Die In Your Arms escrita por JoyceSantana


Capítulo 1
as long as you love me


Notas iniciais do capítulo

ooooooooooooooooooooooooooooooooi meus amores! AI QUE SAUDADE DAQUI



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"Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. (...) E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. (...) E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que (...) você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. (...)
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que se pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. (...) Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. (...)
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. (...)
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. (...) Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto... Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente tudo pode suportar... Que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe mesmo depois de pensar que não pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida."
William Shakespeare'

Só Deus tem a noção, o consentimento e o completo entendimento de como estas palavras me atingiam. Praticamente se infiltravam sob minha pele, fazendo-me absovê-las individualmente, refletindo profundamente seus infinitos significados e contextos, do jeito que eu bem entendia, ou não. Depois da primeira vez que as li, realmente achei que fora uma obra da Providência Divina que me empurrou para elas. Chega a ser bizarro a veracidade de cada uma sobre mim, que, desde alguns meses atrás, venho vivenciando um verdadeiro pesadelo em plena vida real. Como eu queria estar dormindo. Como eu queria que tudo não passasse de uma pegadinha de minha mente. Porém, falar de mim é totalmente irrelevante, considerando o que eu vivo. A heroína da história não sou eu, longe disso. Nesta história, o herói é a melhor pessoa que pôde pisar seus - agora absurdamente frágeis - pés na superfície terrestre, e eu faria questão de fazê-lo acreditar nisso, seja de um jeito, seja de outro. Talvez não fazia ideia do quão precioso era, e isso o deixava cada vez mais bonito, se possível.

Condene-me por algo tão narcisista, mas continuarei falando sobre as implicações das palavras - santas? - de Shakespeare em mim. Ele, junto com meu herói - tal qual têm uma parcela genuína de participação nos meus motivos prioritários de continuar respirando hoje, aqui e agora - me fizeram perceber que nossos problemas, na verdade, são paraísos ocultos, que não conseguimos entender, desvendar de primeira. São as últimas peças daquele quebra-cabeça irritantemente complicado que, depois de tantas tentativas cansativas e frustradas de como montá-lo corretamente, acabamos deixando de lado, completamente desistentes de mais uma tentativa. Tal qual, talvez, pode realmente resolver tudo, clarear nossos caminhos. Isso pode, com certeza, implicar-se à nossa vida. Sempre tentamos mas nunca vamos ao nosso limite. Nunca saímos da maldita zona de conforto, sempre querendo acomodar tudo e todos às nossas vontades. Temos medo de pôr nossa cara a tapa, mesmo sabendo que este é o único jeito de crescer, amadurecer e criar valores importantes. Precisamos de quedas, impecilhos, obstáculos, pois só assim seremos capazes de levantar e seguir em frente. Quem erra uma vez não erra duas, e sim desvia do erro. Agradeço a todos os santos, abençoados ou não, por finalmente compreender tal virtude. Por finalmente compreender a vida e as coisas mais importantes dela. Tudo por causadele.

Shakespeare me confortou de uma maneira que podia ser considerada... Materna, se não for dizer demais. mas chega de falar de mim. Sou completamente irrelevante, como dito anteriormente, se for comparada a ele. Chegava a ser cômico o fato de ele ser literalmente sem defeitos e não fazer ideia disso. Sua humildade podia ser facilmente confundida com descrença em si mesmo.

– Senhorita Parker, já pode entrar. - a voz extremamente doce e conhecida de Mary, a enfermeira, tirou-me de meus devaneios rotineiros e puxou-me de volta a realidade. Aquela maldita realidade de hospitais e um cheiro nauseante de álcool.

Sorri levemente pelo cansaço e assenti, dirigindo-me para aqueles corredores um tanto perturbadores. Eu já havia decorado aquele caminho cheio de curvas e postas estranhas sempre entreabertas, como se os doentes quisessem me puxar para dentro. Minha fobia me pregava peças terríveis. Nos primeiros dias, eu parecia uma criancinha perdida, mas depois fui me acostumando. Não porque fui obrigada, mas sim porque era inevitável se acostumar. Eu passava o dia todo ali, com exceção do período de aulas. O que não mudava muita coisa, já que meu físico permanecia longe mas o psicológico ficava ali, dormindo ao seu lado, guardando e rezando por ele. Com alguns meses, eu já me dirigia roboticamente para o quarto 506, engolindo meu medo e esperando vê-lo, enfim.

O ranger daquela porta de madeira - algo que eu realmente achava que tinha sido de minha autoria, considerando a quantidade de vezes que eu já a abri e fechei - não despertou-o, felizmente. Dividia o quarto com mais dois pacientes, ambos incrivelmente compreensivos com os meus cuidados de namorada coruja. Agradeci mentalimente por não ter acordado-o, vê-lo adormecido era uma das poucas razões, todas relacionadas a ele, que me mantinham ali. Que me mantinham em pé. Eu nunca fui emocionalmente resistente, não fazia ideia do que me segurava de desabar a qualquer segundo. Talvez ele fosse um palito, o único palito me apoiando com uma força de um exército ao me manter.

Resumindo? O garoto era perfeito.

Digamos que sua beleza chegava a ser... Depressiva, sem exagero algum. Intimidante, pelo ar naturalmente superior, malandro. O corpo que deitava-se naquele leito não chegava nem perto da pessoa que realmente era, mas isso não diminuía ou alterava seus aspectos, sejam externos ou internos. Às vezes eu me pegava rindo sozinha ao constatar, depois de horas de análise minunciosa, o quão lindas as olheiras arroxeadas se encaixavam em sua pele branca, como num tom degradê. Mais admiração, impossível.

– Hey, você chegou! - uma voz rouca, fraca e sonolenta direcionou-se a mim e eu soube que ele já havia despertado. Voluntariamente, sem a minha interrupção - Esta cama é muito desconfortável, por Deus.

Ri baixo enquanto via-o se remexer com má vontade, ele odiava tudo aquilo. Odiava ser impotente. Odiava estar doente. E também odiava o fato de eu não abandoná-lo.

O garoto era orgulhoso. Até demais.

– Por que veio aqui tão cedo? - perguntou finalmente ceifando seu sono e desistindo de encontrar qualquer posição impossivelmente confortável naquele leito - O tempo está horrível, perfeito para dormir.

Eu sabia muito bem o que ele estava fazendo. Não tinha nada, nem uma relação remota com meu sono, meu cansaço ou preguiça. Ele sabia que eu aguentava tudo aquilo, podia ser emocionalmente perturbada mas era bem resistente em outras coisas. Na verdade, segundo suas palavras literais, foi isso que o fez se apaixonar por mim. Mas ele simplesmente não aceitava.

Não aceitava o fato de eu permanecer com ele depois de tanto tempo. Não era muito, três meses no máximo, mas aquele ambiente parecia trucidar os segundos em horas, e horas em dias, e dias em anos e anos em séculos. Terrivelmente maçante e depressivo. Seu estado era terminal, o que dava um toque suicida na situação, e geralmente fazia pessoas desejarem melhoras acidentais e irem embora. Mas eu não. Eu continuei ali, mesmo com seus pedidos de que eu fosse para casa. O fato de ele ter consciência de que encontrava-se num estado terminal o fazia querer me afastar. Para ele, eu não deveria perder toda a suposta vida saudável que ele não tinha. Ridículo, claro. Sua lógica nunca foi das melhores.

– Por que eu gosto de te visitar, mocinho. - sussurrei me aproximando e roçando meu nariz no dele, sentindo o contraste das temperaturas e tirando-lhe um sorriso leve - Eu gosto de você.

Seus dentes insanamente brancos foram a última coisa que contemplou minha visão antes de sentir seus lábios entrelaçarem-se lentamente aos meus. Meu instinto cuidadoso berrava em um"Cuidado! Ele é extremamente frágil!"com todas as forças existentes dentro de mim, mas ele não parecia se importar. Me entrelaçava de uma forma que podia ser considerada... Desesperadora. Ele clamava por mim. Mas, acima de tudo, ele clamava pela força que já não tinha. E isso o matava pouco a pouco.

– Como passou a noite? - perguntei afastando-me ao perceber que seu fôlego já escasso fazia falta em seus pulmões, ainda que ele não desistisse de me beijar, procurando meus lábios no ar.

– Normal. - bufou relaxando na cama enquanto bagunçava o cabelo, proporcionando-me a imagem perfeita de sua beleza natural, ainda que vestisse aquela espécie de vestido azul - Eles me furam demais.

Apenas ri fraco enquanto ele reclamava, porém não discordei de suas palavras em momento algum. Devia ser algum tipo de política da companhia que decidiu banir todo e qualquer tipo de medicamento via oral. Tudo era intravenoso, até mesmo o remédio para dor de cabeça. Seus braços marcados por manchas roxas contínuas me mostravam o quão cruel eram as aplicações, especialmente para ele, que faltava desmaiar ao ver qualquer coisa perfurando sua pele. Mal terminou seu comentário e ouviu a presença - agora regular - da enfermeira, segurando uma espécie de bandeja de tamanho médio em mãos. Aquilo o fez gemer baixo em frustração e agarrar minha mão para distrair-se, como fazia sempre. E lá vinha mais uma.

– Não vejo a hora disso acabar. - murmurou bravo apertando minha mão conforme a dor aguda o atingia. Porém, abriu-os abruptamente ao perceber meu vacilo.

Suas palavras me atingiram de uma forma horrível. Porque eu sabia - e sabia muito bem - como aquilo acabaria. O porque dele não precisar de mais injeções. O fato do inevitável me matava por dentro, ainda que eu quisesse - e devesse, já que tinha um namorado absurdamente influenciável - parecer controlada e conformada. Porém, como eu disse, eu nunca fui emocionalmente resistente. Havia momentos que tudo simplesmente me derrubava, e aquele era um deles. Tudo me levava a questionar a situação. Nunca fui dessas de querer motivos para tudo, mas por que Deus deu-lhe um câncer? Tantos bandidos, corruptos, homicidas soltos pelo mundo saudáveis, correndo e pulando com seus infames... Porque logo ele, um anjo que esqueceu de voar? Ele era um anjo que esqueceu de voar. Tinha um coração do tamanho da Rússia, sempre disposto a ajudar. Mas, como sempre, eu colocava-me na parte racional novamente e respirava, tentando conter minhas lágrimas. Ele não precisava ver minha fraqueza. Eu não queria parecer fraca para ele, assim como ele não queria padecer para mim. Travávamos uma guerra de máscaras e estávamos satisfeitos com aquilo. Afastava a dor. Minimamente, mas afastava.

– Me desculpe. - pediu quando a enfermeira já estava ausente, puxando-me pela cintura e enfiando a cabeça em meu pescoço - Eu... Eu não quis dizer aquilo, princesa. Me desculpe.

– Está com fome? Posso pedir algo para você. - perguntei numa voz exageradamente despreocupada. Ele apenas sorriu fraco e negou com a cabeça.

– Não, obrigado. Mas você vai comer alguma coisa. - afirmou me apertando mais pela cintura, cutucando minha barriga - Está muito magrinha.

– Não estou nada, fique calado. - rebati rindo fraco e brincando com seus cílios. Eles eram grandes e compridos, dando-me uma fascinação em acariciá-los com os dedos.

– Você é a única pessoa que eu conheço que gosta de brincar com os cílios dos outros, amor. - comentou cedendo aos meus carinhos e fechando os olhos para uma brincadeira mais fácil para mim - Mas tenho que admitir, é muito agradável.

– Eu sei. Minhas brincadeiras são muito agradáveis. - finalizei minha brincadeira batendo de leve o dedo indicador na ponta de seu nariz, seguido de um beijo.

Ele aproveitou minha aproximação e cobriu meus lábios com os dele, numa luta assustada que logo foi controlada. Há tempos que eu não era contemplada com um beijo intenso como aquele, mas meu sentimento de culpa logo me fez querer afastar. Seu fôlego era escasso, eu não podia continuar com aquele beijo. Sua situação era frágil e eu não queria piorar seu estado.

– Amor, espere... Só um pouquinho... - eu pedia tentando me desvencilhar de seus braços potencialmente fortes enquanto seus lábios beijavam toda a extensão de meu rosto.

– Pare de fugir de mim! - bradou me soltando de vez, fazendo-me agradecer que estávamos sozinhos no quarto - Mas que droga, eu não sou de porcelana! Sei bem o que estou fazendo, sei quando devo parar! Porcaria!

Abaixei o olhar enquanto ele cruzava os braços e fitava o panorava exterior pela janela. Eu não conseguia sequer tentar imaginar o quão difícil aquilo estava sendo para ele. Estando daquele jeito, naquela situação, submetido a aquelas proporções. Eu devia estar tentando confortá-lo. Talvez eu devia relaxar, pelo menos um pouco. Eu precisava e ele merecia.

Me aproximei novamente de seu rosto e toquei-o de leve com os dedos, não conseguindo nenhuma reação em resposta. Seu olhar continuava fixo na janela. Puxei seu queixo para minha direção mas seus olhos não me encararam, estando apontados para baixo. Tentei beijar levemente seus lábios mas ele se afastou novamente.

– Não precisa fazer favores para mim, ok? Minha situação já encobre o bastante.

– Shhh... - calei-o com o dedo indicador - Você sabe o que faz, sabe quando tem que parar. Então não preciso me preocupar, certo?

Ele sorriu levemente e assentiu, aproximando-se novamente e segurando meu rosto com suas mãos absurdamente leves. Seus lábios encontraram os meus num anseio que me deixava intimidada, como se eu precisasse fazer aquele beijo parecer perfeito para não decepcioná-lo. Mesmo contra-vontade, permiti juntar-me um pouco mais a ele, eventualmente assim, aumentando os carinhos. Impressionamentemente, ele não parecia perder o fôlego enquanto entrelaçava seus lábios nos meus, e aquilo me deixava tranquila, fazia-me aproveitar cada vez mais aqueles pedaços muito atraentes de algodão doce. Seu cuidado para me abraçar era um tanto cômico, considerando quam precisava de preservação ali. Ele era um completo príncipe. O meu príncipe.

– Seu beijo me acalma de uma maneira impressionante. - sussurrou quando nossas bocas finalmente se separaram. Eu sorri corada - Não, estou falando sério. Eu não... Fico triste ou me deixo abalar quando você está aconchegadinha em mim. Na verdade, me dá uma pontinha de esperança, ainda com os fatos esmagando tudo. Coisa boba, né?

– Claro que não! - dei um tapinha leve em seu braço pela descrença, ainda que não fosse tão nonsense assim - É uma honra, tenho que dizer.

– Não tem que dizer nada. Só tem que saber que é perfeita. - disse puxando-me para perto outra vez e beijando a ponta do meu nariz - Como passou a noite?

– Tive um trabalho de história que esqueci de fazer. Nem dormi direito - sorri marota e ele riu - Ah, o quê? Eu esqueci, ué.

– Escola é bem chato mesmo, não te culpo. Mas sinto falta. - comentou suspirando e passando a acariciar meus cabelos - Faz um tempinho que eu não vejo ninguém de lá.

– Hey! - dei-lhe um outro tapa em seu braço, mais forte desta vez mostrando indignação. Ele apenas riu.

– Você entendeu, princesa. Eu sinto falta da bagunça, de atazanar os professores, sinto falta de Ryan, Chaz... - logo deu um suspiro e entrou em mais uma bolha de depressão - Argh, por que não posso ficar em casa? Posso ser tratado lá, com minha família, amigos e namorada, não? Detesto atrapalhar as pessoas, sinto que acabo com sua vida ao ter que vir até aqui todos os dias. E sinto falta de todos. Do que adianta eu ficar aqui?

E lá estava ele com sua dose incrivelmente irritante de pessimismo em plenas nove horas da manhã. Respirei funo e pesquisei as melhores palavras para repreendê-lo mas aquilo já estava ficando um tanto clichê. Não havia muito o que fazer com seu psicológico, ele havia conformado-se da pior forma possível. Do mesmo jeito que era influenciável as vezes, também podia ser um bocado teimoso.

– Se você quiser, posso chamá-los aqui. - sugeri brincando com seus dedos, ele fez uma careta - Ah, qual é, amor. O que você quer, então?

– Eu quero ir embora daqui! Todos sabemos o que vai acontecer, por que não posso morrer na minha casa, debaixo dos meus cobertores?

O silêncio mortal denunciou o quão forte aquela frase havia me atingido, mais uma vez. Ele suspirou fungando e murmurou um "perdão" que minguou enquanto voltava a fitar a paisagem na janela. Ele sabia que aquilo me machucava e até havia prometido que se controlaria, mas eu relevava. Tinha que relevar. Tinha que entendê-lo, confortá-lo e não sair de seu lado. Aquele garoto é a minha vida, e eu continuaria com ele até o final da dele, que, infelizmente, já estava superficialmente estipulado. Deus, como aquilo doía. Meus momentos perfeitos tinham uma data de validade. Meus sonhos, minhas alegrias. Eu tinha que fazer valer a pena.

– Se quer tanto ir para casa, posso tentar conversar com os médicos. - murmurei receosa por suas reações alteradas, ainda perturbada por suas palavras fortes.

Derek respirou fundo e me olhou, lendo-me como uma máquina de raio x, talvez querendo saber se o que eu dizia era verdade. Assenti querendo afirmar minha sugestão de confortá-lo em casa e ele sorriu, aquele sorriso esplendoroso que me derrubava no maior de meus fortes. Seus olhos brilhavam demonstrando sua vontade de finalmente voltar para seu quarto/santuário e aquilo era simplesmente lindo. Ele era simplesmente lindo.

– Se não for demais... Eu queria sim, amor. Quero ficar aconchegadinho com você na minha cama, bem quentinho.

Não tinha como dizer não àquela expressão. Combinada à sua voz rouca maravilhosa e suas mãos me apertando levemente e suas palavras estrategicamente perfeitas, eu praticamente derretia. Assenti querendo transmitir que eu o faria ir para casa e deitei ao seu lado no leito, fazendo-o sorrir por eu ter feito o movimento antes de ele pedir. Logo me abraçou apertado e colocou-se a brincar com minhas unhas particularmente curtas de tanto nervosismo por tudo aquilo.

– Eu escrevi algo para você. - disse de repente, fazendo-me sobressaltar pela interrupção do silêncio - Hey, calma! Então, você me ouviu?

– Hã, ouvi sim. Só não sei se ouvi direito. - confessei corando e ele riu fraco - Disse que escreveu algo para mim? Tipo um poema?

– Acha que eu tenho cara de poeta? - debochou de si mesmo rindo alto - Escrevi-lhe uma música, bobinha.

– O que é basicamente um poema, com harmonia, bobinho. - corrigi-o batendo em sua testa levemente e suas sombrancelhas entortaram em dúvida - Ah, qual é, amor. Ela rimam, são feitas em estrofes... Nunca percebeu?

– Não. - sorriu amarelo fazendo-me gargalhar - Para, está fazendo-me sentir burro. Quer ouvir a música ou não?

– Você não seria burro nem se tentasse. Pare com isso. - colei nossos lábios demoradamente e ele sorriu - E sim, quero ouvir a tal música. Estou muito ansiosa, se me permite dizer.

– Seu vocabulário é tão avançado que me deixa intimidado. - comentou antes de esticar-se até a gaveta ao lado do leito e alcançar um papel cheio de dobras e vincos. Até me ofereci para pegar-lhe o papel, mas ele empurrou novamente o fato de não ser de porcelana e algo sobre ter braços, então me aquietei.

Demorou um pouco até que ele finalmente começasse a cantar. Parecia tentar lembrar da melodia, sugeri isto ao vê-lo murmurar algo cantante enquanto mantia os olhos presos no papel amarelado pelo tempo. Era fácil ver que ele trabalhara muitos dias e noites naquela suposta letra, o que deixava o momento cada vez mais lindo e significativo. Eu estava ansiosa. Com certeza estava.

– Pronta? - pediu aconchegando-me mais em seu abraço e deu um peteleco leve em meu nariz - Então, lá vai.

E então, ele começou. E eu prendi minha respiração involuntariamente quando sua voz, em tom harmônico, saiu de seus lábios especialmente direcionada para mim. Era honroso. Um tanto intrigante, já que eu não fazia ideia de seu suposto talento reprimido, mas ainda indescutivelmente fascinante. Sua voz era linda. era como se ele simplesmente falasse a letra, mas de uma forma harmônica e perfeita. Não pude deixar de sentir as letras serem perfuradas em minha pele. Teria ele pensado em tudo?


So you love me (Então você me ama)
As much as I love you, yeah (Tanto quanto você me ama, é)
Would you hurt me, baby (Você me machucaria, baby?)
Could you do that to me, yeah (Faria isso comigo?)
Would you lie to me, baby (Mentiria para mim, amor?)
Cause the truth hurts so much more (Pois a verdade dói muito mais)
Would you do the things that drive me crazy (Você faria as coisas que me enlouquecem)
Be my heart still at the door (Seria o meu coração parado na porta?)

Oh, I can't help it, I'm just selfish (Oh, eu não posso evitar, sou simplesmente egoísta)
There's no way that I could share you (Eu não poderia te dividir)
That would break my heart to pieces (Isto quebraria meu coração em pedaços)
Honestly the truth is (Honestamente, a verdade é que)

If I could just die in your arms (Se eu simplesmente morresse em seus braços)
I wouldn't mind (Eu não me importaria)
Cause everytime you touch me (Pois toda vez que você me toca)
I just die in your arms (Eu simplesmente morro em seus braços)
Oh, it feels so right (A sensação é tão boa)
So, baby, baby, please don't stop girl (Então baby, baby, por favor, não pare)
Oh, baby, I know loving you ain't easy (Oh baby, eu sei que te amar não é fácil)
It sure is worth a try (Mas com certeza vale a tentativa)
Desnecessário descrever minhas bochechas coradas naquele momento.
A risada totalmente inesperada do meu namorado mostrou o quão engraçado tudo aquilo parecia. Eu era bem difícil. Um tanto... Teimosa em relação a relacionamentos e compromissos.
Oh, if there is a reason to call me a fool (Oh, se hover uma razão para me chamar de bobo)
Cause I love too hard (É porque eu amo demais)
Are there any rules, baby (Há alguma regra nisso, baby?)
This is the last time (Esta é a última vez)
And, baby, teach me to behave (E, baby, me ensine a se comportar)
Just tell me what I gotta do (Apenas diga o que tenho que fazer)
Just to stay right next to you (Só para ficar pertinho de você)

Oh, I can't help it I'm just selfish (Oh, não posso evitar meu egoísmo)
There's no way that I could share you (Simplesmente não conseguiria te dividir)
That would break my heart to pieces (Isso traria meu coração aos cacos)
Honestly the truth is (Honestamente, a verdade é que)

If I could just die in your arms (Se eu simplesmente morresse em seus braços)
I wouldn't mind (Eu não me importaria)
Cause everytime you touch me (Pois toda vez que você me toca)
I just die in your arms (Eu simplesmente morro em seus braços)
Oh, it feels so right (Oh, a sensação é tão boa)
So, baby, baby, please don't stop, girl (Então baby, baby, por favor, não pare)

Basically I'm staying here (Basicamente, estou dizendo aqui)
I can't live without my baby (Não posso viver seu o meu amor)
Loving you is so damn easy for me, yeah (Te amar é tão fácil para mim, yeah)
Ain't no need for contemplating (Não preciso completar)
Promise you won't keep me waiting (Promeita que não me deixará esperando)
Tell me baby, I'm all that you need (Diga baby, que sou tudo que você precisa)

If I could just die in your arms (Se eu pudesse morrer em seus braços)
I wouldn't mind (Eu não me importaria)
Cause everytime you touch me (Pois toda vez que você me toca)
I just die in your arms (Eu simplesmente morro em seus braços)
Oh, it feels so right (Oh, a sensação é tão boa)
So, baby, baby, please don't stop girl (Então baby, baby, por favor, não pare)

If I could just die (Se eu pudesse morrer...)
I'mma make you believe, girl (Eu vou fazer você acreditar, garota)
That I wouldn't mind (Eu não me importaria...)
Don't stop, baby, no (Não pare, não...)
It's what you do to me, yeah (É o que você faz comigo...)
No, no, no (Não, não, não...)

Baby, please don't go, girl (Por favor, não vá...)
No, no, no (Não, não, não...)

Tudo aquilo era lindo e eu sentia uma vontade insana de pular em seu colo independente de todos aqueles fios e sua frágil situação para dar-lhe o melhor beijo do mundo. Mas ele parecia... Estar lutando contra a música. Conflitando com a letra. Mas não era uma música feliz? Por que estaria ele sofrendo um conflito com uma música feliz?

– Amor? Tudo bem?

Ele nada respondeu. E meu coração começou a disparar. Logo eu já sentia-o na garganta. Ele estava sentindo dor? Ele estava sentindo dor. Santo Deus, ele estava sofrendo com dores. Dores que já eram esperadas. Mas assim, tão rápido? Tão... Cedo?

– Amor. Amor, o que foi? Derek, o que foi? Derek, me fala, o que foi?

Aquilo era ridículo, ele não conseguia falar. Apertava o peito e denunciava falta de ar, como proferiria qualquer coisa? Logo desci do leito - minha paranoia desperadora me fez pensar que eu estava sufocando-o de alguma forma - e fiz menção que chamaria a enferimeira para cuidá-lo. Porém, suas mãos bizarra e absurdamente fortes seguraram meus braços no milésimo certo, impedindo-me de continuar. O que raios ele queria?

– Derek, deixe-me chamar a enfermeira.

– Eu disse que... Se morresse em seus braços... Eu não me importaria, lembra...? Então fique aqui, oras. Onde vai? - ousou rir fraco ao final de sua fala. Indignei-me ao extremo.

– Eu vou chamar a enfermeira e você não vai morrer. Não hoje, não agora, não aqui. Você vai para casa, Derek. Não se atreva me deixar agora. - bradei tentando desvincilhar minhas mãos das suas - Enfermeira! Por favor!Por favor!– gritei ao ver que não sairia dali tão facilmente.

– Deus, vou sentir falta dessa sua determinação. Realmente não existe alguém como você, amor. Não há. Vai sentir minha falta? - perguntou acariciando minha pele e fazendo-me querer dar-lhe uma surra por tanto pessimismo e descrença.

Simplesmente porque ele não morreria agora! Não agora!

– Olha aqui, você cale essa boca. Fique calado. Você não vai a lugar algum. Vai continuar aqui comigo, você vai ver. Derek McCann, não se atreva, não se atreva...

Minhas palavras minguavam enquanto o sal desconfortável das lágrimas atingia minha língua. Então era aquilo? Ele já me deixaria? Mas... Eu não estava preparada! Eu devia estar, sei disso. Mas Derek tinha algo que era incessavelmente viciante e perfeito. Eu não teria seus beijos, seus abraços, suas palavras confortantes? Seu cheiro de bebê e sua risada envergonhada? Eu nunca mais veria aqueles dentes brilhantes ou presenciaria seus méritos? Nunca mais? Aquilo não era justo. Não era justo comigo e muito menos com ele. Porque eu sabia o quanto ele gostava de viver, aproveitar sua vida. Deus, por que logo ele?

Logo o desespero me tomou. Olhei para o lado, sua máquina de batimentos já entravam num padrão contínuo. Eu chorava, praticamente gritava, e Derek continuava lá respirando entrecortado, com uma mão no peito enquanto outra me segurava. Onde estava aquela maldita enfermeira? Estaria ela negligenciando pelos corredores ou o tempo realmente não estava ao nosso favor?

E então, aconteceu. O padrão contínuo da máquina de batimentos se solidificou num bipe irritante. Derek lentamente soltou minha mão e sorriu levemente antes de soltar suas pálpebras e fechar sua imensidão cor de mel perfeita. E eu gritei. Gritei o máximo que minha garganta podia aguentar. Fiquei momentaneamente surda com meus próprios gritos. Senti uma leve porém terrível tontura me atingir, praticamente me derrubando no piso gelado. Onde estava minha mãe? Onde estava Pattie? Como raios ela reagiria? E Jazzy? Jeremy? E Jaxon?E eu? Como eu reagiria sem o sorriso daquele idiota?

Chacoalhei-o inutilmente em busca de qualquer sinal vital. Nada. Então era aquilo. Ele havia me deixado. Minhas lágrimas não me deixavam ver muita coisa, mas provavelmente o burburinho seguinte foram dos malditos enfermeiros levando-o para a sala emergencial, tentando uma ressucitação. Havia acabado. Meu mundo havia acabado.E eu nem havia levado-o para casa. Perdoe-me, Derek. Perdoe-me.

***

– Pattie. - chamei-a interrompendo sua visão do Central Park, seu hobby preferido desde que nos mudamos para lá.

Fiz questão de morar com Pattie onde quer que ela quisesse, não só por questões de apoio, mas sim pelo fato de ela ser como uma segunda mãe para mim, cuidando de mim tão bem quanto cuidava de Derek.

– Sim, querida? - desviou sua atenção delicadamente e me fitou, limpando uma lágrima solitária em seu rosto.

– Acha que fui a culpada?

Ela sorriu, diante de minha indagação absurda. Desde o acontecido, há dois dias, nada mais do que isso ultrapassava minha mente. Teria eu sido negligente em negá-lo o que ele queria? Tudo que ele queria era sua casa, seu conforto, ao menos. Ele queria um abraço mais apertado, um beijo mais íntimo. Tudo que eu fiz foi tomar cuidado, abraçá-lo vagarosamente, com medo, beijá-lo quase sem tocar-lhe os lábios... Tudo tarde demais. Teria eu sido uma namorada tão ruim?

– Oh, meu amor. Você não é a culpada de nada. Bom, é sim. - ela riu ao deparar-me de olhos arregalados, a culpa me consumindo cada vez mais depois daquela constatação que, bom, eu não queria escutar de forma alguma. Ela levantou a mão, demonstrando que não havia concluido sua fala - É culpada por trazer alegria ao coração de Derek. Mel, você não tem sequer ideia do quanto fez bem ao meu filho. Cada vez que você ia embora, era como se ele... Murchasse. Isso. Esta é a palavra certa. Ele literalmentemurchava.Respirava fundo e vidrava os olhos na tv, só desejando que o tempo fosse piedoso com ele e passasse rápido o bastante para que pudesse vê-la outra vez. E, posso ser sincera? - eu assenti animada querendo que ela continuasse, arrancando-lhe um sorriso fraco - Eu... Não via. Não via o porque de ele te amar tanto. De praticamente adorar o chão que você pisa. Não entendia. Achava um grande exagero, sem mentiras. Ninguém pode amar outro alguém tanto assim, a ponto de fazer qualquer loucura desvairda pela pessoa.

Mal percebi que minha cabeça havia abaixado com sua montanha de palavras até sentir seu dedo no meu queixo, levantando minha face para fitá-la novamente. Senti minhas bochechas esquentarem. Pattie riu despreocupada, e eu agradeci, de Buda a Chuck Norris por conseguir tirar-lhe tantos sorriso num momento tão delicado.

– Porém... - ela chamou-me novamente enquanto eu tentava esconder os trinta tons de vermelho de meu rosto - Depois de ver como você o confortou, cuidou dele, distraiu-o de toda aquela maldita situação que o rodeava, eu percebi. Porque você, Mel, tem o coração mais puro do mundo, algo absurdamente raro para sua idade. Eu acostumei-me a criar uma certa apatia das ex-namoradas de Derek, aquelas garotas não passavam de corpos flutuantes com olhos bem maquilados. E, admito, estava pronta para adicionar você à lista, já que tamanha simpatia só poderia ser um sinônimo de, perdoe-me o palavreado,puxa-saco. -peguei-me rindo com sua constatação um tanto impressionante - Mas, com o tempo eu percebi que você... É assim. É doce, meiga, simpática por natureza. Foi isso que encantou Derek. E, bom, foi isso que me encantou também. Sua força, determinação, positividade até o último segundo de vida de meu filho... Você é um anjo, Mel.Meu segundo anjo.

Só depois que sua fala foi finalizada que percebi que já não enxergava mais nada, já que meus olhos estava praticamente transbordando pelas lágrimas. Suas palavras me confortaram de uma maneira tão pura, tão... Necessitada. Pattie me amava. Me aceitava. Aquilo depois de receber o amor de Derek, era tudo que eu realmente precisava. Logo joguei-me em seus braços, sentindo seu calor ao abraçar-me de volta, sentindo seu amor. Logo eu já sentia-me mais leve, sem culpa alguma. Eu não havia sido a culpada. havia trazido alegria aos momentos sombrios de meu anjo e aquilo já valia a pena para que eu tomasse minha tarefa como cumprida.Eu te amo, Derek.

***

– Leia logo, Mel. Que frescura. - Pattie me empurrava pela quarta vez para o papel que deitava-se sobre a cama feita de Derek, esperando-me. Decidi deixar de ser uma medrosinha em potencial e ler, simplesmente. Era para mim, não era?

– Tudo bem.

Fui até o colchão e estiquei minhas mãos até a colcha, sentindo um arrepio estúpido quando o papel tocou meus dedos, fazendo Pattie rir fraco. Então eu tinha que fazer tudo de uma vez, já estava simplesmente morrendo de curiosidade. Rasguei o envelope que o abraçava e fui contemplada com mais um pedaço de papel dobrado, fazendo meus olhos começarem a marejar. E eu ainda nem tinha lido palavra sequer que me esperava.

"Oi, amor. Pedi a minha mãe que entregasse-lhe isso quando fosse tarde o bastante de eu correr atrás de você para que não lesse. Uma leve coação foi necessária devido à quantidade de consideração que você conquistou com ela, fazendo-a não entender essa espécie de surpresa eterna que eu planejei. Porém, consegui. E você está lendo estas palavras agora, e pode ter certeza que estou absurda e infinitamente mais aliviado, onde quer que eu esteja.

Posso confessar-lhe uma coisa? Quando disse-lhe que estava tranquilo sobre tudo isso, menti como Pinnoquio falando com Gepetto. Estou com muito medo. Chego a tremer quando ouso a colocar meu cérebro a entender toda a dimensão que me cerca, fazendo minha pele revirar em arrepios e minha testa porear em suor. Esta questão de finidade chega a me irritar. Porque não tenho cura? Que tipo é esse de doença que mastiga meus órgãos sem dó? Porque sou obrigado a morrer, andar em fila indiana acelerada para o tão temido fim? Porque simplesmente não posso ser feliz em minha velhice, com minhas blusas sociais e calças confortáveis? Minha própria casa, meu carro popular? Meus supostos filhos e netos?O amor da minha vida?

Neste último item, eu travo.Sempre. Eu sempre travo.Não me permito pensar em ficar sem você por um período considerado eterno. Não sei como as coisas do outro lado funcionam, mas se não posso ter você, não quero mais nada. Então, tudo que eu quero dizer, do fundo do meu - agora fraco - coração é:Me desculpe."

Minha hipnose extrema foi absurdamente interrompida por aquelas palavras com meu suspiro alto, completamente inacreditáveis a meu ver e ao ver de Pattie, que assustou-se assim como eu. Ele estava... Se desculpando?

"Desculpe por estar doente. Desculpe por não ter descoberto esse maldito tumor antes, meu amor. Desculpe por ter sido tão estupidamente negligente e negar os exames de rotina que você me pedia. Eu sabia que algo estava errado comigo, só não queria aceitar. Dezoito anos e um câncer, o quão ridículo é isso? Eu não acreditava. Então eu peço, do fundo de minha alma, para que um dia você me perdoe por não ter sido o melhor namorado do mundo. Pois o melhor namorado do mundo trataria dos maldotos problemas e viveria para sempre ao seu lado, até quando Deus permitisse. Saudável. Forte. Apresentável. Me perdoe, Mel. As infinitas noites de sono que perdeu, as refeições que pulou, as olheiras que adquiriu, os dólares que gastou com táxis e mais táxis, as irritações e desconfortos com aquele hospital terrível tudo por causa do namorado doente... Me perdoe. Terás um pouco de paz daqui para frente. Só peço uma coisa, minha princesa. Toda vez que for dormir, sonhe comigo. Pelo menos pense em mim, nem que seja por um segundo. Só assim permanecerei ixo em seu coração, lugar que sempre quis estar.

Pelo amor de tudo que é santo, não pense que estou duvidando de teu amor em descrever todas estas situações que te submeti. Sei que, com seu coração absurdamente generoso, não se importou com nenhuma destas condições horríveis. Te conheço, mocinha. Mas não posso negar que senti-me terrivelmente pior em vê-la ali, dormindo sentada naquelas cadeiras horríveis. Tudo que eu mais queria era poder me mexer, de forma que você ficasse ali comigo, da forma que sempre deveria estar. Aconchegada comigo. Não cuidando de um doente terminal. Você tinha tanta vida, e eu a tirei de você.

Então, mesmo que não concorde, - pois imagino que você esteja querendo me matar agora. Piadinha ótima, essa - me perdoe. Me desculpe. Eu te amo muito, e sempre estarei com você, Mel. Verei você crescer e brilhar, pois foi para isso que você nasceu. Seguirá seus sonhos e os alcançará, com certeza. E ainda que outro tiver a sorte de cruzar seu caminho e ser capaz de fazê-la feliz, não me importarei. Pois sei que, se você estiver feliz, então eu estarei radiante, em festa. Contanto que você esteja feliz e ainda me ame, no fundo de sua alma, não me importa. Pois tudo que importa para mim é você. Só posso te pedir uma coisa? Não fica beijando ele toda hora, você sabe como eu sou ciumento.

Eu te amo, meu anjo. Deixe-me ser o seu, a partir de agora.

Derek."

Pattie me abraçou enquanto meus soluços enchiam a sala com o barulho absurdo. Como eu sentiria falta daquele garoto. Sempre sabendo o que dizer, sempre lutando para a minha infelicidade. Eu te amo, Derek. E prometo continuar seu legado, que é o amor incondicional e o crescimento interior.Eu te amo.



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Notas finais do capítulo

OI GENTEEEEEEEEEEEE!
VCS SENTIRAM MINHA FALTA?
EU TÔ TRABALHANDO AGORA, ACREDITAM? É NUMA LOJA DE LINGERIE q também é um sex shop mas relaxem eu não chego lá perto (quando a dona tá olhando)
EU TÔ MONTANDO UMA FIC NOVA SÓ TÔ MEIO INSEGURA, ENTÃO FIZ ISSO PRA VOCÊS, ESPERO QUE GOSTEM C:
ASSISTAM AS LONG AS YOU LOVE ME DO JUBS MAAAAAAAAAAAAAAAANO ELE TÁ MUITO LINDO E MUUUITO SAFADO
muito obrigada pelo apois e pelos pedidos você me deixam muito feliz c: