Winter In London escrita por Luh Moon


Capítulo 18
Capítulo 18 - Confiança Cega!


Notas iniciais do capítulo

Acho que a história está ficando ruim por que ninguém mais comentou...
Enfim, Sherlock pegou a pista do que houve com Mildred e está seguindo-a feito um cão de caça.
A pergunta é: ele conseguirá salvá-la?
Boa leitura!



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Pelo que John conseguia perceber Mycroft e Sherlock tinham seus próprios planos. Ambos tinham certeza que Mildred seria resgatada, sã e salva! Mesmo assim o médico se preocupava... Era uma situação perigosa, sensível. E o que mais assustava a John: Sherlock parecia instável e abalado! Duas coisas que eram anormais para aquele homem! Isso fazia brotar um receio irracional na alma de John, mas nada podia fazer, senão desejar que tudo saísse como os irmãos Holmes planejavam.

Sherlock tentava arduamente mas não conseguia traçar um único plano viável. Seus maiores impedimentos eram seus sentimentos confusos e a impossibilidade de antecipar o que Gregor Smith pretendia! Estava com uma sensação esquisita e desagradável, como quando não conseguia desvendar um mistério... Mas o caso ali era bem mais sério que um jogo, um quebra-cabeças. Era a vida de Mildred que estava em xeque!

O detetive sabia que seu irmão convocara reforços, mas aquilo apenas o deixava mais ansioso e preocupado. Pressentia que aquele homem anteciparia esse movimento, conhecendo a natureza dos serviços que Mycroft prestava a coroa. Receava que aquilo apenas o irritasse ainda mais e excitasse sua natureza facínora! Se o bandido desejasse podia por fim aquele jogo de forma simples... Não queria sequer pensar nessa possibilidade.

– Desçam a mocinha! - disparou Gregor, fazendo barulho ao entrar no velho armazém.

Mildred procurou não se agitar. Ao contrário do que podia parecer, aquilo soava como um péssimo sinal! Alguma coisa estava acontecendo! Pediu mentalmente para que fosse Sherlock. Confiava em sua frieza e em seu raciocínio afiado. Sentiu os pés tocarem o chão e uma dor aguda atravessou seu corpo. Foi preciso muito esforço para não gritar. Uma lágrima escorreu em sua bochecha.

– Nunca havia visto uma mulher tão valente e tão quieta! - divertiu-se Gregor. - Então? Ansiosa em rever seu irmão? - puxando-a pelos cabelos e fazendo com que olhasse para ele.

Com prazer lhe cuspiria ao rosto, mas não queria apressar a própria execução. Sabia que para aquele homem qualquer coisa era motivo para uma matança. Mesmo sabendo que ela era o trunfo que ele escondia para apanhar Sherlock, sabia que ele não se furtaria em executá-la antes que o detetive chegasse, se assim desejasse. Era melhor continuar quieta e dolorida.

– Amarrem- na, vendem e tragam... - andando para fora do armazém.

O carro parrou a uns quinhentos metros do complexo de armazéns e Mycroft saiu, estendendo sobre o capô do veículo um mapa. John olhou por cima dos ombros dele e percebeu que era um mapa do lugar onde estavam prestes a entrar, como marcações em verde, vermelho e amarelo. Assim que Sherlock desceu, viu o irmão mais velho lhe entregar uma pistola.

– Sei que não vou conseguir impedi-lo de entrar. - disse Mycroft recebendo um olhar gelado do irmão. - Meus homens estão por todo o lugar e garantirão que você chegue em segurança até lá... - a jovem que dizia se chamar Anthea saiu do carro.

– Já temos a localização! - informou e pregou uma pequena bandeira azul no mapa.

– Creio que é para lá que deve ir... - disse Mycroft ao detetive. - E, por favor, traga-a a salvo!

Sherlock assentiu com um aceno de cabeça e estudou brevemente o mapa. O armazém marcado era o penúltimo na fileira do centro. Ergueu a gola do casaco e andou convictamente naquela direção, mas parou assim que percebeu que John o seguia.

– Aonde vai? - disparou, voltando-se e encarando o amigo.

– Com você, ora!

– Não! Não vai! - determinou Sherlock. - Não quero que corra nenhum risco!

– Mas Sherlock... - protestou.

– Você é médico e talvez... - mordeu o lábio com receio de prosseguir. - Talvez ela precise de você quando sairmos... - completou, encarando o outro seriamente.

– Está certo! - acatou John contrariado. - Apenas, tome cuidado! - Sherlock deu as costas e retomou seu caminho.

Mycroft dissera a verdade! Em todos os cantos onde haviam homens de Gregor, junto deles agora havia um homem da confiança de Mycroft com uma arma apontada para ele. O lugar estava tomado! O problema era que, se entendia bem a mente de um criminoso – e ele entendia -, Gregor Smith tinha se entrincheirado com Mildred em algum canto onde não podia ser visto, portanto não seria alvo de atiradores. Além disso, ele ainda estava com ela e não poderia ser rendido. Respirou fundo quando visualizou o armazém no qual deveria entrar.

O lugar estava deserto e escuro. Havia um cheiro de poeira e mofo que impregnava tudo. Caminhou com cuidado entre caixas de madeira e móveis semidestruídos. No fundo do armazém viu uma pequena sala com a porta entreaberta. Era lá. Ele se encurralara de propósito! Não havia como chegar a ele sem passar por Mildred e colocá-la em risco. Alcançou a porta e empurrou-a devagar.

– Ora! Meu bom detetive! Encontramo-nos mais uma vez! - disse o homem sorrindo.

Sherlock levou apenas alguns segundos para se inteirar da situação. A sala era pequena e estava iluminada apenas por uma lâmpada fraca que pendia de um longo fio empoeirado. Não havia móveis ou entulhos ali, apenas uma cadeira: a cadeira onde Mildred estava sentada, com os braços amarrados às costas e vendada. A cabeça dela estava baixa, ela estava ferida e parecia exausta. Gregor Smith estava atrás dela com uma pistola apontada para sua cabeça e uma faca na outra mão.

– Fico feliz que tenha nos encontrado!

– Sinto muito! Não posso dizer o mesmo! - devolveu Sherlock tentando parecer frio e controlado.

– Sher... - murmurou Mildred.

– Cale-se, cadela! - Gregor bateu no rosto dela com as costas da mão e Sherlock deu um passo a frente. - Nada disso, detetive! - disparou o homem. - Sem atos de heroísmo! - Sherlock voltou um passo atrás e ergueu as mãos. - A última vez em que nos vimos foi muito instrutiva. Aprendi que você consegue se comunicar com essa pequena vadia apenas com uma troca de olhares... - apontou para a venda nos olhos dela. - Mas não desta vez...

– Diga o que quer, não tenho tempo para joguinhos... - disparou.

– Ora! Ora! Mas que esclarecedor! - achando graça. - Eu pensei em matar os dois, aqui, com um pouco de dor... Mas você acabou de me dar uma ideia muito melhor.

– É a mim que você quer! - insistiu Sherlock.

– Precisamente! Mas sua impaciência e o modo como está se comportando me fazem acreditar que você com prazer levaria um tiro por essa belezinha... - deslizando a ponta da faca pelo rosto de Mildred. - Estou certo?

Em resposta Sherlock apenas desviou o olhar para o chão. Ele podia fingir que não se importava, mas parecia que sua linguagem corporal e seus olhos o estavam traindo. Ser humano atrapalhava quando era preciso ser uma máquina fria e bem lubrificada. Havia acabado de dar mais munição ao inimigo sem ao menos ter a intenção.

– Então acho que vou ter que matá-la! - sentenciou o homem fazendo com que ela se levantasse e encostando o cano do revolver na lateral de sua cabeça. - E esqueça qualquer fuga dramática que esteja passando por sua cabeça, pois sou excelente atirador. - apontou a arma em direção a porta que estava a esquerda de Sherlock e atirou, acertando um copo que estava sobre uma mesa distante fora da sala. - Sou bom com alvos móveis também!

Sherlock hesitou. Se queria salvar Mildred tinha que fazer alguma coisa naquele instante! A habilidade de Gregor Smith com a pistola frustrava a maior parte dos planos que fizera previamente. Seria preciso improvisar. Contava, acima de tudo, com a confiança que Mildred depositava nele e com a intimidade que tinham. Não eram capazes de se comunicar apenas com olhares.

– Matar a jovenzinha e deixar que viva com o remorso de não ter podido salvá-la!

– Não fique batendo na mesma tecla! Se tem algo a fazer, faça! - disse Sherlock de repente.

– Ele é valente! - riu-se o homem com a arma.

Mas Mildred percebeu uma leve entonação diferente no falar de Sherlock. Ele estava falando com ela! Concentrou-se na voz dele, afastando de si o medo e a dor. Tentou ignorar que tinha uma faca e uma arma contra si e pensou apenas no que tinha em seu favor: a habilidade desenvolvida em anos de convivência de conseguirem se entender sem que ninguém mais soubesse!

– Faz parte do plano.Mas se quisesse mesmo matá-la, bastaria contar até três e executar! Por que toda essa dança?

– Porque gosto de ver minhas presas sofrendo... - devolveu Gregor.

Mildred desejou que tivesse compreendido corretamente. Esperaria o sinal para colocar o plano em execução. Só não tinha ideia de como esse sinal viria. Procurou controlar a ansiedade e manter todo o foco de sua atenção em Sherlock, qualquer coisa a partir de agora poderia ser o sinal! Sentiu as costas doerem quando Gregor Smith puxou-a fazendo com que ela se levantasse. Ele apoiou a faca em sua cintura, enquanto brincava com o revólver.

– Onde prefere que eu atire? - perguntou a Sherlock. - Seria uma lástima estragar esse lindo rosto, não acha? - apontando a pistola para o nariz dela.

Sherlock franziu a testa. O plano tinha um grande furo e esperava que nada de pior acontecesse. Pelos seus cálculos havia quase 40% de chances de tudo dar errado e acabarem mortos os dois... Mas precisava tentar! Nada faria aquele homem mudar de ideia! Bateu o pé levemente, uma vez, no chão e esperou.

Ela sentiu os pelos na sua nuca arrepiarem. Era isso! Ele tinha aberto uma contagem e aquele era o número um. Não tinha como ele saber que se aquele cretino não a estivesse segurando, cairia de joelhos, pois estava fraca e machucada, mas precisava se esforçar em cumprir o que ele dissera, ou ao menos aquilo que ela entendera.

– Diga quanto sangue quer? Eu posso escolher o melhor método! - continuou.

Gregor Smith ria e brincava com o revolver, percorrendo partes do corpo de Mildred como se aquilo fosse um jogo. Sempre que ele se detinha um pouco mais, Sherlock estremecia pensando que não teriam mais tempo. De repente, o homem deu um largo sorriso. O detetive sentiu que aquela seria a sua última chance e bateu o pé pela segunda vez...

– Que tal se eu cortasse a garganta dela? - no momento exato em que Gregor, ainda sorrindo, afastou a arma alguns milímetros do rosto de Mildred, Sherlock bateu pela terceira vez no assoalho.

Mildred repetiu a cena que fizera no terraço e deixou-se escorrer para o chão. Não conseguiu abrir um espacate, mas escapou dos braços do bandido tempo suficiente para que Sherlock sacasse o revolver e atirasse! Enquanto Mildred desmontava no assoalho feito uma boneca de trapos, Gregor era lançado para trás com o impacto do disparo.

Sherlock não esperou sequer para se certificar que havia acertado! Sua prioridade era salvar a vida de Mildred e foi exatamente com isso que se preocupou. Em segundos, apanhou-a, tirou a venda dos olhos dela e suspendeu-a sobre seu ombro procurando sair dali o mais breve possível! Sequer percebeu que ela pestanejara e que seus olhos tinham se enchido de lágrimas. Ela estava feliz por vê-lo.

Mas o canalha era precavido! Estivera todo o tempo usando um colete a prova de balas e assim que o detetive saiu carregando sua carga preciosa, ele levantou-se, colocou-se na porta e mirou. Mildred, que erguera a cabeça por ter ouvido um ruído percebeu apenas um vulto em meio a escuridão do armazém e sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.

– Sherlock! - ela gritou.

O detetive voltou-se e dobrou uma perna, depositando-a no chão, ao mesmo tempo em que buscava se desviar do tiro... Ele demorou um pouco para perceber que Gregor não estava mirando nele, mas sim na viga corroída por cupins acima de suas cabeças. Um rangido fez com que olhasse para cima e apenas teve tempo de tentar proteger Mildred com o próprio corpo, o teto desabou sobre eles como se fosse feito de papel!


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Notas finais do capítulo

O que acontece agora? O que acontecerá aos dois?
Façam suas apostas..;



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