Winter In London escrita por Luh Moon


Capítulo 13
Capítulo 13 – Ruptura!


Notas iniciais do capítulo

Aproveitemos que eu estou empolgada e vamos ver logo o que aconteceu logo depois que o nosso detetive preferido e sua não irmã conseguiram escapar de Gregor Smith... Parece que as coisas não estão muito bem...



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– Quer me passar um sermão…. - resmungou Mildred cruzando os braços. - Faça de uma vez!

Sherlock continuou olhando pela janela, a muito custo estava contendo a raiva que subia por sua garganta e sairia na forma de gritos se permitisse. Em que ela estava pensando? Por que entrara lá sozinha? Por que não pedira ajuda? A maioria das perguntas não precisava de uma resposta, mas ele queria saber por que ela tinha se arriscado a morrer…. Suspirou tentando dominar a si mesmo.

– Tentou se matar ou fez isso apenas para me impressionar?

– Eu... - quis gritar e dizer que ele era um cretino que não se importava com ninguém, mas o modo tenso como ele continuava segurando sua mão e acariciando sua pele com o polegar fez com que ela engasgasse com os protestos. - Não foi nada disso... - disse sem força na voz.

– Ao menos conseguimos o que fomos buscar... - resumiu. Mildred ergueu a sobrancelha e olhou-o com curiosidade. - A pedra está com John...

Mildred suspirou aliviada, quase ao mesmo tempo em que o toque de mensagem dela fez-se ouvir. Sherlock apenas desviou o olhar para a pequena bolsa de tecido, Mildred pareceu não se importar, mas incomodou-se com o modo como ele fixava o olhar na direção da bolsa. Apanhou o telefone com a mão livre.

“Estou com saudade de você e da sua fumaça. Volte logo. Johnatan!”

Engoliu em seco. Era um péssimo momento para receber uma mensagem como aquela. Sua mão tremeu e ela sentiu o peso do olhar perscrutador do detetive sobre ela. Tinha duas opções: deixar que ele deduzisse ou contar a verdade. De qualquer jeito, aquilo fez com que sentisse um peso estranho sobre o peito.

Sherlock percebeu que a mensagem era indesejada, mas não do modo com seria uma mensagem com más notícias. Não era isso! Era alguém conhecido, alguém de quem ela não queria se lembrar naquele momento... Notou a tensão nos olhos e nos lábios dela e a hesitação que passou por sua mente. Sua primeira dedução era que fosse algum colega de faculdade, mas soube de imediato que estava enganado... Era alguém intimo! E aquela constatação lhe causou uma pontada no estômago.

– Seu namorado? - questionou tentando parecer impassível.

– É... - achou que assim seria menos doloroso. Enganou-se.

– Hum. - soltou a mão dela. Sentiu-se imensamente desconfortável. Soltou a gravata borboleta e recostou-se. Só então Mildred percebeu que ele estivera inclinado na direção dela.

–Não é bem um namorado, mas... Bem... - ela tentou explicar-se, enquanto o olhar dele perdia-se pela janela.

– Não é da minha conta. - afirmou sem olhar para ela.

Mildred apertou os lábios. Tinha a impressão que aquela missão estúpida tinha sido arquitetada por Mycroft para reaproximar os dois. Um modo de se desculpar por tudo o que fizera no passado para afastar um do outro. “Bela tentativa irmão...” Pensou, sentindo-se imensamente desagastada.

Sherlock sentiu a garganta ficar seca de repente. Era a segunda vez em algumas horas que sentia que ela estava escapando por entre seus dedos. Nunca fizera esforço algum para mantê-la e agora esse era o preço a pagar. Tudo teria estado bem, se ela não tivesse ressurgido... Se ele não tivesse fingido a própria morte.

– Tudo bem? - pergunto Careen, enquanto dirigia.

– Não sei... - John olhou para trás e viu apenas o vidro escuro e a prova de som que o separava do amigo e da garota que não era irmã dele.

– Preocupado?

– Um pouco. - sabia que Careen conhecia aquela combinação melhor que ele, mas não se sentia confortável em fazer perguntas.

O silêncio foi o companheiro de viagem de todos eles a partir daquele momento. John estava remoendo aquele acumulo de informações distorcidas que havia recebido. Desejou inúmeras vezes ter viajado na parte de trás do veículo e visto como Sherlock e Mildred estavam, se interagiam um com o outro e como... Só restava imaginar o que estava acontecendo. E não conseguia tirar da mente a imagem das mãos deles entrelaçadas e a expressão de preocupação no rosto do detetive.

Careen não estava tão preocupada quanto John, até por que tinha a estrada como preocupação primária. Outro motivo é que sabia que de um jeito ou outro, os dois acabaria se entendendo. O silêncio não era um bom sinal, mas também não a colocava em alerta imediato. Haviam passado por bastante tensão, precisavam relaxar.

Mildred queria chegar logo em casa, acender um cigarro, ou uma dúzia deles e encher uma caneca com café preto e amargo. Estava farta de correr atrás do próprio rabo como um cão sem dono! Ele nunca lhe dera motivos para ter alguma esperança, ainda assim, tinha os seus próprios. Sentiu os olhos arderem e lutou para que as lágrimas não caíssem revelando o seu verdadeiro estado de espírito. Ele não se importava! E o que era muito pior, faria graça com o seu sofrimento! Não! Ele não merecia, ela não merecia.

O detetive tamborilava os dedos sobre o próprio joelho. Desejou que o trajeto até a Baker Street fosse menor... Havia qualquer coisa arranhando sua garganta, como se tivesse engolido espinhos. Evitou olhar para Mildred. De algum modo sentiu que ela estava decepcionada, aborrecida... As conversas entre eles sempre acabavam em algo como aquilo, mesmo quando... Alguma coisa queimou em seu interior e seu olhar desviou-se naturalmente para a curva da perna dela exposta. Era um vicio dolorido...

Olhou pela janela e constatou que ainda faltava pelo menos metade de uma hora para chegarem ao apartamento. Precisava baixar o nível de ansiedade que crescia exponencialmente em suas veias. Era o tipo de reação que não conseguia evitar quando a tinha assim ao alcance das mãos. Simplesmente inclinou-se e apanhou-a pela nuca. Fechou os olhos e apagou temporariamente da mente os cinco anos que o separavam dela...

Careen suspirou assim que estacionou na Baker Street em frente aos 221B e deu um sorriso torto a John. O médico soltou o cinto de segurança e preparou-se para se despedir da garota, mas algo chamou a atenção dos dois. A porta de trás bateu com excessiva força e o detetive saiu do veículo como se fugisse do espectro da morte. Antes que John ou Careen pudesse articular uma única palavra ele tinha atravessado a porta e a divisória que os separava da parte de trás do veículo finalmente desceu.

– Apresse-se Careen! - disparou Mildred numa voz rouca.

John apenas acenou com a cabeça para uma e para outra e saiu. Enquanto o carro se afastava registrou apenas que o penteado daquela que não era irmã do seu amigo estava desfeito. Deu as costas e caminhou desanimado em direção ao interior do apartamento. Subiu as escadas devagar imaginando em que estado estaria o humor do amigo. Encontrou-o sentado em sua poltrona, com as pernas cruzadas e uma mão embaixo do queixo... O olhar perdido pela janela fechada. Começava a nevar...

– E então? - soltou John tentando parecer casual e largando a pedra sobre a mesa de centro repleta de papéis. - Saiu do carro com se estivesse fugindo e...

Sherlock desviou o olhar devagar da janela para a pedra e dali para o rosto do amigo. Ele estava falando alguma coisa que não conseguia entender por mais esforço que fizesse. Olhou para as próprias mãos e mesmo sem sentir, sabia que estava com o cheiro dela por toda a pele... Deu um suspiro contido e levantou-se.

– Sherlock?

John estava chamando? Devia estar. Mas não tinha nada para dizer a ele. Nada. Além de que tinham conseguido recuperar a joia com êxito, o resto tinha sido um completo fracasso. Tudo. Ignorou o médico que estava em pé, no meio da sala, gesticulando e dirigiu-se para seu quarto. Desejava ter morrido de verdade...

– Sherlo... - a palavra ficou suspensa. O outro já batia a porta.

Uma sem conta de possibilidades passou pela cabeça de John naquele momento, mas era muito tarde e estava muito cansado. Poderia ter qualquer conversa pela manhã... Antes de seguir para seu quarto olhou mais uma vez para porta fechada e então lembrou-se da carta que o outro fizera questão de guardar em segredo... Não sabia exatamente porque, mas sabia que aquela carta tinha algo a ver com tudo aquilo.

Mildred preferiu ficar sozinha. Dispensou Careen apenas com um aceno e arrastou-se até seu apartamento. Logo que entrou, desfez-se do vestido, das sandálias e foi sentar-se no sofá enquanto afrouxava o espartilho. Sentiu imediatamente falta da companhia barulhenta de Sherlock, daqueles olhos claros que a abriam e investigavam... As lágrimas escorreram por seu rosto e ela não teve nenhuma vontade de contê-las. Um abajur ao seu lado acendeu de repente e ela armou-se imediatamente.

– Irmã! - disparou Mycroft sentado sossegado. - Espero que não queira me matar.

– Oh! Mycroft! - largando o revolver de pequeno calibre ao carpete. - Péssima hora para me espionar... - passando as mãos pela cabeça e soltando os grampos que ainda prendiam mechas de cabelo.

– O encontro com o seu outro irmão não parece ter sido muito promissor... - murmurou.

– Foi como sempre... - recostando-se e fechando os olhos.

– Seu noivo telefonou... - informou tranquilamente. - Disse que lhe mandasse uma mensagem.

– Foi você? - riu sem prazer.

– Sean também telefonou. Está com saudades de você!

– Por quê faz isso Mycroft? - soluçando. Levantou-se e trancou-se no quarto em seguida.

– Porque acredito que seria uma boa ideia se ele viesse para Londres... - declarou tranquilamente. A porta de Mildred se abriu novamente.

– Não é você quem decide isso! - com o dedo em riste apontado para o rosto de Mycroft. - Sean ficará exatamente onde ele está!

– Se você prefere assim... - resmungou Mycroft. - Mas pensei que talvez Sherlock pudesse gostar de conhecê-lo...

– Odeio você, Mycroft! - batendo a porta novamente.

– Foi apenas um pensamento... - sussurrou para si mesmo. - Um dia terão que se conhecer! - levantando e deixando o apartamento.

Os dias seguinte foram tensos e preocupantes, ao menos para John. Sherlock voltara a apresentar aquele comportamento errático e silencioso. O médico não gostava daquilo, não era normal. O cinzeiro transbordando de cinzas, o violino silencioso. Sherlock quase não comia, falava através de monossílabos e passava muitas horas do dia dormindo. Estava pior do que quando recebera a notícia da morte de Irene Adler.

Duas semanas pareceram um tempo interminável... Quando finalmente Sherlock ficou fora do quarto por mais de alguns minutos, embora ainda embrulhado em seu roupão, John decidiu que era hora de falarem sobre aquilo.

– Está acontecendo de novo! - disparou sentando-se na outra poltrona. Viu o outro apenas erguer os olhos em resposta. - O que é que há de errado afinal? Se não me disser não posso ajudar!

– Não poderia ajudar mesmo que eu dissesse... - resmungou, a voz saindo mais fraca que o normal.

– Parece deprimido... - murmurou.

– Talvez... - fechando um pouco mais o roupão. - Mais como uma criança que não ganhou o presente que queria no Natal.

– Isso não pode ser por causa dela... - viu um olhar enviesado ser lançado na sua direção, um olhar carregado de um sentimento que não conseguiu distinguir. - O quê? - levantou-se sacudindo a cabeça.

– Desculpe se incomoda você, mas não tenho meios de evitar. - olhou para as próprias mãos. - Quando ela está por perto eu realmente sinto necessidade de estar com ela... - suspirando. - O tempo todo...

– Do jeito que fala, você parece... - a palavra trancou nos dentes. Era impossível.

– Não diga... Eu sou! Ela veio antes de existirem barreiras! Quando eu ainda era indefeso contra isso... - um novo suspiro que causou um arrepio em John. Aquilo precisava acabar, de algum modo!


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Notas finais do capítulo

Adoraria do fundo do meu coração que quem lesse deixasse um comentário qualquer, apenas para que eu soubesse que alguém além de mim lê a história! Obrigada!



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