheiro da Poção Analgésica que o ruivo havia tomado.

—Na verdade, jovens, “Animago” seria a palavra mais apropriada.

Harry e Hermione voltaram-se na direção de onde viera aquela voz conhecida e deram de cara com...

SIRIUS!— exclamaram os dois bruxinhos, enquanto o padrinho abraçava o afilhado.

—Harry, Hermione! Mas que saudades. _ Mais magro e com as vestes um pouco mais surradas, resultado da temporada em Azkaban e dos meses que passou escondido, o bruxo sorria _ Como é bom ver vocês, novamente.

—Mas que história é essa, Sirius? _ perguntou Harry _ Você é um Animago, fugiu de Azkaban e agora está aqui, em Hogsmeade. Não acha que tem algo a nos dizer?

—Ainda mais porque a primeira coisa que você fez, assim que me preparou a tala, foi pegar o Perebas e colocá-lo em uma gaiola. _ disse Rony _ A coisa é meio estranha, você terá de concordar.

—Com prazer, Rony. _ disse Sirius _ Mas antes temos de esperar que as principais peças estejam no tabuleiro... Ah, aí está você, Remus.

Remus Lupin acabara de chegar e juntou-se ao grupo.

—Conseguiu, Sirius? _ perguntou Remus.

—Sim, consegui. O nosso plano foi arriscado mas deu certo, mesmo com aquele contratempo, lá em Azkaban. Pena que Tiago não está aqui.

—Está em uma missão no Nepal, segundo eu soube. _ disse Remus, olhando para a gaiola _ Então, você o pegou?

—Sim, ele está onde queremos. E agora ele terá o que merece.

—Mas de quem é que vocês estão falando? _ perguntou Rony.

—De um pilantra, uma criatura abjeta que merece passar uma longa temporada em Azkaban ou, em uma situação mais extrema, que alguém dê um fim em sua vida. _ disse Sirius.

—E quem seria? _ perguntou Hermione.

—Ora, Hermione, quem foi o real traidor dos Potter, o Fiel do Segredo, aquele que passou a Voldemort a sua localização? Harry estava com um ano e Lílian estava grávida de Algie. Graças à sua traição, os Potter sofreram o atentado e Sirius o perseguiu. _ disse Remus.

—Então, vocês estavam esse tempo todo atrás de...

—Atrás de Peter Pettigrew. _ disse Sirius _ E ele está nesta sala.

—Como é? _ perguntou Rony.

—E ele está ao seu lado. _ disse Sirius _ É o rato dentro da gaiola, este é o seu segredo.

—Falando nisso, há mais alguém aqui que esconde segredos. E segredos bem importantes. _ disse Hermione, olhando para Remus.

—Me pegou. _ disse o professor _ Quando foi que você descobriu?

—Tive certeza quando o Prof. Snape o substituiu e pediu aquela redação. Mas minhas suspeitas começaram já na aula com o bicho-papão.

—Mas que segredo? _ perguntou Rony.

—Acho que também já sei, Mione. _ disse Harry _ Meu pai e mais Sirius e, certamente, o Prof. Mason também sempre souberam que o senhor era um...

—... Um lobisomem. _ disse Remus, meio sem jeito.

—E como foi que o senhor chegou tão depressa? _ perguntou Rony, meio arrepiado por saber que seu professor era um lobisomem.

—Draco e Janine me encontraram, mas eu já estava vindo para cá. Localizei todos vocês, no mapa.

—Então o senhor sabe usar o Mapa do Maroto?

—Ora, Hermione eu não seria um Maroto se não soubesse. Afinal de contas, fui um dos que o planejaram e confeccionaram. Eu sou “Moony”, o Aluado. Era meu apelido, nos tempos de aluno.

—Tudo a ver com um lobisomem. _ disse Harry _ Então, por analogia, “Padfoot”, o Almofadinhas, só pode ser Sirius. Afinal, ele se transforma em um cão. E quanto ao meu pai? Certamente não seria “Wormtail”. Acho que não tem nada a ver com ele.

—Na mosca, Harry. _ confirmou Sirius, orgulhoso do afilhado.

—Então, quer dizer que Draco e Jan o encontraram. E quanto a Nereida e Soraya? _ perguntou Hermione.

Parece que acabaram se desgarrando. _ disse Remus _ Como não conseguiram encontrar Dumbledore, devem ter ido procurar por Severo.

—Ah, não. _ disse Sirius _ Se o “Ranhoso” chegar aqui, de repente, é capaz de entender tudo errado.

—E aí vai dar uma inhaca daquelas. _ disse Remus _ Pode até colocar por terra todo o nosso plano.

—Certamente. _ disse Sirius _ Demorou anos para que nós o bolássemos e colocássemos em prática.

—Doze, para ser mais exato. _ disse Remus _ E para que tudo pudesse dar certo, nem mesmo Dumbledore ficou sabendo. Nada mal para um lobisomem.

—E para um cachorrão que, para as coisas darem certo, arriscou-se a passar um tempo em Azkaban. _ disse Sirius _ Mais uma vez a turma dos Marotos apronta uma nova “Marotice”.

—E terá de dar muitas explicações por ela, seja qual ela for, mas não para mim e sim para o Wizengamot. _ ouviu-se uma voz, vinda da porta. Quando olharam, viram Severo Snape, apontando a varinha para Remus e Sirius _ Fui procurar por você, Lupin, para lhe levar sua poção. Você havia se esquecido de tomá-la e sabe muito bem das consequências, quando isso acontece.

—Prof. Snape! _ exclamou Harry.

—Sim, Potter. Ouvi pouca coisa, mas pelo que compreendi, esses dois estão mancomunados para te pegar. O tal rato é um mero pretexto. Eu bem que preveni Dumbledore quanto à sua contratação, Lupin, mas ele confirmou que você era um lobisomem... inofensivo, que mantinha a Licantropia sob controle com o uso da Poção Mata-Cão. E você, Sirius Black, essas atitudes estranhas só funcionam como uma confissão de culpa. Eu queria acreditar na sua inocência, mas assim fica difícil, sinto muito.

—Parabéns, Narigudo. _ disse Sirius _ Falou besteira, novamente.

—Estamos perto demais do resultado do plano para que alguém nos detenha. _ disse Remus, sacando a varinha _ Terei de te colocar para dormir.

—Sempre fui mais rápido do que você, Remus. Serão dois para prestar esclarecimentos e espero que não tenham de enfrentar o beijo do Dementador. Dizem que é difícil até mesmo de assistir, mas... _ e sem dizer mais uma palavra, Severo Snape desabou no chão.

—Severo estava se empolgando demais e iria acabar metendo os pés pelas mãos, estou certo disso. _ disse Derek Mason, desfazendo o Feitiço de Desilusão e amparando Snape _ Bem, já estamos todos aqui, exceto Tiago, que teve uma missão de última hora no Nepal. Que tal contarmos a Harry, Hermione e Rony a história toda?


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