Arme se jogou na cama com medo do castigo de Elesis, ela sabia que seria um castigo terrível e perverso. A garotinha de cabelos arroxeados tremia agarrada ao travesseiro com os olhos fortemente fechados, respirar era difícil demais naquela situação; sentando na cama, ela abriu os olhos de leve, bem devagar, e, ao olhar a sua volta, percebeu que Lass estava parado na porta.

-Lass?... É você? –disse com uma voz trêmula e baixa.

-Posso entrar?

Antes mesmo da maga responder, o ninja já havia entrado no quarto com uma expressão um tanto quanto preocupada. Ele se sentou ao lado dela e bagunçou seus curtos cabelos púrpura.

-Boa sorte amanhã.

-Vou precisar...

-Se precisar, pode contar comigo, afinal, somos amigos.

“Amigos...”

A palavra ecoou profundamente na mente da garota, ela era uma pessoa um tanto quanto tímida, mas que discutia muito, principalmente com Lass, e, mesmo assim, ele nunca a deixou de lado. Porém, “amigos” não parecia bom para Arme, não porque ela não queria que ele fosse seu amigo, pelo contrario, era porque, talvez, ela sentisse algo a mais pelo garoto que ela tanto julgava irritante e que, mesmo assim, nunca a abandonava.

-Obrig...

Antes mesmo de terminar, ele já havia sumido do quarto. A pequena suspirou e se jogou na cama, sonhos ruins estavam por vir, mas ela precisava dormir para estar disposta para o castigo de Elesis. A noite foi realmente terrível, as diversas possibilidades de castigo rodavam em sua cabeça; quando acordou, parecia um zumbi, mas nada que uma pequena poção não pudesse resolver.

Ela saiu de sua barraca mágica e foi se juntar aos amigos para o café, mas, antes que ela pudesse falar qualquer coisa, viu Elesis, que estava de pé em uma das mesas, apontando para maga. Aquele sorriso era diabólico e seus olhos pareciam duas grandes metralhadoras apontadas diretamente para sua cabeça, prontas para um headshot certeiro. Os cabelos, naquele dia soltos e esvoaçantes de cor vermelho sangue, pareciam arder como chamas e, para completar, a grande lança em posição de ataque a fazia parecer mais temível ainda.

Arme gemeu e depois deu um passo a frente, sem desviar os olhos dos da cavaleira, que fez uma feição irônica ao ver o medo da garota que se sentava na cadeira de uma mesa na frente da qual Elesis estava de pé. Ronan parecia encantado com a posição de batalha da ruiva, os olhos do garoto brilhavam e demonstravam grande atenção aos movimentos dela, que agora saltava para a mesa da frente, ficando exatamente diante da violeta, se curvando e apontando a lança para a garganta da amiga, que tremia e suava frio. Ela disse friamente:

-Eu já escolhi o seu castigo.

-...

-Eu encontrei um ovo de um Gorgos na Caverna Escarlate. Na verdade, não se trata mais de um ovo, ele já é um Gon bem crescidinho e indomável.

-E o-o q-que e-eu tenho-o a-a ver co-com isso-so?

A ruiva estreitou o olhar ao perceber o quanto a amiga se lamentava e temia. Rodopiou então a lança acima da cabeça e a atirou longe, num tiro certeiro que derrubou a porta.

-Vá buscá-lo.

-Só isso? – perguntou surpresa.

-Mas é claro! Que não. Traga-o quando estiver domesticado.

-Ma-mas você mesma disse que era indomável!

-Exatamente.

Arme se virou com os olhos cheios de lágrimas e medo e andou até a porta, enquanto Elesis ria maquiavelicamente. Ao atravessar a porta, começou a correr e gritar feito louca, ela havia pensado em todos os tipos de castigo, menos aquele. Era impossível para ela domesticar um Gon, o medo a dominava cada vez mais, porém, quando se deu conta, já estava quase em frente à caverna. Ela não tinha muita escolha.

A maga fechou os olhos e depois os abriu, um de cada vez, bem devagar, prosseguindo trêmula em seguida. Ela usou o cetro para iluminar o caminho e, após andar aproximadamente 5 metros, deparou-se com o Gon roxo. Ele já era bem grande, o que a fez se perguntar a quanto tempo Elesis tinha visto aquele dragão.

O Gon levantou-se, fazendo-a recuar. Ele deveria ter 1 metro ainda, mas para a pequena garota de 1 metro e 55 centímetros, a criatura era gigante, o que a fez invocar um escudo mágico.

A magia fez com que o pequeno dragão se assustasse e começasse a voar de um lado para o outro enquanto a maga corria abaixada e amedrontada. Era assustador vê-lo cuspindo lava e arranhando as paredes com força, ela se esforçava para fazê-lo se acalmar, usando vários feitiços que falhavam repetidamente. Após duas horas, a garota correu para fora da caverna, exibindo a “bandeira branca”.